Antes que pudesse ouvir sua resposta, saio da sala e sento em meu lugar, soltando a lufada de ar que eu prendia sem perceber. Não sei o que estava acontecendo comigo. Olhei para a porta de sua sala e, para minha surpresa ele estava lá, em pé com as mãos dentro do bolso, encostado em sua porta com os braços cruzados. Seu rosto já me dizia que eu estava muito encrencada, seus olhos frios sobre minha pele me causam arrepios. Abaixo os meus olhos quando ele começa a caminhar em minha direção. Percebi que a tensão, que antes demonstrava, agora esvaiu-se. Ele dá um longo suspiro e sua feição logo muda para a de uma pessoa mais calma e tranquila. Com certeza ele é bipolar.
- Srta. Williams, lhe pedi desculpas e não aceito não como resposta, e acho bom você aceitar enquanto a tempo, pois, caso contrário, retiro o meu pedido e vai ser muito pior para você... mais do que imagina. - Ele sorri com sarcasmo e continua. - Você gostaria de almoçar comigo hoje? Prometo que lhe mostrarei o bom cavalheiro que sou.
E lá estava aquele sorriso malicioso novamente.
Fiquei indecisa sobre o que responder, parte de mim já me dizia, vai garota, aceita logo e para de cu doce, e a outra pequena porcentagem de mim me dizia que estava entrando em uma furada.
- Não, obrigada.
- Ok, esteja pronta. Assim que eu terminar meus afazeres iremos almoçar... juntos. - E me dá as costas.
- Ei, você me ouviu dizer não? - Falo um pouco alto demais, porém, ele pouco se importa, apenas entra na sala, fechando a porta atrás de si.
Mas que descarado, Argh... galinha do cacete.
Capítulo 5
ossa manhã saiu como previsto. Na reunião, foram feitos grandes avanços em nossos serviços. O Sr. Corppin está
muito feliz com isso, está mais leve, mais relaxado. Estou analisando novamente um contrato que acabei de digitar para fazer a entrega a ele. Caminho até a sua sala pensando em não puxar assunto nem dar muita bola. As folhas caem de minhas mãos e me viro para pegar uma por uma. Término
de recolher as folhas e me endireito, voltando a andar em direção à sala do Sr. Corppin, mas tomo um susto com ele me observando parado na porta.Será que ele não tem trabalho? Só então percebo, que ele estava olhando para o meu bumbum... Fico mais vermelha que meu vestido, minhas mãos ficam trêmulas de repente, não entendo o porquê. Caminho em sua direção e lhe entrego os contratos.
- Saio em 5 minutos, pegue suas coisas e me aguarde. - Aquela voz tem um impacto tão grande em meu corpo, que tudo em mim estremece.
- Ok, Sr. Corppin. - Tentei ser o mais profissional possível, mas minha voz fracassou miseravelmente.
Vou até a mesa pego minhas chaves, meu celular, algumas planilhas que tenho que revisar e a bolsa. Então vou ao banheiro e retoco minha maquiagem. Hoje eu estava bastante apresentável, não que eu me vista mau, até porque gasto quase todo meu pobre salário em roupas apresentáveis para trabalhar.
Não posso vir de qualquer jeito, sou a secretária do CEO majoritário! Meu SUV... É uma longa história, mas resumindo ganhei do Diego. Eu não queria de jeito algum, mas ele me convenceu usando alguns métodos que é melhor não comentar. Diego é incrível, numa época, até comecei a criar uma paixãozinha por ele, e quem não criaria? Ele é lindo, atencioso e manda super bem na cama, mas depois passou. Ele vinha poucas vezes a cidade e o encanto acabou, nunca daríamos certo. Saio do banheiro e ele já estava me esperando, impaciente! Ando firme até o elevador, tentando não tropeçar em meus próprios pés, ele vem logo atrás, as portas do elevador se abrem e entramos.
- Tem preferência de lugar ou comida para almoçar? - Maycon pergunta.
- Tanto faz. - Dou de ombros.
- Ok, tenho o lugar perfeito para irmos.
- Sério? Que lugar? Um hospício talvez fosse bastante propício agora
- digo revirando os olhos.
- Você está pior que uma velha, só resmunga. Já desconfiava que era louca.
- Louca é a tua mãe, e só para lhe deixar avisado irei no meu carro. - Tento pôr um fim naquela conversa ridícula.
- Ah, mas não vai não. Depois de lá, voltaremos para a empresa, não há necessidade.
- De novo essa palhaçada? Vou em meu carro e acabou. - Mas que merda... eu não vim de carro.
Antes que eu percebesse, estava encurralada na parede fria do elevador. Seus braços ao lado da minha cabeça e eu presa ao meio dele. Sua respiração está descompassada, mas o sorriso em seu rosto é um tanto provocante. Seu terno cinza maculado o deixava ainda mais bonito de perto; seus cabelos bem penteados me davam uma vontade enorme de bagunçar; o aroma de seu perfume me deixa louca. Nunca senti tanto desejo por uma pessoa tão canalha, mas não admitiria isso jamais em voz alta. Meu coração está acelerado e meu rosto ganha uma coloração avermelhada, pela trairagem dos meus pensamentos. Porque isso estava ocorrendo tantas vezes?
- Você vai em meu carro, estou lhe dando uma ordem - ele mantém sua voz firme.
- Ordem? Estou em horário de almoço, agora você não é o meu chefe.
- Ah, eu sou sim! Ainda faltam 40 minutos para seu horário de almoço, então ainda sou seu chefe. Mas, se não quiser, posso te convencer...
- Ele chega bem próximo a meus lábios, sinto sua respiração quente e instintivamente fecho meus olhos. - Fechou os olhos por quê? - Ouço seu sussurro em meu ouvido.
Abro os olhos e ele já está em seu lugar, logo em seguida, as portas do elevador se abrem... Eu queria que ele me beijasse, mas seria uma loucura me entregar a todo esse jogo. Seria uma grande burrada. Me recomponho e caminho quieta até seu carro. Todo o trajeto até o restaurante foi silencioso. De vez em quando o olhava de soslaio, mas ele não esbanjava nenhuma emoção.. Chegamos a um restaurante de fachada vermelha muito elegante e o manobrista abre minha porta. O Sr. Corppin deixa a chave do carro com ele e vem para o meu lado, segurando minha mão me ajudando a sair do carro. Seu rosto esboçava uma emoção diferente, a qual eu não sabia decifrar, talvez estava com bom humor novamente. Isso só me dá mais certeza de que ele era completamente bipolar. Caminhamos para o Hall de entrada e uma mulher de cabelos escuros nos recebeu com um sorriso largo, mas logo desfaz quando me vê.
- Boa tarde Sr. e Sra. Corppin. Como estão? Queiram me acompanhar, tenho uma ótima mesa para vocês dois num lugar mais reservado. - Sra. Corppin? Como assim? Percebo que estamos de mãos dadas ainda, tiro minha mão da sua e coro no mesmo instante. Já ia esclarecer que não era Sra. Corppin quando ele fala:
- A Sra. Corppin e eu estamos muito bem, obrigado -fala dando ênfase ao Sra. Corppin.
Seria bem interessante se eu cogitasse a ideia, mais está aí uma coisa que nunca aconteceria, não mesmo. A única coisa que pude fazer foi olhar para a mulher e sorrir. Caminhamos até nossa mesa, era uma cabine muito bonita e bem decorada. Era realmente um local reservado. Aposto que isso aqui é restaurante para amantes, assim os outros não ficam olhando ou prestando atenção em suas conversas. Ele, cavalheiro como sempre - até parece. - puxa a cadeira para que eu sente; A moça cujo nome no crachá diz ser Débora nos entrega o cardápio e se retira.
- Porque mentiu? - finjo certa irritação. Esse cara só faz merda.
- Apenas gostei da ideia, Sra. Corppin. E também queria te irritar.
- Não me chame assim... Ei, você é casado?
- E se eu fosse? Qual seria o problema? Não estamos fazendo nada de errado, estamos? - Ele arqueia sua sobrancelha.
- Problema algum, seria ótimo se você fosse casado, pelo menos teria a quem te entregar. Você me irrita tanto... - Respiro fundo. - Você ainda não me respondeu, é casado? Foi por isso que ela me chamou de Sra. Corppin?
- Te irrito? Pelo menos isso. E não, não sou casado. Nem sei de onde ela tirou isso, provavelmente porque estávamos de mãos dadas. - Relaxei visivelmente com sua resposta.
- Hum... Entendi. - Ele apenas sorriu para mim com um ar de graça. Bufo com o olhar dele.
- Você fica muito bonita quando está irritada e com ciúmes.
- E quem disse que estou com ciúmes? E de quem eu estaria? - Me faço de desentendida e olho para os lados, como se estivesse procurando por alguém. Ele dá uma linda risada, jogando a cabeça para trás. - Nem te conheço direito, porque teria ciúmes?
- E ainda tem um ótimo senso de humor.
- Ah, fala sério. - Reviro os olhos.
Seu semblante mudou na mesma hora. O que foi agora?