Lo pega rapidamente o meu guardanapo. Ele repousa a mão no meu braço e enxuga o suco que caiu em meu peito, pensando em nada disso. Eu acho que ninguém mais quer porque estamos juntos (não muito), e minha mente começa uma grave queda livre. Um empregado chega com mais toalhas, e eu estou queimando demais para realmente me mover.
-Eu sinto muito.-por que estou pedindo desculpas? Por ser tão desajeitada?
-Ohh, Lily está se transformando em uma Rose.-
Poppy brinca.
Rose atira um olhar duro por ter mencionado o nome dela em um insulto, e eu coro ainda mais.
Lo coloca o guardanapo na mesa, e sussurra em meu ouvido:- Seja legal, amor. Sujou só um pouco. -Ele sorri divertido e sua respiração faz cócegas na minha pele. Eu praticamente derreto em seus braços. Ele me beija nos lábios, tão leve, e quando sua boca se separa da minha, tenho vontade de voltar a beijá-lo.
A equipe fecha dentro e fora do pátio, limpando a bagunça ao nosso redor como abelhas operárias.
Quando todos se instalam e eu recobro minha consciência, eu me sento e abro o livro de Daisy. Lo se inclina para olhar as fotos, sua coxa articulada contra a minha. As fotos. Sim. Eu pisco, concentrando-me. Na maioria delas, Daisy está contra um pano de fundo branco, sem qualquer maquiagem. Fotos de beleza, eu suponho. Viro outra página e minha boca cai.
Ela está nua! Ou quase nua. Ela está com saltos de cinco polegadas e usa um paletó masculino. Nada mais. A foto concentra-se em suas pernas longas nuas e os lados de seus seios. Ela tem o cabelo penteado para trás em um rabo de cavalo apertado, e sua maquiagem faz seu olhar ter vinte e sete anos, e não quinze. A curva dos quadris de Daisy, desajeitados na pose, a única indicação de que é uma foto de alta moda e não Penthouse.
Lo dá um longo assobio, parecendo tão chocado quanto eu.
-O que há de errado?- Daisy pergunta, inclinando a cabeça para tentar ver a foto.
Você não está usando nada.- Eu seguro o livro para que ela possa ver de qual foto estamos falando. Ela fica perfeitamente calma, nem mesmo envergonhada. -Eu não estou com roupa de baixo. Mas esse era o objetivo.
-Será que a mamãe viu isso?
-Sim, ela sugeriu que eu fizesse essas sessões de fotos mais maduras. Elas vão aumentar o meu valor.
Seu valor. Como se ela fosse um porco em leilão. -Você gosta de modelar?
-Sim, eu sou boa nisso. - Okaaay. Essa não era a resposta que eu queria ouvir, mas eu não sou sua mãe. Eu ignoro esses eventos semanais por uma razão, e me juntando a esses tipos de situações não vai me ajudar com meu plano que é continuar ignorando.
Lo abre e fecha a boca tentando encontrar as palavras certas. -Você só tem quinze anos, Daisy. Você não deve ter que tirar a roupa para as câmeras. -Seus dedos massageiam meu ombro e ele sussurra em meu ouvido:- Você nem sequer faz isso.
Como se eu definisse o padrão sexual. Eu bocejo e belisco sua coxa. Ele pega minha mão e entrelaça nossos dedos, e mesmo sabendo que eu devo me afastar, eu não quero.
Rose nos corta: - Não dê uma de irmão mais velho dela quando você não pode sequer lembrar de seu aniversário, Loren.
Ele trava a mandíbula e fica vermelho. Ele pega sua mimosa e, em seguida, agarra a minha bolsa, procurando a bolsa para seu frasco fino.
Minha mente fica em branco de repente, enquanto olho os empregados correndo a todo vapor, dou um tapa no braço dele, que segue o meu olhar, endurecendo feito pedra.
Nossos pais chegaram.
* * *
Durante os últimos vinte minutos, ele e eu tentamos evitar a atenção concentrada dos nossos pais. Minha mãe foca no bebê de Poppy, na última quarta-feira nasceu seu dente da frente. Se eu tenho que ouvir sobre o cirurgião plástico mais uma vez, eu posso precisar de quatro mimosas e um bom serviço masculino como atrativo.
Jonathan Hale e meu pai sussurram na cabeceira da mesa, apreciando sua própria conversa privada.
Se o seu isolamento incomoda minha mãe, ela não deixa transparecer. Ela passa os dedos por seu colar de pérolas em seu pescoço e ouve atentamente Poppy.
Como é a faculdade de Penn?
Eu acordo com a pergunta e imediatamente saio do meu estupor. Já que Rose estudou em Princeton, meu pai só pode estar falando comigo e com Lo.
-Difícil.- diz Lo brevemente, com seu braço em volta da minha cintura. Estou nervosa demais para cobiça-lo.
-Concordo-sussurro. Pra minha família, eu sou aquela filha quieta, por isso é fácil fugir com respostas monossilábicas.
A minha mãe inicia uma nova conversa. -Lily, meu pequeno amor perfeito, como você tem estado?
Eu faço uma careta, feliz que ela na verdade não me nomeou de Pansy. Eu não posso acreditar que era mesmo uma opção. -Bem.
-Vocês dois estão tendo aulas juntos neste semestre?- Ela segura sua taça de champanhe, percebo que tem marcas de batom vermelho no aro.
-Apenas duas. Economia e Teoria dos Jogos. -Como negócio de Majors, Lo e eu somos obrigados a compartilhar algumas classes.
Jonathan pega o seu copo de uísque. A ironia não é despercebida por mim. -Como você está se saindo?- Ele vai direto ao ponto, os olhos diretos sobre seu filho. Ambos,
Jonathan e meu pai os olham, elegantes em seus ternos Armani, os dois ainda não têm os cabelos acinzentado e suas mandíbulas são fortes, sem barba e limpas. Mas a diferença está em suas características. Jonathan o olha como se ele pudesse arrancar seu coração. Meu pai parece aberto o suficiente para dar nele um abraço.
-Eu tirei um A- diz Lo. Minhas sobrancelhas sobem com a surpresa. Um A? Eu estou passando mal, mas ele é naturalmente inteligente, quase nunca tem a necessidade de estudar.
Jonathan olha para mim, e eu imediatamente começo a afundar-me na cadeira.Seus olhos são poderosos demais para fazer contato. - Você parece chocada. Será que ele está mentindo? -
-O quê? Não, eu-eu, -Eu estou tendo um ataque cardíaco neste momento.-Nós não falamos sobre as notas ...
-Você não acredita em mim, papai?- Ele toca seu peito. -Estou chateado.
Jonathan se encosta em sua cadeira. -Hmm.- Hmm? O que isso quer dizer?!
Meu pai tenta aliviar a atmosfera sufocante. -Tenho certeza que Lily irá mantê-lo focado nas coisas importantes.
Lo sorri. -Oh, ela mantém, definitivamente.
-Grosso!- Rose diz sem expressão. Se ela soubesse que ele estava falando sobre bebida e não sobre sexo. Minha mãe dá um círculo de olhares de reprovação, cheia do mesmo gelo que Rose herdou.
-Em qual graduação planeja se formar?- Meu pai pergunta.
Eu penso sobre o futuro dele de novo, vestindo um terno apertado, trabalhando para seu pai, seus lábios puxados em uma carranca perpétua.
-Nós ainda temos um ano para decidir.-ele responde.
-Vocês dois precisam começar a formular um plano.- meu pai diz, soando crítico.
Um plano. Eu tenho sido tão focada em Lo que eu não tenha sequer começado a imaginar a minha vida depois da faculdade. Onde eu estarei? O que eu vou ser? O espaço em branco preenche o vazio, sem saber o retrato ao qual pintar.
-Nós apenas queremos dar aos estudos a nossa atenção.
A graduação é realmente importante para nós. -Sim, esta certo.
Meu pai dobra o guardanapo na mesa prestes a mudar de assunto.
-Jonathan e eu estávamos discutindo o próximo Natal
Charity Gala patrocinado pela Fizzle e Hale Co. A imprensa foi informada sobre o evento a semanas, e é importante que todos estejam presentes para mostrar o apoio.
-Nós estaremos lá-, diz Lo, erguendo o copo.
-Qualquer notícia sobre um anel?- Poppy pergunta com um sorriso maroto.
-Eu ainda tenho vinte anos.- Eu a lembro, encolhendo.
-Você não tem nenhuma previsão?-ela pergunta, com sua cara fechada.
Eu franzo a testa em confusão e balanço a cabeça. O que ela está tentando fazendo aqui?
Seus lábios se apertam em uma linha fina e ela sussurra para Poppy, que rapidamente lhe sussurra de volta.
-Senhoras,-minha mãe repreende. -Não sejam rudes!
Rose se endireita e joga seu olhar gelado em mim. -Eu acho estranho você só estar bebendo suco de laranja e água.
-Eu estou dirigindo.- eu digo a ela. Por que todos acham estranha minha escolha de ficar sóbria? Quando foi que se tornou anormal recusar álcool em uma refeição?
Minha mãe bufa. -É para isso que você tem a Nola, Lily.
-E Anderson também.-acrescenta Jonathan.
Anderson, o dedo-duro. Nunca.
-Bem, eu tenho uma razão para acreditar que sua escolha de bebida não tem nada a ver com a condução .-diz Rose.
O quê?!
-O que você está insinuando?- Meu coração bate descontroladamente. Por favor, não deixe ser o que eu estou pensando. Por favor, por favor, por favor. Lo aperta meu quadril para me tranquilizar, mas o que está vindo, é ruim.
-Sim Rose, o que você está insinuando?- Minha mãe vem à minha defesa.
-Eu tenho um amiga que está na faculdade de Penn. Ela viu Lily saindo de uma clínica de ginecologia no mês passado.
No mês passado... oh, caramba. Eu cubro meus olhos com uma mão, e caio tão baixo no meu lugar, que estou praticamente ao nível da mesa.
Meu pai engasga com sua bebida, e Jonathan está muito, muito pálido, um feito que eu não acharia possível para sua pele irlandesa.
-Isso é verdade?- Minha mãe pergunta.
Sim.
Abro a boca. Eu não posso dizer a resposta real. Sim, eu fui lá. Eu visito a clínica de saúde para verificar se estou com alguma DSTs a cada dois dias, está bem? E eu faço testes de gravidez. Estou segura e eu sei disso. A maioria das pessoas não pode dizer isso.
Ou falo toda a verdade, uma tarde fiz um teste, e o resultado me deixou assombrada. Eles me mandaram para a clínica para fazer um ultrassom. Alarme falso, felizmente.
-Lily, explique-se:- Minha mãe quase grita.
Lo olha para mim por um longo momento antes que ele perceba que eu estou sem nenhuma capacidade de formar palavras, quanto mais mentiras.
-Foi apenas um susto- ele diz e volta sua atenção para Rose. -É engraçado como você escolhe agora para falar disso se você já sabe que foi a um mês atrás.
-Eu estava esperando que Lily contasse ela mesma.
Pensei que contasse hoje.
Estou tendo um colapso nos pulmões.
-Por que você não me contou? -Minha mãe pergunta.
Eu engulo em seco.
-Ou a mim?-diz Poppy.
Daisy levanta a mão e aponta para si mesma. -Pra mim também!
Eu pressiono meus dedos nos meus olhos e respondo: - É, não foi nada.
Mamãe alarga o nariz, irritada: -Nada? Uma gravidez não planejada não é nada.
Papai corta: - Você tem todo o seu futuro à sua frente, e as crianças vão mudar a maneira como sua vida funcionará para sempre. Você não poderá desfazer isso. -Sim, eu adoraria uma criança para dificultar nosso estilo de vida, uma razão pela qual eu tenho sido tão cuidadosa até agora. Eu não tenho o coração ou força para dizer tudo a eles. Que se alguns dos testes derem positivo, a criança não seria de Lo.
Eu levanto rapidamente, a cabeça de bombeamento com um balão de gás hélio. Ele flutua, mas eu ainda consigo achar as palavras: -Eu preciso de um pouco de ar.
-Nós estamos no quintal!-diz Rose.
Lo se levanta de sua cadeira: - O ar em que você não esteja respirando também.- Ele coloca a mão na parte inferior das minhas costas.
-Loren!- Jonathan rosna.
-O quê? -Ele rosna de volta, seu olhar caindo para o uísque, a inveja e o rancor de seu pai nublando sua íris cor de âmbar.
-Tem sido uma longa tarde- diz meu pai. - Lily parece pálida. Leve-a para dentro, Loren.
Antes que alguém mude sua mente, Lo me leva através das portas de vidro francês e para o banheiro mais próximo. Eu caio no assento do vaso sanitário.
-Por que ela faria isso?- Meu peito aperta a cada respiração. Eu puxo o tecido apertado do meu vestido que asfixia minhas costelas. E se sua amiga estivesse também na clinica, ao invés de só ter me visto sair de lá?? Como poderia explicar a verificação de doenças sexualmente transmissíveis?
Lo se ajoelha na minha frente e pressiona uma toalha quente na minha testa e pega sua bebida na minha bolsa. Um flashback me bate ao lembra de ter feito hoje o mesmo com ele.
Em menos de algumas horas nós já trocamos de lugar.
-Rose pode ser cruel.- ele me lembra.
Eu balanço minha cabeça. -Ela ficou chateada.-é assim que Rose Calloway retalia contra alguém que a afeta. -Ela queria que eu tivesse contado a ela primeiro. - Eu esfrego os olhos, tremendo. E se Rose soubesse de todos os caras que durmo? Será que ela vai me odiar depois? Eu não tenho ideia. Prever sua reação me causou noites agitadas, e então eu decidi que é mais seguro manter minhas atividades noturnas para mim mesma. Eu pensei que seria mais fácil para todos.
-Respire, Lil-ele sussurra. Quando eu começo a respirar em sincronização, ele abandona o pano e volta para sua bebida. Depois de dar mais um gole, ele limpa a boca com a mão e descansa contra os armários.
-Isso está ficando mais difícil.- Eu fico olhando para as minhas mãos, como se elas segurassem minhas mentiras.
-Eu sei- ele respira. Eu espero que ele diga o que quero ouvir, que paremos de fingir.
Em vez disso, nós comemos o silêncio. O farfalhar de sua bebida e meus soluços são os únicos sons para a nossa miséria.
Alguém bate na porta, e Lo guarda sua bebida de volta na minha bolsa.
-Líly? Posso falar com você? -Poppy pergunta.
Lo me olha para saber o que fazer. Eu concordo. E ele vai para a pia, colocando a boca embaixo da torneira. Ele cospe água de volta e em seguida abre a porta.
Poppy lhe dá um sorriso maternal quente. -Seu pai quer falar com você. Ele está esperando na sala de estar.
Ele praticamente bate a porta ao sair.
Poppy brinca com os dedos enquanto eu olho para o chão de mármore preto. -Eu não sabia que Rose ia dizer nada. Ela me disse esta manhã, e eu pensei que teríamos uma chance de falar com você antes de anunciar qualquer coisa para mamãe e papai.
Eu tiro meus pés vaso e os pouso no mármore frio, não sou forte o suficiente para falar nada.
Poppy preenche o vazio. -Rose está passando por um momento difícil. Ela vê Daisy com sua carreira de modelo, você tem Loren, e eu estou ocupada com a minha filha. - Ela faz uma pausa. -Você sabe que Calloway Couture só caiu por
Saks?-
Eu franzo a testa profundamente, não percebendo.
Rose construiu Calloway Couture com a nossa mãe como um negócio quando ela completou quinze anos. Anos mais tarde, ele se transformou em uma linha de moda rentável que Rose podia chamar de sua. Eu nunca perguntei nada sobre sua vida. No entanto, ela sempre encontra tempo para perguntar sobre a minha.
-Eu tentei ligar para você.- Poppy continua. -Durante dois meses, e você não respondeu. Lo não respondeu. Se Rose não me assegurasse de que você estava viva, às vezes eu me pergunto... -Sua voz se transforma, ficando morta-Eu não posso ajudar, mas acho que você está nos eliminando de sua vida.
Não me atrevo a olhar para ela. Lágrimas pinicam meus olhos, queimando, mas eu as seguro. É mais fácil dessa maneira, eu me lembro. É mais fácil se eles não souberem de nada. É mais fácil desaparecer.
-Eu estive na faculdade também, e eu sei que sua vida social e estudos podem ter precedência sobre a família, mas você não tem que nos cortar completamente. - Ela faz uma pausa novamente. -Maria tem três anos. Eu adoraria que você fizesse parte de sua vida. Você é boa com ela, sempre que você está por perto. -Ela dá um passo incerto para a frente e estende a mão para mim. -Estou aqui por você. Eu preciso que você saiba disso.
Eu levanto com as duas pernas trêmulas e deixo que ela me abrace, -Sinto muito- sussurro. Ela funga, suas lágrimas estão caindo nas minhas costas. Depois de se afastar, eu respiro. -Obrigado, Poppy.
Suas palavras me derrotaram, derrubando qualquer pingo de resiliência. Não tenho mais nada para dar, nenhum conforto de sobra. Eu me sinto como um escudo, esperando o eremita para voltar para casa.
Dias passam lentos como névoa, cheio de corpos aleatórios e elevações carnais. Eu tento manter a minha palavra e responder a chamadas de minhas irmãs (eu ainda filtro os meus pais), mas às vezes, meus telefone fugitivos age como uma adolescente angustiada e se esconde. Normalmente, estou muito envolvida em atividades corporais para procurar.
Eu também tenho uma desculpa válida para manter o meu telefone desligado.
Aula.