ME APAIXONEI POR VOCÊ
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Capítulo 5 5

NARRAÇÃO FELIPE

Faz vinte minutos que tento girar a maçaneta da porta para abri-la. Meu corpo todo está gelado e tremendo. Respirar se tornou uma tortura e a vontade de chorar por ter que sair só me deixa ainda mais apavorado. Já era para estar na empresa, mas eu não consigo sair daqui. Tiro a mão da maçaneta e pego meu celular no bolso. Ligo para o Tadeu e chama várias vezes antes de cair na caixa postal. Desligo e ligo novamente, esperando que dessa vez ele atenda. Sou direcionado para a caixa de mensagem e espero para deixar o meu recado.

- Aqui é o Tadeu e não vou atender Felipe, vem sem desculpa.

Estou sorrindo de nervoso e desligo sem deixar recado. Não vou! Não consigo! Saio de perto da porta e vou para o meu sofá. Sento e passo minhas mãos várias vezes na cabeça, tentando me acalmar.

- Não vai acontecer nada! Não vai acontecer nada!

Repito algumas vezes e agarro meu cabelo com força.

- Preciso sair! Eu consigo!

Me assusto quando escuto a campainha tocar. Levanto, vou até a porta e quando abro encontro um Tadeu com olhar furioso.

- Você nem tentou sair!

Solta bravo e passa por mim a passos firmes, entrando na minha casa.

- Você nem foi até a calçada pra tentar!

- Eu não consegui! Juro que fiquei um tempão tentando abrir a porta para sair.

Digo mostrando a minha pasta de trabalho com o que fiz pra entregar e usaria pra trazer novos serviços. Fecho a porta e me sinto mais tranquilo por ele estar aqui.

- Vou te ajudar a sair!

- Não precisa! Já que está aqui pode levar o que eu fiz e me dar as coisas novas.

- Não peguei as coisas novas, vou te levar pra buscar.

- Veio aqui só pra me vigiar?

- Não! Vim aqui porque sabia que não conseguiria passar por aquela porta. Como quer procurar os órgãos da sua irmã se nem ir na calçada consegue?

- Sair pela Sabrina é mais importante que meu trabalho no momento.

- Ótimo! Então vamos falar com a moça do coração.

Sinto minhas pernas bambearem e procuro o sofá para sentar.

- Sério?

- Sim!

- Não brinca comigo!

- Já me fez perder um dia de trabalho, então vamos perseguir órgãos.

- Para de chamar isso de "perseguir órgãos".

- Mas é a verdade! Não tenta transformar isso em algo fofo que não é.

Olho a porta e depois minhas mãos trêmulas.

- Assume que não consegue sair daqui!

Olho para o Tadeu que fixa o olhar em mim.

- Fala!

- Estou apavorado por não saber o que me espera lá fora. Aqui dentro eu controlo tudo no máximo que consigo, mas lá tudo sai do meu controle.

- Às vezes não ter o controle das coisas é essencial para sobrevivermos nesse mundo. Saber que nada é igual ou vai seguir a mesma rotina nos dá esperança de que o dia seguinte vai ser melhor.

- Mas pode ser pior!

Tadeu respira fundo e cruza os braços, claramente sem paciência comigo.

- Temos 50% de chance de sair por aquela porta e ter um dia de merda. Assim como temos 50% de chance de sairmos por aquela porta e ter um dia do caralho com alguém que carrega o coração da sua irmã. Você decide se arrisca essa porcentagem dividida ou se fica aqui com seus 100% de segurança e controle da sua vida.

Tadeu não espera eu responder ou tentar pensar sobre o que me disse e vai pra fora, deixando a porta aberta.

- Estou facilitando sua vida, é só sair e fechar a porta. Te espero no carro!

************

MEIA HORA DEPOIS

De olhos fechados saio pela porta e antes que me arrependa disso fecho a porta. O sol quente bate em meu rosto e o calor não é agradável pra mim. Mesmo de olhos fechados a claridade é insuportável e sou obrigado a cobrir meus olhos com as mãos.

- Usa isso!

Tadeu diz e tiro as mãos dos olhos, sentindo ele colocar um óculos em meu rosto. Abro meus olhos e já é mais suportável encarar a claridade.

- Vem logo! Temos que encontrar a pessoa antes da hora do almoço.

- Por que?

- Porque sim! Não precisa saber muito da pessoa.

Vai andando em direção ao carro e vou a passos lentos atrás, olhando para todos os lados com medo do que pode surgir inesperadamente. Tadeu avisa que já separou as cinco pessoas e que fez o levantamento de onde estão. Abre a porta do carro e fica me esperando. Paro em frente a porta do passageiro e não acredito que esse filho da mãe me deu um óculos de mulher. Vejo meu reflexo no vidro e estou feminino demais. Olho pra ele que segura a vontade de rir.

- Se perguntarem, somos um casal!

- Claramente sou o passivo!

- Exato! Já que estou nessa loucura por você, nada mais justo que deixar eu ser o comedor.

- Preciso comprar um óculos pra mim.

- Na volta podemos passar no shopping e...

- Não! Vamos procurar a pessoa, ver como está e voltar pra casa. Compro pela internet o óculos. Não quero passar muito tempo aqui fora.

- Tem certeza? Pode ser que goste de ficar aqui fora.

- Nesse momento eu só quero voltar pra casa desesperadamente. Não, isso nunca vai ser agradável, é suportável pelo que vou fazer.

- Entra no carro e vamos acabar logo com sua tortura.

Entra e fecha a porta, me esperando entrar. O vidro do carro abaixa e o vejo me encarar.

- Entra!

Ordena e não consigo. Só consigo pensar nos meus pais presos nas ferragens do carro que tirou a vida deles. Quando cheguei no local do acidente, os bombeiros lutavam para tira-los das ferragens. Meu pai estava inconsciente, mas minha mãe gritava de dor, medo e desespero. Fecho meus olhos e parece que voltei dez anos no tempo.

"- Mãe!

Grito desesperado ao ouvir minha mãe chorando em meio ao som alto da serra.

- Felipe!

Me chama e imploro ao policial que me deixe passar pra ficar com ela.

- É a minha mãe e precisa de mim. Por favor, não posso deixar ela sozinha nesse momento.

Ele troca olhares com outro policial e abre o cerco pra mim.

- Não atrapalha a equipe de resgate.

- Obrigado!

Corro em direção ao carro que está de ponta cabeça e fujo das faíscas que saem da serra ao tentar cortar o ferro.

- Felipe!

Minha mãe sussurra ao me ver e tento me aproximar.

- Coloca proteção no rosto.

Um dos bombeiros diz e me entrega um visor para impedir que qualquer coisa voe e me queime. Coloco e me abaixo, tentando pegar a mão da minha mãe. Ela chora tanto que me parte o coração.

- Vai ficar tudo bem!

Sussurro e aperto sua não, tentando acalmá-la.

- Sabrina!

- Está com a D. Elsa, nossa vizinha!

Fecha os olhos e solta soluços altos de dor.

- Seu pai...

Olho para vê-lo e está desacordado enquanto tentam tira-lo.

- Está bem, daqui a pouco sairemos daqui, no hospital vai ficar melhor e vão tirar a dor que sentem agora.

Movimentos intensos me chamam a atenção e percebo que é a equipe que está com o meu pai. Eles tentam de alguma forma reanimá-lo e estou me controlando para não chorar. Minha mãe fica me olhando e não quero que fique ainda mais nervosa.

- Felipe, o que está acontecendo?

Pergunta ao perceber que tento não chorar.

- Nada!

- Não minta pra mim!

Pede e começam a tentar arrancar meu pai do carro para salva-lo.

- É o seu pai?

Apenas confirmo com a cabeça e seu grito de dor ecoa dentro do meu peito, enquanto o choro explode de dentro de mim.

- Não! Não! Não!

Grita mais e mais enquanto assisto os paramédicos pararem tudo, porque não podem fazer mais nada. Abaixo minha cabeça e fecho meus olhos, sentindo uma dor insuportável me consumir. Ergo minha cabeça e abro os olhos desesperado quando não sinto mais o aperto da mão da minha mãe na minha. Encaro seu corpo desfalecido e começo a gritar por ajuda. Sou arrancado de perto dela e novamente assisto os paramédicos lutando pela vida de alguém que tanto amo. Fica mãe! Por favor, fica!"

Sinto mãos firmes me segurarem pelos braços e meu nome ecoar no fundo da minha mente. Foco os olhos do Tadeu que me encaram assustados.

- Respira!

Ele implora e puxo o ar com tudo para o meu pulmão, parando de sentir a agonia e o desespero.

- Não quero entrar no carro! Não consigo!

                         

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