- Fique com o troco.
Volto a andar rápido e assim que saio do restaurante, entro em choque.
- O que está fazendo?
Pergunto à louca da Melissa, que simplesmente está rasgando o vestido longo na parte dos joelhos.
- Customizando! Esse vestido longo não combina comigo.
- Esse vestido vale doze mil.
- Agora esta valendo seis mil, porque só tem metade do vestido.
Ela está rindo? Sério mesmo que está achando graça disso tudo?
- Eu sei que você quer rir.
- Rir? Estou furioso! Nunca ninguém foi tão grosseira, atrevida, sem educação e sem respeito por mim assim.
Segurando o resto do vestido em sua mão, vem andando até mim, agora com um vestido curto.
- Por isso me quer!
Espalma as mãos em meu peito e suavemente brinca com as pontas dos dedos no tecido da camisa, me fazendo prender o ar.
- Você não me quer como falsa amante.
- Quero sim!
- Não...
Desce a mão direita em direção ao meu membro e a esquerda pela minha nuca. Agarra meu cabelo ao mesmo tempo que encontra meu membro duro, o acariciando por cima da calça.
- Você está excitado comigo, com aquilo que não controla e não pode ter.
Cola o corpo no meu e posso sentir seus seios. Sua boca está perto do meu ouvido.
- Você me quer, deseja me foder forte e duro pra me mostrar quão poderoso e dono da porra toda é.
Segura forte minha ereção e seus lábios deslizam pelo meu maxilar até o canto da minha boca. Ela consegue me fazer parar de respirar muito facilmente e isso não é bom. Ninguém mexe comigo assim, ninguém me tira da minha zona de segurança.
- Sou aquilo que você nunca vai controlar, porque não possuo dono, ninguém me controla.
Solta meu membro e meu cabelo, se afastando de mim.
- Sou dona de mim.
Vira me dando as costas, tira seus saltos e vai andando descalça pela calçada.
- Seu carro, senhor!
Vejo o garoto manobrista e percebo que meu carro está pronto para partir. Entro no carro, fecho a porta um pouco irritado e acelero, saindo com ele. Paro de acelerar quando a vejo andando. Abaixo meu vidro e respiro fundo.
- Entra no carro!
- Não!
- Te deixo na sua casa.
- Não vou pra minha casa, vou usar meu vestido novo.
- Melissa, entra no carro!
- Sr. Brandão, volte para o meio das pernas da sua esposa e foda com ela pensando em mim. Vai se sentir mais calmo.
Praticamente jogo o carro em cima da calçada, fechando sua passagem. Melissa apenas ergue a sobrancelha e com um ar atrevido, sobe no capô do meu carro e passa por cima, conseguindo voltar a caminhar.
- Caralho! Você é... é...
- Para de ser um idiota!
Grita de volta.
- Se quiser vir se divertir, saia da sua bolha de ouro, deixe esse carro e vem andar comigo.
Enfio meu rosto no volante e respiro fundo. Devia desistir dessa louca e procurar alguém mais controlável. Essa mulher nunca vai aceitar ser minha falsa amante e se aceitar, vai me dar uma dor de cabeça absurda. Tiro meu rosto do volante e vejo que ela já está bem longe. Não sei o que estou fazendo, só sei que puxo o carro pra estacionar direito e assim que arrumo saio dele, correndo em direção Melissa.
- Espera!
Grito correndo bastante e ela não para de andar.
- Disse pra me esperar!
- O mundo não para, Sr. Brandão! Seja mais rápido para viver a vida.
Assim que a alcanço, percebo que está com um enorme sorriso. Que merda eu fiz? Agora está se achando as minhas custas.
- Tire o paletó!
- Pra que?
- Apenas tire.
Paramos de andar e tiro paletó. Imagino que esteja com frio, já que seu vestido é bem decotado. Coloco em seus ombros ela sorri.
- Muito gentil! Obrigada!
- De nada!
Tira o paletó do ombro e anda até um homem que dorme na calçada. O cobre e ele sorri pra ela.
- Obrigado!
- Agradeça a ele!
Aponta com a cabeça pra mim e não acredito que acabei de perder meu paletó Armani para um mendigo. Essa merda custou caro demais pra ser usado por um senhor sujo.
- Obrigado! Que Deus lhe recompense por isso.
Dou um pequeno sorriso e voltamos a caminhar.
- Está calado demais.
Melissa diz me observando.
- Apenas contabilizando o quanto já me fez jogar fora de dinheiro. Vestido, paletó, um jantar onde eu não comi nada.
Sua risada alta me faz querer rir também, mas me seguro.
- Imagino que o valor gasto comigo hoje, seja o valor gasto por sua mulher em um dia comum no shopping.
- Quase isso!
- Então pare de reclamar. Esse vestido vai se divertir muito essa noite, aquele homem vai ter uma noite aquecida depois de passar frio.
- Como resolverá minha fome?
- Vai ver daqui a pouco.
Segura meu braço e paramos de andar. Vira e suas mãos desfazem o nó da minha gravata.
- Vai dar minha gravata pra alguém?
Sorri e puxa ela pelo meu pescoço, até sair toda.
- Quer me amarrar com ela, jogar meu corpo em seu ombro e me levar pra onde quiser?
- Quero!
Revira os olhos e enrola a gravada na mão, colocando ela em meu bolso em seguida.
- Não terá seu desejo realizado hoje, Sr. Brandão!
Seus dedos abrem os primeiros botões da minha camisa.
- Pronto! Agora parece um homem de trinta e poucos anos, indo curtir a noite.
Olho para baixo e vejo um Daniel Brandão parecendo um estagiário saindo de seu trabalho pra ir beber.
- Vamos pra que bar de esquina?
Não responde e volta a andar.
- Não é um bar.
Fala após cinco minutos e entramos em um beco.
- Mas um local de tradição e cultura. Um local onde você pode ver um povo livre, apenas celebrando a vida.
Começo a ouvir uma música e ao fundo do beco vejo luzes iluminando algumas pessoas dançando. Não é uma musica que reconheça e tão pouco já vi essa dança antes.
- Quem são?
- Alguns amigos cubanos!
- Cubanos em São Paulo?
- Você acha que em São Paulo só tem brasileiros? Acha que só tem gente como você?
- Não! Sei que tem pessoas diferentes de mim, mas não cubanos.
- Pois temos vários lugares onde alguns povos vivem sem serem notados.
- Estão aqui de forma ilegal?
- Não! Estão a trabalho e sempre estão próximos para não se esquecerem de suas tradições. É como carregar Cuba em seu coração.
- Mel!
Um homem se aproxima e a toma em seus braços, erguendo seu corpo e a rodando. Isso me incomoda muito.
- José!
Ele coloca Melissa no chão.
- Você está!
Olha todo radiante pra ela e segurando sua mão, a roda somente para seus olhos devorarem.
- Uau!
- Gostou do meu vestido novo?
- É lindo e realça seu belo corpo e olhos.
- Obrigada!
Meu maxilar e meus dedos doem de tanto que os aperto. Isso é estranho e irritante demais pra mim.
- Esse é meu amigo, Daniel!
- Prazer!
Estica a mão pra mim e a pego, apertando forte.
- Fiquem a vontade, já sabe onde tem tudo, Mel.
- Pode deixar!
Solta da minha mão e some em meio as pessoas dançando.
- Mel?
Pergunto a encarando com os olhos estreitos.
- Algumas pessoas muito próximas e queridas por mim, me chamam assim.
- Entendi, Mel!
Se aproxima e sussurra perto dos meus lábios.
- Pra você é Melissa!
Agarra minha camisa e me puxa para o meio da dança.
- Dança comigo!
- Não sou bom com danças que não conheço.
- Só acompanha o meu corpo.
Paramos de andar e sua perna direita se encaixa entra as minhas. Leva a minha mão para a parte superior de sua bunda, meus dedos bem no limite. Uma mão se apóia em meu braço e a outra em minha nuca, puxando meu rosto pra perto do dela. O ar quente que sai de sua boca bate em meus lábios de tão próximos que estão. Sua bunda se afasta e então volta, batendo seu sexo em minha coxa, no ritmo da musica que é muito sensual. Esfrega seu sexo em minha perna e geme. Seu nariz desliza no meu e então seu peito bate em meu tórax.
- Pronto pra ficar mais excitado por mim?