Capítulo 2 Traição

Mia

Acordei e estava um sol lindíssimo, aproveitei e fui chamar os meus irmãos para virem comigo á piscina, mas apenas a Lily aceitou.

Vestimos o biquíni e fomos dar uns mergulhos.

- Como anda a correr a escola? – Perguntei-lhe enquanto estávamos na piscina.

- Bem, tenho tido boas notas – contou orgulhosa.

- Muito bem, isso é que é bom! – Elogiei-a.

- Não sei como conseguem vir para a piscina mal acabam de acordar – disse o Ethan já arranjado para a faculdade.

- Está um tempo ótimo, isto sabe bem – comentei.

- Vocês sois é doidas – ele ajudou a Lily a sair da piscina.

- Queres um abracinho? – Perguntou a Lily.

- Lily está quieta – ordenou.

- Mia, levas-nos ao colégio? – Pediu a Leah.

- Sim, levo – sai da piscina e ainda tentei empurra o Ethan mas ele foi mais rápido a esquivar-se – vou só tomar um banho e já vamos.

Chamei a Lily e fomos as duas tomar banho. Depois de seca vesti-me e fui levá-las ao colégio, deixando o Ethan na faculdade.

- Durante a tarde vou estar com os primos, mas posso vir-te buscar – informei-o.

- Não te preocupes, depois das aulas vou ter com a Sarah – avisou-me.

- Ok, qualquer coisa liga – disse e arranquei. Direcionei-me até á empresa da família.

- Olá menina – saudou-me a rececionista.

- Olá, a minha mãe está? – Perguntei.

- Sim, está no escritório – avisou-me e eu subi até ao escritório da minha mãe. Quando cheguei ao piso dela ouvi gritos, ela estava a discutir com alguém. O meu pai, apercebi-me depois de ouvir a voz dele.

- É melhor não! – Estava quase a bater na porta do escritório quando o meu tio me impediu.

- O que se está a passar? – Perguntei enquanto o cumprimentava.

- Todos os casais discutem, vais ver que não é nada – tentou tranquilizar-me – anda, vamos tomar café – puxou-me até ao bar e sentamo-nos enquanto tomávamos café – quanto tempo falta para acabares o curso?

- Oito meses, com o estágio incluído – respondi.

- Já sabes onde vais estagiar?

- Ainda pensei em vir para aqui mas depois decidi ficar pelo Porto, vou estagiar na empresa da Carolina de Lencastre – revelei.

- É uma grande empresária, fabrica joias em ouro lindíssimas – comentou.

- O estágio é dois meses, depois venho trabalhar para aqui – falei – eu gosto muito mais disto, e prefiro joias em prata e diamante, como as fabricadas aqui – dei a minha opinião.

- Fico contente por saber disso e também por quereres trabalhar no negócio de família, os meus filhos não querem nada com isto e acho que dos teus irmãos vais ser a única – observou.

- Um dia mais tarde são capazes de se interessarem – opinei.

- Sim, mas mesmo assim gostava que um de vocês tirasse o curso de gestão – comentou.

- Pode ser que a Leah ou a Lily – disse – a Sophia gere um ginásio, tem conhecimentos em gestão.

- Sim, mas é outro negócio, o ramo das joias é mais complicado, falsifica-las é fácil e tem se ter olho para o negócio.

- Sim, obrigada pelo café – agradeci e levantei-me – vou ver se já posso falar com a minha mãe.

- Sim, vai – despedi-me dele e voltei ao gabinete da minha mãe.

- Posso? – Perguntei depois de bater.

- Sim filha, entra – reparei que ela estava a chorar e estava bastante nervosa.

- O que aconteceu? – Sentei-me de frente para ela.

- O teu pai – reclamou enquanto chorava.

- O que tem o pai? – Perguntei preocupada.

- Ele, ele – não conseguiu acabar.

- Mãe, estás-me a deixar preocupada – disse pressionando-a para contar tudo logo de uma vez.

- O teu pai traiu-me – disse de uma vez deixando-me em choque.

- O quê? – Perguntei incrédula.

- E o pior de tudo é que foi com a cabra da Layla – contou.

- Não, não! – Levantei-me – não pode ser, o pai não era capaz disso – tentei convencer-me – ele ama-te!

- Não, não ama, ele enrolou-se com a Layla, a minha meia-irmã – voltou a chorar.

- Mãe, não chores – pedi-lhe e abracei-a. – Não chores!

Fiquei com a minha mãe até ela se acalmar e depois fui falar com o meu pai, não acredito que ele fez mesmo aquilo, tem de haver uma boa explicação para está situação.

- Posso? – Perguntei depois de bater á porta do escritório do meu pai.

- Sim, entra – entrei e sentei-me de frente para ele – pai, a mãe contou-me tudo – revelei.

- Mia, quando tu chegas-te eu apercebi-me que já sabias de tudo – disse.

- É mesmo verdade? – Perguntei ainda com esperança.

- Infelizmente sim – confessou – foi um erro.

- Como foste capaz de trair a mãe? – Perguntei incrédula – e ainda por cima com a Layla, com a nossa tia?

- Foi um erro, um caso de uma noite, nada de mais – tentou defender-se.

- A mãe nunca te vai perdoar, tu não podias ter feito isto, não com a Layla – falei irritada e desiludida.

- Mia, eu continuo a gostar da tua mãe, de ti e dos teus irmãos.

- Se gostasses de nos não nos tinhas feito isto – acusei.

- Toda a gente erra – defendeu-se.

- Agora vais pagar por esse erro – avisei e sai da sala dele.

- Mãe vamos almoçar? – Convidei-a.

- Não me apetece filha – recusou.

- Não, tu vens, vamos buscar as manas e vamos até algum lado – insisti e fui puxando-a para fora do edifício.

- Não vou ser uma boa companhia – garantiu.

- Vais nada – entramos no carro e eu conduzi até ao colégio.

- Mia – chamou a minha atenção e eu olhei para ela – não quero que digas nada as tuas irmãs nem ao Ethan – pediu.

- Mãe – protestei – eles vão acabar por descobrir.

- Mia, estamos a falar do vosso pai, ele a vocês não vos fez nada, muito pelo contrário, sempre foi um bom pai.

- Como é que ainda o consegues defender?

- Não estou, foi a mim que ele traiu, que magoou, vocês não tem que se ressentir com ele nem ficarem magoados.

- Não sei vou conseguir, ele desiludiu-me – confessei.

- Eu não quero que vocês vos afastais dele, ele gosta muito de vocês – lembrou.

- Ok, mãe, eu vou tentar – prometi. Chegamos ao colégio, a Lily e a Leah já estavam á nossa espera.

- Olá meninas – disse a minha mãe quando elas entraram no carro.

- Onde querem ir almoçar? – Perguntei-lhes.

- Podíamos ir aquela pizaria, super boa – disse a Lily.

- Ok, pode ser, mas depois não se queixem com a dieta – brinquei e conduzi até á pizaria.

O almoço correu bem, falamos de coisas triviais e no final, levei as miúdas ao colégio, deixei a minha mãe na empresa e fui ter com a Sophia e com o Mason.

- Antes de mais quero pedir desculpas ao Mason, tive uns problemas e não consegui falar com a Elsa – falei enquanto os cumprimentava.

- Não faz mal – disse o Mason.

- Eu prometo que te vou compensar – prometi.

- Disseste que tinhas uns problemas, algo grave? – Perguntou a Sophia.

- Problemas pessoais – resumi.

Cheguei a casa e fui a correr para o meu quarto, tomei um banho rápido e troquei de roupa.

O Isaac mandou-me uma mensagem a avisar que estava quase a chegar. Passei no quarto dos meus irmãos e depois sai de casa e fiquei a espera que o Isaac chegasse. Um carro parou e dentro dele saiu o moreno sensual.

- Olá! – Fui até ele e cumprimentei-o com dois beijos na cara.

- Estás linda – elogiou-me eu corei.

- Obrigada – agradeci – tu também estás giro – comentei.

- Obrigado – abriu-me a porta do carro e entrei, ele entrou no lugar do condutor e colocou o carro em movimento.

- Posso saber onde vamos? – Perguntei.

- Não me digas que és curiosa? – Olhou para mim.

- Sim, sou, bastante até – avisei – é o meu maior defeito.

- Gostas de mulheres diretas e sem medos – comentou.

- Eu sou um bocadinho extrovertida, com um parafuso a menos – informei.

- Eu gosto de diversão – contou.

- Não sei porque, mas tu pareces demasiado certinho – observei – não me leves a mal, pareces como a minha tia.

- Como assim? – Perguntou curioso.

- Pareces um agente da autoridade – observei.

- Sou inspetor – revelou.

- Tal e qual como a minha tia, afinal não me enganei – falei.

- Quem é a tua tia? – Questionou concentrado na estrada.

- Amy Adams – respondi-lhe.

- É a minha chefe – contou.

- A serio? – Perguntei surpresa.

- Sim – disse – o Mundo é bem pequeno.

- Sim, é – concordei – mas ainda não me respondeste – lembrei.

- Vamos a um restaurante ao pé do Tejo – revelou.

- Obrigada – agradeci. De entretanto chegamos ao local que ele escolheu, saímos do carro e entramos no restaurante – isto é lindo – disse.

- Ainda bem que gostas – puxou-me a cadeira e eu sentei-me – obrigada – voltei a agradecer.

- Não precisas de agradecer – falou e sentou-se de frente para mim – fala-me sobre ti – pediu.

- Bom, a minha família é numerosa – introduzi – sou irmã mais velha, tenho um irmão e duas irmãs, pelo meu pai já não tenho família, tenho uma avó, um casal de tios, a Amy – expliquei – uma prima e um primo e mais uma meia tia – conclui.

- Ok, dás-te bem com todos? – Perguntou.

- Só não me dou muito bem com a minha meia tia, ela e a minha mãe andam sempre em guerra e com o meu tio acontece o mesmo – contei – e a tua família?

- Bom, eu também sou irmão mais velho, tenho mais dois irmãos, a minha avó materna vive basicamente em casa dos meus pais, e tenho uma tia materna em África, a minha família não se dá muito bem com ela, mas eu e os meus irmãos falamos constantemente com ela – falou.

- Isso é bom – comentei – eu gostava de ir a África.

- Também nunca lá fui – comentou – temos coisas em comum – brincou.

Fizemos os nossos pedidos e conversamos de assuntos banais enquanto jantávamos.

- Vamos tomar um copo? – Propôs.

- Eu gostava muito, mas não posso – disse – tenho um problema familiar e tenho que ir para casa – desculpei-me.

- Algo grave? – Perguntou enquanto caminhávamos para o carro.

- Mais ao menos – revelei – é um assunto complicado – disse.

- Ok, eu vou levar-te a casa – fomos para o carro e ele deixou-me em casa.

- Obrigada – agradeci – gostei imenso do jantar – falei antes de sair do carro.

- Voltamos a ver-nos? – Perguntou.

- Sim – garanti. Despedi-me dele e entrei em casa. – Cheguei!

- Olá filha! – Vi o meu pai na sala de estar e fui falar com ele.

- A mãe?

- Está em casa do teu tio – avisou – vai lá passar a noite.

- Pai, eu queria pedir desculpas pelo que disse de manhã, estava alterada – pedi.

- Eu sei filha e eu compreendo – disse – eu mereci o que me disseste e queria pedir-te desculpas pelo que te estou a fazer passar – pediu.

- Ok pai, o teu problema é com a mãe – disse – vou ver os manos e depois vou falar com a mãe – avisei-o.

- Até amanha – disse.

Fui até ao quarto dos meus irmãos e já todos estavam a dormir, dei-lhes um beijo e fui para casa do meu tio, que é ao lado da minha.

Bati á porta e a minha tia abriu.

- Olá tia – cumprimentei-a – o meu pai disse que a minha mãe estava aqui.

- Sim está, entra – entrei e a minha mãe estava a falar com o meu tio.

-Olá – cumprimentei-o e dei um beijo na minha mãe.

- Vamos deixar-vos sozinhas – os meus tios saíram da sala.

- Como estás? – Perguntei-lhe e sentei-me ao lado dela.

- Estou a aguentar-me – disse – Mia, eu vou viajar – avisou-me.

- O quê? Vais para onde? – Questionei.

- Vou a São Tomé para dirigir a sessão fotográfica da nova coleção – informou-me – tu sabes que a minha grande paixão é a fotografia – lembrou.

- Sim, sei – disse.

- Está viagem vai ajudar-me a distrair-me e a pensar com mais clareza nas coisas e a tomar uma boa decisão.

- Se é mesmo isso que queres, fazes muito bem, diverte-te – abracei-a.

- Toma conta dos teus irmãos – pediu-me.

- Sim mãe, não te preocupes – garanti.

- Amanhã de manha despeço-me de vocês – avisou.

            
            

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