Subimos dois lances de escadas e uma moça sai na porta fumando e nos
olhando, quando estou prestes a perguntar se perdeu alguma coisa ela vira e
fecha a porta novamente.
- Vargas você fica aqui caso tenha mais algum cúmplice e não sabemos.
- Entendido!
- Herrera e Bishop, vocês sobem comigo, vamos pegar esse bandido.
Chegamos no oitavo andar, eu fico à direita da porta, Herrera à esquerda
e Bishop bate a porta.
Uma mulher atende e logo que percebe que somos da polícia tenta fechar
a porta mas já é tarde, empurro a porta e aponto a arma pra mulher,
mandando ela deitar no chão.
- Vasculhem o apartamento ele tem que estar aqui.
- Cadê o Hernandez ? - Digo a mulher que me olha com uma mistura de
raiva e medo, mas não responde.
Então abaixo até ela, pego em seus cabelos e repito novamente.
-Eu vou perguntar mais uma vez e não vou repetir novamente! - Cadê o
Hernandez?
A mulher não me responde com a boca, mas olha em direção ao móvel
meio torto no lugar, olho para Herrera que está na sala enquanto Bishop
vasculha o apartamento.
- Levanta, senta aí. - De olho nela, Herrera!
Me aproximo do móvel e arrastando ele pro lado dando direto com uma
passagem para o outro apartamento.
Pego meu rádio comunicador.
- Atenção Tomás e Castro, fiquem atentos a saída do local, suspeito está
tentando fugir.
- Entendido Chefe. - Estaremos de olho!
Entro no buraco feito na parede e sigo a direção que ele levará, sendo
seguida pela tenente Bishop.
Chegando no local, vejo outro buraco na parede mas com uma cortina
tampando.
Olho para Bishop e faço sinal de silêncio, olhando pela cortina que me dá
visão plena, do apartamento à frente vejo dois homens, um sentado contando
dinheiro, e muito dinheiro e o outro que pelo que vejo ele é o suposto
Hernandez.
Olho para a tenente, falando em sinais que tem duas pessoas, precisamos
agir rápido, para não termos fulgas e nem um de nós feridos.
Bishop chega perto da cortina e cada uma aponta sua arma para um deles
que estão longe um do outro.
Dou um tiro certeiro na perna de Hernandez e Bishop no braço do outro
suspeito, adentramos o local e fazemos a prisão.
- Suspeitos presos, subam Herrera está sozinha com uma cúmplice ela
também será levada para a delegacia.
Rapidamente Tomás, Castro e Vargas invadem o apartamento.
- Levem os suspeitos para a delegacia, ninguém fala com eles antes de
mim entendido?!
- Entendido! - Vargas e Castro respondem.
- Tomás você e a tenente Herrera peguem todo esse dinheiro, drogas, tudo
que achar no apartamento está apreendido e no outro apartamento também.
- Pode deixar Chefe, levaremos tudo.
- Ok! - Parabéns pessoal, fizemos um ótimo trabalho aqui hoje, estamos
cada vez mais perto de pegar esses bandidos.
Entro em meu carro e sigo novamente para a delegacia.
No começo foi difícil, comandar uma delegacia onde setenta por cento
eram homens, e apenas trinta por cento mulher e só quinze por cento delas
incluindo a mim, iam a campo.
Mas com o passar dos anos eu fui conquistando o meu lugar ali, e as pessoas
que não concordavam com meu modo de operar, foram restituídas para outra
delegacia ou tiveram que me engolir e isso inclui meu ex namorado e pai do
meu filho tenente Charles.
Desde o início ele sempre soube onde eu queria chegar e qual era o meu
objetivo.
Mas sempre tentava me desmotivar, antes achava que era ciúmes, mas hoje
vejo com clareza que não é apenas ciúmes, pra ele uma mulher não merecia
um cargo desse, já que ele está na polícia a mais tempo que eu e não passou
no concurso para delegado.
Não vou mentir e dizer que não sinto nada por ele, porque ainda sinto,
não sei exatamente o que, mas pretendo descobrir logo.
Chego a delegacia e estaciono na minha vaga, salto do carro e vou em
direção a porta de entrada, quando sou puxada por braços fortes, me levando
em direção a escada que leva ao porão da delegacia.
Ao chegar na porta, sou rápida já que vi que a pessoa afrouxou o aperto
em meu corpo, sou rápida ao dar um giro, pegando minha Glock 9mm e
empurrar o cara com a cara pra porta.
- Chelsea sou eu caralho.
- Charles, você tá louco, perdeu a noção do perigo foi?
- Queria te fazer uma surpresa querida.
Ele me olha nos olhos, abrindo a porta com a senha e me puxa pra sala
que não utilizamos mais.
Charles é alto 1,85 de altura, ombros largos, cabelos lisos pretos, olhos
azuis e braços fortes.
Me pega no colo, e o contorno com minhas pernas cruzadas em sua
cintura, ele me coloca sentada em uma mesa que ali e me beija.
Um beijo nada calmo, com força e estupidez, solta meu cabelo o
prendendo logo em seguida em seu punho.
Coloco minhas mãos por dentro de sua camisa, sentindo sua pele em contato
com a minha, Charles tira minha blusa, logo em seguida estou apenas de
sutiã, subo sua camisa tirando e jogando em qualquer canto ali.
- Porque você tem sempre que dificultar tanto nosso retorno em Chelsea,
vamos voltar docinho.
Na hora que ouço suas palavras, todo fogo que estava sentindo, é
apagado rapidamente e o empurro.
- Charles, já conversamos sobre isso, se voltarmos você vai estar
presente na vida do Ben? - Ou irá continuar fingindo que ele não existe?
- Você mal vai vê-lo, mal pega ele pra dar um passeio.
- Chelsea, você sabe que eu não tenho paciência com crianças, e o Ben é
mimado, você e sua família mimam o garoto.
Meu sangue ferve na hora.
Charles está com a mão apoiada na mesa, chego perto dele, pego minha
faca na bota e acerto entre seus dedos anelar e mindinho, acertando a madeira
da mesa.
- Nunca mais fale que meu filho é mimado, ele é uma criança esperta e
inteligente pra idade dele, e tenho muito orgulho do filho que tenho.
- E outra coisa Charles, nunca mais chegue perto de mim outra vez, não
sabia o que sentia por você, mas agora eu sei é repulsa, revolta de um dia ter
tido algo com um ser patético como você.
Pego minha blusa a vestindo e saio andando em direção à porta, mas
antes que a alcance Charles me puxa novamente.
- Chelsea calma docinho, desculpa não vou falar mais assim do seu filho,
agora vem me dá um beijinho.
Olho pra ele indignada pelas palavras que acabei de ouvir e em um
movimento único, dou uma joelhada em seu amiguinho, Charles cai no chão
segurando as bolas e me olhando com cara de choro e raiva.
- Eu avisei pra você não me tocar mais, na próxima não irei errar a
direção da faca e nem baixarei a Glock, então pense bem em tentar
novamente, quero você longe de mim e do meu filho seu desgraçado.
Abro a porta saindo, em direção a porta da delegacia ao passar um dos
policiais ali presente me comunica.
- Chefe os suspeitos presos mais cedo, já chegaram e estão na sala de
interrogatório separados.
- Ok, obrigada tenente!
Vou em direção a minha sala, entrando e fechando a porta logo em
seguida.
Aquele desgraçado não vai me deixar em paz, mas agora mais do que nunca
eu quero distância, irei tentar transferi-lo para outra delegacia.
Ouço um batido na porta quando estou pegando um copo de água e tomando
digo:
- Pode entrar!
- Chefe, os suspeitos já estão prontos para o interrogatório.
- Já estou indo lá, tenente Herrera.
Ela se retirou, fechando a porta logo atrás de si.
Saio da minha sala e vou em direção a sala de interrogatório, espero que
não demorem a dizer o que eu quero porque hoje estou com vontade de bater
em alguém.
Capítulo 4
Joseph Foster
K adu está sentado à minha frente, esperando minhas ordens.
- Preciso que você investigue algo para mim!
- Claro Senhor!
- Tenho recebido uns telefonemas de um número privado. - Mas quando
atendo nada é falado, preciso que investigue até obter a fonte.
- Considere feito senhor! - Mas são apenas telefonemas ou mensagens
também?
- Até agora, somente telefonemas.
- Ok Senhor! - Irei investigar e qualquer resposta lhe aviso.
Balanço a cabeça concordando.
- Mais alguma coisa Senhor?
- Por enquanto somente isso, pode ir!
Kadu sai, me deixando sozinho em minha sala.
Pego o telefone em minha mesa e chamo o ramal de minha querida
secretária.
- Marta, qual o horário da minha próxima reunião hoje ?
- Daqui a quarenta minutos, Sr Foster !
- Ok, anote os recados, estarei em uma ligação importante.
- Sim, Senhor!
Desligo o telefone, pegando meu celular em cima da mesa e ligando para
minha mãe, que atende no segundo toque.
- Ola meu filho, como você está?
- Bem mãe, e você e meu pai?
- Estamos bem, meu querido, estou saindo de casa agora para uma
reunião com as meninas Coxx.
Automaticamente minha mente me leva ao passado vendo uma certa
garota que a muito tempo eu não tinha contato, mas que no passado era tudo
que eu mais queria.
Seus traços delicados e olhos expressivos, claros em tons amendoados e
aqueles lábios volumosos que ao dar um sorriso, tudo se iluminava.
Sinto um aperto no coração ao recordar de nossos momentos juntos, antes
que eu me mudasse para Nova York e até depois de me mudar.
- Filho? - Joseph, ainda está aí?
Percebo que estava longe em meus pensamentos e acabei não ouvindo
nada que minha mãe falava.
- Desculpa mãe, estou sim, lembrei que tenho uma reunião agora, preciso
desligar.
- Tudo bem meu filho, você virá nos visitar no próximo feriado não é?
- Mãe, era sobre isso que iria falar, não sei se vou poder me ausentar da
empresa.
- Joseph William Foster, não me importa se você pode ou não se ausentar,
você virá e eu falo sério. - Faz anos que você não vem a Seattle, somos
sempre eu e seu pai, então trate de aparecer.
- Será nossa primeira noite de ação de graças depois de anos, e eu não
aceito não ter meu filho aqui! - Você está me ouvindo?
Reviro meus olhos e ao mesmo tempo sorrindo, minha mãe é tão
dramática, ela que nem sonhe que chamei ela de dramática ou arranca minhas
bolas.
- Tá bom mãe, eu irei ! - Mas ficarei apenas três dias nada a mais que isso
Dona Megan.
- Ok meu filho. - Agora tenho que ir, as meninas devem estar me
esperando.
Quando penso em desligar, me vejo perguntando:
- Como ela está mãe? - Já faz tanto tempo desde a última vez que a vi.
- Ela a quem você se refere é a menina Chelsea, filho?
Ouço uma risada baixinha, como se ela tapasse a boca para não ser
ouvida.
- Sim mãe, Chelsea!
- Ela está bem, meu filho.
- Uma mãe linda e dedicada, e uma excelente Delegada.
- Henry fica todo bobo, quando fala na filha. - Já a Felicity todas as vezes
que ela está em alguma denuncia e vai a campo atrás de algum bandido,
Felicity quase entra em pânico, só se tranquiliza quando tem notícias.
Sorrio ao me lembrar que esse sempre foi o sonho dela, seguir os passos
do pai ou ir mais longe.