- Olá - Miguel fala beijando meu pescoço enquanto eu deixava escorrer a calda de chocolate pelo bolo - Está inspirada hoje?
- Eu sempre estou - Eu falo para ele - Você me inspira - Eu sorrio para ele .
- Você sabe do que eu gosto - Ele diz sentando na minha frente - O que voce comprou em que eu não podia ver na sacola? - Ele pergunta
- Surpresa - Eu falo sorrindo - Como foi seu serviço?
- Bom -Ele fala - Mas é melhor ainda chegar em casa e ter você - Ele tira a panela da minha mão - Você está lambuzada aqui - Ele diz me dando um beijo no canto da boca - Ele fala e eu encaro - Já disse o quanto você é linda hoje? - Ele diz beijando a minha boca.
- Você já está pronto para a gente passar o feriado do natal na casa dos meus pais ? - Eu pergunto para ele que parece pensar - Aliás o natal é uma boa oportunidade para você ir ver seu pai, Miguel - Ele se afasta - Poxa Miguel.
- Eu não sei se vou conseguir ir - Ele diz e eu encaro ele sem acreditar no que ele está dizendo - Estamos com falta de policiais e estamos ocupando o lugar um do outro para suprir a necessidade Dandara.
- Mas você já trocou o feriado do dia das crianças e dos finados para conseguir passar comigo o feriado do natal e ano novo, você lembra disso? - Eu falo para ele que me encarava sério - você sabe como isso é importante para nós, em toda a nossa vida nunca passamos um natal longe do outro.
- Desculpa Dandara - Ele diz me encarando - Mas é meu trabalho - Eu o encaro segurando as lágrimas .
- É sempre assim Miguel, eu abri mão dos meus sonhos para viver os teus e você nunca está comigo, eu preciso sempre entender que é o seu serviço - Eu saio da cozinha e vou em direção a sacada respirar ar puro.
- Dandara - Ele me chama e vem atrás de mim - Dandara - Ele se aproxima e me abraça por trás - Por favor, eu prometo eu vou tentar trocar e viajar com você para Itaipava.
- É o mínimo Miguel - Eu falo sem olhar na cara dele .
- Eu prometo que vou tentar - Ele diz beijando meu ombro e eu respiro fundo olhando o mar .
As palavras de Miguel não me passaram tanta confiança, eu sentia que ele não iria conseguir, mas tentava bem lá no fundo acreditar que ele estava falando a verdade , que ele iria se esforçar o máximo possível para ir comigo.
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Carol NARRANDO
Eu encaro o morro e vejo minha mãe e meu pai lá embaixo, vejo Mateus soltando pipa na laje com outros garotos e vejo Pedrinho no telefone, que deveria está falando com Joana, que não dava a mínima para ele.
- Pai, mãe – eu falo me aproximando
- O que foi? – Meu pai pergunta – aconteceu algo Carol?
- Não, eu só queria ir no baile hoje.
- Nem pensar – ele fala,
- Rd – minha mãe fala
- Baile não é lugar para você.
- Porque a Joana pode ir e eu não?
- A joana é maior de idade. – ele responde
- Quando ela tinha minha idade, ela ia – eu bufo.
- O pai dela é o Perigo – ele fala – preciso ir – ele me dar um beijo na testa e sai.
- Mãe, você precisa conversar com ele.
- Eu falo com ele mais tarde – ela fala – eu preciso ir para ong, você quer me ajudar? – eu nego – deveria ocupar sua cabeça com algo sabe, estudar, pensar em uma faculdade.
- Você fala isso porque quer me comparar com Joana.
- Eu nunca comparo os meus filhos e você sabe disso – ela fala sorrindo – você que fica com essa paranoica, sua irmã nem mora mais aqui com a gente.
- Ta bom – eu respondo
- Malu – Julia fala – Oi Carolzinha.
- Oi tia Julia – eu respondo para ela
- Vamos indo – minha mãe fala para tia Julia
Elas param para conversar com Pedrinho e vejo que ele tinha uma arma na cintura, ele tinha começado ajudar no morro a alguns meses e estava firme e forte, enquanto o idiota do Mateus só pensava em empinar pipa e não queria nem pensar em seguir os passos do nosso pai, eu até achava que ele puxava para outro lado.
- Oi Carol – Pedrinho fala me encarando
- Oi, você falou com minha irmã hoje?
- Não – ele responde
- Eu queria falar com ela, mas ela não me atende.
- Joana sempre ignorando os outros – ele fala.
- Ela está te ignorando? – eu pergunto
- Sabe como ela é – ele sorri – eu preciso ir, muita coisa para resolver.
- Você sabe se ela vem para o baile?
- Não me disse nada – ele responde subindo.
Pedrinho não me dava muita conversa , mas para Joana ele dava era tudo e enquanto ela apenas esnobava ele, ela sempre disse que não levava ele a sério, porque achava ele imaturo de mais, já eu achava ele perfeito, mas ele me ignorava o tempo todo, era como se eu não existisse para ele, na vida dele.
JOANA NARRANDO
Eu penso em avisar meu pai, mas desisto quando as alunas começam a chegar, aquela mulher continua no studio observando tudo, eu apresento ela para as meninas e começo a dar a aula, tanto meu pai, como minha mãe ou tio Rd sempre me disseram que eu tinha que criar uma raiz fora do morro e me deram a idéia de montar meu studio aqui fora, eu sempre gostei de dançar desde pequena e isso me deixava muito alegre, eu usava um outro sobrenome, assim como identidade e documentos falsos também, tinha um apartamento aqui fora que eu mal usava, ele estava completo, eu não trocava o morro da maré ou da rocinha por nada nesse mundo.
Se ela veio até aqui, é porque eles desconfiaram de algo, e eu dei bandeira perguntando sobre a fantasia, eu sei, mas eu acredito que isso seria um ponto positivo para mim. Eu finalizo as aulas e eu me aproximo dela.
- Então, gostou da forma que eu trabalho?
- Eu gostei -e ela sorri – e acho que seria legal implantar algo diferente lá no morro da fé.
- Estou a disposição.
- Você teria coragem? – ela pergunta
- Eu não fujo de trabalho, eu preciso trabalhar na verdade, tenho contas para pagar e eu amo as crianças, amo dar aulas para elas e acredito que todas precisam ter algo para incentivar elas a serem melhores.
- Você pode passar lá no morro então para acertar os detalhes – ela fala.
- Com você? – eu pergunto – quando você quiser.
- Não é comigo, seria com Jesus mesmo – ela fala – é ele que acerta tudo pessoalmente.
- Sem problemas, só me dizer o horário que ele está disponível para conversar sobre esse assunto – ela me encara.
- Eu te mando mensagem – ela fala – é o número do cartão, não é mesmo.
- Isso mesmo, eu vou ficar aguardando – eu falo – preciso me organizar.
- Fica tranquila – ela fala – eu entrarei em contato.
Ela se despede e sai do studio, eu observo ela entrando no carro e vejo que ela tira foto do studio antes do carro andar, no começo fiquei bem tranquila, depois me bateu uma tremedeira nas pernas e novamente pensei em ligar para o meu pai, mas desisti, queria ter tudo pronto e organizado para falar com ele. Eu não queria dar bandeira.
Eu chego em casa e encontro Marcela na cozinha, ela sorri assim que me ver.
- Andou por onde Joana, não te vi – ela fala – seu pai disse que estava com ele e depois você sumiu - eu dou um beijo em sua bochecha.
- Tinha compromisso no studio e esqueci, precisei correr.
- Como está o studio?
- Indo bem – eu respondo – acredito que daqui a pouco pegarei uma nova turma e ai o trabalho será dobrado.
- Parabéns – ela fala sorrindo – você é muito esforçada. Seu pai também comentou que você quer ajudar ele mais aqui, será que você vai conseguir lidar com essa vida dupla?
- Você acha que Lucca um dia vai assumir o morro? – eu pergunto e ela me encara.
- Eu espero que não – ela fala sorrindo – eu acho que a sua mãe espera a mesma coisa de Mateus e principalmente de você.
- Eu vejo meu pai desde pequena, desde quando ele fingiu está morto, lidando com tudo isso, ele tem um amor por essa vida e ele me passou isso – eu falo – é ironia não é Marcela, ele querer me ver longe?
- Ele quer te proteger – ela fala.
- E quem protege ele? – eu pergunto e ela me encara.
- O diabo, só pode – ela comenta e eu abro um sorriso para ela.
- Eu vou tomar um banho – eu falo
- Não demora, a janta está quase pronta – ela fala e eu assinto.
Meu pai não poderia negar que toda essa adrenalina estava no meu sangue, eu puxei a ele , eu entro dentro do meu quarto e vou até a janela observar o morro.
E sim, eu sonho com o dia que eu vou comandar esse lugar!!