Capítulo 4 Perda de memória

HAILEY.

As pessoas gostam de dizer que a vingança é um prato que se come frio. Mas a verdadeira vingança exige planejamento e preparação. Você tem que sorrir quando quiser gritar, esperar enquanto a raiva queima em suas entranhas. A única emoção que pode realmente te impulsionar é a raiva.

Eu não vou apenas cavar uma cova, mas o suficiente para colocar toda a Phi Omega a um metro e meio de profundidade.

Estar aqui é mais estranho do que eu pensei que seria, mas também estranhamente mais fácil. Eu tinha explodido tanto em minha mente, imaginando os Ômegas como demônios, surgindo direto do inferno, que foi até um alívio descobrir que eles são apenas caras normais.

Lindos, mas humanos.

Eu não sei o que há por trás dos rostos mais bonitos. Eles sempre parecem ter mais a esconder. Mas a atitude daqueles idiotas quando entrei no refeitório, disse mais do que qualquer relatório policial jamais poderia.

Eles são responsáveis ​​por tudo o que aconteceu.

O St. Bart 's deveria ser uma universidade católica, então qualquer um pensaria que estaria cheio de bons meninos.

Mas para cada santo, existem dezenas de demônios, então tudo o que este lugar precisa é de um anjo vingador.

Inicialmente, eu tinha planejado ficar quieta por alguns dias, pelo menos até as aulas começarem. Mas eu subestimei a rapidez com que as fofocas se espalham. Então assim que eu os peguei olhando pra mim enquanto eu entrava no refeitório, eu sabia que já estávamos em guerra.

Minha colega de quarto, Annie, parece ansiosa para ser a primeira da fila.

- Perda de memória. Ouvi dizer que ser atingido na cabeça pode fazer isso - ela observa fascinada enquanto eu desfaço minha mochila, obviamente tentando ver quais peças de roupa têm etiquetas de grife. - Você realmente não se lembra de nada?

- Eu não tenho amnésia total. Eu sei meu próprio nome e como comer com um garfo - eu aponto tão pacientemente quanto posso. O que quer que eu diga será espalhado por toda parte dentro de uma hora. - É só que algumas coisas são mais confusas do que deveriam ser.

- Como o que aconteceu naquela noite?

- Sim, isso - eu forço um sorriso. - E algumas outras coisas.

Nosso dormitório é basicamente um apartamento. Tudo na St. Bart's é caro e espalhafatoso. Compartilhamos o banheiro e a sala, mas nós dois temos nosso próprio quarto, embora isso não impeça Annie de se espreguiçar na minha cama como se pertencesse a ela.

O rabo de cavalo apertado no topo da minha cabeça está começando a doer, ou talvez seja Annie. Infelizmente, não posso fazer nada sobre minha colega de quarto no momento. Em vez disso, desfaço o nó e deixo meus cabelos cair pelos meus ombros e costas.

- Seu cabelo está muito mais comprido - ela comenta alegremente. - E eu gosto dessas faixas de platina.

Eu coloco uma mecha atrás da minha orelha e dou a ela um sorriso suave, esperando que não pareça uma careta. - Sim, eu pensei que era hora de mudar um pouco.

A enxurrada de perguntas não parou desde que ela me cumprimentou na porta. Eu não sou estúpida o suficiente para pensar que ela realmente se importa, mas informações sobre mim carregam uma bagagem social séria agora. Todo mundo quer saber mais sobre a garota que arruinou uma festa dos Ômegas e teve a coragem de voltar para o campus seis meses depois como se nada tivesse acontecido.

Annie está na posição única de beber diretamente da fonte. Tenho certeza de que ela estará cercada por outras garotas no jantar, regalando-as com histórias sobre como ela foi a primeira pessoa a bombardear Hailey de perguntas. Não posso culpá-la por aproveitar a oportunidade.

Na verdade, estou contando com isso.

- Você tem que me dizer como é estar de volta ao campus, especialmente depois de... tudo o que aconteceu.

A garota não é sutil, eu tenho que dar pontos a ela por isso.

- Eu acho que é a mesma coisa - eu digo casualmente. Um top brilhante da Givenchy está amassado ao lado dela na cama. Eu pego antes que ela tenha alguma ideia sobre "pegar emprestado" sem perguntar. - Mas na verdade não me lembro muito do que aconteceu. Há algumas memórias difusas de estar na festa, então tudo depois disso é apenas um borrão.

- Uau. Você realmente não se lembra de nada? Não é à toa que você conseguiu voltar.

Ela para antes de dizer o que nós duas sabemos que ela está pensando.

- Se eu realmente soubesse o que aconteceu, talvez ficasse muito envergonhada ao mostrar meu rosto aqui novamente.

Mal sabe ela que vergonha não é algo que eu sou capaz de sentir, pelo menos não mais. A raiva é um substituto à altura.

- Eu só quero seguir em frente, sabe.- eu viro meu rosto para que ela não veja meus olhos rolarem. Espero que ela pense que estou segurando as lágrimas. - O passado é passado. Eu não posso mudar isso, então é melhor seguir em frente.

- Você não era assim no ano passado. É como se diante de mim, existisse um novo você.

Eu mordo meu lábio para não rir do absurdo de toda essa situação. - Você não tem ideia.

- Eu assisti a um programa uma vez em que uma garota reprimiu suas memórias porque o trauma que sofreu era tanto que ela não aguentava.- Annie se inclinana para frente estudando meu rosto com os olhos arregalados como se eu fosse algum tipo de espécime de laboratório. Rumores sobre minha amnésia conveniente estarão se espalhando pelo campus como um incêndio assim que ela pegar o telefone. -Talvez tenha sido isso que aconteceu com você.

Meu lábio treme, e espero que ela perceba. Eu mantenho minha voz deliberadamente suave quando pergunto: - É isso que as pessoas estão dizendo que aconteceu?

- Eu realmente não sei. Não escuto fofocas.

E eu sou uma preguiça de três dedos.

- Tudo bem. Provavelmente é melhor que eu não saiba.

- As pessoas são uma merda.- ela abaixa a voz, embora estejamos completamente sozinhos na sala. - Você realmente deveria se cuidar perto dos Ômegas. Foi uma de suas festas estúpidas que se desfez por causa do que aconteceu. A polícia invadiu o campus horas depois e ouvi dizer que a casa deles foi revistada. Eles podem culpá-la por isso.

É claro.

Porque a garota machucada e deixada para morrer em uma floresta é a responsável por ferir o sentimento de todos.

- Não estou aqui para causar problemas.

O cabide na minha mão faz um som de estalo, e eu o coloco no colchão antes que ele quebre.

Inspire.

Expire.

A raiva é útil, mas apenas se eu a mantiver sob controle.

- Você está certa. - Annie salta da cama e seu olhar se concentra em um dos vestidos que coloquei na cama. É um vestido roxo pálido feito de seda que eu peguei em alguma loja vintage. - Eu posso...

Eu interrompo antes que ela peça minhas roupas emprestadas. Fingir ser legal e doce é necessário para o meu plano, mas não temos que ir tão longe. - Você vai ter que me avisar na próxima vez que a Phi Omega dar uma festa. Elas geralmente são apenas para convidados, certo?

- Sim... - ela responde lentamente, seu rosto se contorcendo em surpresa. - Tem certeza de que está disposta a voltar lá?

Eu apenas a encaro por um longo momento - Bem, é claro que eu voltaria. Eu não me lembro de nada, então... - minha língua estala.

- Oh, tudo bem. Claro.

- Na verdade, estou ficando muito cansada e ainda preciso me instalar. - eu pressiono minha palma nos lábios que realmente não abrem em um bocejo. - Você pode voltar daqui a pouco?

- Certo, nos encontraremos mais tarde. Estou muito feliz por você estar de volta. - ela se dirige para a porta, mas hesita. - Eu sei que não éramos realmente amigas antes, mas estou feliz que você voltou. Vou jantar com algumas outras garotas às sete, se você quiser vir conosco.

A primeira regra para ser popular é deixar claro que seu tempo é valioso. As garotas de St. Bart 's vão ter que vir até mim. Se eu parecer desesperada por sua atenção, todo o meu plano desmorona.

- Eu faço questão de nunca comer mais do que duas refeições por dia.- a falsidade desliza da minha língua como manteiga derretida. Eu adoro comer, mas garotas populares não exageram. - Eu vou te avisar se mudar de ideia.

- Excelente. - Annie fecha a porta devagar, obviamente esperando que eu diga mais alguma coisa.

Espero que a porta se feche completamente antes que o sorriso no meu rosto finalmente relaxe. Sorri mais hoje do que na minha vida inteira. É preciso um esforço consciente para manter a cara de cadela falsa o tempo todo.

O quarto é espaçoso e bom, mas eu esperava não ter uma colega de quarto. Tenho que manter a máscara no lugar a cada momento que não estou sozinha. Foi apenas um dia, e eu já estou me sentindo exausta, lutando para evitar que o desgosto e a raiva se espalhem.

No natal, serei a garota mais popular do campus. Aquela que ninguém pode parar de falar. Aquela com um passe livre em todos os círculos sociais até que eu consiga meu caminho até o topo.

A Alpha Phi Omega não tem ideia do inferno que está por vir.