A Kami andava por aquele local incógnito, até chegar a uma espécie de mesa onde Kali estava amarrada sendo estuprada e tendo pedaços de seu corpo cortados por um grupo de Youkai. Ela esperneava e tentava se libertar em vão, Maya observou o desespero no rosto dela, observou atentamente o rosto de cada um deles e percebeu que aquilo não era um simples pesadelo, mas sim uma lembrança. Ela abriu suas asas negras no pesadelo, fazendo Kali acordar imediatamente apavorada, sentando-se sobre a cama improvisada no chão.
O rosto de Maya não demonstrava sua surpresa com o que havia presenciado no pesadelo da humana e muito menos seu pavor, não podia deixá-la perceber estava desconcertada com aquela situação. A Kami pegou uma caneca com água lhe ofereceu perguntando:
- Está tudo bem?
- Foi só um pesadelo, eu acho.
- Você sempre tem pesadelos?
Ela ri pegando a caneca de água na mão de Maya constatando:
- Quando consigo dormir, sim.
- O que sonhou?
Kali pensa um pouco, seu rosto parece triste, estava assustada, respondeu:
- Eu não lembro.
Maya a observa atentamente, sorri percebendo a mentira, dizendo:
- Entendo, o amanhecer está próximo, sairei para pegar lenha.
Kali olha confusa, observando o lado de fora, Maya diz sabendo estar tão apavorada que evitaria dormir:
- Ainda é noite, Kali, espere amanhecer.
- Adiantarei o serviço agora, não conseguirei voltar a dormir.
Disse ela saindo sem muita demora. Kali passou a mão pelos cabelos, soltou um suspiro frustrado levantando-se, não conseguiria mais dormir também, tinha muito trabalho para fazer, então apenas se levantou para pegar água e cuidar dos animais.
Maya, após sair de dentro da cabana de Kali, se teletransportou para próximo do palácio Inu Youkai, próxima o suficiente para poder perceber e até mesmo ver Hakin, mas não próxima o suficiente para ele poder falar com ela. A Kami não precisou procurá-lo muito, ele estava sentado na varanda da frente, sua expressão era séria e parecia que algo o estava afetando. Maya se sentou sobre os galhos de uma árvore e o observou atentamente, sabia que algo o estava perturbando e lutou contra seu impulso de se aproximar dele e questionar o que havia de errado. Não pôde deixar de lembrar do pesadelo de sua companheira humana, por mais que soubesse que os Youkai eram cruéis com os humanos e tivesse ouvido muitas histórias em sua longa vida, nem de longe poderia imaginar a sombria verdade. O que Kali e muitas fêmeas de sua espécie deviam passar apenas por seu gênero. Um suspiro frustrado fugiu de seus pulmões, estava tão absorta em seus pensamentos, que não percebeu Takeo próximo de onde estava até ouvir a voz grave próxima da árvore:
- Por quanto tempo ainda ignorará meu irmão, senhora Kami?
Seus olhos vermelhos irritados se voltaram para o Inu Youkai com expressão séria em seu rosto, ele a observava, aguardando que lhe dissesse algo. Maya apenas saltou da árvore próximo dele, não pode fazer uma expressão de desgosto quando viu Takeo dar dois passos para trás ao percebê-la próxima. Por mais que estivesse com o Hakin há muito tempo, seu clã ainda a temia com a mesma intensidade que a idolatrava, apenas andou na direção oposta ao palácio dizendo:
- Apenas estou permitindo que pense calmamente no que precisa e deseja fazer...
- Você ouviu...
Maya parou um instante olhando de sobre o ombro para Takeo, interrompendo-o:
- O que deseja saber é se sei o que o conselho dos anciões de seu clã deseja? Sim, eu sei. Sei que cabe a Hakin decidir o que deseja fazer.
- Senhora Kami, eu sei o que deve parecer, mas essa é uma decisão muito importante para o futuro de todo o clã.
Ela voltou seu lindo e inexpressivo rosto para ele, fazendo-o abrir um pouco mais os grandes olhos, esboçou um sorriso, deixando claro que não desejava prolongar mais aquela conversa, foi direta:
- É, parece uma escolha muito difícil, mesmo depois de tantos séculos e de todos os sentimentos e vitórias envolvidas ... Preciso partir agora.
Maya apenas desapareceu na escuridão como se fosse uma aparição ou um fantasma, Takeo ficou pensativo alguns minutos, antes de olhar para o palácio. Ele também não entendia o motivo do irmão não realizar a escolha que era óbvia. Hakin devia se unir a fêmea que amava, torná-la a rainha dos Inu Youkai, ser feliz ao lado dela e dominar o mundo ao lado da fêmea, mas pensava que o irmão não pensava da mesma forma que ele e os outros membros do clã.
Algumas horas depois, estava amanhecendo no território dos lobos Youkai, Kali permanecia de pé, agora arrumando as coisas para sair para a caçada matinal. Maya ainda não havia voltado, mas deixou instruções para ela do que deveria realizar durante a manhã. Estava observando o céu do amanhecer com suas cores fortes, mas o som dos cães agitados chamou sua atenção, ela percebeu imediatamente que não estava sozinha e havia algo sobre o telhado de sua cabana. Kali puxou a faca longa que estava em suas costas, apoiou-se sobre um grande fardo de feno ao lado de sua cabana, espiou cuidadosamente sobre o telhado. Ela pôde ver algo que parecia um enorme corvo voar rapidamente de sobre o teto, não sem antes conseguir puxar uma das penas negras de suas asas, ela saltou e ficou observando a textura daquela pena que não se assemelhava a de nenhum pássaro que já tivesse visto:
- Kali? O que está fazendo?
Questiona seu amigo Niimi, um jovem Youkai raposa, que a observava com o ar de dúvida no rosto. Kali o olhou ainda intrigada com aquela estranha pena nas mãos, desceu rapidamente de cima da cabana, aproximou-se mostrando a pena, enquanto constatava:
- Algo assustou os cães, acredito ser alguma espécie de pássaro, muito grande.
Niimi observou a pena na mão da humana dizendo:
- Não me parece pena de um pássaro comum, Kali.
- Você acredita que pode ser um Youkai pássaro?
Niimi pensa um pouco, constatando:
- Duvido que algum Clã Youkai tenha coragem de invadir o território dos lobos.
- Não tenho tanta certeza...
Diz Kali se afastando para montar no cavalo e sair, apressada Niimi a observa, constatando:
- Você acredita que podem ser os servos de Kuroneko procurando seu paradeiro?
- Possivelmente...
Respondeu Kali resignada, o macho raposa Youkai suspira frustrado, segurando os arreios do grande cavalo marrom, o qual ela havia montado, questiona frustrado:
- Por que não aceita a proposta de Hathor, podemos ir para o Egito, daremos um jeito...
- Nii... por favor! Isso não é justo com nenhum de vocês dois. Qual o plano para quando o pai do general descobrir a verdade? Estarei em pior situação do que agora.
Constata Kali, olhando-o docemente. Ela sabia que Hathor e Niimi eram um casal apaixonado, se aceitasse a proposta de se tornar esposa do general dos lobos Youkai, teria uma vida segura e tranquila ao lado dele nas terras do clã do mesmo no Egito. Ao menos até que o pai e soberano daquele clã desconfiasse da relação do filho com o Youkai raposa. Niimi questiona, frustrado daquela situação:
- Você ao menos tem dormido?
Kali desviou o olhar do rosto do amigo, desde que chegara no território dos lobos a seis meses, havia conseguido dormir apenas algumas poucas horas por noite, pois não conseguia se sentir segura e quando o cansaço a vencia, os pesadelos e as lembranças a faziam acordar apavorada. Ela sorriu um pouco sem jeito, desviando o assunto:
- Preciso ir caçar agora, o castelo anda muito movimentado esses dias. Vejo você à noite?
- Claro.
Kali saiu trotando graciosamente, deixando Niimi preocupado, seu rosto de traços delicados demonstrava sua aflição. Ele precisava falar com Hathor, deveria haver algo que ele pudesse fazer.
Não muito distante de onde a caçadora vivia, no castelo do Clã dos Lobos Youkai, Yokata estava deitado em sua confortável cama, sua cabeça dava voltas sobre as possibilidades que se apresentavam, sobre a felicidade e o futuro do filho. Dentro de alguns dias, iriam começar a chegar às respostas dos convites enviados às princesas dos principais Clãs Youkai. Ele ouviu uma batida na porta de seu quarto, ao menos se moveu na cama, apenas ficou observando a porta. Não demorou até reconhecer sua esposa entrando no quarto, revirou os olhos e sorriu, enquanto ela andava sensualmente até a cama. Mesmo que Satori tivesse se casado com aquele lobo Youkai por conveniência, ela ainda o achava atraente como no primeiro dia em que o viu. Satori subiu na cama elegantemente, afastou as cobertas de seu corpo e montou sobre ele, deixando que Yokata despisse seu manto rapidamente, ficando nua sobre ele, Satori sorriu questionando:
- Sentiu minha falta, querido?
- Claro, minha senhora.
Diz ele, sorrindo sensualmente. Satori mordeu os lábios ao perceber sua ereção se formando entre suas pernas e ela disse com um suspiro:
- Já escolheu a noiva para Hidetaka?
- Não e você?
- Tenho uma ótima proposta, de um território próximo.
Ele franze os olhos, tentando ficar alheio ao fato de sua bela esposa estar esfregando seu sexo em sua ereção, Yokata questiona:
- De quem estamos falando?
- Do Clã da Lua.
- Eles estão interessados em realizar uma aliança?
- Irrestrita com um interessante acordo comercial e proteção mútua entre os dois clãs e seus aliados, sabe o que isso significa?
- O Clã Inu Youkai e seu famoso exército não poderiam nos atacar e ainda seríamos aliados.
- Exatamente!
Disse ela com um gemido de prazer, movendo seu quadril penetrando a. Satori começa a se mover lentamente, fazendo Yokata sentir todas as contrações de seu sexo e um gemido gutural escapar do rei lobo, que diz entre gemidos:
- Parece um ótimo acordo
- Se assim desejar, trarei a princesa em alguns dias para conhecer nosso belo filho.
- Faça como desejar.
- Ótimo!
Diz ela livrando-se do manto que mantinha sobre os ombros e deitando-se sobre o corpo de Yokata, tomando seus lábios sensualmente.