Satori sorri ao ver as jovens princesas, o conselheiro e tutor de ambas, realizou uma reverência muito cordial, o que a fez sorrir. O homem baixo e roliço chamou amistoso:
- Por favor, majestade, entre logo, começará a cair a noite e o frio se tornará insuportável.
Satori revirou seus lindos olhos cor de chocolate, constatando cínica:
- Já não está insuportável?
Os presentes riem e a comitiva de Satori se movimenta rapidamente para arrumar as coisas no quarto onde a rainha do Clã dos Lobos Youkai ficaria. Enquanto essa conversava com as jovens princesas em uma sala lindamente decorada e com uma grande lareira, as três Youkai se sentaram e a primeira a falar foi Ariana, muito curiosa com aquela visita:
- Perdoe minha indiscrição, senhora Satori, mas a que devemos sua tão amável visita.
Kara sorri desconfortavelmente com os modos de sua irmã mais nova e Satori ergue uma das sobrancelhas disparando:
- Indiscrição nenhuma criança, mas permita-me lembrá-la que o termo que você deve se referir a minha pessoa é majestade, não se esqueça que sou a rainha do Clã dos Lobos Youkai. Vamos direto ao assunto, meu primogênito está procurando uma esposa. O líder do Clã dos Inu Youkai tem interesse em oferecer a mão de uma de vocês para o meu filho, caso lhes interesse, é claro e, em alguns dias, Hakin e Takeo estarão aqui para formalizar esse acordo.
- Takeo?
Se sobressalta Kara, ficando com o rosto rosado, Ariana olha para a irmã, pois sabia de sua paixão pelo irmão do líder do Clã Inu Youkai, ela riu um pouco, desdenhando:
- Você e sua paixão platônica por Takeo.
Satori ficou curiosa e questionou:
- Por que platônica? Porque diz isso, princesa Ariana?
- Majestade, pode ser honesta, minha irmã mais velha parece uma adolescente e nunca parecerá mais velha do que isso. Que macho Youkai se interessaria por ela? Ainda mais Takeo, como é...
Diz Ariana se engasgando de rir da situação da irmã, Satori olhou para Kara, percebendo o constrangimento e a frustração da jovem ao ouvir as palavras da irmã e ficou com muito dó da jovem, sabia o motivo de sua aparência infantilizada. Aquele fato se devia por ela ser a detentora de poderes de cura incomparáveis, a rainha loba olha para Ariana, questionando:
- Entendo, obviamente a Princesa Ariana deve ter vários pretendentes ou até mesmo um noivo de origem nobre...
- Com certeza, majestade.
Kara olha para o rosto da irmã, estava surpresa com aquela informação, Satori sabia que aquilo era mentira, mas estava curiosa para saber onde aquilo as levaria, questiona:
- Que agradável notícia, quem é seu prometido?
- Quem mais poderia ser? O futuro rei Inu Youkai, Hakin.
Satori precisou se conter para não gargalhar, viu uma dama de companhia aparecer na porta, ignorou o olhar furioso da mais jovem e a cara perplexa de sua irmã e realizou uma reverência contida com a cabeça, anunciando que descansaria um pouco, mas assim que passou pela ama disse:
- Que fedelha mentirosa.
Na sala, Kara olhou para a irmã escandalizada, questionando:
- Ariana, o que deu em você?
- O que eu disse, irmã?
Disse, se fazendo de desentendida. Sorrindo gentil, Kara disse:
- O senhor Hakin não é comprometido com você, muito pelo contrário. O conselho de nosso clã aceita a senhora Kami como companheira dele e futura rainha.
- Ele nunca se casará com ela, eu te garanto isso...
- Ariana, o que você fará? Você sabe que os dois são apaixonados, que ela não é só a fêmea dele, ela alimenta o poder dele...
- Ele pode mantê-la como amante ou concubina depois que eu me tornar rainha, não me importo. Quanto a você, irmã. Se casará com o príncipe lobo, já que ninguém nunca irá pedir sua mão, não se iluda. Takeo não conseguiria amar alguém como você. Sua única oportunidade é aceitar esse casamento com o lobo.
Kara se levanta de onde estava sentada, queria gritar e agredir a irmã, mas não conseguiria fazer isso. Saiu da sala e a deixou rindo afetada sobre a cadeira acolchoada, tramando os planos que colocaria em ação em alguns dias. Kara saiu com pressa pelo corredor e quase não percebeu Satori, que nada disse, apenas a observou afastando-se para a parte mais distante do palácio.
No território dos lobos Youkai, o general Hathor e seus homens vasculhavam o rio atrás do Youkai que havia sobrevivido e fugido após o ataque da filha do príncipe. Já haviam vasculhado quase todos os rastros que havia na floresta quando o general frustrado se aproximou do lago e percebeu que não estava sozinho, questionou:
- O que faz no território dos lobos Youkai? Diga-me, quem é você?
Ela olha sobre o ombro para o general, que a observava curioso, os olhos vermelhos selvagens e o rosto sujo de sangue o deixaram apreensivo e ele ficou assustado quando olhou nas mãos dela a calda do Youkai lagarto ainda se debatendo, mas antes que o felino Youkai pudesse atacar ou fazer algo, a viu abrir as enormes asas negras e voar veloz para longe. Hathor estava tão surpreso pelo encontro que não teve reação, apenas se aproximou do pedaço de cauda, percebendo que seja lá o que fosse aquela criatura, ela havia devorado quase completamente um lagarto Youkai adulto. Ele pegou os restos do lagarto em suas mãos, olhando o confuso e um de seus comandados aproximou-se, questionando:
- Senhor, o que houve?
Hathor olha para o lobo Youkai de cabelo castanho, estava pensativo, respondeu sem muita certeza:
- Algo devorou o fugitivo. Recolha os restos dele, informaremos o rei do que encontramos.
O lobo Youkai sinalizou positivamente com a cabeça, sinalizando para os demais as ordens de seu comandante. No escritório do rei lobo Youkai, Yokata entrou primeiro, se sentando em uma das poltronas enquanto Kali entrou devagar o seguindo, mas não se sentia confortável de estar em uma sala sozinha com um macho Youkai adulto. Ela escutou a ordem:
- Entre e tranque a porta.
Ela fez como o ordenado, não disse uma palavra, andando alguns passos na direção do rei lobo Youkai, questionou sem olhá-lo:
- O que deseja, majestade?
Yokata analisando a humana na sua frente, conhecia bem aquela reação a um Youkai e perguntou calmamente:
- Quanto tempo esteve sob a proteção de Kuroneko?
- Perdão, o que disse, majestade?
- Constatei o brasão dele marcado em seu antebraço, apenas as escravas dele possuem essa marca na pele... Então, quanto tempo esteve com Kuroneko?
Kali suspira e responde com um fio de voz:
- Quase minha vida toda, fui vendida pelo dono de minha mãe quando era pequena.
Yokata a observa com uma expressão indecifrável, em seu interior estava novamente horrorizado, não aprovava os métodos de seu primo, mas nada podia fazer para acabar com suas atrocidades. Ren estava certo, aquela mulher podia ser a resposta dos seus problemas, mas precisava ter certeza sobre as histórias que ouvia falar e, principalmente, que Kali era uma daquelas mulheres.
- Você esteve no harém de Kuroneko?
- Sim, majestade.
Yokata a observa e se lembra dela falar de uma ajudante, questionou:
- Sua ajudante também?
- Não, Majestade.
Precisava ter certeza das habilidades dela antes de prosseguir, então disse:
- É verdade o que dizem sobre as protegidas de Kuroneko?
- Não sei o que dizem sobre aquelas pobres mulheres.
- Dizem serem treinadas para satisfazer qualquer desejo que existe, que não existe criatura que não obtenha prazer com uma delas.
Kali estava desconfortável com aquela conversa, seu coração começou acelerar, seu rosto não demonstrava o quanto estava apavorada naquele momento, apenas conseguia se concentrar em sair viva daquela sala, o silêncio era constrangedor. O rei aumentou seu tom de voz, questionando:
- Essa é a verdade?
- Majestade...
- Responda minha pergunta.
Um nó se formou na garganta de Kali, sentia-se como se seu peito fosse explodir. Respondeu o mais alto que conseguiu, mas tudo que saiu foi um sussurro:
- Sim!
- Mostre.
- Não posso.
- Mostre-me agora ou mandarei prendê-la e torturá-la até que mude de ideia. A escolha é sua.
Kali não podia acreditar na situação que se encontrava, pensou no que o Youkai a sua frente havia dito, ponderou sobre suas possibilidades. Se o enfrentasse, não conseguiria fugir daquele território e nem sairia daquela sala viva. Analisando seu rosto, percebeu que pedir clemência não era uma opção, então tentou se acalmar o melhor que pôde.
Não queria terminar seus dias como escrava de ninguém e faria o que fosse para não retornar a seu cativeiro. Olhou para Yokata, que ficou surpreso ao vê-la encarando, nos momentos que antecederam a demonstração de sua habilidade na arte treinada, parecia que seus pensamentos desapareceram e sua cabeça estava vazia. Logo depois, ela começou a agir. Rapidamente, se aproximou, ajoelhando-se na altura de seu colo, abriu a capa negra e a deixou cair sobre o chão. O par de olhos negros selvagens de Kali pareciam estar lendo a alma de Yokata, por mais desconfortável que se sentisse, o rei não conseguia cortar o contato visual.
Kali moveu as mãos sobre as coxas do macho Youkai, tocando até seu abdômen ainda nas roupas, passou sensualmente seu rosto por suas pernas enquanto as mãos hábeis começaram a tocar o membro ainda nas calças. Rapidamente, a ereção se pronunciou e ela aproximou o rosto do cós das calças de Yokata, fazendo com que esse se afundasse na poltrona deixando-a livre para tocá-lo. Ele apenas a observou abrir sua roupa com a boca enquanto suas mãos massageavam o seu membro prazerosamente. Kali assistia a cada reação no rosto do Youkai atentamente.
Yokata precisou de muito autocontrole para não jogar aquela humana sobre o tapete e possuí-la ali mesmo, suspirou se contendo e sentiu a respiração morna pela extensão de sua ereção, seguida da sensação do calor da boca dela envolvendo seu membro enquanto suas mãos ágeis o acariciavam prazerosamente. O prazer era crescente para o Youkai, a sentindo alternar entre lambidas, beijos e outros movimentos, Kali mordeu o interior de suas coxas, voltando rapidamente a dar atenção a cada parte de seu sexo, sem que nada escapasse de seus lábios e língua.
A sensação foi indescritível para Yokata e um gemido rouco escapou de seus lábios, a sentiu intensificar seus movimentos enquanto seu próprio corpo estremecia e não conseguiu conter os jatos quentes da ejaculação na boca daquela humana. Foi muito rápido e intenso e nem mesmo ele podia acreditar no que havia acontecido.
Kali afastou seu rosto de sobre o membro de Yokata, sem cortar o contato visual entre eles, deixando o gozo do Youkai, que estava em sua boca, escorrendo de seus lábios sobre o membro dele. O grande macho Youkai ainda ofegante precisou de todo o seu autocontrole para não se lançar sobre o corpo dela e possuí-la sobre o chão de seu escritório. Ele escutou incrédulo:
- Satisfeito mestre?
Ainda atordoado sinalizou positivamente com a cabeça, o que a fez se levantar rapidamente e se afastar dele se cobrindo com a capa, como se essa conseguisse protegê-la do macho na sua frente. Yokata respirou fundo observando, arrumou as roupas e se levantou da poltrona. Precisava tirar a imagem daquela fêmea de sua cabeça, não tinha necessidade de suas habilidades e não chantagearia uma humana para ser sua amante. Ele andou até a janela atrás deles, observou o jardim. Questionou:
- Você sabe da condição do meu filho?
- Não, majestade.
- Meu filho nunca conseguiu ter prazer com uma fêmea em sua vida, quero que mude isso...
- Majestade, eu...
- Quero que ensine a futura esposa dele a satisfazê-lo.
- Não posso.
- Por que não?
Questiona o lobo Youkai olhando novamente para ela, contrariado com a resposta:
- Se ele nunca sentiu prazer, talvez não seja possível...
- Quero que descubra isso.
- Perdoe-me, majestade, eu não posso mais fazer isso.
A fragilidade na voz dela, não passou despercebida por Yokata, mas ele a ignorou, andou intempestivo até estarem a poucos centímetros um do outro, rosnou as palavras. Seu tom de voz demonstrava toda sua irritação, Yokata detestava ser contrariado e não aceitaria que uma reles humana fizesse isso, respondeu:
- Senhora, colocarei as coisas em outros termos, se não fizer o que mando, meu filho perderá o direito de suceder ao trono. Pense o que pode acontecer a pobre humana que ele chama filha? Nossos próprios súditos poderiam fazer mal a ela sem que ele jamais soubesse ou ainda ela poderia parar nas mãos de Kuroneko, com você e sua ajudante. Creio que ele adoraria rever a mulher que arrancou um de seus olhos antes de fugir.
- Majestade...
A voz de Kali sai trêmula, ela sentiu algo quebrar em seu interior ao ouvir a ameaça dele e a certeza de que o rei sabia quem ela era. Yokata continuou percebendo que a havia amedrontado:
- Existem duas formas de deixar de ser escravo de Kuroneko, morrendo ou matando. É claro para mim a sua escolha.
Kali novamente voltou seu olhar para o chão, não podia mais ficar naquele reino, precisava fugir o mais rápido possível. Sentiu o coração falhar uma batida ao pensar na menina Ami e principalmente por Maya, pois a colocou em perigo apenas por estar próxima dela. Por mais que gostasse de Ami, não era responsável por ela e Hidetaka não parecia ser um inútil que permitisse que sua filha adotiva passasse por isso. Yokata enfatizou:
- Juro por tudo que você acredita que farei questão de foder a sua amiguinha e aquela garota na sua frente pelos dias que te restarem para se lembrar o quão miserável você tornou a vida delas. Então ajude-me e poderá partir de meu território se e quando desejar, com uma grande fortuna.
Kali pergunta ríspida, tentando não desabar na frente dele:
- O que devo fazer? Entrar no quarto do seu filho agora e exigir que baixe as calças por ordens do rei?
Yokata deu um sorriso cínico, respondendo:
- Não creio que ele obedeça ... Pensarei em algo, vá para seus afazeres ... Caçadora.
Ouvindo aquelas palavras, Kali sai do escritório do rei lobo Youkai apressada, pois precisava decidir o que fazer. Queria ir embora daquele reino e se sentia ameaçada e indefesa. Precisava fugir, por isso apenas saltou a janela atrás de si, não queria que ninguém a visse saindo da sala do rei Youkai e não queria encontrar ninguém. As lágrimas cobriam seu rosto, estava enojada pelo que foi obrigada a realizar se sentiu ultrajada pelo que havia passado, sentiu-se o pior verme que já existiu. Apenas havia se iludido que em algum momento poderia ser livre e agora havia condenado duas inocentes a uma vida de desgraças com ela.
O choro desesperado não permitiu que percebesse Maya se aproximando dela rapidamente. Kali tremia tanto que acabou caindo ajoelhada sobre o chão, Maya a apanhou e questionou preocupada ao ver o rosto transtornado:
- Kali, o que está acontecendo? É com a menina?
Kali segurou seus braços:
- Por favor, me tira daqui.
- Vamos para casa.
Maya não estava entendendo a situação, mas faria a vontade dela, a Kami a apoiou sobre o ombro, deu alguns passos observando ao redor e, sabendo que ninguém a observava, se teletransportou para a cabana de Kali. A colocou sentada no chão, tirou a capa de sobre o corpo da caçadora, retirou as pesadas botas de seus pés e a deitou sobre a esteira que ela costumava dormir. Kali estava tão aterrorizada que não percebeu o que ocorreu, a caçadora chorava e murmurava:
- Por que eu nunca estarei livre disso? Por quê?
Maya se a sentou próxima dela, colocou a cabeça dela sobre suas pernas, tocou com os dedos sobre a têmporas de Kali e liberou sua energia Kami, o que a conectou imediatamente com todas as memórias de sua amiga, entendeu sua dor e seu desespero, entendeu o que havia acontecido e que o único desejo de Kali, naquele momento, era morrer. Sentiu-se desolada, teve vontade de aparecer na frente de Yokata e estripá-lo como o monstro sem alma que era, mas não podia dar vazão a seus desejos, mas também não permitiria que Kali sofresse, então apenas massageou suas têmporas delicadamente, lentamente, o desespero da caçadora, seus medos e a culpa, havia sumido. Em seu lugar, Maya havia implantado uma certeza de que havia uma solução e que tudo daria certo.
Kali se acalmou, observou os olhos vermelhos de Maya, olhando atentamente para seu rosto, abriu e fechou a boca, sem conseguir pensar em dizer nada. A sensação de alívio e até mesmo prazer que aquela massagem estava lhe dando era algo que ela nem sequer conhecia, ouviu a voz de Maya lhe dizendo:
- Descanse, vou ao castelo pegar os pedidos para amanhã.
Os olhos negros de Kali se fecharam lentamente, até que pegou no sono e, ao contrário de antes, teve lindos sonhos, onde podia correr livre sobre um campo verde e vasto. Maya a cobriu com uma manta, deixando que dormisse. Estava saindo da cabana quando se deparou com Hathor. O felino Youkai a reconheceu imediatamente, ficou curioso, olhando seus olhos vermelhos, questionou:
- O que diabos é você?