A Herdeira Virgem e o Garoto de Programa
img img A Herdeira Virgem e o Garoto de Programa img Capítulo 4 Garoto de programa
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Capítulo 6 Esquecer o passado e conhecer o futuro img
Capítulo 7 Entrevista de emprego img
Capítulo 8 Primeiro dia de trabalho img
Capítulo 9 A primeira aula física img
Capítulo 10 Depois da primeira aula img
Capítulo 11 Não posso me apaixonar img
Capítulo 12 Aula cancelada img
Capítulo 13 Ameaça img
Capítulo 14 Fim do contrato img
Capítulo 15 Após o adeus img
Capítulo 16 Os vilões img
Capítulo 17 Grávida img
Capítulo 18 Contar para ele img
Capítulo 19 Pai, eu img
Capítulo 20 Papéis invertidos img
Capítulo 21 Minha sogra me odeia img
Capítulo 22 A verdade revelada img
Capítulo 23 Uma louca img
Capítulo 24 Finalmente acabou img
Capítulo 25 Família img
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Capítulo 4 Garoto de programa

Anos depois

Vicenzo Bianchi

- Cara, sua mãe ligou no meu celular novamente. - Gil se colocou ao meu lado enquanto saiamos da aula de ética do profissional jurídico.

- O de sempre? - perguntei já acostumado.

Ele deu de ombros.

- Isso. Só queria saber se você estava se alimentando bem, se estava precisando de algo, se estava perdendo o seu tempo com alguma vadia. O de sempre.

- Aguenta, primo! Já avisei para não me espionar, mas é o mesmo que falar com a parede. Ela não acredita em nada do que falo. Para ela, seu filhinho está em um antro de perdição usando todo tipo de coisa e passando fome. - Revirei os olhos.

- Isso porque ela não sabe como seu filhinho complementa a renda da facu.

- Ela contrataria um exorcista. - Rimos. Tenho certeza que Gil imaginou a mesma cena que eu. A minha mãe é uma religiosa extremista, fanática. Daquelas que assustam até o próprio pessoal da igreja. Ela morre se souber que estou dançando em boate onde mulheres pagam para me ver sem roupa, e algumas sortudas para ter meu corpo nu a sua disposição.

Continuamos andando. A saída era bem longe do prédio de direito. E para os pobres como nós, o caminho era longo até o ponto de ônibus.

Gil era meu amigo desde o ensino fundamental. Fiquei muito triste quando ele teve que se mudar com a família, e acabamos fazendo o ensino médio longe um do outro. Mas acabou que a distância foi providencial. Ele estava morando perto de uma das melhores universidades do Brasil e me convidou para ficar no apartamento dele. Que na verdade era dos pais dele que se mudaram para o interior e o deixaram para estudar. Agora dividimos as despesas e confidencias. Só não dividíamos as mulheres porque ele levava era homens para o quarto. Outra coisa que mamãe morreria se descobrisse.

- Está pensando em que? Esse sorriso cafajeste não indica pensamentos bons.

- Só estava imaginando o que daria se juntasse eu, minhas clientes, você, seu namorado do momento e mamãe em uma sala.

A gargalhada do meu amigo chegou a chamar a atenção de algumas pessoas.

- Só sobraria a senhora Bianchi viva.

Depois de recuperados da crise de riso, suspiramos e ficamos sérios.

Comentei:

- Cara, estamos no último ano, só precisamos esforçar para sair daqui direto para a GQ Advogados Associados. Isso garantirá nosso futuro como advogados.

- Estamos fazendo estágio remunerado lá. Não entendo muito bem essa sua necessidade de mais grana.

- Meu estágio lá está sendo maravilhoso, mas não paga o suficiente para me manter aqui e ajudar meus pais. Mesmo que eles não peçam, sei que a vida anda difícil.

- Eu sei. Você é um bom filho. - O idiota aproveitou o fato de ser mais alto que eu e bagunçou meus cabelos. Sei que ele queria desvia o tom sério da conversa. Aceitei.

O empurrei.

- Sem contar que meu trabalho extra é bem prazeroso.

- Fazer strip-tease e transar. Eu queria ter aparência para isso.

- Deixa de ser mentiroso! Não faz porque está na coleira. Você com essa cara de professor sexy ia molhar um monte de calcinhas e ficar com a cueca cheia de notas.

Ele apenas revirou os olhos.

- Meus clientes seriam outros. - Desviou o olhar para um aluno que passava por nós. Apesar de estar namorando, Gil tinha essa queda pelo moreno que costumava seguir no mesmo ônibus que nós às vezes.

- Estou com vinte e três anos, minha libido está no auge. Quer trabalho melhor que dar prazer? Sem contar que escolho muito bem minhas clientes quando o negócio vai passar de uma dança. Eu que não pretendo terminar a faculdade com uma DST de brinde.

- Tá certo.

- Oi, meninos! - uma garota ruiva atrevida se colocou entre nós. Ela estava no segundo ano. Nos tornamos amigos no primeiro dia dela na universidade. Aquelas amizades que começam do nada. Me lembro que ela pediu uma informação qualquer, e assim começou.

- Oi, Carol! - respondi.

- Não te vi quando chegamos. Atrasou ou dormiu na sala de aula? - Gil provocou a caloura.

- Nem um nem outro. Vim entregar um atestado dos próximos dias.

- Garota, você vai ser uma péssima advogada desse jeito. - Gil balançou a cabeça negando.

- São só três dias. Mamãe precisa de ajuda lá na mansão Ávila. Agora que a tal herdeira vai chegar, estão todos ansiosos.

Seguimos conversando. E mesmo que seu carro estivesse estacionado longe, Carolina nos seguiu até o ponto de ônibus contando uma história louca sobre a família Ávila. Aposto que a maior parte era fantasiosa. Quando as pessoas não sabem, inventam.

***

Suado e com a calça descendo notas pelas pernas, caminhei até o banheiro. Sem pressa, lavei o rosto e o pescoço, guardei as notas no bolso. Além do pagamento, as mulheres foram bastante generosas nessa despedida de solteiro.

Ainda bem que aceitei depois das dúvidas por a dona da festa ser irmã de uma das minhas professoras. Se alguma professora presente me reconheceu, apesar da máscara, nem ligo. Mas dessa vez é melhor ficar só na dança mesmo.

Abri a porta do banheiro dando de cara com o noivo, que já vi várias vezes na GQ Advogados Associados.

- Pode me acompanhar? - perguntou já se virando.

Claro que o segui. O homem poderia arruinar meu futuro como advogado. E a cunhada dele também.

Entrei em um quarto, provavelmente o principal. A mulher que mais se esfregou em mim estava ali; a noiva. Ela estava sentada na cama, usava o mesmo vestido vermelho curto de momento atrás.

- Minha mulher e eu queremos te propor algo.

- Vamos terminar a noite nós três - ela completou se levantando e indo até o marido.

- Pagaremos o seu preço, basta dizer qual.

- Sinto muito, mas não faço a três quando envolve homens com os quais não tenho intimidade. - Era a verdade. Se fossem duas mulheres, a coisa seria outra. Homens só entram nas brincadeiras se forem amigos. Eu já tenho os meus amigos de ménage, quando encontramos uma gata com fetiche ou apenas curiosidade.

Sem contar que o cara parece mais um gorila peludo e barrigudo. É, o maldito tirou a camisa. Será que ele acha que vai me seduzir? Tentei segurar o riso ao lembrar que ele poderia estar pensando isso mesmo só porque sou amigo do Gil, que não esconde a fruta que gosta.

- Você é hetero? - ele foi direto.

- Sim. Nascido e criado - brinquei. Esse tipo de situação não me deixa nem um pouco nervoso.

A mulher olhou para o noivo de um jeito cheio de malicia.

Algo viria.

O homem se virou para mim novamente, depois de beijar a mulher como se o mundo fosse acabar e suas línguas tivessem que lembrar uma da outra.

- É contra suas regras ser observado? - perguntou.

- Não, senhor - respondi com um sorriso presunçoso.

- Então, quero ver o show. - Ele se sentou em uma poltrona no canto.

A noiva era uma bela morena gostosa. Foi fácil demais dar um show com uma parceira assim.

Quando acabou, com direito ao noivo bater uma punheta violenta vendo a mulher chupar meu pau até engolir litros de porra, fiquei imaginando se eu seria esse tipo de noivo algum dia. Com certeza não. Apesar de ser aberto, espero ser o único a satisfazer a mulher que eu um dia amar ao ponto de me casar com ela. Que seja o meu pau na boca dela, ou entrando e saindo em todos os lugares imagináveis, nunca o de outro cara.

Era alta madrugada, pude ver em um relógio quadrado na parede.

Como se nada de mais tivesse acontecido, vesti minha calça, peguei o cheque que o noivo colocou sobre a cama e fui em direção a sala onde pegaria minha camisa e o rumo do apartamento. Mas antes, de sair pela porta aberta, me virei para o casal sentado na cama como se estivessem se recuperando e disse:

- Obrigado pela preferência!

            
            

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