Capítulo 3 A proposta

A sua fala faz o meu queixo cair, duvido que vá conseguir o encontrar novamente. Ele não pode estar falando sério.

COMO ASSIM ME CASAR?

Eu sou um puta de luxo. Ele é um empresário rico que, apesar dos problemas, tem família. O seu filho é a sua família.

- Você está bem? - Questiono-me depois de alguns minutos, assim que consigo me sentir minimamente composta.

- Sim, tudo indica que eu estou bem. Talvez não tão bem por considerar que uma menina de vinte anos poderia querer se casar com um velho como eu. Perdoe-me por isso.

- Não tem nada a ver com a sua idade e você sabe disso, João - falo, ao levantar-me da cama completamente pelada. Sinto-me tão à vontade ao seu lado que não tenho o menor problema com a nudez quando estamos a sós. - Além do mais, não fale como se tivesse problemas de confiança, pois nós sabemos que você não tem. Chega até mesmo a ser arrogante em alguns momentos.

- Está tentando fazer com que eu me sinta bem ou me ofender? - Brinca, ao estender a mão e pegar a bebida que lhe sirvo. - Se não é pela idade, porque você não quer se casar comigo? - Pergunta quando me sento ao seu lado na cama.

Agora sim! Com bebida, a conversa será muito mais fácil.

- Porque você não quer se casar comigo, querido. Por que iria querer?

- Porque sou viúvo há muitos anos e adoraria ter uma mulher como você ao meu lado.

- Não é o suficiente - digo, como se aceitar essa loucura fosse uma possibilidade.

- Porque eu gosto mesmo de estar como você. Por saber que te tiraria dessa vida e te teria perto de mim sempre que pudesse.

- Para me comer? - Pergunto como malícia. Não estou a fim de transar outra vez com o único cliente que me fez gozar nas poucas vezes em que consegui essa proeza, mas a sedução e as falas maliciosas estão no meu sangue.

- Não só para te comer. Se fosse para ter a sua companhia, seria capaz de até mesmo abrir mão de sexo com você.

- Quem é você? O que fez com o João Lagos? - Brinco e, rapidamente, o meu olhar recai na sua barriga lisa e definida. Ele é um homem vivaz e que gosta de se cuidar.

É difícil manter os olhos muito tempo longe da sua pele morena, dos seus braços fortes e do seus cabelos escuros, lisos e macios, um pouco mais longos dos que o convencional. Ele parece muito com o ator Ben Affleck e esse fato se tornou uma piada entre nós.

- Ele está aqui, mas um pouco velho e cansado. Talvez esteja precisando de mais do que uma boceta jovem e quente.

- A gente precisa se casar para isso? - Indago, ao pegar sua taça e deixar ao lado da minha sobre a mesa de cabeceira. Em seguida, subo em cima das suas pernas.

Apesar do papo careta, melancólico e estranho, os seus olhos disparam para os meus peitos pequenos. Ele é um homem com sangue quente e não deixa de perder o raciocínio por causa de um corpo despido como qualquer outro faria.

- Eu preciso de você na minha casa, onde posso te proteger e te ter o tempo todo.

Ele realmente parece outro. De onde saiu essa aura de perigo, possessividade e urgência?

De onde saiu a minha vontade de brincar com o fogo?

Se ele quisesse, poderia muito bem me esmagar como uma barata com os seus sapatos caros. Ninguém garante que, depois de dois anos, não tenha encontrado um motivo e o casamento não passa de um ardil para me atrair até o seu covil.

- Do que e de quem quer me proteger?

- De tudo e de todos - afirma.

- Quem iria me proteger de você? - Questiono.

- Você precisa de proteção contra mim depois de dois anos, querida? - Indaga, ao começar a deslizar as mãos firmes e grandes pela minha cintura.

O meu corpo, de uma forma que não reage há anos, nem mesmo a ele, sofre com calafrios que começa na ponta dos meus pés, passa por todo o meu corpo e termina entre as minhas pernas. A minha boceta, que deveria estar seca, começa a umedecer.

Começo a acreditar que sou louca e me atraio pelo perigo. Pelo desconhecido, pois algo me leva a crer que não faço ideia do que João realmente tem em mente.

É engraçado como a minha percepção sobre ele mudou com a proposta que fez. Parecia tão fácil lidar com o João. O sexo entre a gente sempre foi seguro, calmo e descomplicado.

- Me diga você: eu preciso de proteção?

- Quem sabe? A vida é uma caixinha de surpresas. Talvez eu seja o lobo mau e queira você no meu covil para fazer mal - provoca, eu fico analisando sua expressão para saber o quanto de tudo isso é real.

Que grande bobagem! O que uma mulher de vinte poderia saber a respeito de um homem experiente de cinquenta?

- Não tenho medo de você - afirmo.

- Talvez você devesse ter - fala, sinto mais uma onda de calafrios.

Em que momento o João se tornou mais interessante do que foi em dois anos?

- Vou ficar devendo - asseguro. - Quanto ao pedido...

- Apesar de termos fugido do tema, eu falei sério, menina. Quero você para mim de maneira oficial.

- Como foi meu durante todo esse tempo sem ter estado com outra além de mim?

Estou mexendo com ele. Sempre soubemos que o nosso caso era apenas sexo pago e João nunca fingiu que era fiel a sua puta preferida.

- Não sabia que você era ciumenta - fala, ao abaixar a cabeça e beijar em cima de cada um dos meus seios.

- Não sou. - Dou de ombro. - João, eu gosto muito da minha liberdade para me casar, mesmo que os milhões na sua conta me tentem - brinco, mas ele sabe que não é uma mentira total, afinal, estou transando com ele e com muitos outros por dinheiro há três anos.

Comecei quando não tinha nem mesmo idade suficiente para isso. Tudo porque os homens sempre acreditaram que eu era mais velha do que realmente era.

- Está recusando o meu pedido? Eu não sei se o meu ego pode suportar esse baque.

- Posso te fazer um carinho para que se recupere - devolvo a provocação.

Não parece chateado. Talvez tenha até mesmo se arrependido do pedido.

- É claro que pode - João fala e, com um movimento rápido, me joga de costas na cama.

Por alguma razão, sinto que esse não foi o fim da nossa conversa sobre o assunto.

                         

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