Capítulo 4 Se as portas se fecharem, use uma janela.

O amanhecer chega. O sol nasce bem forte. George já está de pé e Atélia preparava o café. Bill dorme profundamente. Tilly começa a se dispertar. Ela se levanta, boceja e se estica. Saiu da cama e foi até o banheiro. Ela joga água no rosto para acordar mais. Escova os dentes e ao olhar para o espelho, nota que faltava algo, mas ignora e entra no chuveiro. Depois do banho, se veste e vai até a cozinha para tomar café. O efeito do remédio foi tão forte que não se lembrava de nada do dia anterior.

- Bom dia mamãe!

- Nossa, olha quem está contente hoje, bom dia filhinha.

- Cadê o papai?

- Ele foi trabalhar nas plantações. Seu primo ainda não acordou?

- Acho que não, quer que eu chame ele?

- Deixe ele dormir mais um pouquinho.

Bill começa a se dispertar. Ao se esticar, ele acaba tocando nos bolsos da calça e sente a chave.

- Hmmmm, nossa eu dormi demais. Ah! Preciso esconder essa chave em algum lugar! Mas aonde?

Ele olhou para o quarto todo. Pensando que não havia nenhum lugar onde ele poderia esconder, pensou na cama. Levantou o colchão e viu um pequeno espaço onde ficava a cabeceira. Segurando o colchão, coloca a chave no local, solta e arruma os lençóis que haviam saído do lugar.

- Espero que ela não mexa aqui.

Arrumou o quarto, escovou os dentes e desceu para a cozinha.

- Bom dia tia, bom dia prima, tudo bem?

- Muito bem, nunca dormi tão bem como ontem.

- Ah que bom.

- Mas sabe, sinto falta de algo, mas não sei o que é.

- Hum sério? Poxa...espero que você lembre logo...

- Acabei mãe, vou brincar um pouco lá fora.

- Tá bom meu bem.

- "Droga preciso terminar de comer logo e devolver a chave onde achei, pensou."

- Tia o café estava ótimo, obrigado.

- Mas você não vai terminar?

- É que eu já estou cheio, hehe.

- Ah tudo bem Bill - disse Atélia confusa.

Bill foi correndo pro seu quarto para pegar a chave que havia escondido. Para sua sorte, o quarto de Tilly ficava no fundo do mesmo andar. Ao chegar lá, ele fecha a porta, levanta o colchão e pega chave. Ele entra disfarçadamente e a joga em cima da cama.

- Vou deixar aqui, espero que ela não desconfie. Depois dou um jeito de encontrar de novo.

Fechando a porta, ele foi ao quintal. O sol não estava muito forte e uma bela ventania percorria o lugar onde Bill estava. Debaixo de uma árvore e comendo uma maçã, ele relembra tudo o que tinha visto.

- Chomp! Chomp! Será que estou fazendo a coisa certa? Óbvio que sim, essa família tá louca demais! Como eu poderia imaginar que estavam prendendo um menino daquele jeito?

O vento parou de soprar naquele instante.

- Mas deve ter um motivo dele estar lá, mas...mesmo que tenha, não precisava de tudo isso. Acho que ele tem minha idade. Se fosse eu, não ia querer ficar como ele! Eu preciso salvá-lo!

Determinado ele fecha e aperta suas mãos e um senso de justiça cresce em seu coração.

Assim que todos estavam satisfeitos do jantar daquela noite, Bill espera cada um pegar no sono para conseguir realizar seu plano. Sua preocupação com a alimentação de Kenny era grande, por isso, fez questão de pegar algumas frutas, sobras do jantar, biscoitos, doces e uma garrafa com água. Arrumou tudo em uma sacola de feira.

- Droga, me empolguei demais, acabei esquecendo do principal!

Conseguiu descobrir onde seu tio escondia as chaves das algemas seguindo-o tempo todo sem ele perceber. Indo até o seu quarto, ele pega as chaves das algemas, e delicadamente abre a porta do quarto de Tilly e vai em busca da chave do porão que estava na escrivaninha.

Kenny não confiou nas palavras de Bill, então resolveu dormir, mas o que ele não sabia, era que algo surpreendente iria acontecer.

Bill se apressou, carregou a sacola e entrou no porão. Se aproximou de Kenny que estava dormindo. Balançou o seu ombro para que acordasse.

- Ei! Ei! Menino, acorde! Acorde por favor!

Continuou a balançá-lo mas ele não despertou. Bill ficou nervoso por não saber o que fazer. Então olhou ao seu redor mas não encontrou nada que pudesse acordá-lo sem o ferir. Quando se lembrou das coisas que trouxe, tirou a garrafa de água e jogou um pouco no rosto de Kenny.

- Aaaaaah! Cof, cof, cof!

- Me desculpa, você não acordava, por isso tive que jogar água na sua cara.

Kenny o olhou com raiva.

- Aargh! Acho que você não curte tomar banho. Vou te soltar logo, só um minuto.

Bill se abaixa e com as chaves, ele abre as algemas dos pés de Kenny.

- Seus pulsos devem estar bastante machucados.

E finalmente, ele tira as algemas dos pulsos de Kenny, que os apertou.

- Pronto! Agora você pode sair daqui e ser livre pra fazer o que quiser!

De repente, Kenny desmaia nos braços de Bill.

- Ai meu Deus! Ai meu Deus! Calma, calma. Oooff, você é...pesado.

Ele tira sua camisa e abana pro rosto de Kenny. Kenny abre os olhos devagar e fica ofegante. Bill pega os biscoitos e a água que restou e dá na boca de Kenny que mastiga lentamente.

- Chomp, chomp, chomp.

- Engole devagar, se não pode esgasgar. Ah, consegue segurar a garrafa?

Kenny pega a garrafa e começa a beber.

- Cof, cof, cof...

- Bebe devagar, não precisa de pressa.

- Uuf... - Kenny respira aliviado.

- Descanse um pouco, vou ficar olhando a porta, ah acho melhor eu fechar, é!

Bill ficou olhando para Kenny que tinha encostado sua cabeça na parede. Ele queria perguntar muitas coisas para o garoto. Tomando coragem, ele vai até Kenny e pergunta:

- Por que você ficou preso aqui?

Ele não respondeu à pergunta. Tentou se levantar para ir até a porta.

- Ah, não quer falar? Tudo bem. Ei não vai esquecer disso! - Ele pendura a sacola no ombro de Kenny - consegue carregar?

Kenny balança a cabeça fazendo que sim.

- "Preciso de forças pra levar tudo isso, se eu não sair daqui, vão acabar me matando, pensou."

- Uaaaah!

Bill se espanta e arregala os olhos, George havia acordado.

- Ah não! Eu acho que é o meu tio! Vai, sai daqui, rápido!

Kenny segura firmemente a sacola e começa a correr para a porta da frente. Percebendo que estava fechada, Kenny vai até a cozinha, abre a janela e pula para o quintal. George vê alguém passando pelo corredor.

- Mas o quê? Bill, é você?

George ainda não havia se tocado da fuga, ele olha confuso para Bill e vai correndo até o porão. Vendo que o garoto havia escapado, ele sobe as escadas, pega a sua espingarda e entra na caminhonete.

- Mas que barulheira toda é essa?

- Mamãe, cadê o papai?

Elas chegam até a porta e olham para os lados e avistam Bill na frente da cerca da casa. George liga o motor e sai em busca de seu fugitivo.

            
            

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