JOGO DE SEDUÇÃO...
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Capítulo 5 5

NARRAÇÃO DANIEL

O beijo logo para quando Melissa morde minha boca com muita força.

- Porra!

Grito ao sentir o gosto de sangue e meu lábio cortado começar a inchar.

- Que merda, Melissa!

Passo a mão no lábio que lateja e ela me olha brava.

- Nunca mais me beije sem a minha permissão. Você é idiota?! Se diz inteligente, mas na verdade é mais um babaca controlado por um pau duro. Que raiva!

Sai a passos firmes, batendo de verdade os pés no chão. Vou acompanhando ela com os olhos e vejo passar pelo amigo de Isabel. Que se foda o amigo! Ando rápido atrás da mordedora de boca.

- Espera!

Grito e ela começa a correr. Inferno! Nunca corri atrás de mulher na minha vida e me vejo correr atrás de uma falsa amante, irritada por um beijo. Queria entender que merda me deu para beijá-la.

- Mel!

- Não me chame de Mel!

Ela parece ainda mais irritada. Quando chegamos na rua, puxo seu braço antes que uma moto a acerte.

- Não precisa surtar por causa de um beijo.

- Me solta!

Puxa o braço e se afasta de mim.

- Me desculpa! Deixei me levar pelo fato de ter dito que queria me beijar.

Ficamos no meio da rua nos encarando e Melissa cruza os braços.

- Você passou a noite toda me seduzindo e disse que queria me beijar, foder naquele beco e fui levado pelo clima. Me desculpa!

Ela parece tão pequena encolhida como está agora. Nem parece a explosão de mulher que vem sendo desde que a conheci.

- Eu não posso aceitar ser sua falsa amante e precisa entender isso. Aceite meu não e me deixe em paz.

- Não sei lidar com o não.

- Aprenda!

- Não quero! Pelo menos não agora!

- É por estar dizendo não que está assim nessa obsessão?

- Eu não sei! Só sei que venho procurando alguém para esse plano e ninguém se encaixa melhor nele do que você.

- Por que? Por ser bonita? Por que sua mulher vai ver esse rostinho bonito e morrer de ciúmes?

- Não!

Vem se aproximando, mantendo seus enormes olhos azuis nos meus.

- Por que?

Para a minha frente e respira fundo!

- Por que eu?

- Porque você foi a única com quem quis ficar mais de meia hora perto. Todas as outras eu queria sair correndo e nunca mais ver na minha vida.

- As outras diziam sim senhor!

Sussurra e vejo que está triste com a situação.

- É por isso!

- Não! Vai além disso e não sei explicar. Deve ser o fato de ser inteligente, ter uma boca respondona e eu nunca saber o que vai fazer.

- Daniel, você não está procurando uma falsa amante, mas sim alguém que torne sua vida menos chata, com menos tédio.

Reflito sobre o que me diz.

- Deve ser cercado de pessoas que fazem tudo o que manda, incluindo sua mulher.

Isso é verdade!

- Isso te dava prazer, mas não dá mais.

- Está querendo dizer que não tenho um plano para deixar minha mulher com ciúmes, mas sim me tirar do tédio?

- Só quem pode responder isso é você.

Vai se afastando e abre um pequeno sorriso.

- Boa sorte em tentar responder.

Vira pra ir embora e a chamo fazendo seu corpo parar, mas Melissa não se vira.

- Te levo até sua casa.

- Já tivemos intimidade demais por hoje, acho que não seria bom saber onde moro.

- Acha mesmo que não sei onde mora?

Sei que está sorrindo enquanto balança a cabeça.

- Talvez hoje fique em outro lugar. Boa noite, Daniel!

************

Abro a porta de casa e dou de frente com Isabel. Me olha desconfiada e bate o pé no chão de forma irritante, como se esperasse explicações.

- Como foi o jantar com seu amigo?

Acho que as fofocas chegaram em seus ouvidos.

- Foi muito bom!

Jogo minhas coisas sobre a mesinha embaixo do enorme espelho.

- O que foi isso na sua boca?

Passo minha língua onde Melissa mordeu e ainda está inchado.

- Machuquei!

- Como?

Não respondo e pego uma bebida no bar. Talvez um pouco de conhaque pra finalizar o dia de merda.

- Alguma cadela de rua te mordeu?

Começo a rir com o ciúmes de Isabel, mas dentro de mim suas palavras soam de forma ofensiva demais a Melissa.

- Acho que já está tarde, deveria ir dormir.

- Não quero você em nossa cama hoje.

Cruza os braços e viro de uma vez o conhaque do copo em minha boca.

- Está fedendo a vadia.

- Por mim tudo bem!

Pego a garrafa de conhaque e caminho em direção ao quarto de visitas.

- Boa noite, querida!

Entro no corredor e assim que estou no quarto, tranco a porta para não ter que me irritar com invasões noturnas. Coloco copo e garrafa sobre o criado ao lado da cama e arranco minhas roupas. Jogo tudo no chão e vou para o banheiro. Olho minha boca no espelho e vejo o estrago. Até sorrir faz essa merda doer. Respiro fundo ao me lembrar do que Melissa me falou e vou para o chuveiro.

**********

Me sinto sufocado e não consigo dormir. Pego o celular e procuro pelo telefone dela. Ligo e no terceiro toque, Melissa atende.

- Oi!

Fala baixinho como se não quisesse que a escutem.

- Queria saber se chegou bem no lugar.

- Cheguei!

Fica em silêncio e só o som de sua respiração já faz a culpa do beijo foder minha mente.

- Me desculpe pelo beijo!

- Tudo bem! Sei que só me beijou porque eu disse que queria te beijar.

- Não! Acho que te beijei porque também queria.

- Você disse que não queria.

- Estava mentindo!

- Mel!

Escuto uma voz feminina chamá-la e imagino que tenha tampado o aparelho para que eu não escute a conversa das duas. Após um curto tempo ela volta.

- Desculpa! Minha irmã queria saber algumas coisas.

- Eduarda?

- Parece que sabe mesmo tudo sobre mim.

- Quase tudo! Li detalhadamente o relatório que fizeram.

- Então vai poder me responder que bebida mais amo no mundo todo!

- Isso não estava no relatório.

- É porque ali só tem a Melissa e não a Mel. Sou muito mais que um relatório, Daniel. A Melissa que leu, a dançarina, aceitaria sua oferta sem questionar nada. Seria apenas "sim senhor".

- Então me diz porque a Mel não aceita.

- Porque ela sabe que nessa brincadeira, apenas uma pessoa sairá machucada.

- Quem?

- Eu! No fim de tudo você teria seu sexo alucinante com sua mulher ciumenta e eu estaria apaixonada por você, por tudo que me daria e faria por mim. Estaria deslumbrada por uma vida que não me pertence. Estaria tão envolvida com a nossa falsa relação, que sonharia que um dia você trocaria sua esposa por mim, que eu pudesse ser o amor da sua vida.

Ficamos em silêncio e não sei o que dizer.

- Não posso ser sua falsa amante. Não posso te beijar e dizer que não vou me abalar. Não posso brincar de sedução com você e no fim não cair de cabeça no desejo e me lambuzar dessa loucura.

- Está me dizendo que seria impossível se manter como minha falsa amante, porque sucumbiria ao desejo e se tornaria uma amante de verdade?

- Estou dizendo que em todas as alternativas possíveis, serei sempre eu a machucada no fim.

- Mel...

- Não! Procure outra pessoa, Daniel!

- Eu não quero!

- Eu não posso!

Diz cansada e bufa.

- Você quer?

Não me responde e nem eu sei se deveria responder.

- Você estaria disposta a correr o risco, cair de cabeça no meu plano e descobrir se eu largaria tudo por você?

                         

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