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Kenny dormiu na casa que estava inacabada. Ao amanhecer, acordou com formigas ferroando seu corpo. Ele ficou cheio de marcas em sua pele. Seu estômago começou a roncar de fome, estava todo sujo e cansado. Se levantou e foi andando em busca de abrigo. Depois de andar por muitas horas, avistou uma fazenda. Mas ao que parece, ele estava na parte de trás. De repente um fazendeiro surgiu no lugar. Kenny se escondeu atrás de uma árvore. O fazendeiro estava com um balde cheio de restos de comida, jogou numa calha de madeira para os porcos e foi embora. Kenny esperou mais um pouco e pulou a cerca.
Foi até onde estava os animais, e pegou um pouco do resto que eles estavam comendo. Ele parava e respirava fundo, pois o cheiro dos animais e da comida estavam desagradáveis. Na parte da frente, uma garotinha estava brincando com uma bola.
- Nossa está muito calor, acho que vou beber um pouco de água.
Ela foi até a cozinha, bebeu sua água e fechou a geladeira. Quando foi olhar para janela, viu Kenny junto aos porcos. Foi até os fundos da fazenda para espiá-lo.
- "Ainda estou com fome, pensou". Ele foi até um milharal, arrancou algumas espigas e comeu no mesmo lugar. Ficou olhando para as espigas e pensou: - Por que estou passando por tudo isso? O que eu fiz?
De repente, alguém agarrou a gola de sua camisa.
- Então você é o rato miserável que estava roubando a comida dos meus animais e atacando meu milharal? - Gritou o fazendeiro. Kenny não disse nada. O fazendeiro deu vários socos no estômago do garoto que o fez vomitar tudo o que tinha comido.
- Pois agora você vai botar tudo isso pra fora!
Kenny começou a chorar, porém estava aguentando a dor. Ele sente algo tocar sua cabeça, era uma espingarda.
- Ratos comilões como você devem roer no inferno, não nas minhas terras!
Kenny olhou para ele e disse: - Por favor, não me mate! Eu trabalho aqui para pagar o que fiz! - O fazendeiro abaixa a arma e fala: - Agora você disse a coisa certa.
Ele pegou uma espiga, descascou e jogou os milhos no vômito do garoto, jogou terra e cuspiu logo em seguida.
- Pode comer, você não estava com fome? Vamos!
Kenny olhou com nojo para o chão.
- Se não comer, eu juro que espoco seus miolos e dou para meus porcos comerem!
Kenny sem coragem respira fundo e quando ia começar a comer, o fazendeiro com o pé esquerdo, pisa na cabeça do garoto.
- Vamos, coma logo isso. Eu não tenho o dia todo.
Ele se levanta, e começa a comer seu próprio vômito. Ele estava segurando ao máximo o enjôo.
-Hahahahahaha, o que uma pessoa faz para não morrer, hahahahaha! Se conseguiu comer restos de dias atrás, achei que iria comer o que veio de dentro de você. Vamos, levanta daí e vem comigo.
Ele o puxa novamente pela gola e o levanta do chão. Chegando na casa do tal fazendeiro, eles vão até a cozinha.
- Meu nome é George Grill. Mas quero que me chame de Senhor Grill. Você vai limpar os estábulos dos cavalos. Escove-os e depois alimente as vacas, minha filha Tilly vai te mostrar o caminho.
O estômago de Kenny ronca e George escuta.
- Ah, já está com fome? Só vai comer quando terminar os serviços. Suma daqui!
A filha de George aparece e chama Kenny para segui-lá. Enquanto andavam, ela pergunta: - Qual seu nome? De onde você veio? Por que veio pra cá? - Ele não responde as perguntas, então Tilly lhe dá uma rasteira.
- Aí seu idiota, por que não me respondeu? O gato comeu sua língua foi?
- N-não...
- não o quê?
Ele se levanta e percebeu que chegou ao estábulo.
- Quer saber, eu não tô nem aí pra você.
Ela vai embora. Kenny começa a limpeza. Depois de 2 horas, ele vai até os cavalos para limpá-los. Sua fome estava tão intensa como nunca. Alimentou as vacas e voltou para a casa.
- O almoço está na mesa! Quem não vier logo, a comida vai encher de moscas - gritou a esposa de George.
- Até que enfim mamãe, já estava morrendo de fome aqui.
- Essa comida demorou ein!
- Se demorou não tenho culpa, se fizesse rápido ia ficar ruim e eu que iria escutar reclamações depois!
Kenny chega, se senta na mesa e abaixa a cabeça.
- Quem é esse moleque?
- É um espertinho que estava se aproveitando dos meus milhos. Assustei ele com minha espingarda e agora vai trabalhar aqui até pagar o prejuízo.
- Ah tá, oh garoto, vai lavar suas mãos! Sua mãe não te ensinou isso?
Lágrimas caem de seus olhos, lembrou-se de Cristine, ela não estava ali para consolá-lo. Ele vai até a pia, lava as mãos e volta para mesa.
- O garoto pode comer o quanto quiser, se não, ele cai morto de fome por aí e depois o trabalho de enterrar ele sobra pra mim.
- Ei menino mudo, qual seu nome?
- Deixe comigo filha - respondeu George - garoto, pra facilitar nossa comunicação, preciso saber algumas coisas, assim você me poupa esforços. Por que veio até aqui?
Kenny não teve escolha a não ser responder.
- Eu fugi...
- de onde e de quem?
- De casa e...do meu...
- seu o quê?
- Do meu...p-pai...
- seu pai era um cara mau?
- Si...sim.
- e qual é seu nome?
- Ke...kenny.
- Tá, volte a comer.
Chorando, ele continua comendo e algumas gotas de suas lágrimas caem na comida. Assim que terminou, George pegou uma foice e o chamou.
- Oh garoto, vem cá. Tenho um serviço pra você.
- S-sim senhor...
- Preste atenção, você vai cortar algumas canas-de-açúcar, o suco vamos vender. Tome essa foice e cuidado porque ela tá bem afiada.
Saindo da casa e chegando às canas-de-açúcar, começou o seu trabalho. Tilly o seguiu novamente.
- Eiiiii!
- Aaaaah!
Assustado, Kenny vira para onde estava Tilly e corta uma mecha de seu cabelo.
- Seu idiota, olha o que você fez!
- Me desculpa... você me assustou.
- Você quase corta minha cabeça! Eu vou contar tudo pro meu pai!
- Mas...eu não tive culpa.
Ela o empurra em cima das canas-de-açúcar.
- Termina logo isso! E você tá ferrado com meu pai.
Tilly vai embora. Acabando o serviço, ele recolhe todas as canas e leva até um depósito. Ele escuta alguém gritando no andar de cima e percebe que estava debaixo de um andar da casa.
- Como é que é? Ele tentou cortar sua cabeça? - Perguntou a mãe de Tilly.
- Aaaaahh, eu vou matar esse moleque!
Desesperado ele procura algum lugar para se esconder. Encontra um barril vazio, abre a tampa e entra dentro dele. George o procura pela fazenda toda, até que ele vai até o depósito.
- Quando eu encontrar esse pirralho! Cadê você? Se você tiver culhão, venha na mão comigo!
Kenny estava espremido dentro barril. Ele tentou se ajeitar de uma forma que não fizesse barulho ou mexesse nada. Mas quando foi tentar mexer, o barril balançou. George ouviu o barulho que vinha do barril e o derrubou. Kenny se mantinha no fundo enquanto George tentava agarrá-lo. Não conseguindo, ele pega um machado e começa a cortar. Kenny estava em desespero por conta dos impactos. Quando o barril se quebrou, Georgue pega um bastão de madeira e bate com ele em Kenny. A esposa dele aparece e diz:
- Já chega George, você vai matar ele desse jeito!
- Mas é isso que eu quero!
- Mate ele pai! Assim como ele queria fazer comigo!
BAAAM, BAAAM, BAAAM, BAAAM, BAAAM! Outros fazendeiros estavam batendo na porta.
-Tilly, veja quem está batendo!
Ela abre a porta e eles perguntam: - Seus pais estão bem? Ouvimos gritos e queríamos saber se estava tudo bem.
- Cadê o George?
- Sua mãe está segura?
- Papai está no depósito, ele vai dar uma lição num menino assassino que ia me matar!
Eles acreditaram em tudo o que ela falou, pois ela estava encenando um choro, o que os deixou com muita raiva.
- Como assim?
- Vamos matá-lo agora mesmo!
- Esse larazento tá ferrado nas minhas mãos!
Ao chegar no local, Kenny estava amarrado. Os outros chegaram e foram falar com George.
- Daremos uma liçãozinha nesse imbecil.
- Ninguém tenta nada contra meu patrão!
- Ele vai pagar por tudo o que fez!
Todos eles fizeram um cerco na frente de Kenny e foram pra cima dele de uma vez. Foram sequências de socos, chutes, tapas, empurrões. Levantavam-o e cada um socava por vez. Ele parecia um saco de pancadas. Quando cansaram, todos cuspiram no rosto de Kenny.
- Você ficará preso até a morte, e eu vou cortar seu corpo todinho e darei pros meus porcos comerem - disse George. Todo ensanguentado, ele lutava para sobreviver.
- Peguem esse filho de uma cadela e tranquem no meu porão! Lá tem algemas, correntes e uma porta reforçada para ele não escapar.
- Certo George!
- Pega a perna dele, e você pega os braços.
Levaram Kenny que já estava desmaiado. George chama sua esposa e fala: - Atélia, prepare um grande jantar hoje! Temos muitos convidados, vamos comemorar nossa vingança e o salvamento de nossa filha!
- É isso aí!
- Eu tava pensando nisso também.
- Ninguém sai limpo das nossas terras.
George jogou a chave para seu amigo que estava indo para o porão. Abriram a porta reforçada e jogaram o garoto com força no chão. Um fazendeiro o arrastou e o algemou nos braços e pernas, lhe deu um tapa na cara mesmo estando desmaiado e disse: - É isso que fazemos com idiotas das redondezas. Nós os atraímos para nossas casas, damos água, comida e abrigo só para saber se são de confiança. Quando vacilam, a ratoeira esmaga a cabeça de vocês como se fossem tomates.
- Oooff...ooofff...
- Agora fique aí até os vermes comerem você inteiro.
Eles vão embora e Kenny olha triste para o teto.
- Eu quero mais cerveja!!!
- E isso aqui é feito de quê? Tem camarão?
- Me passa a concha por favor!
- Eu também quero um pouco de carne.
- Quem foi que roubou meu prato?
A festa estava muito animada, todos estavam se divertindo, comendo, bebendo, e dançando.
- Atenção pessoal! Quero dizer uma coisa. - Todos ficaram em silêncio - essa festa, foi para agradecer à todos que ajudaram a salvar minha filha Tilly.
- Uhuuuuuuuu!
- Isso aí!
- Viva a nossa comunidade!
- Graças a vocês, ela se sentiu mais protegida. Fiquei muito preocupado, pensei que...ia perder minha pequena... Sniff.
- Não chore meu amor, nossa pequena está bem. Comam, bebam à vontade! Hoje a noite é de todos!
- A noite é nossaaaaaa!
- Vou ficar aqui até a madrugada!
Kenny estava ouvindo todos festejando. Fechou as suas mãos e as apertou com muito ódio. Tudo o que queria era sair dali.
- Aaaaarrg! Huuuuuuuuuurrrrrgggg! Raaaaaarrrrrggggggg! - Ele tentou se soltar, mas não tinha como, estava totalmente preso. Se recusando a morrer, ele tenta de todos os jeitos se desprender, mas novamente falhou. Cansado e com fome, se ajoelha no chão. Aos poucos, seus olhos vão fechando até ele desmaiar completamente.