Capítulo 3 O que é que faço aqui

Ao abrir os olhos deparo-me com um cenário diferente do habitual. Encontrava-me numa sala escura e silenciosa. Porém, com as recordações anteriores ao meu desmaio, arregalei os olhos e, num movimento rápido, sento-me na cama da qual estava deitada. Assim, olhando em volta, apercebi-me rapidamente que me encontrava no hospital de Mar Verde.

- Finalmente acordaste. – soou uma voz rouca.

Ao olhar para o meu lado direito, ao lado da única janela que ilumina ligeiramente aquele lugar, foi possível observar o professor Lucas Roux sentando na mesma enquanto me observava.

- O que é que faço aqui? – questionei e desviei o meu olhar em direção ao meu pulso. O mesmo tinha uma ligadura ao seu redor tapando a mordida que tinha sido feita pelo vampiro que me tinha atacado. – Entendo, encontraram-me junto ao penhasco! Oh meu deus! O penhasco! A Sophie! Ela suicidou-se! – exclamei assim que me apercebi da gravidade da situação e comecei a olhar em volta, à procura do livro que a mesma me tinha entregue.

- Procuras por isto? – questionou Lucas, aproximando-se de mim com o livro na mão, deixando-o ao meu lado na cama. Assim, após um suspiro alto, abanou a cabeça e olhou-me. – Confesso que já calculava que a Sophie queria fazer algo do género há algum tempo. No entanto, nunca esperei que fosse junto a ti, uma caçadora de vampiros.

- O que fazes aqui? Como é que eu cheguei aqui? O que é que aconteceu enquanto eu estive desmaiada? – questionei de forma a encontrar respostas rápidas para o meu estado. Estava mais confusa do que nunca e esta aproximação com um vampiro, preocupava-me.

- Estiveste adormecida dois dias por causa da mordida daquele idiota que te atacou. Felizmente, consegui tirar o veneno a tempo quando te encontrei desmaiada. – informou o vampiro calmamente e aproximou-se da janela, subindo para cima da mesma. – Venho cá sempre que o teu pai sai para comer, ele deve estar a chegar. Portanto, não lhe digas que eu te ajudei, se não ele vai ficar irritado.

Arregalei os olhos ao ouvi-lo e, surpreendida com o que ele acabara de informar, coloquei as mãos na cabeça e engoli a seco. Pela terceira vez na minha vida, fui salva por um vampiro. – um ser que não consigo suportar.

Todavia, antes que pudesse dizer algo, o vampiro que, até então se encontrava à minha frente, desapareceu bem à minha frente, num abrir de fechar de olhos. Assim, segundos depois, o meu pai entrou no quarto e, ao deparar-se comigo acordada, esboçou um sorriso largo no rosto e abraçou-me com força.

- Olá pai. – murmurei junto ao seu peito e, perdida nos meus pensamentos, escondi a minha cabeça no mesmo.

- Filha, está na altura de voltar ao ativo. – respondeu o meu pai prontamente. – Não posso deixar que mais nenhum vampiro toque na minha filha.

- Pai, eu estou bem.

- Foste mordido por um vampiro! Não sei como aconteceu mas a tua sorte é que o veneno foi extraído a tempo!

Ao ouvi-lo respirei fundo e, afastando-me do meu pai lentamente, encarei-o firmemente.

- Quem é o Thomas Potter? – questionei e agarrei no livro que tinha sido entregue pela Sophie Potter.

Como resposta, o meu pai deu um passo atrás e, ao observar a capa do livro, arqueou a sua sobrancelha como se tivesse surpreendido com o que acabara de ver.

- Como é que conseguiste esse livro? Estiveste com a Sophie Potter?

- Conhecias a Sophie? Como assim? O que se passa aqui? – questionei novamente e semicerrei os olhos, lembrando-me das palavras da vampira. – Não me mintas mais.

" – O teu pai mente. O Sr. Reis é um belíssimo caçador, sem dúvida. Porém, não é como tu. O teu dom vai muito além de ser uma ótima caçadora de vampiros. "

- Thomas Potter foi um vampiro extremamente poderoso e mudou a história do mundo vampiro para todo o sempre.

- Ele matava vampiros! Ele foi o primeiro caçador de vampiros! Isso é verdade, não é? Isso é possível? É verdade que existem vampiros bons?

- Fala baixo! Estamos no hospital! – exclamou o meu pai, olhando para a porta do quarto e, num movimento rápido, abriu-a, olhando para o corredor. De seguida, soltou um suspiro pesado e fechou a porta. Assim, voltou a aproximar-se de mim e olhou-me. – É verdade. O Thomas Potter revoltou-se contra a sua própria raça e decidiu fazer justiça com as suas próprias mãos, criando, quase como, uma nova religião. No século XVII, ele era visto como um caçador de vampiros temido por todos os vampiros da Europa. Ele treinou alguns humanos que se tornaram seus pupilos e, junto da sua família, fortaleceu laços com os reis de Inglaterra, sobretudo, devido ao seu poder económico. Porém, no século XIX, o conselho dos vampiros da Itália capturou Thomas e mataram-no, queimando os seus pertences. Todavia, o mais importante, o livro, ficou com a sua família na Inglaterra até chegar às mãos da Sophie, a única vampira com quem eu conversei pacificamente quando tinha os meu vintes anos. – explicou o meu pai com algum receio e extremo cuidado nas suas palavras. – Só sei isso. – finalizou, baixando a cabeça.

- A Sophie matou-se à minha frente e entregou este livro! Ele garantiu que tu mentias! – respondi prontamente e cerrei o punho. – Ela quer que eu descubra a verdade! Que tipo de verdade?

Como resposta, obtive um simples silêncio.

Todavia, não pude reclamar uma vez que um médico entrou no quarto.

Terei de esperar para obter mais respostas.

Assim, inevitavelmente, outro dia se passou e, com a minha recuperação e teimosia, consegui voltar para casa. Deste modo, sendo de manhã, pedi ao meu pai para que me levasse à universidade para que não perdesse mais nenhuma aula. Após várias reclamações sobre a necessidade de descansar, o antigo caçador de vampiros rendeu-se ao meu pedido e decidiu levar-me ao estabelecimento de ensino.

Ao mesmo tempo, permaneci calada a ler o livro de Thomas Potter, conseguindo perceber um pouco mais sobre a história do mundo vampiro, bem como algumas estratégias de lutas interessantes. O livro tinha milhares de páginas e diversos capítulos, qualquer informação poderia ser fundamental para descobrir mais acerca da tal " verdade".

- Podes parar de ler esse livro? Não vais encontrar nada! – exclamou o meu pai enquanto conduzia.

- Olhos na estrada, pai. – murmurei, revirando os olhos e suspirei. – Já que não queres dizer-me mais nada sobre o Thomas, vou ler. Algum mal nisso?

- Só vais perder tempo. Os vampiros precisam de ser mortos! É só isso que o Thomas Potter quis dizer ao escrever esse maldito livro! Nem mesmo ele, um vampiro, considerou a sua existência!

Decidi ignorar as suas reclamações extremamente cansativas e continuei a ler. Deste modo, o carro parou e, ao olhar pela janela, consegui ver o portão da universidade. Com isto, despedi-me do meu pai com um simples adeus e saí do carro, caminhando em direção ao edifício das minhas aulas, sem retirar os olhos do livro. Todavia, antes que eu pudesse finalizar uma das últimas frases da página, sinto o meu corpo a ser abraçado.

- Em minha defesa o teu pai não me deixou entrar no hospital! – exclamou uma voz conhecida. Afinal, a mesma pertencia à minha melhor amiga Camila. – Como é que estás? Não me respondeste à mensagem de ontem! Fiquei tão feliz por saber que já tinhas acordado, o que é que te aconteceu? É verdade que um animal de selvagem te atacou?

- Calma! Calma! Tanta pergunta! – exclamei, soltando uma leve gargalhada e fechei o livro. Assim, dirigi o meu olhar em direção à ruiva e esbocei um leve sorriso no rosto. – Estou melhor, não te respondi porque estava distraída a ler um livro, desculpa. – expliquei-lhe calmamente e soltei um suspiro alto. – Sim, fui atacada por um animal selvagem mas estou bem.

- Que horror! Já sabes o que é que aconteceu à Alice? Ela morreu por causa de um animal selvagem! Tens de ter cuidado! Nunca mais voltes para a floresta, por favor! – exclamou a Camila visivelmente assustada e olhou para a ligadura que cobria o meu pulso. – Tiveste muita sorte que só foi o pulso, não foi?

Assenti com a cabeça como resposta e, agarrando o seu braço, puxei-a em direção à sala de aula com um sorriso no rosto para a acalmar. Ao entrarmos, dei de caras com o Lucas Roux, o mais recente vampiro da cidade e – ironicamente – o meu professor de psicologia geral.

- Bom dia professor. – murmurei com um tom um pouco sarcástico e mostrei-lhe o meu pulso. – Não sei se sabe mas estive internada, espero que não tenha dado assim tanta matéria.

- Bom dia às duas. – respondeu o Lucas, encostando-se à sua secretária calmamente e ajeitando a sua gravata, encarou-me esboçando um leve sorriso no rosto. – Sim, a sua colega Camila contou-me o ocorrido. Ainda bem que já se sente capaz para estar de volta às aulas e, caso precise de auxílio, pode contar comigo.

Assenti com a cabeça, revirando os olhos discretamente e aproximei-me numa cadeira, sentando-me na mesma.

- Professor! – exclamou a Camila com um sorriso no rosto e, ao aproximar-se do mesmo, abriu a sua pasta e olhou-o. – Tenho algumas dúvidas em relação à última matéria, pode explicar-me? Ainda é cedo e a turma ainda não chegou toda.

Arqueei a sobrancelha ao ouvir o pedido da Camila e fixei o meu olhar na feição do Lucas. O mesmo parecia desinteressado com o pedido da mesma e, de certa forma, isso acalmou um pouco os meus pensamentos confusos em relação ao mesmo.

Todavia, quando menos esperava, oiço o meu nome e, ao olhar em direção à porta da sala, foi possível ver o Felipe Gomes a acenar-me. Assim, deixando a minha melhor amiga com o maldito vampiro para trás, aproximei-me do loiro e encostei-me à porta.

- Oh, olá. Como é que estás? – questionei prontamente e respirei fundo. – Calculo que esteja a ser uma semana complicada, não é?

- Acho que dá para aguentar. – murmurou o Felipe, colocando as suas mãos nos bolsos das calças e olhou-me. – Soube que foste atacada por animais selvagens na floresta, fiquei preocupado mas vi-te a entrar na universidade. Fico feliz que estejas bem. – finalizou, passando a sua mão pela ligadura do meu pulso. – Confesso que gostava que a Alice tivesse tido a mesma sorte.

Arregalei os olhos ao ouvi-lo e abaixei a cabeça, afastando o meu pulso para de trás das minhas costas.

- Também gostava. – murmurei.

Com a minha resposta, o loiro arregalou os olhos e abanou a cabeça. O mesmo transmitia arrependimento no seu olhar.

- Sou um idiota! Esquece aquilo que acabei de dizer! – exclamou o Felipe, soltando um suspiro alto e olhou-me. – Só vim para te dizer que fico feliz que estejas bem e, caso precises de algo, quero que contes comigo. Sim? Conheço bem esta universidade, sei que perdeste algumas aulas, portanto, posso falar com alguns professores de psicologia e...

- Obrigada! – interrompi-o prontamente e abanei a cabeça, sem o olhar. – Agradeço pela ajuda e é isso.

- Certo, certo. – murmurou o loiro e, com o auxílio da sua mão, fez com que eu o encarasse de novo. – Então, vemo-nos depois das aulas?

Nesse instante, senti uma presença junto a nós e, quando olho para o lado, o Lucas Roux estava de braços cruzados a observar-nos.

- Se querem conversar façam-no fora da minha sala de aula. Além disso, o Felipe Gomes não deveria estar noutro edifício? – questionou, friamente, Lucas e semicerrou os olhos.

- Peço desculpa, professor. – desculpou-se Felipe e, com um ligeiro sorriso no rosto, despediu-se de mim e retirou-se da sala.

Aproveitando o barulho da sala de aula com a entrada dos alunos na mesma, encarei o Lucas Roux e arqueei a minha sobrancelha.

- Preocupo-me com o facto de não gostar do Felipe?

- Não precisa, eu só como coisas boas. – murmurou o Lucas com um tom sarcástico e encarou os meus lábios, humedecendo os seus.

Nesse momento, ao relembrar-me do meu beijo com o vampiro, arregalei os olhos e coloquei as minhas mãos na cabeça. Confesso que me sentia uma idiota por estar nervosa devido aos meus pensamentos impuros em relação ao mesmo.

Assim, deixando que o silêncio vencesse, voltei para o meu lugar e sentei-me, abrindo o livro do Thomas Potter na página que tinha ficado por ler. Deste modo, aproveitei a aula para ler mais alguns conteúdos, retirando alguns apontamentos para o meu caderno que nada sobre a psicologia tinha.

Sem dar com o tempo passar, os meus colegas levantaram-se e começaram a sair da sala de aula. Com isto, ao aperceber-me, levantei-me e comecei arrumar o meu material na minha mala.

- Menina Diana Reis, posso dar-lhe uma palavrinha? – pediu o vampiro com um tom de voz calmo enquanto apagava o quadro, de costas para mim.

Confusa, desviei o meu olhar em direção à Camila que, esboçando um leve sorriso, acenou e saiu da sala, fechando a porta da mesma com alguma força.

- O que queres de mim? Não abuses, ainda não te matei porque me salvaste há uns dias atrás. – disse assim que observei a sala completamente vazia de pessoas alheias à nossa realidade.

- Capítulo dezasseis.

- Como assim?

- Começa a ler o capítulo dezasseis do livro do Thomas Potter. É o que realmente importa. – informou o Lucas, aproximando-me de mim e olhou-me. – Já li esse livro e confesso que, observando a pessoa que és, consigo perceber o motivo da Sophie ter confiando essa relíquia nas tuas mãos.

- Qual é esse motivo? Quero respostas! – exclamei e levantei-me, aproximando, também, do professor. – O meu pai mente, a Sophie soltou uma bomba e matou-se e tu, um vampiro supostamente vegan, sabe da verdade mas não diz nada.

- É importante que a encontres por ti mesma, Diana. Além disso, o capítulo dezasseis vai ajudar-te a encontrar essa resposta.

Respirei fundo ao ouvi-lo e encarei-o. Porém, não sabendo bem o motivo, cada vez que o olhava só conseguia relembrar-me do beijo que ele me tinha dado durante a tal reunião de vampiros. – isso enojava-me e enlouquecia-me.

- Porque é que me beijaste? – questionei, ignorando completamente o assunto anterior e coloquei o livro do Thomas de lado na mesa. Assim, aproximei-me mais do Lucas, puxando-o pela gravata com força. – Não havia outra forma para se comprovar que eu era a tua humana?

- Porque é que essa pergunta do nada? Foi só um beijo! E não, não havia! Os vampiros seguem muito os desejos carnais! Somos selvagens! – exclamou o Lucas que fixou os seus lindos olhos azuis nos meus.

- Não consigo olhar para ti sem me lembrar daquele momento constrangedor! – continuei a falar de forma irritada à medida que forçava a sua aproximação, puxando a sua gravata com mais força. – Porque é que me ajudaste? Tenho a certeza que já matei amigos teus!

Desta vez, o vampiro permaneceu calado a observar-me, levando os seus olhos em direção aos meus lábios.

- Não consigo. – murmurei.

- Não consegues?

- Não consigo parar de pensar nos teus lábios. – disse com um tom de voz mais calmo e, como consequência, quase como sem expressão, comecei a largar a sua gravata. Com isto, o meu pulso que estava coberto por uma ligadura que tapava a mordida do vampiro, começou a ficar quente e, quase como um transe, senti a minha respiração ofegante. – Está calor, muito calor.

Sem esperar, fui calada com um beijo do mais velho que, ao colar os seus lábios com os meus, agarrou a minha cintura com força, puxando-me para ele. Porém, ao contrário da última vez, este beijo tinha sido iniciado de uma forma mais calma, deixando-me acompanha-lo. Deste modo, com o seu beijo a ser retribuído por mim, senti o meu corpo a ser empurrado em direção à parede e, com os seus movimentos bruscos, o vampiro apanhou-me ao colo e entrelaçou as minhas pernas na sua cintura. Posteriormente, com a minha permissão, iniciou um linguado demorado e cheio de desejo.

Após alguns segundos, quebrei o beijo e, afastando a minha face da sua esbocei um sorriso provocador no rosto e, quase fora de mim, comecei a despertar os botões da sua camisa, sentindo os lábios do mais velho no meu pescoço, sentindo leves beijos a serem depositados ao longo do mesmo. Posteriormente, fiz com que o mesmo me olhasse e, sem hesitar, iniciei um beijo, levando uma das mãos do vampiro em direção ao meu peito.

Todavia, sentindo o local da mordida a arrefecer, arregalei os olhos ao aperceber-me da situação que me encontrava. Assim, coloquei a minha mão à frente do seu peito e empurrei-o com toda a força que senti no momento. Porém, incrivelmente, uma força quase sobre-humana preencheu o meu corpo mero mortal. Deste modo, para a surpresa de ambos, o vampiro foi empurrado para o outro lado da sala.

- Como é que fiz isto?

Questionei-me no mesmo instante enquanto olhava para a minha mão. Com os olhos arregalados e o silêncio a reinar naquela sala, engoli a seco e corri em direção ao livro e à minha mala enquanto me ajeitava.

- Esquece isto! – exclamei ainda surpreendida com a situação. – Eu enlouqueci! É o veneno da mordida! – referi enquanto me aproximava da saída da sala de aula.

- Agora entendo. – murmurou o Lucas enquanto se levantava e ajeitava a sua camisa calmamente. – E não, não é do veneno. Eu retirei todo o veneno.

Abanei a cabeça ao ouvi-lo e, sem esperar por mais palavras vindas daquele vampiro idiota, saí a correr da sala de aula. Deste modo, sabendo que a única aula do dia tinha terminado, caminhei em direção à saída da universidade para voltar para a casa a pé.

Todavia...

- Diana! Diana! – exclamou uma voz masculina.

- O que é? – questionei friamente, virando-me para trás e, ao ver o Felipe a olhar-me, arregalei os olhos e abanei a cabeça. – Desculpa, passa-se alguma coisa?

- Está tudo bem? Pareces agitada!

Desviei o meu olhar em direção ao capacete que o Felipe segurava e respirei fundo, aproximando-me dele.

- Tens uma moto?

- Sim, tenho. Vou agora para casa, queres boleia?

Assenti com a cabeça prontamente e, vendo o Lucas Roux a aproximar-se, puxei o Felipe em direção ao parque de estacionamento. Posteriormente, o loiro indicou-me o seu veículo e entregou-me o seu capacete, retirando um suplente do porta malas.

- A onde é que vives?

- Podes deixar-me na praia? Estou a precisar de desanuviar.

- Tudo bem.

Como agradecimento, esbocei um leve sorriso no rosto e subi para o seu veículo. Deste modo, agarrei-me à sua cintura com força e olhei em volta, conseguindo ver o Lucas Roux a observar-nos enquanto fumava encostado às grades do parque de estacionamento.

- Vamos. – murmurei.

Chegando à praia, o loiro decidiu acompanhar-me até ao areal e, após uma caminhada silenciosa, sentei-me junto ao mar e abri o livro do Thomas Potter, não podia perder mais tempo. – tinha de ler o capítulo dezasseis.

- Importas-te que te faça companhia? – questionou o Felipe, sentando-se do meu lado enquanto observava o oceano.

- Não me importo. No entanto, vou ler um pouco. Importas-te? – murmurei, olhando o Felipe por breves instantes.

- Tudo bem, eu apenas quero ver as ondas do mar.

Assenti com a cabeça ao ouvi-lo e, em silêncio, o loiro ficou a observar as indetermináveis ondas do mar enquanto iniciava a minha leitura do capítulo dezasseis. – o que tão de importante teria esse capítulo?

            
            

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