Minhas consultas eram uma farra pois nunca me deixavam ir sozinha,
meus pais, minhas irmãs e os Fosters sempre estavam lá. Deixam tudo de
lado para estar ali comigo naquele momento, e como sei o quanto eles sentem
falta daquele ingrato do Joseph, os deixavam me acompanhar, e sem contar
que não era sacrifício nenhum já que eles sempre me trataram como uma
filha.
E quando meu bebê nasceu, ele foi amado por minha família e a
família Foster, sou extremamente grata por tanto carinho, eles tratam meu
filho como se fosse realmente neto deles. E ele os ama como tal.
- Ebaaaa, então vamos mamãe.
- Tchau Tia Celine.
- Tchau meu pequeno, até mais tarde.
Coloco Ben no carro em seu assento, coloco o cinto e me viro para me
despedir de minha irmã.
- Até mais tarde irmã, nos vemos lá!
- Tchau maninha.
Jogo um beijo pra minha irmã e entro em meu carro, dirigindo para
nosso apartamento.
O caminho é feito rápido pois moramos todos perto um do outro.
Chegando em casa, tiro a chave da bolsa e entramos.
- Amor, sobe pro seu quarto e vai tirando a roupa que a mamãe já está
subindo pra te dar banho.
- Tá bom mamãe.
Ben sobe correndo e logo some em direção aos quartos.
Sigo para meu quarto, deposito minha bolsa em minha mesa de canto,
tiro minha Glock e a guardo no cofre.
Nunca deixo ela fora dali, quando Ben está em casa, pois já recebi
alguns casos que a criança era filho de policial ou o pai tinha porte de arma, e
a criança pegou e acabou se machucando e até ferindo ou matando alguém.
Nenhum pai ou mãe deveria ser tão irresponsável a esse ponto.
Saio do meu quarto e entro no quarto do meu pequeno grude.
- Que garotinho esperto, já está tomando banho?
- Sim, olha como sou espeto!
Ensaboou meu pequeno, lavando seus cabelos e vendo que está
precisando cortar.
- Precisamos cortar esse cabelo né mocinho.
- Ah mamãe eu queria deixar ele assim, tá igual aquele filme que a
gente viu do homem aranha né?
Sorrio ao lembrar dele, quando assistimos o homem aranha com o ator
"Tobey Maguire", que está passando por sua fase rebelde.
Solto uma gargalhada e respondo em seguida.
- Sim filho seu cabelo está igualzinho.
- Mas você se lembra, que naquela parte o homem aranha está sendo
rebelde e maldoso?
Ele me olha, abaixa a cabeça e torna a levantar novamente.
- Sim, mamãe e não é legal né?
- Não mesmo.
- Tá bom mamãe, mas eu posso ficar com o cabelo assim por só mais
um tempinho?
Sorrio.
- Pode meu amor, mas só mais um tempinho combinado?
- Cominado mamãe.
- Agora vamos sair desse banho, e trocar porque a mamãe ainda tem
que tomar banho.
Saio do banheiro, indo até o closet, escolhendo sua roupa.
- Pode deixar que eu me troco, mamãe.
- Ok filho, vou tomar meu banho, me espera aqui tá, calça aquele tênis
que você gosta.
Ele balança a cabeça concordando e saio em direção ao meu quarto,
tomo um banho rápido pois já estamos atrasados.
Coloco um vestido leve e solto pois está calor em Seattle, coloco minha
Glock G42 em minha bolsa, por ser bem menor que a outra não ocupa muito
espaço.
Saio do quarto e encontro com meu homenzinho.
- Nossa, que lindo você está!
- Você também está linda mamãe!
- Obrigada meu amor, e então vamos?
Ele balança a cabeça e seguimos para a casa dos Fosters.
Olho para Ben que está no maior papo com o Sr. Steven e dou um leve
sorriso.
- Nós o amamos tanto, como se ele fosse nosso neto de sangue.
Me assusto ao ouvir Megan falar.
- Me desculpe querida, não queria te assustar.
Estamos todos na área da piscina depois de um jantar maravilhoso.
- Eu sei Megan, mesmo vocês não sendo avós dele de sangue, vocês
fazem esse papel maravilhosamente bem, tanto que ele reconhece vocês
como avós.
- Já não é o caso dos verdadeiros avós paternos que ele mal conhece e
quando vê o faz tratá-los pelos nomes.
Sinto um aperto no peito, meu pequeno tem todo amor e carinho da
minha família, de mim e até mesmo dos Fosters, mas a família paterna nem
liga para meu menino.
E como se ela pudesse ler meus pensamentos diz:
- Eles é quem estão perdendo, poder conviver com o Ben, é o melhor
presente que eu ganhei, só seria melhor se você e aquele cabeça dura
tivessem se casado.
Nesse momento estava bebendo minha água e quando processo o que ela
disse, me engasgo e jogo tudo pra fora.
- Chelsea, meu Deus, o que...
- Desculpa, minha querida.
- Tudo bem Megan, já está passando.
Acho que já deu minha hora, toda vez que Megan começa a falar nesse
assunto acaba sobrando pra mim e hoje não estou afim de pensar naquele
traidor de uma figa.
- Bom, acho que já está na hora de irmos, tive um dia cheio hoje, amanhã
será pior.
- Ah minha menina, tenho tanto orgulho do que você se tornou, nessa
guerreira e mãe dedicada.
Ela me dá um abraço e a abraço também, dando-lhe um beijo de
despedida.
- Deixa Ben dormir aqui no fim de semana? - Estou com saudade de ficar
grudada nesse anjinho!
Ela sorri docemente.
- Claro que deixo, você sabe que pode pegar ele sempre que quiser vovó
Megan.
Ela sorri.
- Filho está na hora de irmos se despeça dos seus avós e das suas tias e de
Augusto e vamos.
Ben sai beijando e abraçando todos e quando chega em Augusto para, ele
olha pra ele, e olha pra mim, mas eu não digo nada quero ver o que ele vai
fazer.
Augusto é meu cunhado, namorado de Celine há quase um ano.
Ben nunca foi chegado a conversar muito com ele, e ele também parece
não gostar muito de crianças, já que nunca tenta aproximação com meu filho.
Ben levanta a mão e faz tchau pra ele, que devolve o tchau sem falar nada.
- Irmã, você pode me deixar em casa?
- Vim com a mamãe e o papai, mas eles iram ficar mais um pouco.
Clara é quem fala.
- Claro, levo sim vamos?
- Sim!
- Me despeço de todos e saio com meu pequeno e minhas irmãs e
Augusto.
Nos despedimos de Celine e Augusto e entramos no carro.
Sigo em direção a casa dos meus pais, para deixar minha irmã até que ela
olha pra trás e diz:
- Ele já dormiu!
Olho no retrovisor e meu pequeno está dormindo.
Sorrio, era sempre assim quando ele entrava no carro, nunca durava muito
tempo acordado.
- Também o tanto que ele pulou hoje!
- E o safado do pai dele, tem aparecido pra ver ele?
Balanço a cabeça em negativo.
- Desgraçado! - Como pode não querer conviver com um ser tão perfeito.
- Não quer ser pai, mas me deixar em paz não deixa não.
- O que ele aprontou dessa vez?
- Conto pra ela resumidamente o que aconteceu hoje na delegacia. Até
que ela cai na gargalhada.
- Do que você está rindo sua louca, vai acordar o Benício.
- Não acredito que você quase cortou os dedos dele e ainda jurou as
bolas.
Olho para ela séria e de repente caímos na risada.
- Mandei ele me deixar em paz.
- Você precisa de um encontro, isso sim.
- Por que aí quero ver você cair em tentação novamente.
- Ei, eu não caí na tentação mas foi quase.
- Por isso mesmo, vamos sair no próximo final de semana ?
- Vai, você vive enfiada naquela delegacia ou cuidando do Ben,
podemos deixar ele com nossos pais.
- E eu sei que é sua folga!
Penso um pouco, faz tempo que não saio pra me divertir ou apenas pra beber
algo.
- Megan me pediu pro Ben passar o final de semana com eles e eu
deixei, então...
Ela nem deixa eu terminar e já grita.
- Noite das meninas.
- Você parece uma adolescente e não uma mulher de trinta anos, Clara.
- Hahaha, engraçadinha.
- Agora me fala uma coisa.
- Aí lá vem, quando você diz isso pode saber que é asneira, vai manda!
- Você já parou pra pensar se Ben fosse o filho do falecido e não do pinto
médio do seu ex?
Olho pra ela e fico séria, Clara é a única que sabe de tudo que aconteceu
no passado.
- Desculpa Chelly, não quis fazer você voltar no tempo.
- Estou bem Clara, já passou.
- Respondendo sua pergunta, já parei sim, se isso fosse verdade, Ben
teria um pai presente mesmo que eu e ele não estivéssemos juntos, afinal ele
sempre foi apaixonado por crianças.
- Isso é verdade, me lembro dele brincando comigo e com a Celine
sempre que nossas famílias se reuniam. - Tirando as partes que vocês dois
sumiam durante os encontros familiares.
Sorrio, vendo que ela está me cutucando, então finjo que nem estou
ouvindo o que ela está falando.
- Só você pra se lembrar dessas coisas!
- Aaaah vai me dizer que você não pensa nele? - Irmã sei tudo que
passou com o término de vocês mas...
Estaciono em frente a casa de meus pais, e olho pra ela.
- Tchau Clara vaza!
- Credo, insensível.
- Anda Clara, estou cansada e quero minha cama. - Tudo que não
preciso nesse momento é ficar lembrando de um namoro da adolescência ou
melhor um erro da adolescência né.
Ela me dá um beijo e entra em casa. Sigo para minha casa, em menos de vinte
minutos estou no elevador subindo pro meu apartamento, com um certo
pezinho no colo.
Entro em casa, fechando e trancando a porta já que todas as janelas estão
fechadas, sigo logo para o andar de cima.
Já passa um pouco da meia noite, vejo que demorei mais tempo que o
costume do trajeto da casa dos Fosters até a casa dos meus pais.
Mas foi bom conversar com minha irmã, eu ando tão atarefada na
delegacia que mal tenho visto ela, Celine eu só vejo porque ela leva e traz
meu pequeno da escola.
Chego ao quarto de Ben e o coloco na cama tirando sua calça e seu tênis.
Dou um beijinho em sua testa, falando que o amo e saio em direção ao
meu quarto.
Resolvo tomar um banho rápido pois está tão calor essa noite.
Ao sair do banho coloco uma calcinha de algodão e uma regata de tecido
fino.
Deito em minha cama e logo apago.
Capítulo 6
Joseph Foster
- M ãe se acalme, irei pegar o próximo avião para Seattle, logo
chegarei aí.
- Tá bom, meu filho, o médico está chegando aqui vou desligar.
- Ok mãe, mas me mantém informado.
Desligo meu celular, jogando na cama e caindo logo em seguida sentado
na mesma.
Um AVC, meu pai, que sempre fez de tudo por mim e eu não estava lá,
no momento em que mais precisaram de mim.
Isadora se senta ao meu lado, segura meu rosto e diz:
- O que houve Joseph?
- Meu pai sofreu um AVC! - Meu Deus quando nós saímos do elevador
meu celular tocou e era a minha mãe, com toda certeza era pra me avisar e eu
não atendi.
- Calma, você não tem culpa.
Me levanto rapidamente, me vestindo.
- Vou pegar o próximo vôo para Seattle.
- Me mantenha informada, vou avisar meus pais.
- Ok.
Pego minha camiseta e visto em seguida, pegando meu celular e colocando
no bolso me encaminho até ela vendo que já está mais calma.
- Você está bem Isa, para ficar sozinha?
- Estou sim Josh, pode ir tranquilo nos vemos em breve.
Sigo até a porta e olho novamente para Isadora.
- Assim que você voltar a Seattle, nós conversaremos Isa.
- Ok, Josh!
- Ainda tenho algumas coisas para resolver por aqui, mas se precisar é
só me ligar!
Balanço a cabeça concordando e saio em direção ao elevador, ligando para
Kadu.
- Senhor!
- Kadu, meu pai acaba de ser internado, preciso que me acompanhe até
Seattle.
- Estou indo a minha cobertura pegar algumas roupas, nos encontramos
daqui a pouco.
- Ok Senhor. - Quer que mande preparar o avião?
- Não, irá demorar muito, vou pegar o próximo vôo para Seattle, será
mais rápido.
- Ok, irei preparar tudo.
Desligo meu celular chegando em meu carro.
Saio pelas ruas de Nova York, pensando em como estou retornando a
cidade que deixei a anos atrás, nunca quis ficar indo até lá, a forma que tudo
acabou entre mim e ela, era complicado, ela seguiu a vida dela, teve um filho,
deu início a sua carreira, nem ao menos sei se está casada ou tem alguém.
E agora tenho que retornar assim, com medo de perder meu pai, para
uma doença maldita.
Logo estou entrando em minha garagem, e no caminho me encontro
com Kadu me aguardando.
- Só irei tomar um banho e pegar umas coisas pra levar e já saímos.
Ele balança a cabeça afirmando e entro no elevador.
Subo rapidamente ao meu quarto pegando uma mala de viagem e
colocando umas peças de roupa, vou ao banheiro e tomo uma ducha rápida,
trocando logo em seguida, pego minha mala e vou em direção ao elevador,
passando pelo hall do prédio avisto Kadu com o carro à minha espera.
Entro atrás no carro e rapidamente já estamos indo em direção ao
aeroporto.
Olho em meu relógio e já são duas e meia da manhã.
Pego meu celular e faço uma ligação para um dos seguranças de meus
pais.
- Rodrigo, estou indo para o aeroporto, chegarei aí por volta das sete ou
oito horas da manhã.
- Sim Senhor, estarei lá esperando.
- Ok!
Desligo meu celular e olho pela janela, pensando em meu pai.