Minha Pequena Felicidade - Especial mês das mães
img img Minha Pequena Felicidade - Especial mês das mães img Capítulo 8 8
8
Capítulo 9 9 img
Capítulo 10 10 img
Capítulo 11 11 img
Capítulo 12 12 img
Capítulo 13 13 img
Capítulo 14 14 img
Capítulo 15 15 img
Capítulo 16 16 img
Capítulo 17 17 img
Capítulo 18 18 img
Capítulo 19 19 img
Capítulo 20 20 img
Capítulo 21 21 img
Capítulo 22 22 img
Capítulo 23 23 img
Capítulo 24 24 img
Capítulo 25 25 img
Capítulo 26 26 img
Capítulo 27 27 img
Capítulo 28 28 img
Capítulo 29 29 img
Capítulo 30 30 img
Capítulo 31 31 img
Capítulo 32 32 img
Capítulo 33 33 img
Capítulo 34 34 img
Capítulo 35 34 img
Capítulo 36 36 img
Capítulo 37 37 img
Capítulo 38 38 img
Capítulo 39 39 img
Capítulo 40 40 img
Capítulo 41 41 img
Capítulo 42 42 img
Capítulo 43 43 img
Capítulo 44 44 img
Capítulo 45 EPÍLOGO img
img
  /  1
img

Capítulo 8 8

Era tão fácil tornar-se ríspido trabalhando na Emergência. Ele vira acontecer muitas vezes. Era quase necessário se você quisesse sobreviver naquela área. Ele mesmo tinha endureci¬do, era como se estivesse meio amortecido, porque, às vezes, era mais fácil lidar com um paciente do que com uma pessoa, mais fácil não pensar sobre as famílias e os amigos que iriam sofrer, e os planos que não se realizariam. Preocupar-se ape¬nas com o problema que se apresentava, sem olhar para o qua¬dro geral, poupava o profissional.

Mas observar Celeste em¬purrar a cadeira de rodas de uma sorridente Fleur, feliz e bem cuidada, com sua dignidade intacta, deixou Ben cheio de sen¬timentos conflitantes,

Afinal, gravidez era a sua grande questão. Uma das muitas questões que o faziam parar para pensar ultimamente, coisa que ele tentava muito não fazer.

A maioria das pessoas tinha algo assim em suas vidas. Belinda tinha acabado de contar a ele enquanto voltavam da res¬sonância, como o irmão mais novo dela quase morrera de um ferimento na cabeça. Os empregados não tinham notado a pio¬ra dele e tinha sido a própria Belinda quem reconhecera os sinais, quando foi visitá-lo. Sim, todos tinham suas próprias questões. E gravidez era a de Ben: o assunto que ele tinha tentado pôr de lado, preferindo sempre lidar com fetos, e não com bebês, olhando para números e dados médicos e nunca para pessoas.

Ele não queria ser uma pessoa de coração duro, amarga... mas era isso que ele era.

Ainda observando Celeste, que esfregava as costas depois de ter instalado Fleur em sua cama, ele relutava em reconhecer suas formas, o formato de sua barriga. Ele resistiu à sua neces¬sidade de sair correndo dali, em dar as costas e não se preocu¬par mais com ela. Ela não era uma enfermeira, ou um monte de dados em uma ficha hospitalar, ou uma mulher grávida, ela era Celeste, uma pessoa gentil, que estava um pouco cansada, que tinha tido um começo difícil em seu plantão de hoje, e que tinha uma sala toda bagunçada para arrumar.

- Eu falei com a família de Matthew... - Enquanto fa¬lava com ela, ele recolhia do chão a cabeceira da cama e recolocava no lugar, para depois guardar o cilindro. Eram coisas que ele não precisava fazer, mas que ele fazia por ela, assim como Celeste tinha feito por Fleur. Ela jamais saberia do imenso esforço que cada uma dessas delicadezas signifi¬cava para ele, porque ficar perto dela estava se tornando in¬suportável para ele. - Eles estão voltando para cá. Eu lhes disse para irem direto para a recepção, mas se eles vierem parar aqui, me chame.

- Claro, farei isso. - Ela pegou um lençol limpo e come¬çou a arrumar a cama. - Você acha que ele vai ficar bem?

- Ele está em cirurgia neste exato momento - Ben disse. - Então, vamos torcer pelo melhor. Se eu souber de alguma coisa, aviso você.

O plantão calmo e sossegado que ela deveria ter ali, foi tudo, menos isso. Quando ela finalmente conseguiu checar e guardar o desfibrilador, os oito leitos da sala de observação já estavam ocupados, Fleur tinha concordado em receber a visita de um terapeuta ocupacional e o horário de visitas tinha aca¬bado, a sala estava, por fim, calma e em ordem. Assim, pelo menos, a enfermeira da noite teria um plantão tranqüilo!

- Obrigada, Celeste. - Fleur sorriu quando Celeste a aju¬dou a vestir suas roupas de baixo limpas e secas, antes de ir para casa. - Obrigada por todo carinho e cuidado que você teve em lavar as minhas roupas. Minha filha nunca suspeitará de nada.

- Que bom. O pessoal da cirurgia acaba de ligar para cá, avisando que em breve os cirurgiões estarão prontos para a senhora.

- E eu vou passar a noite aqui?

- Se tudo correr bem sim, o que acredito que acontecerá. Eu a verei pela manhã. - Celeste sorriu. - Estarei aqui às sete horas.

- Você trabalha demais - Fleur declarou. - Eu sei que é isso que vocês, garotas, fazem hoje em dia. Mas, ainda as¬sim, eu espero que seu jovem marido espere por você em casa, com o jantar pronto, assim você poderá colocar os pés para cima.

- Ah, eu deveria mesmo fazer isso - Celeste sorriu e de¬pois ficou vermelha, quando se deu conta que Ben havia entra¬do na sala. - Boa noite, Fleur.

Ela foi até Ben.

- Não quero que ela fique preocupada.

- Desculpe, não entendi. Celeste apressou-se em explicar.

- Bem, é mais fácil, às vezes, deixar que as pessoas pen¬sem que há um sr. Mitchell esperando por mim em casa. - Ela ficou ainda mais vermelha quando se deu conta que ele não tinha ouvido a conversa e não se importava com a mentirinha que ela havia contado para Fleur. - Você soube alguma coisa sobre Matthew?

- Foi isso que eu vim lhe contar. Estou indo para casa e interfonei para a UTI. Não tinha tido a chance até agora. Pare¬ce que as pupilas dele se dilataram durante a ressonância. Ele foi levado às pressas para a sala de cirurgia, onde foi detectado um hematoma subdural massivo. Então, eu vim aqui para lhe dar os parabéns. Foi um ótimo diagnóstico. Várias pessoas he¬sitariam com sintomas tão transitórios.

- E como ele está agora? - Celeste perguntou, feliz por ter sido elogiada por ele.

Ele tivera hemorragia cerebral e a pressão intracraniana alta estava causando os sintomas. Era isso o que havia de mais as¬sustador sobre machucados leves na cabeça. E era por isso também que os pacientes que passavam por tais ferimentos eram tantas vezes postos em observação. Ela já havia lido sobre isso, estudado casos assim, aprendido sobre eles em sala de aula, mas agora tinha testemunhado como se desenrolavam na vida real. A rotina de uma observação neurológica nunca mais seria considerada como rotina de novo.

- Ele está na unidade de tratamento intensivo. Serão 48 horas antes de sabermos de fato como ele vai ficar, mas há esperança.

O que era sempre bom.

Ela passou o plantão para a enfermeira da noite e foi para casa em um carro barulhento que a cada dia fazia ruídos mais preocupantes. Ela se aproximou dos portões e deu seta para indicar que ia entrar no bloco de unidades à esquerda, depois desceu do carro sem desligar o motor, porque ela sabia que um dia aquele carro não daria partida. Cansada até os ossos, ela abriu os portões e foi então que notou alguém atrás dela.

- Eu fecho para você - Ben disse, e foi o que ele fez. Ela dirigiu mais alguns metros, puxou o freio de mão e de novo, saiu do carro deixando-o ligado para abrir o portão da gara¬gem, porque o senhorio era muito sovina para instalar portões automáticos.

- Eu faço isso, pode deixar. - Ele veio da direção dos portões da entrada e abrindo os portões da garagem, esperou até que ela guardasse seu carro, para depois fechá-los.

Podia até não parecer muito, mas cada tarefa que ele realizava, era uma coisa a menos para ela fazer, e ela estava tão, tão cansada, que se sentiu extremamente grata.

                         

COPYRIGHT(©) 2022