Capítulo 8 Não quero me meter com gente podre

Gail ficou ainda mais furiosa. Um líquido quente começou a escorrer-lhe narinas abaixo. Ao tocá-lo, viu que era sangue. Ficou tão enfurecida que irrompeu aos berros: "Sua desgraçada, eu vou te matar!"

Em seguida, pôs-se a correr na direção da Debbie na intenção de atacá-la. Entretanto, antes que pudesse concluir sua investida, foi detida por suas amigas.

"Gail, calma. É melhor não se meter com eles. Nós não queremos levar porrada."

"É verdade. Além do mais, imagina se ela te acerta um murro no nariz. Você acabou de fazer uma plástica no mês passado."

O que Gail mais queria era fazer picadinho de Debbie. Porém, depois do apelo de seus pares, ela congelou e empalideceu.

Vendo que Gail e sua trupe não iam revidar, Debbie caiu em uma gargalhada zombeteira e partiu com Kasie.

Gail nada pôde fazer a não ser bater o pé, espumando de raiva, e observar a silhueta das duas desaparecendo ao longe.

Uma dia ela ia se cobrar por tamanha humilhação. Debbie não ia se safar tão facilmente assim daquela.

Seus olhos ardiam com o mais puro ódio. Ela imediatamente catou seu celular e ligou para seu novo namorado, Terence Xie, o filho do reitor.

Assim que ele atendeu, Gail debulhou-se em lágrimas.

Diante daquele pranto descontrolado, Terence ficou estupefato. Depois, prontamente tentou consolá-la: "Ei, baby! O que foi? Qual o motivo do choro?"

"Debbie", Gail disparou entre soluços.

"Pronto, pronto. Não precisa mais chorar. Você sabe que parte meu coração te ver assim. Vai ficar tudo bem, não se preocupe. Aconteça o que acontecer, vou fazer de tudo para você se sentir melhor", Terence assegurou, tentando pacientemente persuadi-la.

Gail ficou muito satisfeita por ele ter mordido a isca. Todavia, ela bancou a recatada e resmungou: "Você consegue colocar um demérito no registro escolar dela?"

Sempre que ela pensava na arrogância tremenda de Debbie, ficava chateada.

Para ela, Debbie tinha o direito de se achar, ela era só uma remelenta qualquer.

Terence riu e rebateu: "É claro que eu consigo. Mas... E a minha proposta anterior? Você aceita? Pode me prometer?"

Gail sabia bem do que ele estava falando. Ela ficou tão enojada que quase gorfou.

Se não fosse pelo status dos Xie, não teria nem olhado para aquele escroto, que dirá ficado com ele.

"Então?", Terence solicitou uma resposta diante do silêncio dela.

Gail cerrou os dentes e, ainda pensando em sua vingança contra Debbie, proferiu com muita relutância: "Tá."

Debbie, em contrapartida, estava nas núvens agora que se livrara da peste da Gail. Kasie e ela passaram o trajeto todo de volta para casa batendo um papo descontraído e rindo.

Assim que chegaram ao prédio do dormitório, o telefone dela tocou.

Era um número desconhecido, mas ela atendeu com muita educação mesmo assim: "Alô? Quem fala?"

"Alô. Eu gostaria de falara com a senhorita Debbie Nian. Aqui é Paul Harper, o assistente do reitor."

"Ela mesma, senhor Paul! Em que posso ajudá-lo?" Debbie respondeu e piscou para Kasie, sugerindo que ela ficasse quieta.

"Bem, acabamos de receber uma denúncia que você armou um barraco em um bar. Você está ciente que isto é uma violação clara das regras e regulamentos da escola, não está? Eu me reuni com o conselho para discutir o assunto e nós chegamos a uma decisão. Lamento informá-la que sua punição é um demérito em seu registro."

"Um demérito? Acho que deve ter havido um mal-entendido, senhor Paul."

Percebendo a seriedade do assunto, Kasie se inclinou para se inteirar do babado.

"Senhorita Debbie, aqui nós não brincamos com assuntos sério. E nossa instituição não tira conclusões precipitadas de nada. Após minuciosa investigação, concluímos que o relato é verídico. Você tem alguma objeção quanto a isso?"

"Se você já confirmou, já me julgou e já escolheu minha punição, de que adianta eu levantar uma objeção?", Debbie respondeu bem rabugenta.

Era óbvio que não passava de uma armação, de uma retaliação. Desde quando ela era uma barraqueira?

"Meça bem suas palavras e ajuste sua atitude, senhorita Debbie. Se você não tem objeções, emitiremos o aviso de ação disciplinar em alguns dias. É isso por hora." Em seguida, Paul desligou.

Debbie queria dar vazão a sua extrema frustração. Porém, mal teve tempo de reagir, e seu celular novamente soou. Era outro número desconhecido.

"E aí, Debbie, queridinha. Qual é a sensação de receber um demérito? Ficou chateadinha, é? Está chateada?", o interlocutor pronunciou com uma voz carregada de sarcasmo assim que ela atendeu.

Era uma voz masculina, grossa e áspera, obscena e desagradável aos seus ouvidos. Era óbvio quem era. Só podia ser Terence, o filho do reitor, que costumava importuná-la.

Agora a ficha caíra do porquê de Debbie ter recebido um demérito. Em resposta, ela debochou: "Ah, então é você que está por trás disto tudo."

"Como você é espertinha, menina. Você que pediu por isso. Quem mandou incomodar minha namorada?", Terence falou com orgulho.

Ao lembrar do entrevero entre ela e Gail, Debbie compreendeu tudo. "Você dois foi feitos uma para o outro mesmo."

Terence era um trouxa. Ele não sabia que estava sendo passado para trás. Chegou até a prosseguir em um tom complacente: "Como você se sente agora? Já se arrependeu? Eu tenho uma proposta. Transe comigo e eu ajudo você a se livrar deste problema."

Debbie desferiu um sorriso zombeteiro e rebateu com suavidade: "Não, obrigada. Não quero me meter com gente podre."

"Sua..."

Terence ficou com tanta raiva que quase a xingou. Ela, contudo, desligou na cara dele antes.

Depois, prontamente bloqueou seu número.

Kasie não aguentava mais. Estava extremamente ansiosa. Queria saber logo do babado. Assim que Debbie desligou o telefone, ela indagou de imediato: "O que foi? Por que você recebeu um demérito?"

"O assistente do reitor disse que eu armei uma confusão no bar. Ele deve estar se referindo ao que aconteceu na minha festa de aniversário", Debbie respondeu, dando de os ombros.

Apesar da injustiça, ela ainda mantinha sua compostura.

"Não é justo. Não podemos permitir isso. Só pode ser aquela vadia da Gail mexendo uns pauzinhos nas sombras para dificultar sua vida", Kasie bramiu, jorrando saliva para tudo quanto é lado, quase borrifando a face de Debbie.

Diante da irritação de Kasie, Debbie deu-lhe um tapinha no ombro e a consolou: "Não dá nada. Na verdade, não estou nem aí."

"Precisamos ir ao reitor para esclarecer as coisas."

Logo em seguida, Kasie arrastou Debbie para o escritório do reitor, apesar de sua recusa.

Para um espectador desavisado, a impressão que dava é que Kasie que fora a vítima de uma injustiça.

Quando chegaram à porta do escritório do reitor, Kasie bateu por um longo tempo, mas ninguém respondeu.

"O reitor não está. Depois a gente volta", Debbie sugeriu. Então ela se virou e desceu as escadas.

Ela realmente não se importava com aquilo. Foi até bom que o reitor não estivesse lá.