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O dia que até então estava ensolarado escureceu e, como consequência, uma enorme nuvem fixou-se no céu de Mar Verde. Assim, a chuva começou a cair e, de forma a proteger-me da mesma, entrei numa pastelaria e pedi um café. Posteriormente, sentei-me e olhei em frente completamente perturbada com o que tinha acabado de acontecer.
- Devia ter ficado lá. – murmurei enquanto olhava para a mesa. Estava completamente sem chão e confusa com esta situação.
" – Quem és tu? – questionei enquanto observava o meu professor de psicologia a observar as cinzas do vampiro que tinha acabado de matar. – Oh meu deus! – exclamei ainda com lágrimas nos olhos. "
" - Eu chamei a polícia e indiquei-lhe as coordenadas. Eles vão encontrar esta mulher. – respondeu prontamente o Lucas e, após um suspiro pesado, começou a andar. – Volta para a cidade e encontra um local seguro. – acrescentou olhando para o céu e abanou a cabeça. – Em breve vai chover. "
" – Não! Quem és tu? Não posso deixar-te ir! – gritei para chamar a sua atenção e agarrei o meu arco, posicionando o mesmo em sua direção. "
" – Tenho um assunto a tratar, depois falamos. – murmurou o professor com um tom de voz calmo e, após ouvir-se vozes de possíveis polícias, colocou o dedo à frente da sua boca e piscou-me o olho. – Vai se não quiseres arranjar problemas com as autoridades. "
- Meu deus. – desabafei em voz alta e, ainda com lágrimas nos olhos, olhei para o meu telemóvel.
De certa forma, eu queria avisar o Felipe Gomes do acontecimento, no entanto, poderia comprometer-me ao fazê-lo. Infelizmente, ele teria de descobrir a triste verdade acerca do paradeiro da sua irmã pelos polícias.
- Aqui tem o seu café. – informou a funcionária da pastelaria com um sorriso no rosto e pousou o mesmo na mesa. – Precisa de mais alguma coisa?
- Oh! Obrigada. – murmurei prontamente e limpei as minhas lágrimas rapidamente, retirando do meu bolso uma moeda. – Não, apenas quero o café. Está aqui o pagamento, pode ficar com o troco. – acrescentei e, em um gole, acabei com o café. De seguida, levantei-me e andei até à saída do estabelecimento.
- Está a chover! Não quer ficar um pouco mais por aqui? – perguntou a funcionária e suspirou.
Como resposta, abanei a cabeça e, num movimento rápido, comecei a correr em direção à minha motocicleta, subindo para cima da mesma. De seguida, conduzi em direção ao apartamento da minha melhor amiga. Precisava de encontrar o professor Roux o quanto antes e tirar esta história bem a limpo. – precisava de saber a sua verdadeira identidade.
Todavia, ao passar pela esquadra da polícia, consegui observar o Felipe Gomes à frente da mesma a chorar abraçado a duas pessoas. Era a família da Alice e, infelizmente, já tinham recebido as tristes notícias.
Assim, decidi estacionar junto a eles e, ao sair do meu veículo, retirei o capacete e olhei para o Felipe. Nesse instante, o mesmo notou a minha presença e fixou o seu triste olhar em mim. Desta forma, os seus lindos olhos verdes encheram-se de lágrimas e, sem dizer uma única palavra, afastou-se do casal que chorava com ele e aproximou-se de mim.
- O que fazes aqui? – questionou prontamente o loiro.
- Estava a caminho da casa de uma amiga e reparei em vocês. – murmurei e desviei o meu olhar para o chão. – Pelas vossas reações, calculo que algo tenha acontecido à Alice. – acrescentei e, engolindo a seco devido à culpa que sentia pela morte da minha antiga amiga, comecei a chorar. – Lamento imenso.
- Encontraram o corpo dela na floresta. Estava completamente devorado, acham que foi um dos animais selvagens. – informou o irmão da vítima pousando a sua mão sobre a minha motocicleta e, com a outra mão, fez com que eu o olhasse. – Peço desculpa, fui um idiota na escola.
Abanei a cabeça ao ouvi-lo e, limpando as minhas lágrimas, olhei-o e soltei um suspiro pesado.
- Caso precises de alguma coisa, já sabes.
Como resposta, o loiro assentiu com a cabeça e, agradecido, voltou para junto do casal que esperava por ele. Possivelmente, estes eram os seus pais devido às suas semelhanças com os filhos.
Deste modo, voltei a colocar o capacete e, respeitando o momento daquela família, voltei para a estrada, conduzindo, novamente, em direção ao apartamento da Camila. Assim, após alguns minutos, cheguei ao meu destino e, inesperadamente, consegui dar de caras com o Professor Roux, vestido com um smoking preto, a entrar num carro. Assim, sem perder tempo, comecei a seguir o mesmo e, consequentemente, quando dei por mim, estava a sair da cidade.
- Para a onde é que ele vai? – questionei em voz alta, semicerrando os olhos.
Depois de alguns minutos, o carro entrou numa estrada de terra batida que dava acesso a uma grande mansão antiga da qual outros carros também estavam estacionados. Assim, para não ser notada, estacionei o meu veículo junto à entrada da estrada e iniciei uma caminhada em direção à mansão.
Ao chegar, escondi-me atrás de uma árvore e, a partir da mesma, consegui observar algumas pessoas a entrarem na mansão bem vestidas, era como se estivessem a participar num baile.
- Que merda se passa aqui. – murmurei e mordi o lábio. Infelizmente, conseguia sentir a energia poderosa de alguns convidados para esta festa secreta. – Vampiros.
Sem perder muito tempo, comecei a andar em direção às traseiras da mansão e, com sucesso, consegui entrar na mesma pela entrada da cozinha. Passando entre os funcionários da cozinha, consegui entrar num quarto que parecia ser um escritório.
- A onde é que estará aquele idiota? – questionei em voz alta enquanto olhava em volta e suspirei. – Num escritório vazio é que não está, não é? – acrescentei um pouco desorientada e decidi voltar para trás. Porém, antes que eu pudesse esconder-me num dos quartos, dei de caras com uma empregada.
- Quem és tu? – questionou a mulher, ficando com os seus olhos vermelhos. – És uma humana!
Arregalei os olhos ao ouvi-la e, com intenção de sair o mais rápido possível daquele lugar sem arranjar problemas maiores, comecei a andar em direção à primeira saída que vi. Porém, estupidamente, entrei no enorme salão do qual estava a decorrer o tal baile. O mesmo estava cheio e, aproveitando a minha presença ignorada, escondi-me da empregada junto a uma estátua que servia de decoração.
Todavia, a mesma conseguiu alcançar-me e agarrou o meu braço com força, fazendo com que as suas unhas arranhassem o mesmo e, como consequência, comecei a sangrar. Inevitavelmente, os vampiros, ao cheirarem o meu sangue, calaram-se e desviaram o seu olhar em minha direção.
- Uma humana. – pronunciou-se um vampiro de cabelos longos pretos e, esboçando um sorriso malicioso no rosto, soltou uma gargalhada. – Quem é que trouxe uma humana para esta reunião?
Como resposta, dei um passo atrás e, nervosa com a situação, fiquei calada para não piorar o meu destino. Afinal, eu era apenas uma humana e eles eram todos vampiros. – seria o meu fim.
- Larga-a. – ordenou uma voz rouca, porém, conhecida.
Ao olhar para trás, consegui ver o professor Lucas Roux a descer as enormes escadas daquele salão e, num movimento rápido, apareceu atrás de mim, colocando a sua mão sobre o meu braço arranhado.
- Senhor Roux? – referiu a empregada com os olhos arregalados e, sem discutir, afastou-se de mim e abaixou a cabeça. – Peço desculpa, não sabia que o senhor tinha trazido uma convidada humana.
- Exatamente, ela é a minha convidada humana.
- Quer dizer que é a tua humana, Lucas? – questionou, uma vez mais, o vampiro de cabelos longos pretos. – A tua família vai adorar saber disso, irmão.
- Sim, ela é a minha humana. – pronunciou-se o Lucas, dando uma entoação maior à palavra "minha" e, de seguida, olhou-me com um olhar zangado. Porém, após um suspiro, voltou a olhar para o vampiro que o tinha abordado e esboçou um sorriso provocador no rosto. – A minha família não tem de saber, Abel Jones. Certo? – acrescentou, semicerrando os seus olhos de forma ameaçadora.
- Certo, sem dúvida. – murmurou o Abel e, aproximando-se lentamente de nós, olhou-me de cima a baixo. – Pensei que tivesses voltado para cá com a intenção de ter uma vida mais serena, no entanto, trazer uma humana para a reunião em tua honra, não é nada sereno. – acrescentou com um tom sarcástico e humedeceu os lábios. – Ela é bonita e o sangue dela parece maravilhoso, não posso experimentar? Afinal, ela não parece assim tão tua.
- Nem mais um passo.
- Hey! O que se passa aqui? – questionei e, sentindo a mão fria do Lucas a apertar o meu braço, arregalei os olhos e decidi ficar calada. Neste momento, tinha de aceitar, pela segunda vez, a ajuda de um vampiro.
- Que humana interessante, ela não parece ter medo de vampiros. – continuo a comentar o Abel com um sorriso idiota no rosto e, ao desviar o seu olhar em direção a uma mulher, soltou uma gargalhada. – A minha irmã não me parece convencida com a tua explicação, Lucas.
- Prova a tua ligação com esta humana. – ordenou a mulher, aproximando-se de nós. A mesma tinha cabelos longos pretos como o irmão e os seus olhos vermelhos transmitiam uma certa tristeza. – Os convidados estão todos à espera.
Arqueei a minha sobrancelha confusa com a situação e, sem que eu estivesse à espera, senti o meu corpo a ser puxado em direção ao Lucas e, inesperadamente, senti os seus lábios a entrarem em contacto com os meus. Assim, um beijo foi iniciado e, surpreendida com este ato, senti a sua língua a encontrar a minha e, após um beijo praticamente unilateral, as nossas bocas afastaram-se. Como resposta, fiquei com a minha respiração ofegante enquanto encarava o vampiro.
Nesse instante, os convidados voltaram a fazer aquilo que estavam a fazer antes de serem interrompidos por mim e pela empregada. Por sua vez, os dois irmãos que tinham confrontado o professor Roux, afastaram-se com um sorriso no rosto. Quase ao mesmo tempo, o Lucas puxou-me para o andar de cima e, com a sua velocidade de vampiro, aparecemos num quarto luxuoso que se encontra vazio.
- Espera? Ahm? – disse completamente confusa, olhando em volta e arregalei os olhos. – Como é que aparecemos aqui? Espera! Porque é que me beijaste? – questionei prontamente e encarei-o visivelmente chateada. No entanto, ao relembrar-me do momento que tinha acabado de acontecer, desviei o meu olhar para o chão nervosa e, com a minha cara a ferver, senti a emoção de vergonha a preencher o meu corpo.
- Porque é que me seguiste? Podias ter sido morta! – exclamou o Lucas, ignorando a minha questão e, num noutro movimento rápido, agarrou no meu braço e olhou o meu arranhão. – Tens de sair daqui e tratar disto o mais rápido possível. – ao dizê-lo, olhou para as suas mãos sujas com o meu sangue e, sem resistir, lambeu a mesma, humedecendo os lábios. – Não sei quanto mais tempo vou aguentar. – acrescentou com um tom de voz mais ofegante e, inesperadamente, os seus olhos ficaram vermelhos.
- Oh meu deus! – exclamei e afastei-me dele. – Eu vou sair daqui mas temos muito para falar, ouviste? Não posso deixar um vampiro vaguear livremente na minha zona! – comecei a andar em direção à janela e respirei fundo. – Posso ter sido salva por ti duas vezes, no entanto, não prometo que serei misericordiosa em relação à tua presença.
- Calculo, caçadora. – murmurou o Lucas, encostando-se à porta do quarto e olhou-me ainda deveras ofegante. – Não imaginava que o sangue de uma humana seria tão delicioso, sinto-me fraco. Há anos não sentia esta vontade, é melhor saíres!
- Como assim há anos?
- Diana eu sou um vampiro que não se alimenta de humanos! Mas continuo a ser um vampiro então sai daqui imediatamente! – gritou visivelmente desesperado e olhou-me. – Não sei como é que isto é possível.
Assenti com a cabeça e rasguei um pouco do tecido da minha blusa, colocando o mesmo à volta do meu pulso para conseguir estagnar o sangue, uma vez que tinha de evitar ser seguida por outros vampiros. Posteriormente, coloquei-me de pé na janela e, com os meus movimentos ágeis, saltei para uma árvore, descendo da mesma discretamente para não alertar ninguém da festa.
Em poucos minutos, consegui alcançar a minha motocicleta e conduzi em direção à cidade.
Os meus pensamentos eram confusos e a minha mente encontrava-se presa num conjunto de questões acerca do Lucas Roux, o professor que também é vampiro.
- É impossível, todos os vampiros são nojentos. – murmurei enquanto olhava em frente e, ao reparar na placa da cidade, respirei fundo de alívio. Ao menos, no meio da sociedade, ia estar em segurança. – Não existem vampiros bons.
Este era o meu pensamento.
Este era o meu pensamento pelo menos durante vinte e um anos da minha existência. – até conhecer Lucas Roux, um vampiro que me salvou duas vezes e admitiu que há anos não se alimentava de humanos. Isso seria possível?
Todavia, os meus pensamentos foram interrompidos ao sentir uma presença estranha por perto. Assim, ao olhar para o lado, consegui ver um vampiro a correr ao lado do meu veículo.
Como consequência, ao assustar-me com a sua presença, perdi o controlo da mota e, lamentavelmente, caí da mesma, rebolando em direção à parte de fora da estrada. Assim, num movimento rápido, levantei-me e retirei do bolso do casaco uma faca, apontando a mesma em direção ao vampiro que me seguia.
- Quem és tu?
- Sabia que eras uma caçadora. Mas olhando melhor, consigo ver que és a grande caçadora que todos procuram. – informou o vampiro enquanto se aproximava de mim com um sorriso no rosto. – Vamos acabar contigo.
Ao dizê-lo, outros quatro vampiros apareceram e, sem que eu pudesse fazer algo, fui rodeada por todos eles.
- Confesso que não entendo o motivo dos boatos. Como assim esta humana conseguiu matar tantos vampiros? Ela não passa de uma adolescente. – pronunciou-se outro vampiro. – Posso congela-la até à morte?
- Congelar? Oh! És um vampiro com dom! – exclamei e fixei o meu olhar no mesmo. – Entendo, o poder que eu estava a sentir era o teu. – acrescentei e aproximei-me do mesmo com a minha faca. – Venham lutar!
- Oh! Confesso que estou surpreendido.
Deste modo, um dos vampiros começou a correr e minha direção e, defendendo-me do mesmo, consegui dar-lhe um murro e rebolei em direção à floresta, escondendo-me atrás de uma árvore. Assim, aproveitei o momento e apanhei num ramo de uma árvore, tornando suficientemente afiado com o auxílio da faca. Posteriormente, encostei-me à árvore e fechei os olhos para me concentrar.
- Três, dois...um! – exclamei e, quando abri os olhos, estiquei o meu braço na direção norte do meu corpo e, com sucesso, consegui acertar o ramo no coração de um dos vampiros que me seguia. Assim, ao observar o seu olhar desesperado, esbocei um sorriso confiante nos lábios. Felizmente, este era um vampiro jovem então poderia ser facilmente morto. – Agora só me faltam quatro.
- Agora entendo. – murmurou o vampiro com o seu olhar arregalado. – Não tens nada de humana, assim como nós.
Confusa com o seu comentário, perfurei com mais força o ramo e, inevitavelmente, o seu corpo tornou-se num monte de cinzas. Deste modo, comecei a correr de volta à estrada com intenção de encontrar a minha motocicleta. A mesma escondia o meu arco fundamental para lutar contra os restantes vampiros que, visivelmente, eram mais fortes.
Porém, rapidamente me arrependi ao deparar-me com o tal vampiro que controlava o gelo com o meu arco na mão. Nesse instante, este último ficou completamente congelado e, ao cair no chão, destruído em mil pedaços.
- Não! – exclamei com os olhos arregalados e corri em direção ao vampiro com intenção de espetar a faca que tinha na mão no seu coração. – Morre!
- Não vais conseguir!
O vampiro gritou e, com a sua velocidade, alcançou-me e mordeu o meu pulso com força. Contudo, com a minha faca, consegui espetar a mesma no pescoço do mesmo, afastando-o para longe de mim.
- Não vais conseguir fugir. – murmurou o vampiro, recuperando-se facilmente da sua ferida. – Vou matar-te!
- Não! Não vais conseguir! – continuei a gritar completamente furiosa e voltei a correr em sua direção.
Este embate seria mortal para mim. No entanto, ao ver o arco que tinha sido dado pela minha mãe destruído no chão, senti o ódio a preencher o meu corpo. Além disso, não tinha para onde fugir. – eu tinha de enfrentar este vampiro de alguma forma.
Todavia, antes que eu pudesse encontrar o meu fim provável, senti o meu corpo a ser empurrado contra o chão e, quando olhei em frente, consegui ver a vampira que se encontrava na festa, a irmã do Abel Jones, a espetar uma espada contra o peito do vampiro que se encontrava a atacar-me.
- Estes idiotas. – resmungou a vampira com um sorriso sereno no rosto e abanou a cabeça. – Agora compreendo o motivo de te ter reconhecido na festa. – acrescentou e olhou-me, esticando o seu braço em minha direção. – Por isso é que também não acreditei nas palavras do Lucas mas ele beijou-te com tanta vontade que tive de engolir a seco.
- Porque é que me salvaste? – questionei enquanto me levantava sem o seu auxílio. Apesar de ter sido salva por ela, o meu ódio por estes seres nojentos era demasiado grande. – Não consigo compreender, os vampiros não são assim! Os vampiros são criaturas sem escrúpulos! Porque é que me salvaste? Porque é que o Lucas Roux me salvou? O que é que querem de mim? Se sabias que eu era uma caçadora porque é que não me mataste na festa? Não é isso que todos ambicionam? – voltei a questionar visivelmente irritada e apontei para as cinzas do vampiro que ela tinha acabado de matar. – Os vampiros são assim!
- Correção, os vampiros com quem lutas são assim. No entanto, não somos todos iguais, querida. – respondeu com o mesmo tom de voz sereno que tinha anteriormente e agarrou o meu braço com força. – Já acabei com os outros todos, agora peço que venhas comigo.
- Não vou contigo para lado nenhum! – exclamei prontamente enquanto apertava com mais força o tecido da minha camisola contra o meu pulso. Para além de ter sido arranhado, aquela mordida tinha originado uma ferida grande no mesmo.
- Se queres uma resposta, segue-me.
Deste modo, começou a andar em direção à floresta com passos largos e rápidos. Assim, curiosa com o seu comentário, decidi segui-la e, após uma caminhada silenciosa, chegamos junto a um penhasco.
- Diana, eu sempre quis conhecer a grande herdeira. – murmurou a vampira e, parando de andar, virou-se para mim, ficando de costas para o penhasco. – Chamo-me Sophie Jones, pertenço à família de vampiros Jones de Londres. Quando descobri que vivias cá, decidi vir.
- Como assim herdeira? – questionei com os olhos arqueados e respirei fundo. – Não consigo entender.
- Os caçadores não têm o dom que tu tens, Diana. – informou a Sophie e esboçou um sorriso no rosto. – Não sei o que é que tu sabes, no entanto, o facto de conseguires sentir a presença dos vampiros, não é normal.
- Como assim? O meu pai consegue sentir! Por isso é que pertencemos a uma linhagem de caçadores!
- O teu pai mente. O Sr. Reis é um belíssimo caçador, sem dúvida. Porém, não é como tu. Não és uma simples caçadora de vampiros.
- Não consigo entender, não entendo nada! O que é que queres de mim? Porque é que me salvaste daquele grupo de vampiros? Eu sou uma caçadora, eu aniquilo a tua raça. – disse desconformada e coloquei a mão na cabeça. – Não entendo.
- Tenho oitocentos e quarenta anos. Confesso que não suporto mais viver, não suporto mais estas guerras e, muito menos, esconder-me nesta sociedade tóxica vampira. Portanto, cheguei ao meu limite.
Arregalei os olhos ao ouvi-la e aproximei-me lentamente da mesma. Por breves momentos, consegui sentir pena de uma vampira. – esse sentimento enojava-me.
- Diana, entrego-te algo valioso para mim. – continuo a falar a Sophie e, estalando os seus dedos, um livro apareceu nas suas mãos. De seguida, entregou-mo e, aproveitando o momento, passou as suas mãos nas minhas, esboçando um sorriso doce nos lábios. – Há tanto tempo que não sentia esse calor, tenho inveja.
- O que é que isto tudo significa? – questionei olhando-a nos olhos. – Sophie, que livro é este?
- É o diário de Thomas Jones, o primeiro caçador de vampiros. Nessa obra de arte vais encontrar toda a história do mundo vampiro, vai esclarecer-te. – informou a vampira, largando-me lentamente.
- Jones? Era da tua família? Isso é possível? Os Jones são vampiros!
- Diana! O primeiro caçador de vampiros foi um vampiro! – exclamou prontamente soltando uma gargalhada alta. – Elimina o estigma na tua cabeça e aprende mais sobre o mundo, torna-te a grande herdeira.
Ao dizê-lo, a vampira retirou das minhas mãos a faca que eu tinha e fechou os olhos. Em poucos segundos, perfurou a mesma contra o seu coração e, enquanto tossia sangue, olhou-me e sorriu. Assim, começou a dar largos passos em direção ao penhasco.
- Sophie! – exclamei ao ver o seu ato e estiquei o meu braço para a alcançar. – Sophie!
- Boa sorte. – pronunciou-se a vampira antes de cair do penhasco e tornar-se em milhares cinzas.
Surpreendida com o que tinha acabado de acontecer, comecei a tossir sangue e, ao olhar para o meu pulso, deparo-me com o tecido que estagnava o meu sangue completamente vermelho. Ao mesmo tempo, as minhas pernas começaram a tremer, provavelmente, devido ao veneno que o vampiro depositou em mim quando me mordeu. – qualquer canino de um vampiro conseguia paralisar as suas vítimas após uma mordida.
- Merda. – resmunguei e caí ao chão, encolhendo-me com dores.
A nuvem que preenchia Mar Verde desapareceu e, como consequência, o dia tornou-se ensolarado e, estranhamente, calmo. Sentindo o meu corpo a desfalecer, deixei-me estar deitada, agarrando o livro da Sophie contra o meu peito e, fixando o meu olhar em direção ao céu, esbocei um sorriso no rosto e, alucinando, consegui ver a minha falecida mãe a observar-me.
Nesse instante, apaguei.