PRESENTE DO DESTINO - ESPECIAL DIA DOS PAIS
img img PRESENTE DO DESTINO - ESPECIAL DIA DOS PAIS img Capítulo 6 6
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Capítulo 6 6

Ridge

Já se passaram três dias, sem mudanças. Melissa ainda continua adormecida, mas os sinais vitais dela permanecem fortes e o médico está esperançoso. O bebê tem provado ser um lutador. Os sinais vitais dele são fortes, assim como os seus batimentos cardíacos, os quais consigo escutar alguns minutos por dia. Esse é o som que mais desejo ouvir.

─Bom dia.─ Lisa, a enfermeira do turno diurno me cumprimenta.

─Dia.─ Eu resmungo, sentado na minha poltrona. ─Vou tomar um pouco de café.─ Eu digo a ela e então saio do quarto. Sinto como se tivesse que dar a ela um pouco de privacidade para que a enfermeira troque suas roupas.

Decido ir até a lanchonete do hospital para pegar um lanche e o maior café que eles têm para oferecer. Não posso mais ficar comprando comida naquela máquina de vendas; com certeza isso aqui será melhor. Eu sento em uma mesa pequena no canto e mexo no meu celular. Tenho mensagens de textos dos caras, Reagan e dos meus pais. Todos eles são pessoas maravilhosas e estão vindo me ver, para me fazer companhia e me trazer roupas limpas e um pouco de comida de verdade. Ainda tenho que dar um pulo em casa para tomar um banho, ao invés de usar o chuveiro do quarto da Melissa.

Quando volto para o quarto dela, encontro os dois médicos, doutor Ellis e doutor Robbins. Essa é a primeira vez que vejo os dois juntos desde a primeira noite.

─Algo errado?─ Meu coração despenca quando vejo as expressões tensas nos rostos deles.

─Ridge, os sinais vitais do bebê estão caindo. Acho melhor fazermos o parto hoje.─ Doutor Ellis diz.

─Hoje?!─ eu repito.

─Sim.─

─Ele está bem? Não é muito cedo?─

─Ele está bem, mas não quero esperar até que tenhamos uma chance que ele não esteja. Melissa tem tomado os corticoides, e acredito que ele não terá complicações. Bebês nascem por volta das trinta e sete semanas e meia todos os dias. Eu ainda acho que essa é a melhor decisão a ser tomada.─

─O que você acha?─ Eu pergunto ao doutor Robbins.

─Eu concordo com o doutor Ellis. Vai ser melhor para o bebê.─

─E quanto a Melissa?─

─Os sinais vitais dela estão fortes, e estou confiante de que a cesariana será tranquila.─

─Então quando será feito?─ Eu pergunto.

─Agora. Como eu disse, não quero deixar que seus sinais vitais cheguem a nível crítico. Quanto mais cedo fizermos o parto, menores serão as chances de algo dar errado.─ Doutor Ellis explica.

─O-o que eu faço então?─

─As enfermeiras o ajudarão a se preparar. Fique pronto para conhecer seu filho.─

─Eu sei que ela diz que é meu e não estou discutindo isso, mas eu não a vejo há mais de oito meses. Podemos fazer um teste? Sabe, só para ter certeza. Sinto como se fosse meu, mas você sabe, eu só... será que podemos fazer? Eu sinto como se tivesse traindo-a por sequer pedir isso, mas preciso fazer isso para ter paz de espírito.─

─Claro. Vai levar de dois a cinco dias para chegar o resultado, mas vou fazer o possível pra acelerá-lo.─

─Obrigado.─

─Vamos levá-la para o centro cirúrgico. Avise sua família e depois Lisa vai levá-lo e ajudá-lo a se preparar.─

Eu aceno em concordância enquanto eu os vejo carregarem ela para fora do quarto. Acho melhor fazer o que eles falaram; não quero que eles percam o nascimento dele.

Eu decido fazer um grupo de mensagens com minha família.

Eu: Os sinais vitais do bebê estão caindo. O parto vai ser feito hoje. Agora.

Mandarei mais mensagens quando eu tiver mais informações.

Mãe: Estamos a caminho.

Pai: Como ela disse. Seja forte, filho. Mark: Estamos com você.

Seth: Boa sorte, papai.

Kent: Estamos fechando a loja mais cedo. Tyler: Você consegue.

Reagan: Eu te amo, irmão.

Suas palavras são um apoio muito importante pra mim. Tenho que ser forte pelo meu filho. Sim, meu filho. Eu sinto no fundo da minha alma que ele é meu, e nesse momento, ele precisa de mim. É hora de honrar as calças que visto e ser o que ele precisa.

Um pai.

Desligo meu telefone e o guardo dentro do meu bolso assim que a Lisa abre a porta. ─Está pronto?─

─Como nunca estive antes.─ Ela sorri. ─Siga-me.─

Eu faço como me é dito, e depois de um passeio de elevador e por vários corredores, fazemos nosso caminho depois de passar pelas portas duplas onde estava escrito ─Centro Cirúrgico─. Paramos em uma sala ampla e muito bem esterilizada com várias pias.

─Você precisa colocar esse avental por cima das suas roupas e essa sapatilha por cima dos seus sapatos. Depois que fizer isso, vamos esfregar bem suas mãos e colocar as luvas em você, e essa máscara no seu rosto. Você precisa estar tão esterilizado quanto a equipe médica no centro cirúrgico.─ Ela explica.

Depois de me preparar, Lisa abre a porta e me mostra como é um centro cirúrgico de verdade. ─Ali tem uma cadeira pra você se sentar ao lado da Melissa. Segure a mão dela e converse com ela. Dizem que mesmo quando não estão acordados, podem nos ouvir. Alguns pacientes dizem que se lembram do que foi dito a eles.─

─Você acredita nisso?─

Lisa dá de ombros. ─Sou enfermeira há vinte anos, e já vi muita coisa. Não posso dizer que acredito, mas acho que no seu lugar, eu acreditaria. Ajude-a a estar aqui neste momento. Talvez ela se lembre, talvez não, mas de qualquer forma, você não terá arrependimentos.─ Com essas palavras tocantes, ela fecha a porta, afastando-se de mim.

─Você deve ser o pai.─ A enfermeira ruiva me cumprimenta. ─Temos um assento pra você, bem do lado da mamãe. Vou ajudar a responder quaisquer perguntas que você tenha durante os procedimentos.─

Engolindo com dificuldade, eu aceno em concordância e tomo o assento ao lado de Melissa. Eu pego a sua mão e entrelaço meus dedos nos dela, tomando cuidado com a agulha do soro preso nela. ─Oi Melissa. Então, nosso homenzinho está com alguns probleminhas. Não é nada sério, segundo me disseram, mas os sinais vitais dele estão caindo. Os médicos acham que é melhor trazer ele ao mundo hoje. Estamos aqui agora no centro cirúrgico. Estou aqui com você e não vou a lugar nenhum.─ Eu continuo divagando, enquanto o nervoso toma conta de mim.

Eu continuo dizendo a ela sobre os ultrassons diários e como ele sugava o dedão dele. Eu conto pra ela que minha família toda está aqui por nós três, esperando para conhecer nosso filho. Eu digo para ela que está indo muito bem, dando conta de tudo sozinha, e como eu sinto muito por ela estar perdendo esse momento.

─Ele nasceu.─ O médico diz, mas sua voz está tensa.

O centro está quieto, sem choro. Ele não deveria chorar? Vamos lá, filho, respire. Respire uma vez. Então eu o escuto.

─Ele está...?─ Estou dominado completamente pelo som do seu primeiro choro. Eu sou pai agora.

─Elas vão limpá-lo, fazer alguns exames para recém-nascidos e depois você poderá segurá-lo.─ A enfermeira ruiva explica.

─Ela se saiu muito bem, Ridge.─ O doutor Ellis me tranquiliza. ─Vamos fechá-la e então a mandaremos para a sala de recuperação.─

─Ouviu isso, Melissa? Você ouviu? Os pulmões dele parecem fortes e saudáveis. Eles estão verificando se está tudo realmente bem com ele e depois vou segurá-lo. Abra seus olhos pra mim. Eu odeio o fato que você esteja perdendo isso. Ele é a sua família.─ Minha voz se quebra quando as últimas palavras saem dos meus lábios.

O choro dele para de repente, fazendo-me erguer minha cabeça. Ali, bem atrás de mim, a enfermeira ruiva está segurando ele. Ele está todo enrolado em um cobertor. Minhas mãos começam a tremer e meu coração começa a bater feito louco no meu peito.

─Ele se saiu muito bem. Ele já tomou seu banho e nós já tiramos a amostra para o teste de paternidade. Ele está prontinho pra comer. O que você diz?─

Eu olhei de novo pra Melissa, desejando que ela acordasse. Ela está perdendo isso. Virei-me de novo pra enfermeira, e respondi: ─E-eu não sei o que fazer.─

Ela sorri. ─Que tal eu levá-lo pra enfermaria enquanto você tira o avental e então me encontra lá? A mamãe estará recuperada em algumas horas e poderemos levá-la de volta para o seu quarto.─

─Tudo bem.─ Eu fico de pé e me inclino, beijando Melissa na testa. ─Vou cuidar muito bem dele, e nos veremos em breve. Lute Melissa. Precisamos de você.─ Ficando de pé novamente, espero enquanto a enfermeira coloca meu filho numa engenhoca que parecia ser uma incubadora e então sigo-a.

Na enfermaria, sou empurrado para o lado e diz que preciso ir para o laboratório e dar minha amostra para o teste de paternidade. Com as instruções nas mãos, eu sigo até lá. Dou passadas rápidas, porque quero voltar logo para ele. Meu coração me diz que ele é meu filho, eu apenas quero encerrar logo esse assunto, então poderemos ter logo os resultados e continuar em frente.

O teste era um simples passar um cotonete na bochecha. Eles passaram e tiraram. Eles me fizeram assinar um formulário para confirmar que autorizei o teste paternidade e inseriram no sistema. Eu assino o mais rápido que posso e volto para a enfermaria. A mesma enfermeira que estava no centro cirúrgico me saúda com um sorriso. ─Serei sua enfermeira até que chegue o turno da noite. Sente-se em uma daquelas cadeiras de balanço para que você possa segurar e alimentar seu filho.─

Meu filho.

Com as pernas tremendo, eu tomo meu assento na cadeira de balanço, secando as palmas das minhas mãos suadas nas pernas da minha calça jeans. Estou morrendo de medo de deixá-lo cair, machucá-lo ou... eu não sei mais o quê, mas estou nervoso pra caralho.

─Aqui vamos nós, papai.─ A enfermeira diz. ─Pegue-o como se fosse aninhá-lo nos seus braços. Assim.─ Ela o coloca muito delicadamente nos meus braços.

Ele está dormindo, todo enrolado no cobertorzinho. De repente meu nervoso desaparece e a necessidade de ter certeza de que ele está bem toma conta de mim.

─Posso tirar o cobertor dele?─ Eu pergunto.

─Claro! Na verdade sempre sugerimos o contato pele com pele, especialmente para os casos de bebês que nascem antes do tempo. Isso ajuda a regular sua respiração.─ Ela explica.

Contato pele com pele? ─Hã, o que isso significa exatamente?─

─Tire sua camiseta e tiraremos o cobertor dele. Você vai deitá-lo no seu peito, pele com pele.─

─Tá bom.─ Eu falo hesitante. No entanto, se isso for ajudá-lo, estou dentro.

─Agora vamos tentar alimentá-lo.─ Ela me passa uma mamadeira minúscula e com uma forma estranha. ─Segure-o delicadamente, assim.─ Ela demonstra.

─Ótimo, agora coloque o bico nos lábios dele. É instintivo na maioria dos bebês. Alguns podem ser um pouco teimosos, mas parece que esse rapazinho aqui é natural.─ Ela sorri pra ele.

E ele é assim mesmo. Logo que o bico toca os lábios deles, ele sabe muito bem o que fazer. ─Quanto ele precisa mamar por dia?─

─Começaremos com alguns mililitros com intervalos de algumas horas. Você precisa coloca-lo para arrotar após cada mamada. O intervalo aumenta conforme ele fica mais velho. É extremamente importante durante os primeiros dias de vida que ele arrote várias vezes entre as mamadas.─

Mentalmente anoto tudo o que ela está dizendo. Desejo muito que Melissa estivesse aqui, ou minha mãe.

Merda! Esqueci de ligar pra eles. Tenho certeza que eles já estão aqui.

Mandarei uma mensagem pra eles assim que ele mamar.

─Papai, agora vamos tentar fazê-lo arrotar.─

Eu tiro a mamadeira da boca dele e ele choraminga. Na mesma hora eu começo devolver a mamadeira pra ele.

─Não, ele tem que arrotar primeiro. Você logo aprenderá diferenciar os choramingos dos choros. Ele ainda está com fome, mas este passo é muito importante.─

Eu aceno em concordância e presto atenção nas instruções enquanto ela me diz como preciso cuidar do meu filho. Se eu não estivesse tão encantado por ele, eu me sentiria como um idiota. Quem não saberia como cuidar do seu próprio filho? Talvez alguém que não tenha se preparado nove meses como a maioria dos pais.

Eu volto à realidade. Não posso culpá-la, não quando ela está deitada em uma cama de hospital lutando por sua vida. Além disso, ela estava vindo me ver.

Não consigo tirar meus olhos dele enquanto ele mama. Ele tem meu nariz e meu queixo. É surreal demais.

─Parece que ele terminou. Quer tentar o pele com pele?─ Ela pergunta.

─Aham, mas preciso avisar minha família primeiro. Tenho certeza que eles estão ficando loucos.─ Ela pega meu filho dos meus braços para que eu possa sair do berçário e fazer algumas ligações.

─Ridge.─ Minha mãe diz.

─Oi, ele nasceu. Um menininho, lindo pra caramba.─ Eu disparo.

─Quanto ele pesa? Quantos centímetros ele tem? Preciso de detalhes!─

Droga, eu deveria saber de tudo isso! ─Então, eu não sei exatamente. Tem sido uma loucura. Estou me preparando pra um procedimento que se chama contato pele com pele. Por que vocês não dão um pulo aqui no berçário?─

─Estamos a caminho. Estávamos aqui no andar da UTI, não sabíamos para onde ir nesses casos.─

Óbvio, esta não é uma circunstância normal, claro. ─Vejo vocês em breve.─ De volta pro berçário, a enfermeira aponta pra uma poltrona bem larga e

pede pra eu sentar e tirar minha camiseta. Bem, até agora tudo bem. Eu obedeço e ela assente em aprovação. Eu observo enquanto ela desembrulha e o coloca gentilmente nos meus braços.

─Só mantenha a cabeça dele apoiada e o abrace bem pertinho de você.─ Ela instrui.

Eu faço o que ela diz, e o meu homenzinho inspira e exala profundamente, parecendo quase relaxado. Meu coração derrete. Como pode um ser humano tão minúsculo trazer e causar tanta emoção?

─Desculpem interromper, mas tem uma família aqui procurando por um bebê Beckett?─ Outra enfermeira pergunta.

─Sou eu, quer dizer, é ele.─ Eu aponto meu queixo para o meu filho.

─Aqui diz que ele é bebê Knox.─ Ela me diz.

─Sim, mas esse é o nome da mãe dele, mas meu sobrenome é Beckett. Não somos casados.─ Eu explico.

─Entendi. Bem, teremos que manter nos registros como bebê Knox até que chegue o resultado dos exames.─ Ela diz, franzindo a testa.

Tenho certeza de que ela está com medo de eu surtar com ela, e se fosse qualquer outra situação, eu teria. Mas nesse momento, tudo que importa pra mim é a saúde desse rapazinho aqui e fazer sua mãe abrir seus olhos.

─Tudo bem.─ Eu digo pra ela. ─É a minha família, eles poderão entrar?─

─Não, mas você pode trazê-lo até a janela. Você pode carregá-lo com você ou podemos enrolá-lo no cobertorzinho dele e colocá-lo no berço e empurrá-lo até a janela.─ Ela aponta pro berço de rodinhas. Eu percebo que tem uma etiqueta azul que diz „bebê Knox‟ e só seus familiares podem entrar. Sua pulseirinha diz o mesmo. Eu sinto uma pontada de tristeza por Melissa estar perdendo isso. Ser mãe era o sonho dela, ele é o sonho dela.

─Eu vou carregá-lo.─ Eu digo a ela. Ela assente e se afasta, me permitindo ficar em pé. Eu caminho lentamente, sem nunca tirar os olhos dele. Um tapinha no vidro chama minha atenção. Minha família. Mãe, pai, Reagan e os caras estavam vendo atentamente a mim e ao meu filho. Eu sorrio pra eles e aceno em concordância em direção ao bebê adormecido nos meus braços. Minha mãe e Reagan estão com os olhos marejados enquanto meu pai está sorrindo de orelha a orelha. Os caras estão todos parecendo não acreditar na cena. Eu sei como eles se sentem; essa noite tem sido surreal pra mim.Perdi a noção de quanto tempo fiquei em pé segurando meu filho no meu peito nu, deixando meus amigos e minha família me ver segurando ele. Ele é minúsculo pra caralho.

─Senhor Beckett, por que não me deixa pegar ele um pouquinho para que você possa ver sua família?─ A enfermeira sugere.

Quero discutir com ela, eu não estou pronto para soltá-lo ainda, mas sei que minha família está cheia de perguntas. Porra, eu estou cheio de perguntas. Claro, a carta responde a maioria delas, mas eu preciso mesmo que ela acorde.

Eu aceno em concordância e lentamente o entrego para os braços da enfermeira. ─Estaremos bem aqui. Por que não vai falar com eles e talvez depois vá ver como está a mamãe, se está tudo bem com ela?─ Ela diz.

Eu pego minha camiseta e passo por cima da minha cabeça. Dou uma última olhada no meu filho na... Porra, eu nem sei como chamar esse negócio, sua cama, talvez? E vejo acima dele a plaquinha com o nome „Bebê Knox‟, que me diz que realmente é dele.

Meu filho.

Capítulo]Sete]

Ridge

Assim que eu saio do berçário, Reagan corre na minha direção e joga seus braços em volta da minha cintura. Eu a abraço bem apertado. Tentei não demonstrar a ela como estou assustado e confuso pra caralho, mas essa é a minha irmãzinha. Ela me conhece muito bem.

─Você consegue, Ridge. O que precisar. ─ Ela me diz suavemente, só para eu

ouvir.

─Como você está, filho?─ Meu pai pergunta, fazendo Reagan me soltar do

seu abraço.

Eu olho para o meu pai e vejo o homem que me ensinou como jogar futebol, conversou comigo sobre garotas, ensinou-me a construir coisas, que me direcionou na minha profissão atual e ensinou a gerenciar os negócios da família. Eu jurei pra mim mesmo que eu serei esse tipo de pai.

─E-eu não sei de verdade... quero dizer, é muita coisa pra eu assimilar.─ Eu falo com sinceridade.

Ele assente. ─Ele se parece com você.─ Ele me diz. Eu sorrio, porque também percebi isso. ─Verdade.─

─Ele é perfeito, Ridge.─ Minha mãe diz.

É isso que nos faz uma família de verdade, muito amor e apoio. Eles não perguntam se ele é meu filho mesmo. Eles estão comigo e estão aqui para o que eu precisar.

─Ele some nos seus braços quando você o segura.─ Seth diz ao meu lado.

Eu me viro para olhar pra ele. ─Ele é muito pequeno. Isso é muito doido, cara. Sinto como se eu fosse quebrá-lo ou algo parecido.─

Os caras riem disso. ─Precisa que façamos algo pra você, mano?─ Tyler pergunta. Os outros assentem como se dissessem que posso contar com eles pra tudo.

─Preciso sim. Como está o canteiro de obras do Allen?─ Eu pergunto a eles.

─Todos nós cuidamos disso. Fizemos a última vistoria ontem, limpamos tudo e já está tudo pronto pra irmos para o canteiro de obras do Williams.─ Mark explica.

É nesse momento que percebo que todos estão usando suas botinas de trabalho e camisetas das Construções Beckett. Eles devem ter vindo da obra direto para cá.

─Obrigado. Acho que vou ver como a Melissa está. Ela já deve ter voltado da

UTI.─

─Trouxemos um pouco de comida pra você.─ Minha mãe dá um passo pra

me abraçar.

Eu envolvo meus braços nela e a abraço bem apertado e luto contra a emoção que ameaça desabar em mim. Uma vez mãe de menino, pra sempre será mãe de menino. E nesse momento eu penso em Melissa. Ela tem que acordar. Ele precisa

dela. Eu preciso dela. Não consigo fazer isso sozinho. Podemos não estar juntos agora, mas quem sabe o que o futuro reserva.

Meu pai me passa a sacola com comida. Eu a pego e agradeço.

─Vamos ficar por aqui mais um pouco.─ Minha mãe olha para o meu filho e

sorri.

─Vamos dar uma saída e tomar um banho, mas voltaremos.─ Kent diz

apontando para suas botinas e jeans sujos.

─Vocês não precisam voltar. Não há mais nada a fazer, a não ser esperar.─

─Então vamos esperar.─ Seth dá de ombros.

─Vem dá uma volta com a gente. Talvez um pouco de ar fresco por alguns minutos te faça bem.─ Tyler cantarola.

Eu me despeço rapidamente dos meus pais e da minha irmã e sigo os caras até o lado de fora. Respiro fundo, segurando um pouco antes de expirar lentamente.

─Que loucura do caralho, cara.─ Mark diz, quebrando o silêncio.

─E eu não sei.─ É como se eu estivesse em um daqueles filmes que minha mãe e minha irmã gostam de assistir no canal Lifetime.

─Se precisar de qualquer coisa é só falar, cara.─ Kent oferece.

─Só cuidem do escritório. Não consigo nem pensar nisso agora.─

─Pode deixar. Vou trazer um baralho ou outra coisa quando voltarmos.─ Seth diz.

─Caras, está tudo bem, vocês não precisam esperar sentados aqui. Não há necessidade de nós cinco ficarmos sentados olhando para ela.─

─Tá bom, faremos turnos então. Voltarei mais tarde.─ Tyler diz. ─Vocês três...─ ele aponta para os nossos outros três amigos. ─...Poderão pegar o próximo.─ Finalmente ele olha pra mim. ─Eu te vejo daqui a pouco.─

Eu concordo assentindo pra ele. Cada um deles se vira e me dá um abraço rápido e um tapa nas costas.

Eu fico aqui na calçada, de olhos fechados, apenas tomando alguns minutos para pensar e refletir em tudo o que aconteceu até agora, quando ouço meu nome ser chamado. Lentamente abro meus olhos e vejo Stephanie.

─Você está bem?─ Ela pergunta.

Três dias. Já se passaram três dias desde que falei pra ela que eu estava aqui.

Não sei o que estava acontecendo entre nós, mas três dias?!

─Estou bem.─ Não me preocupo em dar mais detalhes.

Ela vem até mim e olha se estou de fato fisicamente bem. ─Você não retornou minhas ligações e nem minhas mensagens.─

─Estive ocupado.─

─O que está acontecendo, Ridge? Você acredita mesmo que ele é seu?─

Eu falo pra ela sobre Melissa, sobre nossa noite juntos. Eu conto a ela o que aconteceu na noite do baile e encerro dizendo a ela que hoje mais cedo meu filho nasceu. Dei a ela a versão resumida, mas não escondi nada.

─Então, você está mesmo caindo na conversinha dessa garota? Tem certeza que essa criança é sua? Quero dizer, qual é, Ridge. Pensa direito. Quantas mulheres não dão o golpe da barriga para tentar segurar um homem? Pensei que você fosse mais esperto que isso.─

Mas. Que. Porra!

─Ele é meu sim.─ Eu ranjo os dentes. Claro, ainda estamos aguardando o resultado do teste de paternidade, mas ele se parece demais comigo e eu simplesmente sei que é meu filho.

Ela olha pra mim como se tentasse adivinhar o que estou pensando. Ela não vai conseguir encontrar nada do que está procurando. Ele é meu filho; meu instinto nunca me enganou antes.

─Então significa que agora você vai bancar o papaizinho, querido?─

Eu respiro bem fundo, tentando me acalmar. Ela está me testando. ─Não tem ninguém brincando aqui com isso, Stephanie. Eu sou pai. Eu tenho um filho.─

─Não consigo acreditar que você está mesmo acreditando nessa merda! Você quer mesmo ter laços com uma criança gerada numa foda de uma noite?─

─Sim!─ Eu rosno. ─Ele é meu! Eu estarei presente na vida dele, independente da minha relação com a mãe dele! A mãe dele que, a propósito, está nesse momento deitada numa cama de hospital, lutando pela porra da vida dela!─

Stephanie balança sua cabeça como se minhas palavras fossem as coisas mais loucas que ela já ouviu. ─Boa sorte, então. Ligue-me quando recuperar a sanidade e pudermos ficar juntos de novo.─

Vai sonhando. ─Isso não vai acontecer.─

─Quê, só porque agora você tem um filho não podemos foder mais?─

Ela dá um passo para frente e passa seu dedo pelo peito. ─Tem certeza disso? Eu sou a única pra quem você continua sempre voltando?─

Foda-se! ─Você foi uma aposta.─ Eu disparo. ─Os caras me fizeram apostar que eu não conseguiria ficar com a mesma pessoa por três meses. Claro, a gente se

divertiu, mas não se engane que vai ter mais que isso. Você foi a escolhida.─ Dou de ombros, fazendo com que ela saiba que não dou a mínima por ela.

─Uma aposta?─ Ela palidamente pergunta.

─Aham. Então, agora você pode ir embora com seu ar de „eu sou melhor que ela‟ e desaparecer da minha vida. Mesmo se tivéssemos algo a mais, não tem a menor chance de eu ficar com alguém que sequer aceita meu filho.─

─Você nem sabe se ele é seu filho mesmo!─ Ela berra.

─Some da minha frente!─ Minha voz está baixa e ameaçadora. ─Não quero te ver nunca mais. Ele é meu filho e você não é nada pra mim, e vê se esquece que eu existo.─

Eu me viro e acelero meus passos, preciso ver como Melissa está e depois ver meu filho.

─Você vai se arrepender disso, Ridge Beckett!─ Ela grita atrás de mim. ─Não vou ficar esperando por você quando a realidade bater na sua cara!─

─Graças a Deus por isso.─ Eu murmuro soltando minha respiração. Eu nem sequer me preocupo em saber o que ela está fazendo, apenas continuo andando e nem presto atenção quando ela vai embora cantando pneus.

Eu pego o elevador para ir ao andar de Melissa. O quarto dela está silencioso, a não ser pelo som dos bips das máquinas. Puxando uma cadeira próxima a ela, eu gentilmente seguro sua mão com a minha. Ela não tem ninguém, só eu e nosso filho. Penso na minha família, meus amigos que estavam aqui hoje, que estiveram aqui nos últimos três dias. Não tem ninguém da parte dela. Como ela deve ter sido solitária.

─Oi, Melissa.─ Eu falo com a voz suave. ─Você se saiu muito bem hoje. Ele é perfeito e tão pequenininho.─ Eu sorrio. ─Quando eu o segurei, ele praticamente desapareceu nos meus braços. Tive tanto medo que eu pudesse quebrá-lo, mas as enfermeiras me garantiram que eu não o quebraria.─ Gentilmente acaricio seu pulso com meu dedo. ─Você precisa acordar agora. Você precisa lutar para voltar pra ele.─

É nessa hora que tenho a ideia de que preciso trazê-lo aqui. Talvez ele estando no mesmo quarto ou deitado em cima do peito dela, possa trazê-la de volta. Mas que droga, eu nem tenho mais ideia sobre o que estou pensando. Eu só sei que eles disseram que poderia ter a possibilidade de que ela conseguisse ouvir tudo. Se esse for o caso, quero que ela saiba que ele está aqui. Dar a ela uma razão, uma motivação para abrir seus olhos.

─Eu vou lá embaixo, no berçário, e trazer nosso menino. Ele precisa da sua mamãe, mesmo que ela seja a Bela Adormecida. Eu volto já.─ Ficando de pé, eu beijo sua testa antes de sair do quarto.

Uma vez que chego ao berçário, eu paro na janela e olho para ele. Não preciso de muito tempo para achar o berço escrito „Bebê Knox‟ onde meu filho dorme pacificamente. Por mais que isso me assuste pra caralho, mal posso esperar para segurá-lo de novo.

Eu pego minha pulseira, que dá acesso à sala de espera do berçário. Eu informo a garota na recepção que estou aqui para levar meu filho para ver a mãe dele. Ela não me pergunta nada exceto ver minha pulseira. Presumo que a história da Melissa, o seu coma e eu não saber nada sobre o bebê já correu rapidamente por todo o hospital. Todo mundo ama uma boa história.

─Oi papai.─ Uma enfermeira que nunca vi antes me cumprimenta, trazendo o berço de rodinhas com meu filho dentro. ─É hora de alimentar esse menininho lindo. Você pode dar de mamar a ele aqui ou posso ir com você até o quarto da mamãe.─

Tenho a impressão de que isso não faz parte do protocolo do hospital; é evidente que eles veem que não tenho experiência nenhuma com bebês ou não tenho a menor ideia de como cuidar de um bebê. Eles estão com pena de mim, mas estou imensamente agradecido por isso.

─Podemos fazer isso lá com ela? Só quero que ele esteja perto dela. Pensei que isso talvez pudesse ajudá-la.─ Eu passo meus dedos pelo meu cabelo. Eu sei que isso é arriscado, mas preciso ajudá-la de alguma forma a acordar.

─Claro que sim.─ Ela me dá um sorriso triste.

Eu a observo quando ela olha pra ele e diz para as outras enfermeiras onde ela estará. Enquanto seguro a porta aberta para ela, vemos Reagan e Tyler correndo na nossa direção.

─Tive que brigar com a mamãe. Ela queria voltar para cá, mas o papai me ajudou a convencê-la de que ela precisar ter uma boa noite de sono porque quando levar o bebê para casa, você precisará de toda a ajuda que conseguir.─

Trazê-lo pra casa? Eu olho para a enfermeira. ─O estado de saúde dele é muito bom. Se ele continuar assim, poderemos liberá-lo no mais tardar amanhã cedo. No entanto, o resultado do teste de paternidade será necessário para provar que você é o pai antes de levá-lo para sua casa. Isso pode levar mais um ou dois dias.─ Ela explica.

Eu aceno em concordância, esperando que esse resultado chegue bem rápido.

─Vocês podem mantê-lo aqui por todo esse tempo? Quero dizer, vocês não vão mandá-lo para algum lar adotivo ou algo parecido, certo?─ Reagan pergunta.

Suas palavras me cortam como faca. A carta da Melissa, e suas palavras estão brotando na minha mente. ─Não, faça o que for necessário para acelerar esse teste. Não me importa quanto vá custar, mas ele não vai entrar na porra do sistema de adoção.─ Eu rosno.

Reagan repousa sua mão no meu ombro. ─Desculpa, eu não deveria ter dito nada.─

─Está tudo bem, normalmente nós chamamos o Conselho Tutelar e a criança é colocada em um lar adotivo. No entanto, esse caso é uma exceção. Os médicos já pediram pelo resultado do teste de paternidade, e como a mãe dele continua aqui, conseguiremos segurá-lo por aqui mais alguns dias.─ Ela me tranquiliza.

─Viu?─ Tyler diz. ─Está tudo bem, meu camarada. Para onde vocês iam?─ Eu sei que ele está tentando me distrair do fato de que meu filho possa entrar

no sistema de adoção. Mesmo alguns dias parecem longos pra caralho quando ele tem uma família que o quer. Eu, seu pai, eu o quero pra mim.

─Ahn... estávamos levando o bebê para ver a Melissa.─ Eu digo a ele.

─Ela acordou?!─ Os olhos de Reagan se iluminam.

─Não, mas eles disseram que mesmo em coma, ela pode ouvir tudo o que está acontecendo em volta dela, então eu pensei que...─

─Ótima ideia. Vamos com você. Tyler e eu paramos numa loja e compramos algumas coisinhas pro bebê, como cobertores, um pacote de fraldas, coisas assim.─ Ela está com uma sacola enorme pendurada no seu ombro.

─Nós três podemos ir?─ Eu pergunto para a enfermeira.

Ela pisca, sorrindo. ─Eu só vejo duas pessoas aqui, não? Duas pessoas que vão ficar quietinhas, calminhas e que não vão perturbar a paciente. Eu não sei de mais nada.─

─Você é muito gentil.─ Tyler pisca pra ela. Em outro momento, eu acharia isso encantador.

O bebê começa a choramingar. ─Ele precisa comer. Vamos levá-lo para ver sua mamãe?─ A enfermeira pergunta educadamente.

Eu aceno em concordância e nós três a seguimos para o elevador.

                         

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