- Está defendendo ela agora, Anne?- perguntou irritado. - Quer levar no lugar dela?
Anne engole em seco, e me olha. Nunca tinha visto ela questioná-lo.
- Não, Ramon! - seu tom é suave. - Apenas me preocupo, Sr Andriotti pode querer vê-la despida.
Arregalo meus olhos, lanço um olhar magoado. Nem sei porque ainda sinto esperança de ter ela do meu lado apoiando em algo bom. É de Anne que se trata.
Ramon parece ponderar e anda de um lado para o outro. Isso realmente pode acontecer, e quem sabe não consigo sair de vez da vida desses dois.
- Isso não acontecerá, inventarei algo na hora - decide Ramon.
- Nem sabem se ele irá se interessar por mim - me ouço falando.
Ramon me encarou.
- Pois eu aposto todo meu dinheiro que ele a escolherá sem demora alguma - segura meu rosto, mas me desvencilho.
Uma limusine nos esperava. Um homem estava em frente a porta e a abriu para entrarmos.
- Quantos privilégios - Ramon se pronuncia.
Nada digo a respeito, nos acomodamos, uma moça que se encontrava dentro a nossa frente, serviu vinho para Ramon e Anne.
- Precisa relaxar, Ninna! - Ramon me entregou uma taça.
- Não estou conseguindo engolir nada - não o olho.
- Havia esquecido - rir cínico
Respiro fundo, direciono meu olhar para a janela. Queria sair correndo para longe de tudo, verei se consigo dá uma fugida rápida ou permanente.
Durante o caminho, Ramon dita novamente regras só que novas, estou nervosa e com uma sensação estranha. Não quero e nem vou tentar agradar ninguém, não darei esse gostinho para Ramon. O que ele faria de novo comigo? nada, absolutamente nada.
Sinto a mão de Anne e só então percebo que havíamos chegado. A porta é aberta e há muitos flash, abaixo a cabeça. Anne pega em meu braço e os junta e fala para mim sorrir, e assim faço. Olhando assim a família Miles aparentemente é perfeita, Ninna Miles a filha perfeita.
Tenho vontade de revirar os olhos
Nunca irei me acostumar com toda essa mídia e holofotes, luzes, câmeras. Não gosto disso. Disseram que seria apenas um jantar mas para a quantidade de pessoas que a aqui diria que se tratava de uma grande festa.
Caminhamos mais para frente observando o lugar bonito e luxuoso.
- Lembre-se filha, sorria! - pega no meu rosto fingindo fazer carinho.
Sorrio. Ramon abri o seu de satisfação.
Somos recepcionados até uma enorme mesa, e lá está o sobrenome da nossa família. Em cada espaço o sobrenome, e vejo que isso tudo foi arquitetado pelo o tal Sr Andriotti escolher a sua barriga de aluguel ,para mim isso que parece já que tem interesse em ter um herdeiro.
Vejo muitas mulheres lindas distintas, estou desclassificada, não tenho chance, fico feliz.
- Conheço esse sorriso, Ninna - olho para Anne. - Elas são muito bonitas sim, mas você é bem mais.
Continuo a olhando
- Duvido muito Anne, até porque é você quem diz isso por ser minha mãe. Aqui serão outros olhos que verão - me ajeito na cadeira.
Anne riu .
- Eu também pensei assim Ninna, e olha como estou agora - a olho não entendendo. - Estou casada com quem não escolhi, e nem queria ser escolhida, pensei o mesmo que você - sorri triste.
Fico surpresa, mamãe foi escolhida para ser esposa de Ramon?
- Você foi...
- A família Andriotti agradece a presença de cada um que se encontra aqui - sou interrompida por um homem falando.
Todos se levantam e eu sou a última, Ramon me olha, dá um sorriso mais largo que o normal.
Os presentes direcionam seus olhos para a grande escada a qual nem havia visto. De lá vem vindo, acredito ser a família Andriotti, conto mentalmente são oito integrantes, a maioria assemelha experiência e cabelos grisalhos, somente um é casal jovem, a moça aparenta ter minha idade.
Eles nos comprimentam, sentam perto da gente. Sorriu automaticamente. A família Andriotti ocupa quase todos os lugares à nossa frente, só uma cadeira ficou vaga, agradeço por ser a que fica de frente para mim.
- Fico feliz que você e sua família tenham vindo Sr Miles - o homem que parecia ser o chefe da família acho que dá idade de Ramon se pronuncia.
- Não poderia faltar, Sr Andreotti - estremeço, então ele é o tal homem.
Tenho vontade de vomitar só na possibilidade de ficar com alguém da idade de Ramon que é MEU pai. Não tenho preconceito ou algo assim, mas, não aguentaria isso já é diferença demais. Percebo seu olhar sobre mim por um momento.
Tento ao máximo não manter contato com ninguém especialmente Sr Andriotti que parece não querer evitar me encarar. Deixo de lado o incômodo e presto atenção no assunto que surgiu, eles comentam sobre alguém que irá se atrasar para o jantar.
- Meninas, vamos para o local a qual preparei para essa noite, irão adorar - uma mulher vestida formalmente aparece.
As moças que estavam na mesa, se levantaram, Anne cutucou minha perna para mim fazer o mesmo. Um pouco teimosa, Levantei e segui as demais que iam alegremente.
Que patéticas! levam a vida como privilégio de ter um mero sobrenome, sendo que ela é mais que isso, viver é ter liberdade, é amar e amar, ser feliz. Isso é tão deprimente, pensar nessas coisas e saber que meu futuro ainda é incerto.
As moças engataram conversas chatas, sobre homens, e moda. Não procurei me entrosar ou ser simpática com nenhuma, queria mais era sair daqui.
- Você é muito bonita, Ninna! - uma moça falou, e a reconheci, era a esposa de um dos homens da família Andriotti.
Seu vestido verde combinava com seus olhos, a diferença era que o tecido brilhava esplendidamente, enquanto os olhos dela, transmitiam tristeza.
- A beleza é tão ruim, às vezes - convido com o olhar para se juntar a mim. - E obrigada pelo elogio, que retribuir, você é muito bonita.
- Tenho que concordar, Ninna, sua frase dita é uma absoluta verdade. Tenho a prova amarga dessa enganosa beleza - parece lembrar de algo, tem o mesmo raciocínio que o meu. - Meu nome é Candice, agradeço o elogio!
Sorriu e apertou minha mão.
- Muito prazer, Sra Andriotti! - viro para ela, ficando com o corpo completamente voltado para ela.
- Odeio esse sobrenome! - dispara
- É um nome muito importante perante praticamente o mundo todo - ela revira os olhos .
Acabo sorrindo do seu desagrado.
- São todos superficiais, nada daquilo é verdade - suspira
- Deveria tomar cuidado com o que diz - aviso olhando para os lados.
- Você não contaria a ninguém, Ninna - ela nem me conhece
Mas tem razão, não falarei nada.
- Eu sei exatamente o que está sentindo nesse momento - segura minha mão.
- Sabe?
- A uns dois meses, era eu quem estava ali naquela mesa - aponta para algumas garotas que estão conversando animadamente. - Só que sozinha.
- Você foi a premiada? - ela sorri e abaixa a cabeça .
- Sempre pensei que prêmios eram bons - balança a cabeça. - Mais é um verdadeiro inferno.
- Eram pra ser bons!
- Para muitos, ser escolhida é um privilégio ter um Andriotti como marido. Estão tão enganadas - rir sem vontade.
- Ouvir muitas coisas sobre essa família, mas nenhuma boa - comento.
- Pode ter certeza que são todas verdadeiras, mas tem uma coisa, que quando eles gostam, eles cuidam - a olho confusa. - Fui escolhida por Joseph, hoje faz um mês que estou casada com ele, e - fica em silêncio. - Ele é bom quando quer.
- Sra Candice Andriotti, Sr Joseph a espera - uma senhora comunica.
- Sei que em breve nos veremos - se levanta e sai.
Fico estática, ligeiramente confusa com o que acabara de dizer. Olho ao redor, me sinto sufocada. Vejo que nesse espaço que estamos tem uma varanda, resolvo respirar um pouco de ar puro, este aqui está me fazendo mal, uma mistura de cheiros caros e enjoativos. Caminho em direção à grande cortina que se abre conforme o vento bate.
Respiro aliviada por não haver ninguém ali, a vista é ótima só se pode ver as luzes.
Meus pensamentos vão para longe de tudo. Me pego lembrando de Jonas em como ele foi gentil,sou muito carente de afeto, por isso fico boba com qualquer gesto, e atitude referente a mim. Sorriu relembrando os acontecimentos recentes com Jonas, pena não ter me entregado a ele.
- Um milhão por seus pensamentos - ouço alguém falar atrás de mim, no momento não me importo em virar e continuo do mesmo jeito.
- Estou pensando em alguém especial - resolvo falar, o que têm de mal em desabafar com um estranho?
- Deixa-me ver! - pelo seu tom, deduzo que esteja pensando. - Damon Salvatore? - replica, acabo rindo, por sua citação. - Sorte do homem que é o motivo de seu belo sorriso - sua voz é tão forte.
- Com certeza não! - nego, me sentindo novamente triste.
O desconhecido nada diz.
- Não deveria está aqui! - sinto que está bem perto de mim.
- Eu nem queria estar - me viro.
Fico espantada, que tipo de ser humano é esse aqui? cabelos pretos, olhos extremamente azuis, pernas compridas, o formato do seu rosto e boca média parecem ter sido esculpidos.
- Porque não? - indagou, observando-me dos pés ao alto da cabeça.
Sinto-me vergonha sob suas íris misteriosa.
- Porque não! - sorriu, ele permanece sério. - Não me sinto bem no meio de tantas pessoas.
Seu olhar é tão intenso e curioso.
- Também não gosto, mas tenho que participar - olha para o céu. - Nem tudo é como queremos, mas, precisamos fazê-lo.
Reflito sobre suas palavras, e é uma verdade.
- É, a vida é feita de aprendizados em meio às catástrofes - lembro de como estou hoje, e em como aprendi tudo que sei.
- Diz isso como alguém que sofre - indaga
Olho pra ele e sorri fraco.
- As vezes sofremos nas mãos daqueles que deveriam nos proteger - sinto gosto amargo na minha boca.
Vontade de chorar mas não posso. O desconhecido toca no meu braço, acabo gemendo, me afasto. Apesar do remédio esconder um pouco as marcas, ele fica muito sensível.
- Machuquei você? - ele pergunta.
- Eu não lhe conheço! - essa é uma desculpa verdadeira.
- Me chamo Ian! - estende a mão
- Ninna! - aperto a sua.
Fico rapidamente à vontade com ele. Conversamos sobre várias coisas nada relacionado a família. Ian parecia ser muito prepotente, ignorante e frio. Algumas coisas que falou, foi de maneira seca como se não se importasse com nada, aquilo me assustou um pouco, mas no mesmo instante que era arrogante era gentil. Me fez rir bastante, já ele fez poucas vezes isso.
Sou louca por ficar conversando com um desconhecido onde poderia ser mal caráter, mesmo tendo essa possibilidade, sentir-me bem perto dele, me passou segurança e um pouco também de escuridão, não havia luz nele, sentia isso.
- Srta Miles! - uma mulher fala mas para quando ver Ian, e faz uma reverência.
Fico sem entender.
- Desculpe, não sabia que havia chegado, Sr! - ela ficou nervosa.
- O que quer? - diz grosseiro.
- É... o pai da Srta Miles está procurando-a, Sr Ramon se encontra irritado - me olhou.
Droga, o que irei dizer? Terei que fazer o que ele quer, ou serei vendida.
Ian olhou para mim e pela primeira vez nesses minutos com ele, conseguir entender rapidamente sua expressão que foi de surpresa.
- Vamos Srta? - a mulher fez sinal com a cabeça, eu exitei.
- Me dê só um minuto! - ela olhou para Ian e se retirou.
Andei para a beira da varanda, controlando minha respiração.
- Qual o problema? - perguntou.
- Nada. Eu preciso ir, foi um prazer te conhecer - sorriu minimamente.
- Tem uma relação boa com Ramon? - perguntou me pegando de surpresa.
- Claro! - mentir, ele não precisava saber do pai que tinha.
- Se tem uma coisa que odeio é mentiras Ninna - se aproximou demais.
- Não estou.. - digo com medo.
- Não minta, não minta! - segurou meu rosto, sem apertar mas me deixou assustada.
- Preciso ir Ian, é evitar qualquer confusão - segurei sua mão, para me afastar dele.
- Você virá comigo! - puxou meu braço, causando dor.
- Para onde? - perguntei alarmada. - É algum sequestrador? - começava a entrar em desespero.
Ele riu de um jeito estranho, pareceu macabro.
- Não precisarei fazer isso, Ninna - falou.
- Por favor! Solte meu braço, está me machucando - pedir segurando as lágrimas.
Ele parou, devagar soltou meu braço, causando alívio, mas se manteve praticamente colado em mim, seus olhos de repente pararam na minha boca.
- Segure meu braço, não tente se afastar, não quero ser desagradável com você - balancei a cabeça, e ele sorriu de lado. - Gostei da sua companhia!