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Já do lado de fora da sala do diretor Smith, Adelina, Sofia e Lilly respiram aliviadas. Sofia e Lilly são as que mais estão surpresas com a atitude do homem arrogante e autoritário tomou diante da situação delas, logo ele que sempre foi conhecido por colocar medo em jovens baderneiros e dá-los punições severas ou expulsões.
- Será que ele vai ligar mesmo para nossos pais? - Lilly pergunta em um sussurro para as amigas enquanto caminham lentamente pelo corredor. - Meu pai vai infartar se souber desta briga, vocês sabem né? Ele odeia qualquer pessoa que queira resolver suas diferenças na base da violência. - a menina revira os olhos e gargalha extremamente alto ao se lembrar de todas as vezes que seu pai usou a violência para puni-la por algo. - Meninas? Preciso ir ao banheiro, vamos? - ela para em meio ao corredor lotado e espera a resposta das amigas.
- Eu posso ir! - Adelina, que está com um vestido preto com bolinhas brancas, um pouco abaixo dos joelhos, com mangas bufantes, sapato branco e cabelo preso em um rabo de cavalo simples, fala enquanto segue Lilly até a porta rabiscada do banheiro feminino. - Você pode ir olhar sua nota enquanto isso, depois aproveitamos e vamos embora juntas, o que acha? - pergunta enquanto fica encostada na porta suja do banheiro.
- Tudo bem, vou lá bem rapidinho para conferir minhas notas! - Sofia sorri timidamente e corre para o mural perto da porta de entrada da escola onde a nota de todos estão sendo expostas.
Sofia se esgueira entre a multidão de alunos, pede licença a todos em que ela está acidentalmente esbarrando ou pisando no pé, até que por fim consegue chegar ao mural onde procura pela lista da sua sala.
- Achei! - exclama feliz enquanto marca seu nome com seu dedo indicador para não o perder de vista. - Hum... - passa seu indicador pela folha enquanto olha suas notas de todas as matérias. - Passei em todas, mas, não teve nenhuma nota extraordinária. - suspira e dá de ombros e novamente caminha em meio a multidão a fim de encontrar rapidamente a saída para esperar suas amigas saírem do banheiro.
Ao conseguir sair do meio da multidão, Sofia se esbarra em Lua, Anna e Adélia, que estão de braços dados como se fossem melhores amigas de muitos anos, Anna, pelo fato de ser a capitã das líderes de torcida, está na posição de mais destaque, no meio, Lua está ao seu lado direito, posição em que sempre esteve, já que ela e Anna se conhecem e são partes do mesmo grupo há anos, não tem ninguém em quem Anna confie mais do que a Lua, e por fim, Adélia, que está ao lado esquerdo da abelha rainha. As 3 estão desfilando sorridentes como se minutos atrás nada tivesse acontecido, duas delas estavam agorinha morrendo de medo do diretor, a Lua até mesmo saiu prejudicada por conta de sua arrogância e agora haje como se tudo estivesse bem. Mas, os sorrisos de Adélia e Lua só são capazes de durar até que ambas encontram Sofia.
- Está olhando o quê, sua aberração? - Lua pergunta desafiadoramemte para Sofia enquanto olha a mesma com um olhar debochado, o que arranca risadinhas descaradas de suas amigas.
Sofia, com receio de acabar se envolvendo em mais alguma briga e com medo do que o diretor Smith poderia fazer caso visse a cena, apenas ignorou os insultos gratuitos de Lua e tenta caminhar para longe do trio, mas, no meio do caminho é interrompida.
- Você é surta por um acaso sua "Filha do Diabo"? - Adélia puxa com força os fios loiros da cabeça de Sofia, empurrando o rosto da menina contra as paredes sujas e riscadas do corredor. - Nunca mais pense em virar as costas para a Lua, está me ouvindo? - grita enquanto continua segurando forte o cabelo da agora, antiga amiga.
- Adélia? - grita Lilly confusa ao sair do banheiro ao lado de Adelina e ver a cena que acontece a poucos metros delas. - Não, não, você fica aqui! - Lilly grita para Adelina que quase caminhou direção a sua irmã. - Chame o diretor, agora! - sussurra no ouvido de Adelina que corre pelo corredor.
O trio continua seu showzinho, os alunos que antes estavam aglomerados para saberem suas notas ou anotarem o conteúdo da recuperação, agora estão boquiabertos com a briga repentina. Os jogadores de futebol americano gritam pelos nomes das três amigas malvadas, os alunos mais quietos e tidos como invisíveis e nada briguentos, apenas olham toda a cena com desprezo e medo, as demais líderes de torcida, assim como os meninos do futebol, gritam em apoio as suas amigas, que juntas, agridem física e mentalmente uma única garota diante de todos.
- Por que você não desaparece? Some do mapa de uma vez? Não vê que ninguém aqui gosta de ficar olhando para essa sua marca horrenda? - Anna grita enquanto arrasta Sofia da parede perto dos armários até a porta principal da escola. - Você está vendo isso daqui? - aponta para o rosto vermelho e molhado de lágrimas de Sofia que reflete no espelho sujo da porta, Sofia a está altura soluça de tanto que chora e implora para as meninas deixarem ela em paz. - Isso daqui é a cara de uma perdedora, de uma garota que nunca vai ser mais que uma pobre coitada feia e solitária, enquanto todas nós vamos ser grande e famosas modelos, você não vai passar de uma empregadinha que vai nos servir!
- Muito pelo contrário! - a voz grave a alta do diretor ecoa pelos corredores, ao seu lado, Adelina está com os braços cruzados um pouco abaixo de seus minúsculos seios, com o susto, Anna solta Sofia e fica de pé com cara de quem não fez nada. - Pessoas como Sofia, que estudam e tentam correr atrás de uma boa faculdade para moldar seu futuro, estas pessoas sim, vão ser alguém na vida, estas pessoas tem grandes chances de serem os chefes das vadiazinhas que não pensam em nada além de coreografias vulgares, meninos e coisas fúteis. - o diretor Smith caminha em direção a Sofia e ajuda a menina a se levantar do chão. - As três estão expulsas da minha escola, e que isto sirva de exemplo para todos que acham que a escola é uma terra sem lei.
O diretor leva Lua, Anna e Adélia para sua sala e rapidamente a multidão se dispersa e logo voltam a cuidar de suas próprias vidas. Sofia corre para fora do prédio escolar, o vento quente sopra em seu rosto vermelho e molhado, fazendo com que seu cabelo balance no ar, ela não se importa com os olhares de todos, ela apenas atravessa a rua correndo sem ao menos olhar para os lados, o que quase gera seu atropelamento, o carro vermelho que quase se chocou contra seu corpo, buzina freneticamente mas a menina não liga, apenas continua correndo enquanto a motorista grita algo em sua direção. Adelina e Lilly correm atrás de sua amiga enquanto gritam pelo seu nome, mas, Sofia continua correndo, se afastando cada vez mais da escola, de suas amigas e de sua recente humilhação, Sofia não entendia o que tinha feito de errado para tanta humilhação, não entendia porque todos zombam dela só por causa de uma mancha vermelha em seu rosto, mancha esta que nasceu com ela e nem é tão feia quanto as pessoas dizem, apenas parece que ela está com uma pequena queimadura de sol em um dos lados de seu rosto ou, que está com uma pequena alergia a algum tipo de produto para a pele, seu coração está em pedaços, o bullying por parte das outras meninas nem a machucaram tanto, mas, a forma como Adélia, sua amiga de infância, a tratou no corredor, destruiu Sofia psicologicamente, ela não era capaz de entender tamanha mudança da garota, logo ela, que quando não era ninguém, quando era apenas mais uma excluída, dizia que não achava justo todos os apelidos que as outras crianças colocavam em Sofia, que jurou proteger a menina e acabar com o grupo de líderes de torcida, agora haje igual a aquelas no que passado julgou e que prometeu vingança. Não tem nada que machuque mais um ser humano do que ser apunhalado pelas costas pela pessoa em que mais confiou na vida, pela pessoa que contou todas as suas inseguranças, pela pessoa que você chorou no ombro e que te consolou.
O sol que há pouco estava insuportável, agora foi coberto por algumas nuvens cinzas e carregadas com pingos grossos d'água, os pingos grossos molharam Sofia por completo, a garota parece não se importar com a situação e apenas continua correndo em completo desespero para chegar o mais rápido possível em sua casa. A esta altura, Lilly e Adelina não a seguiam mais, ela poderia muito bem apenas caminhar mas, não foi o que ela fez. Em 15 minutos de correria, ela já consegue avistar o pequeno jardim bem cuidado de sua casa, bem como a velha pintura amarelada da parte externa, a chuva era apenas passageira e logo deixou a pequena cidade. Sofia está ofegante, molhada e muito cansada, ela se abaixa para pegar a chave que está escondido embaixo do tapete de entrada, destranca a porta e entra em casa sem ao menos tirar seus sapatos encharcados, ela sabia que sua mãe iria brigar muito com ela quando visse as marcas de pés marrom que marcavam o trajeto da porta até o quarto de Sofia, mas, neste momento, a garota não está pensando nas consequências que pouco de lama no carpete de sua casa fosse lhe proporcionar.
- Nunca mais vou voltar para aquela escola! - fecha a porta de seu quarto com bastante força. - Eu nunca mais vou sair de casa porque sou uma aberração, porque sou feia e tenho essa mancha ridícula no meu rosto. - as lágrimas logo voltam a molhar seu rosto ao lembrar de todos os apelidos que já chamaram-na em toda sua vida. - Não ligo mais para estudar, não ligo mais se vou entrar em uma faculdade ou não, eu não quero mais ver ninguém! - tira sua roupa molhada e coloca um pijama, deita em sua cama e continua chorando até que entre as lágrimas e a dor que dilacera seu coração, ela acaba adormecendo.
- Sofia? - a menina acorda com a voz suave de sua mãe que está balançando seu corpo para que a mesma acorde. - Você não atendeu a porta quando a senhora Hernandes tentou falar com você. - alertou com um semblante preocupado enquanto Sofia cobria seu rosto inchado com a coberta rosa com ovelhas desenhadas nela.
- Eu estava dormindo! - sua voz sai abafada. - Desculpa pela lama no carpete, eu vou limpar tudinho, eu prometo mamãe.
- Não precisa pedir desculpas e também não precisa limpar filha! - a voz grossa de seu pai invadiu o quarto.
- Claro, não precisa limpar! - afirmou Diana com um sorriso acolhedor em seus lábios, sorriso este que Sofia não vê por causa da coberta em seu rosto.
- O diretor ligou para o trabalho da sua mãe hoje filha, ele nos contou tudo que aconteceu... - o homem de estatura mediana que está vestido com uma calça jeans folgada e uma blusa verde sujas de graxa, se senta em um banquinho que pega em um canto do quarto da filha, fala ao tentar tirar a coberta do rosto da filha. - Você não precisa se sentir culpada pelo que aconteceu, essas pessoas não sabem o quão doce e especial você é!
- Mas papai, foi a Adélia que me bateu primeiro, logo ela que era uma das minhas melhores amigas... - os olhos de Sofia encheram d'água novamente, mas, sua mãe coloca suavemente a mão em seu rosto para acalmá-la.
- Foi ela quem perdeu Sofia, foi ela quem quis trocar uma amizade sincera por uma vaga de líder de torcida que não vai render futuro nenhum para ela. - apesar do tom de voz de Diana está calmo, ela consegue passar brutalidade e frieza em cada uma de suas palavras. - Você não está sozinha nós estamos aqui! - Diana abraça seu marido e logo puxa Sofia para um abraço também.
- E tem amigas que se importam de verdade com você! - Robert fala enquanto olha para a porta, onde estão paradas Adelina e Lilly.
- Oi amiga! - diz Lilly entrando no quarto e abraçando Sofia. - Eu te amo muito, muito, okay?
- Eu também te amo! - responde em meio as lágrimas de alegria.
- E eu queria te pedir desculpas pelo que minha irmã fez! - Adelina começa a falar. - Mamãe e papai levaram ela para morar na cidade do Arizona. - ela dá de ombros e entra no quarto. - A vovó é uma tirana, com certeza ela vai implorar para voltar para casa e... Adélia também não vai mais passar as férias de verão na fazenda, então se você ainda quiser ir, vamos daqui 3 dias, que é quando eu e Lilly estaremos livres da recuperação. - senta na beirada da cama de Sofia timidamente.
- Claro que eu aceito ir! - Sofia afirma entre as lágrimas. - Vocês deixam papai e mamãe?
- Claro que sim filha! -Diana afirma com um largo sorriso em seu rosto.