Capítulo 2 Marília

Sentada em baixo de uma árvore, enquanto olha para o pequeno Léo que tem um enorme sorriso enfeitando seu rosto. O menino mais novo brincava com seus brinquedos em meio a linda grama verde.

Por alguns minutos sua mente lhe leva novamente a Marília, era incrível como o pequeno Léo era sua cópia. Ela amava aquele menino, uma parte dela que havia ficado ali. Não havia superado a morte de Marília, de forma alguma e jamais conseguiria.

Se tinha algo que lhe doía muito, era ver que o pequeno não teria a chance de crescer ao lado da mãe incrível que tinha. Jamais conseguiria descrever Marília, suas palavras nunca seriam o suficiente para a mulher incrível que era.

Já haviam se passado um ano e oito meses desde o ocorrido, tinha pedido a Murilo para passar a semana com o pequeno. Era semana do aniversário de Marília e gostaria de passar aqueles dias ao lado do Léo.

A morte de Marília ainda lhe doía de uma forma imensurável, jamais conseguiria explicar quanta falta sentia da loira. Aquele sorriso contagiante, as brincadeiras quando estavam juntas, os momentos de composições.

Lembra-se perfeitamente de ter feito um pedido em uma fonte dos desejos, um mês após sua morte. Implorava com todas as suas forças para poder tê-la de volta. Mesmo sabendo que era impossível.

Lembra da velha senhora que a abraçou e a tranquilizou. Jamais seria capaz de agradecer o suficiente aquela senhora pelo suporte que havia lhe dado.

- Léo. - Chamou o menino mais novo que tirou a atenção dos brinquedos para olha-la. - Você quer ir ao parquinho?

Não costumava sair de casa e muito menos ir ao parque, ser famosa tinha lá seus lados ruins. Gostaria de aproveitar com o Léo, sem ter milhares de pessoas lhe pedindo fotos.

Não que não gostasse de ter contato com fãs, ter pessoas que lhe admiram por ser quem é, é muito prazeroso. Porém em alguns momentos gostaria de ser uma pessoa anônima, para poder passear sem preocupações.

- Sim. - O ânimo do menino que colocou um sorriso lhe contagiou. Levantou-se dali chamando o garotinho que logo correu até onde estava e segurou sua mão.

Maraísa seguiu até a sala e colocou seu boné, seu óculos escuro e pegou a bolsa indo em direção ao armário na cozinha, colocando alguns lanches para o pequeno.

Saiu de casa, trancando-a. Maiara havia saído, segundo a gêmea, foi a casa de Gustavo Miotto.

Após sair de casa, seguiu até o parque que havia lá perto, não havia tanta gente na rua o que facilitava. Foi parada algumas vezes no caminho, apenas para fotos com alguns fãs e pessoas que comprimentavam o Léo.

Após chegarem ao parque não tão cheio, tirou o sapato dos pés do menino mais novo e o acompanhou até o balanço. Ele sentou-se no brinquedo e Maraísa passou a lhe empurrar devagar, ele mantinha um enorme sorriso no rosto enquanto observava os outros brinquedos ali, já pensando em qual seria o próximo.

- Quero descer. - Pediu fazendo a mais velha parar o brinquedo. Desceu e saiu correndo sendo acompanhado por Maraísa, que foi parada por uma menina que lhe pediu uma foto.

Viu o pequeno Léo subir no roda roda com outras crianças e tirou uma foto rápida com a menina que a agradeceu e logo saiu. Foi tão rápido que nem imaginaria que o pequeno Léo, conseguiria sumir tão rápido assim.

O pequeno correu até uma mulher que passava pelo outro lado do parque, um sorriso enorme no rosto, a animação em excesso deixando os dentinhos a amostra.

- Mamãe, mamãe. - O tom animado, sendo chamado com um sorriso encantador foi lançado pelo menino para a loira a sua frente, o mais novo a olhava com a expectativa de ser recebido com abraços e beijos como sempre era.

Ele sentia saudades de sua mãe, que estava ausente há tanto tempo, os bracinhos para cima esperando que ela o pegasse.

A loira parecia confusa, olhou para a frente e viu uma mulher correndo em sua direção. A mesma parecia aliviada ao ver o menino mais novo que ainda a olhava com os bracinhos para cima.

Pegou o menino que passou os braços ao redor de seu pescoço, achou fofo a maneira como ele lhe confundiu com sua mãe. Diga-me, como ele não reconhecia sua mãe?

- Rapazinho, você é muito lindo. - Concluiu olhando o garoto em seus braços que deitou a cabeça em seu ombro.

Maraísa travou instantâneamente, seu corpo parou e sua atenção manteu-se na mulher que estava ali parada com o menino nos braços.

Seus olhos arregalados, sua boca entre aberta. Ela não conseguia se mover, aquela mulher ali em pé, era idêntica a sua melhor amiga.

Mãe do Léo.

Ver aquela mulher estranha, talvez não tão estranha com o pequeno Léo em seus braços não a deixava de forma alguma preocupada. De maneira alguma, afinal o menino tinha um sorriso enorme no rosto.

Talvez a vontade que ele estivesse de vê-la novamente depois de tanto tempo. As fotos e vídeos que lhe eram mostrado para que a imagem de Marília ficasse com ele, para que não esquecesse de sua mãe.

E agora ele tava tendo a chance de "abraça-la" depois de tanto tempo. Os vídeos dela chegando e ele lhe recebendo com toda animação do mundo, lhe era sempre mostrado.

E quando ele perguntava "onde está a mamãe?" Era sempre a mesma resposta "virou uma estrelinha". Mas ora, o que queriam dizer com isso? E agora ela realmente estava ali.

A loira pareceu ter notado que o garoto estava com ela e se aproximou ainda mais com um sorriso reconfortante.

- Olá, você é a mãe desse lindo garotinho? - Perguntou a mulher sorrindo, fazendo com que Maraísa desse pequenos passos para trás assustada.

A voz era a mesma...

A aparência...

O sorriso... aquele sorriso....

- Ele me chamou de mamãe, acho que não somos tão parecidas assim não. - Gargalhou a loira fazendo a mais velha a sua frente continuar a lhe encarar. - Você está pálida, tá tudo bem?

A risada...

- Marilia? - gaguejou Maraísa.

- Olha, você deve ser a quinta pessoa que me chama assim, só hoje. - Falou ela parecendo cansada, várias pessoas haviam lhe olhado estranho, outras tiravam fotos talvez não tão discretamente. - Me chamo Maria.

- Maria? Maria o que? - Perguntou Maraísa ainda olhando a mulher que arqueou a sobrancelha.

- Por que tanta curiosidade? - Questionou Maria desconfiada fazendo Maraísa soltar um suspiro cansado.

- Você parece muito com uma pessoa. - Concluiu baixando o olhar já sentindo seus olhos lacrimejarem. Só queria voltar para casa e se jogar em sua cama, mas ainda teria o pequeno Léo.

- Hum, vem cá, você é a mãe dele? - Perguntou a loira curiosa vendo Maraísa negar mordendo seu lábio inferior.

Léo não parecia disposto a soltar a mulher nem tão cedo, o sorriso não sumia de seu rosto um segundo se quer. Ele era o clone dela, Deus.

- Você quer comer alguma coisa? - Maraísa realmente queria passar mais algum tempo com aquela mulher, precisava saber mais sobre ela.

- Na verdade, eu preciso ir para casa. - A loira concluiu, não era totalmente mentira. Tinha que ir trabalhar, ajudar a senhora que vinha lhe ajudando.

Desde que acordou há algumas semanas sem ter a mínima ideia de quem era ou do que havia acontecido, uma senhora vinha lhe ajudando.

Não lembrar-se de nada sobre ela mesma, era frustrante.

- Tudo bem então. - Concluiu Maraísa pegando o pequeno Léo que tirou o sorriso do rosto quando viu a mulher se afastar, a expressão de choro vindo logo em seguida.

- Mamãe vai trabalhar de novo? - Perguntou o garotinho a Maraísa que suspirou fundo segurando o choro, apenas para olhar para o menino.

- Essa não é a mamãe, amor. - Concluiu, vendo o menino lhe olhar confuso, logo colocando um biquinho e os olhinhos começarem a brilhar. - Mamãe virou estrelinha, lembra?

"É claro que era a sua mãe, era igual a do vídeo, a voz, o sorriso, a aparência." - Pensou ele.

Desceu do braço da mais velha e correu em direção a mulher que estava indo embora, logo agarrando sua perna.

- O que foi garotinho? - Maria perguntou ao ver os olhinhos brilhantes do menino que parecia prestes a chorar.

- Você vai trabalhar de novo, mamãe? - Perguntou o menino arrancando uma expressão confusa da loira, fazendo-a voltar seu olhar até Maraísa que estava se aproximando.

Aquilo ainda lhe era surreal, não havia como aquela mulher não ser ela. Precisava saber mais sobre a loira a sua frente ou enlouqueceria.

- Essa não é a mamãe. - Maraísa tentou novamente vendo o menino mais novo a ignorar. Passou as mãos pelo rosto e suspirou fundo vendo a loira apenas analisar a situação. - Você sabe quem é Marília Mendonça? - Perguntou com a cabeça jogada para o lado, esperando uma resposta da mesma.

- Não, mas eu já ouvi esse nome mais de dez vezes só hoje. - Respondeu Maria em tom de irônia fazendo a morena a sua frente sentir sua esperança aumentar.

Como ela não saberia quem era Marília Mendonça? Morando em Goiânia, aquilo era impossível.

- Você aceita ir a minha casa? Só para tomar uma água e eu explicar algumas coisas, sei que você não tem nada a ver mas ele não quer largar você. - A desculpa era tão esfarrapada que Maraísa estava quase desistindo, isso se a loira não tivesse concordado.

A mulher não aguentaria ver aquele pequenino chorar, não sabia porque aquela criança havia lhe encantado tanto, talvez a forma como ele havia lhe confundido com sua mãe.

- Você pode olhar ele, rapidinho? - Perguntou Maraísa vendo a loira assentir com a atenção no menino mais novo em seu braço.

Maraísa afastou-se ainda com os dois em vista e pegou seu celular para ligar para sua irmã, precisava dela em casa para entender o que estava acontecendo.

- Irmã? Algum problema? - Maiara perguntou ao atender o telefonema.

- Vai pra casa agora, é muito importante. - Afirmou com a atenção nos dois ali que conversavam.

"Marília tinha um grande sorriso no rosto enquanto falava com o menino." - Imaginou Maraísa.

Para Maria era estranho como ele afirmava que ela era sua mãe, mesmo depois desse tempo com ela. Não seriam tão idênticas assim, não é? A voz, o sorriso, a risada, algo deveria ser diferente.

- Uai, por que? - Perguntou Maiara pegando sua bolsa em cima do sofá, enquanto Gustavo a olhava confusa.

- Eu juro para você que é extremamente importante, a Marília tá aqui! O Léo não larga ela. - Concluiu Maraísa com uma expressão confusa, não sabia como explicar aquilo. Até porquê, nem teria como.

- Maraísa? - Maiara colocou uma expressão ainda mais confusa, como se a irmã tivesse falado um absurdo. - Eu tô chegando.

Maraísa desligou o telefone e suspirou fundo antes de voltar para onde os dois estavam, queria tanto por alguns segundos poder abraçar a loira. Jamais seria capaz de descrever a saudade que sentia de Marília.

De alguma forma, aquilo tudo parecia muito confuso. E se aquela mulher fosse realmente a Marília? Mas não tinha como, assim como não tinha como aquela não ser a sua Marília.

Ao caminho para casa, não havia quem conseguisse fazer o Léo soltar a loira. Ele deixou sua cabeça deitada em seu ombro durante todo o caminho.

Maraísa parou em frente a sua casa, ganhando um "uau" de Maria, era uma casa enorme. O portão abriu automaticamente para ela e a mulher entrou com o pequeno Léo na frente.

A morena passou a frente para abrir a porta para a loira e o menino e assim que o fez a mais nova colocou o pequeno no chão que sorriu e puxou a mesma para sentar-se no sofá.

Maiara desceu as escadas vendo a irmã fechar a porta e antes que pudesse dizer algo, a sua atenção foi tomada por uma risada que ela reconheceria em qualquer lugar.

Arregalou os olhos e levou sua atenção ao sofá, onde a mulher parecia concentrada no menino que falava várias coisas ao mesmo tempo. Ele realmente havia sentido falta.

A passos apressados terminou de descer a escada e seguiu até a mulher ali sentada, ela travou. Seu corpo simplismente não permitia receber seus comandos, mas não é como se ela conseguisse dar algum comando naquele momento.

- Nossa, mas vocês são gêmeas? - Maria concluiu surpresa ao olhar para Maraísa atrás do sofá e a garota que lhe olhava a sua frente.

- Marília!? - Gaguejou Maiara sem acreditar.

            
            

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