Até o momento que eu os alcanço, eles já foram para a sala de exames. O xerife está esperando por mim perto da porta.
─Simpson.─ Ele estende a mão para mim. Eu a aperto.
─Ridge Beckett.─ Me apresento.
─Ele tem uma sala que podemos usar. Procurei seus pertences, então eles irão tentar contato com a família dela.─
─Sabemos quem ela é?─ Ele me dá um olhar triste.
─Sua identidade estava na carteira. Infelizmente, eu não posso divulgar essa informação.─
Passo a mão pelo meu cabelo, frustrado com a situação. Eu entendo que ela tem direitos, confidencialidade e tudo mais, mas eu só... Ela precisa ficar bem.
─Sim.─ Finalmente falo, seguindo-o até a sala que ele acabou de mencionar.
─Sente-se.─ Ele aponta para a fileira de cadeiras no que parece ser uma sala de espera privada. ─Agora, me diz o que aconteceu esta noite.─
Passo os próximos minutos explicando os acontecimentos da noite. Inferno, comecei até mesmo falando que tinha parado para trocar os pneus da Dawn. Ele não disse uma palavra, apenas escutou e tomou notas.
─Então, você não conhece nenhum deles?─ Ele pergunta.
Balanço minha cabeça, assim que o meu telefone vibra no meu bolso. Eu tenho certeza que é Stephanie. Preciso explicar a ela o que está acontecendo. Olho para a tela, é um número local, mas um que eu não reconheço. Aponto para o telefone, deixando-o saber que eu vou atender antes de deslizar a tela e segurá-lo no meu ouvido.
─Alô.─
─Oi, é o Sr. Beckett? Sr. Ridge Beckett?─ A senhora pergunta.
- Sim, quem é?─
- Sr. Beckett, meu nome é Alice e estou ligando do Mercy General. Senhor, precisamos que você venha aqui imediatamente.─
Meu coração para. Algo está errado.
─Quem?─ Pergunto, minha mente correndo. Mamãe e papai estão em casa, ou deveriam estar. Reagan, ela estaria no seu caminho do trabalho para casa. Um dos caras? Porra!
─Sr. Beckett, seria melhor se você viesse. Venha para a emergência e pergunte por mim, Alice. Eu vou estar na recepção.─
Engolindo o nó na garganta e tomando uma respiração profunda, eu respondo-lhe ─Eu já estou aqui. Eu estava... Estarei aí.─ Desligo e seguro o telefone apertado em minhas mãos.
─Sr. Beckett?─ Xerife Simpson está me observando de perto.
─Era da emergência.─ Digo a ele. ─Eles precisam que eu esteja lá imediatamente.─
Seu rosto empalidece com o significado desse simples pedido. Tenho certeza que ele vê muito isso em sua profissão.
─Eu irei com você.─
De pé com as pernas tremendo, eu o deixo mostrar o caminho de volta para a recepção. Estou paralisado de medo e completamente cheio desse dia. Faço outra oração silenciosa para quem quer que seja, eles vão ficar bem.
─Este é o Sr. Beckett.─ Simpson aponta por cima do ombro. ─Ele foi o Bom Samaritano que parou para ajudar um acidente hoje à noite. Alguém acabou de ligar para ele, afirmando que ele precisava estar aqui imediatamente, mas ele já estava aqui.─ Ele passa a explicar.
Alice levanta-se de sua cadeira, uma pasta em seus braços.
─Fui eu quem ligou. Nós podemos ir de volta para sala que você estava e conversar.─ Ela não disse mais nada, simplesmente começou a andar. Xerife Simpson dá um aperto em meu ombro antes de segui-la. É como se meu corpo estivesse em piloto automático, minhas pernas me levando pelo corredor com vontade própria.
Alice segura a porta aberta para nós.
─Sente-se.─ Disse ela calmamente.
─Quem está aqui?─ Pergunto novamente. Estou cansado de esperar que ela me diga.
─Sr. Beckett, estou um pouco confusa com isso, então talvez você possa me ajudar a entender.─ Ela abre a pasta em suas mãos. ─A vítima no carro que você parou para ajudar esta noite, ela tem você, Ridge Beckett da Anderson County, listado como seu parente mais próximo.─
Minha boca cai aberta.
─Como isso é possível? Quem é ela?─ Estava escuro e a chuva estava caindo.
O carro... Eu não reconheci o carro. Tem que haver algum tipo de erro.
─O nome dela é Melissa. Melissa Knox.─
Minha mente corre. Melissa Knox. Eu conheço uma Melissa Knox? Será que é a Melissa de alguns meses atrás? Aquela que correu de mim no meio da noite? Ela é a única Melissa que posso lembrar.
─Eu conheci uma Melissa, há alguns meses. Eu não sei o sobrenome dela.
Não faz nenhum sentido. Deve haver algum tipo de erro.─
─Está tudo aqui em seus registros. Ela listou você: Ridge Beckett, da Beckett Construções.─
Minha nossa! Isto é real? Há tantas emoções rolando através de mim agora. Alívio que não é ninguém da minha família ou amigos, confusão a respeito do motivo de Melissa, se ela for a mesma Melissa, ter me listado como seu parente mais próximo, medo de que ela não vá ficar bem. Independentemente do fato de que eu agora poderia ter uma conexão com ela, eu ainda tenho essa vontade forte,
um sentimento profundo na boca do meu intestino, que eu preciso que ela fique bem.
─O que isso significa? Será que ela vai ficar bem? Eu posso vê-la? Ver se é a mesma pessoa?─ Disparo perguntas uma após a outra.
─Sim, você pode vê-la, mas apenas por alguns minutos. Ela ainda está em estado crítico. E sendo você seu parente mais próximo significa que você vai ser o único a tomar decisões médicas para ela até que ela acorde.─
De jeito nenhum.
─Eu preciso vê-la, ver se eu a conheço. Isso pode ser um engano.─
─Claro, mas, como eu disse, dentro de alguns minutos. Nós a estamos monitorando.─
─Tudo bem, só preciso─... Engulo em seco. ─Preciso ver se é ela, se é a mesma Melissa.─
─Claro, por aqui.─
─Esperarei aqui─. Disse Xerife Simpson. ─Há alguém que você queira que eu ligue?─
─Ainda não. Não sei se... Ainda não.─ Levantei-me e segui Alice para fora da sala.
Os corredores estavam movimentados, médicos, enfermeiros, e pacientes que andavam ao redor. Alice nos leva até o final do corredor e passamos através de um conjunto de portas duplas com o nome Unidade de Terapia Intensiva. Havia leitos cercados por vidros e portas, ao contrário dos outros que estão apenas separados por cortinas.
Paramos em frente ao quarto 3, Alice se vira para mim.
─Ela ainda não acordou. Vou deixar você, mas só por alguns minutos.─ Observo-a caminhar até o pequeno posto de enfermagem, aparentemente para me dar um pouco de privacidade.
Aperto os olhos fechados, tomo uma respiração profunda e a seguro. Lentamente, libero o ar dos meus pulmões, desejando que o meu coração abrande o seu ritmo. Repito isso pelo menos três vezes, provavelmente mais, antes de apertar a maçaneta da porta e entrar no quarto. A cortina de privacidade está puxada ao redor da cama. Quando eu lentamente ando em torno dela, congelo.
É ela. Melissa.
A Melissa do bar, de meses atrás, que me deixou em sua cama em seu quarto de hotel depois da nossa noite de sexo quente. A Melissa em quem eu pensei muitas vezes e que me perguntei o que a fez fugir no meio da noite. O que teria acontecido se eu tivesse acordado com ela deitada ao meu lado? Será que ela estaria aqui agora? Deitada na cama do hospital lutando por sua vida? Volto a pensar naquela noite, ela disse que estava apenas de passagem. O que ela está fazendo aqui agora, tão perto de mim e da minha empresa? Por que ela me listou como seu parente mais próximo?
Seu rosto está machucado e ela tem um curativo sobre um olho. Seus olhos estão fechados, e ela parece estar dormindo pacificamente. Só que não é o caso. Ela ainda tem de acordar.
Ela vai acordar?
─Oh, desculpe-me, eu não sabia que ela tinha companhia. Sou o Dr. Ellis.
Apenas vim checar os sinais vitais do bebê.─
Espere? O que ele acabou de dizer?
─Hummm, bebê?─
─Sim, aparentemente a Srta. Knox está com oito meses de gestação.─ Ele me deu um olhar como se eu estivesse louco. Por que eu não estaria? Quem lista alguém que conheceu brevemente, teve sexo quente e fugiu dele como seu parente mais próximo?
É quando isso me bate. Oito meses atrás. Eu faço as contas na minha cabeça.
Não. Não pode ser. Tento respirar, mas eu não posso puxar nenhum ar.
─Senhor, você está bem?─
Curvando-me, coloco minhas mãos sobre os joelhos e luto como o inferno para recuperar o fôlego.
Isso está mesmo acontecendo?
─Senhor?─ O médico tenta de novo.
─Por que você não se senta?─ Uma voz feminina suave diz ao meu lado.
Eu não sei quem é ela ou de onde veio, mas quando ela e o médico me pegam cada um por um braço e me levam até a cadeira ao lado da cama, eu não lutei.
─Respirações lentas e profundas. Assim, inspira e expira.─ Ela me guia.
Concentro-me na voz dela, bloqueando o ruído saltando em torno da minha cabeça. Outra respiração lenta e profunda e sinto um pouco da pressão liberando meu peito.
─Bom.─ A mulher diz. Olhando para cima, vejo que é Alice. ─Imagino que você não sabia que ela estava grávida?─ Pergunta.
Não diga, Sherlock.
─Não, eu a encontrei uma vez. Rapidamente.─ Eu mal sou capaz de dizer as palavras por causa do nó na minha garganta.
Ellis.
Confusão cruza o rosto dela.
─O bebê... está bem?─ Posso me ouvir dizendo, mas não soa como eu.
─Estive monitorando o bebê de perto e tudo está bem.─ Responde o Dr.
Caindo para trás na cadeira, olho para Melissa, tentando encontrar sentido
em tudo isso. Por que eu? A menos que... Esse bebê é meu? É por isso que ela estava aqui, para me dizer que eu vou ser pai? Minha mente corre por diferentes cenários, e essa é a única coisa que faz sentido.
─Encontrei isso em seus pertences.─ Alice mantém sua voz suave e calma.
Olhando para cima, vejo-a segurando um envelope com meu nome rabiscado na frente.
Porra!
─Vou te dar alguns minutos.─ Dr. Ellis diz.
Pego a carta em minhas mãos, olhando para o meu nome. Eu quero abri-la, ver o que ela diz, mas depois, eu não quero. Eu só quero acordar deste pesadelo. Quero fazer tudo de novo hoje. Apertando meus olhos fechados, inclino minha cabeça para trás contra a cadeira. Sinto no fundo da minha alma que estas palavras, neste dia, vão mudar o resto da minha vida.
Espere o inesperado, não é isso que eles dizem?
Seguro da minha decisão, abro o envelope e começo a ler.
Ridge,
Se você está lendo isso, significa que eu me acovardei. Esse é um caminho covarde, eu sei. Eu tenho uma tendência a fugir, mas você já sabe disso. Primeiro, deixe-me começar dizendo o quanto eu lamento ter deixado você daquela maneira. Nenhuma desculpa é boa o suficiente, mas aqui está a minha.
Algumas semanas antes de te conhecer eu perdi meus pais. Meus pais adotivos. Enquanto eu crescia, estive em vários lares adotivos até eu conhecer o Senhor e a Senhora Knox. Eles me adotaram e me deram meu primeiro lar. Eu queria mostrar a eles o quanto eu estava grata, então eu estudei muito, mantive meu nariz enterrado em livros e sem causar problemas. Eles perderam minha formatura da faculdade. Eu escolhi ser uma advogada para trabalhar no escritório de advocacia deles. Desnecessário dizer que o dia que eu os perdi foi o dia que eu perdi todo o meu mundo.
Na noite que conheci você, eu só queria esquecer. Eu não sou uma bêbada, mas eu estava disposta a fazer qualquer coisa para anestesiar a dor. Então eu conheci você e os caras. Foi legal ser incluída na conversa, senti como se eu fosse parte de mais alguma coisa. Eu estava instantaneamente atraída por você e não tenho nenhum arrependimento da nossa noite juntos. Você foi a primeira coisa que eu realmente fiz por mim mesma. Eu queria saber como era ser espontânea e se sentir querida. Você me deu ambos. Quando acordei, eu estava com vergonha. Não por causa de você, mas pelos sentimentos que você trouxe para fora. Eu ainda repito cada minuto daquela noite na minha cabeça. Apesar do meu estado embriagado, lembro de tudo como se fosse ontem. Por muitas razões, esse foi o melhor encontro, a melhor noite da minha vida. Eu finalmente vivi por mim mesma, sem arrependimentos.
Agora, aqui é quando as coisas ficam interessantes. Você não só me deu a melhor noite da minha vida, mas você me deu meu próprio pequeno milagre. Nem mesmo um mês depois eu comecei a me sentir mal. Simplesmente não melhorava, então naturalmente eu cedi e fui ao médico. Acontece que eu não estava doente, eu estava grávida. Eu estou grávida. Eu sei que usamos proteção, mas você ainda foi capaz de me dar o meu pequeno milagre. Recuso-me a chamar de acidente. Eu acredito em destino, Ridge, e eu acredito que nossa noite juntos tinha que acontecer. Em alguns meses eu vou dar à luz a um garotinho, a quem eu já amo de uma maneira que as palavras não podem expressar. Você me deu uma
família de verdade, algo que eu tive por pouco tempo antes de ser tirado de mim. Eu estava perdida no mundo, até o minuto que eu ouvi aquelas palavras: 'Você está grávida'.
Já que você está lendo isto, você sabe que eu, mais uma vez, estou pegando o caminho mais fácil. Eu sei que você tem o direito de saber sobre o seu filho, mas eu estou morrendo de medo que você o rejeite, ou pior, tire-o de mim. Você parece ser um ótimo cara mas, honestamente, eu realmente não conheço você. Eu sei que ainda é possível, mas de novo, eu vou amarelar e não mandar esta carta? Espero que não. Você merece saber. Eu quero que você saiba que eu não espero nada de você. Meus pais me deixaram com uma vida tranquila, então dinheiro não é um problema. Eu não espero que você seja presente na vida dele, a menos que você queira. Tudo que eu peço a você é que você tenha certeza de que é isso que você quer. Eu não quero nunca que meu filho conheça a rejeição de um pai como eu conheci. Ao menos essa é a minha esperança.
Eu planejo registrar você como pai dele porque se alguma coisa acontecer comigo, você será tudo que ele tem. Então será a sua decisão. Eu rezo para que você não rejeite nosso filho. Eu tenho um seguro para ele também, como eu disse, meus pais me deixaram financeiramente estável, eu tentei me preparar para todos os cenários. Eu tive que colocar um contato de emergência nos meus registros médicos. Depois de discutir isso com meu obstetra, ele sugeriu que, já que eu iria colocar você na certidão de nascimento dele, que eu colocasse você nos meus contatos também. Assim, se alguma coisa der errado no parto, eles irão saber como achar você. Então eu fiz isso. Eu não espero que você seja chamado, mas me senti na obrigação de dizer a você.
Eu amo esse bebê, Ridge. Eu vou dar a ele uma vida cheia de amor e felicidade. Eu vou deixar a bola com você sobre o quanto você quer estar envolvido. Abaixo você irá encontrar os meus contatos. Espero notícias suas em breve.
Cumprimentos, Melissa.
Minhas mãos estão tremendo. Eu vou ser pai. Lanço meu olhar sobre Melissa, que ainda parece que está apenas dormindo profundamente. Olho-a até chegar à sua barriga inchada.
Eu tenho um filho.
Medo como eu nunca senti antes corre pelas minhas veias. Ele está bem? O que a condição de Melissa significa para ele? E se ela nunca acordar? Posso criá-lo? Lentamente, levanto-me e ando até o lado da cama. Descanso minha mão tremendo na cama para me segurar e gentilmente coloco a outra em sua barriga inchada. Lágrimas surgem nos meus olhos.
Essa situação é muito fodida. Eu quero estar com raiva dela, mas ela estava vindo me dizer. Pelo menos, eu espero que ela fizesse isso; ela estava perto, a alguns quilômetros da loja.
Estou perdido em meus pensamentos quando sinto um movimento contra minha mão. Afasto-me rapidamente assim que Alice e Dr. Ellis entram de volta no quarto.
- Tudo bem.─ Alice diz em sua voz calma e suave. ─O bebê chutou.─ Ela me dá um sorriso gentil.
- Você é a enfermeira dela?─
- Sim, eu estive com ela desde que a trouxeram.─
─E você?─ Aponto para o Dr. Ellis. ─Você é o médico dela?─
─Eu sou o obstetra de plantão. O bebê é meu paciente e Sra. Knox está sendo tratada pelo médico de plantão. Ele e eu estamos trabalhando juntos para conseguir o melhor resultado possível para ambos. ─
─O bebê... ele está bem? Quero dizer, o que acontece se ela não acordar?
Você tem certeza que ele está bem? ─
─Tenho certeza. Estou acompanhando seus sinais vitais e fiz um ultrassom assim que os trouxeram. Acho que você pode falar com o médico dela sobre seu estado. ─
─Eu sou o pai. ─ Aponto para a carta que deixei ao pé da cama. ─Isso é o que a carta diz, que eu sou o pai do bebê. ─
─Que tal fazer um outro ultrassom? Assim você pode ver seu bebê, ver você mesmo que ele está bem. ─ Dr. Ellis sugeriu.
Aquele nó voltou.
─Por favor. ─ Falo. ─Eu também gostaria de falar com você e o médico dela, se possível. Eu só... preciso saber o que esperar. ─
─Posso chamá-lo enquanto você faz o ultrassom. ─ Alice oferece.
─Obrigado, Alice. ─ Dr. Ellis diz.
Observo quando ela sai do quarto e volta logo depois puxando uma máquina. Ela a coloca perto da cama, dá-me um sorriso gentil e sai de novo pela porta.
Observo com muita atenção quando o Dr. Ellis cuidadosamente puxa o cobertor que está cobrindo o corpo de Melissa e levanta seu vestido.
─Espere, o que você está fazendo? ─ Pergunto.
─Preciso descobrir a barriga. Eu coloco esse gel no abdômen dela e isso...─ Ele segura um pequeno pedaço do equipamento que parece estar ligado à tela.
─Vai nos permitir ver o seu bebê. ─
Eu já vi isso na TV, então eu tenho uma ideia. Mas ela está simplesmente deitada lá, incapaz de falar por si mesma. Eu preciso protegê-la, esse é meu trabalho, certo? Como seu contato de emergência, é meu dever cuidar dela, e como... pai. Engulo com força.
Eu vou ser pai.
Dr. Ellis continua espalhando o gel em sua barriga inchada e a pequena alça.
─Observe a tela. ─ Diz ele.
Chegando tão perto da cama quanto eu consigo, meus olhos fixam na pequena tela preta. Estou prestes a perguntar o que estou procurando quando a tela se transforma em preto e branco. E lá, em uma pequena bola apertada, está o meu filho.
Eu tenho um filho.
─Dez dedos nas mãos. ─ O médico aponta para a tela. ─Dez dedos nos pés.
- Ele aponta de novo. ─Essa é a batida do coração dele, forte e estável. Ele é um guerreiro. ─
Seguro ao lado da cama para não cair. É muita coisa para absorver. Lá está, uma pequena parte de mim, naquela minúscula tela em preto e branco. Tenho tantas emoções correndo através de mim que eu não posso sequer identificar todas.
Sem pensar, abaixo e sussurro no ouvido dela.
─Ei, Melissa. Você precisa ser forte, lutar. Ele precisa de você. ─
Dr. Ellis toma algumas medidas e faz algumas anotações. O bebê começa a chupar o seu polegar, então ele amplia isso. Estou encantado em observá-lo. Logo, a tela fica preta e Dr. Ellis está limpando a barriga dela.
─Aqui. ─ Ele me entrega um CD. ─Eu gravei para você. Também tenho isto.
- Alcançando em baixo da máquina, ele pega uma tira longa e fina de papel.
Fotos.
Do meu filho.
─Obrigado. ─ Sussurro.
Ele sai do quarto levando a máquina com ele, assim que meu telefone vibra no meu bolso. Puxo-o para fora, vejo ─pai─ escrito na tela. Eu não sei nem se eu posso atender o telefone aqui; isso vai interferir nessas máquinas? Deixo a chamada ir para a caixa postal e saio do quarto.
─Preciso fazer uma ligação. Estou autorizado a usar isso aqui? ─ Pergunto a Alice assim que chego ao posto de enfermagem.
─Sim, nós só pedimos que deixe no silencioso e, claro, desligue assim que o médico entrar no quarto.─ Ela me diz.
─Obrigado. Posso ficar?─ Aponto sobre meu ombro.
─Sim, ela está estável agora. Mas se alguém perguntar, eu disse que não.─ Ela pisca para mim.
Aceno já que rir de volta exigiria muito esforço nesse momento. Ando de volta para o quarto dela e me sento na cadeira perto da cama, deslizando a tela para ligar de volta para o meu pai.
─Ridge, como foi o baile de gala? ─ Ele ri. Papai sabe que isso não é para
mim.
─Eu não fui. Esta noite tem sido... inesperada. ─ Confesso.
─O que está acontecendo, filho? ─
Meus pais são incríveis, sempre presentes para mim e Reagan enquanto crescíamos, mesmo agora quando adultos. Eu sei que posso contar com eles para tudo. Olhando para meu relógio vejo que é depois das dez da noite.
─É uma longa história. Eu não estou ferido, mas eu ainda estou no hospital.─
─Hospital?─
Eu posso ouvir a preocupação na voz dele.
─Sim, você poderia...?─
─Estou a caminho. E sua mãe?─
Eu amo que ele tenha perguntado. Ele quer saber se deveria trazer mamãe ou se isso é uma conversa ─de caras─. Nesse momento, eu preciso de todo o apoio que puder.
─Sim, se ela já não estiver dormindo. Pergunte por mim à enfermeira na recepção. Eu vou informá-las que estou esperando vocês. ─
─Estamos saindo agora.─
Simples assim, sem perguntas. Eu provavelmente deveria ligar para Reagan e para os caras, mas eu não consigo achar forças para isso. Eu também vou ter que lidar com Stephanie em algum momento. Ela está obviamente chateada, essa é a razão pela qual eu não tenho notícias dela desde que eu disse a ela que não a levaria para o baile de gala.
Há coisas mais importantes na vida.
Quando Alice vem para checar os sinais vitais de Melissa eu aviso a ela que estou esperando minha família.
─Eu vou informar na recepção onde eles podem te encontrar.─
─Obrigado.─ Passo os próximos quinze minutos olhando as fotos do meu filho. Estou feliz que as tenho; torna isso mais real. Vai ser mais fácil explicar com uma prova.
Um pouco depois Alice coloca sua cabeça na porta.
─Sua família chegou. Pedi para Kate levá-los até a sala privada que onde você esteve. ─
─Obrigado─. Fico de pé, pego a carta e, com um último olhar de despedida para Melissa, saio do quarto para informar à minha família sobre os acontecimentos da noite.