Capítulo 4 O acordo

Com os olhos perigosamente brilhantes, Caldwell se levantou da cadeira de rodas.

"Você é bem mais inteligente do que parece, senhorita Rosina. Parece que te subestimei, não é? Me conte, você realmente quer se casar comigo?", ele perguntou com os olhos estreitados. Antes que a garota pudesse responder, ele continuou: "Quanto dinheiro será necessário para você cancelar esse casamento?"

Rosina fitou-o com uma expressão implacável antes de responder: "Sou sua noiva desde os meus dois anos de idade, senhor Caldwell. Acha que eu entendia algo sobre dinheiro, ou sobre os benefícios de se casar com uma família rica naquela idade? Ou será que meu 'eu' de dois anos forçou nossas mães a organizarem nosso casamento?"

Caldwell fez uma careta desdenhosa. Como ele esperava, a garota parecia mais eloquente e astuta do que aparentava.

"Naquela época, você já tinha dez anos, eu só tinha dois. Acha que eu estava interessada num homem velho?", Rosina provocou.

O sangue de Caldwell estava começando a ferver. Um homem velho? Ele ainda estava perto dos trinta! Como essa mulher se atrevia a chamá-lo de velho? Quanta ousadia!

A tensão deixou a atmosfera mais espessa e pesada. Quando percebeu a mudança de expressão de Caldwell, Rosina apertou os lábios e se perguntou se ela teria ido longe demais. Afinal, a razão pela qual ela estava disposta a se casar com um membro da família Walsh era que Perry havia prometido devolver tudo o que pertencia à sua mãe. E, para fazer isso, ela não precisava tornar seu futuro marido um inimigo...

"Senhor Caldwell, sei que você também não quer se casar comigo..." Deliberadamente, Rosina fez uma pausa para observar a reação do homem na sua frente, que embora tivesse sido quase imperceptível, não passou despercebido por ela. Além disso, ela baixou o tom e a agressividade desapareceu da sua voz. "Então, vamos fazer um acordo!", ela propôs com uma expressão determinada.

"Ha-ha!", Caldwell riu fingidamente. "Senhorita, o que a faz pensar que você pode negociar comigo?"

Rosina refletiu sobre isso por um momento antes de finalmente retrucar: "Pretendo me divorciar de você um mês depois do casamento."

A testa de Caldwell se arqueou de repente. "Esse é o acordo que você quer fazer comigo?"

"Sim. Conforme o desejo das nossas mães, ainda precisaremos nos casar. Mas depois disso, podemos nos divorciar por razões naturais, como personalidades diferentes e coisas do tipo. Assim, não vamos quebrar a promessa, nem você terá que viver com uma pessoa que não ama pelo resto da vida!" Após um breve pausa, Rosina acrescentou: "Você quer que a família Bentley rompa com o casamento porque ama outra pessoa, certo?"

Com uma expressão sombria, Caldwell respondeu: "Não é da sua conta." Então, ele ponderou por um segundo antes de perguntar: "E você, o que ganha com isso?"

Não tinha como Caldwell acreditar que a garota estivesse fazendo isso por puro altruísmo.

Ao ouvir essa indagação, o coração de Rosina quase saltou pela boca. Afinal, ela ainda não podia dizer a ele que estava fazendo tudo isso para recuperar a propriedade da sua mãe.

Revirando os olhos, ela disse, despretensiosamente: "Minha mãe atribui uma grande importância a este casamento. Como ela não está bem de saúde, eu não quero decepcioná-la."

"É mesmo?", Caldwell questionou num tom inexplicavelmente gelado, como se pudesse ver através da sua mente.

Sob a mira daqueles olhos profundos, Rosina se encontrou desconsertada. Era como se os olhos do homem estivessem prestes a perfurar seu coração.

De repente, o telefone de Caldwell começou a tocar. Quando ele viu o nome no identificador de chamadas, sua expressão suavizou imediatamente. Se virando, ele atendeu o telefone e sussurrou com a pessoa do outro lado da linha enquanto caminhava lentamente de um lado para outro. Uma vez terminada a ligação, Caldwell se virou com uma expressão de quem acabara de ter uma ideia. "Já que só vamos ficar casados por um mês, não há necessidade de realizarmos uma cerimônia de casamento, certo?"

Rosina concordou com a cabeça. "Não é um problema para mim!"

Três dias depois, Tyson apareceu para buscar Rosina.

De fato, não houve casamento, nem mesmo uma pequena cerimônia, mas ela não estava nem aí para isso. Afinal, eles tinham um acordo.

Alguns minutos mais tarde, o carro parou em frente a uma majestosa vila. Sob um sol tênue, a construção de pedra se estendia até onde a vista humana podia alcançar. Era uma visão absolutamente deslumbrante para qualquer um!

"Por favor, entre!", Tyson disse com um gesto educado. Seu tom não era nem entusiasmado e nem frio, apenas cortês e profissional. Ele já devia saber que o casamento de Rosina com Caldwell era apenas nominal e que ela não tinha poder nenhum na família Walsh.

Era uma vila enorme, e seu interior era estranhamente silencioso. Dentro do enorme salão, havia apenas uma empregada. Tyson não se preocupou em fazer um tour com Rosina. Assim que chegaram lá, ele apenas se virou e saiu, o que deixou a garota um pouco desconfortável.

"Bom dia, senhorita! Meu nome é Sabina Ellis. Sou uma empregada que cuida do senhor Caldwell. Pode me chamar de Sabina. Se precisar de qualquer coisa, basta me dizer." Com essas palavras, a mulher acompanhou Rosina até o seu quarto.

Pensando que um mês não era muito tempo, a garota havia empacotado apenas algumas coisas. "Ok, obrigada!", ela respondeu à empregada, embora não acreditasse que fosse precisar da sua ajuda.

Quando estava prestes a sair do quarto, Sabina lançou um olhar para Rosina. Após uma breve pausa, ela suspirou e disse: "É possível que o senhor Caldwell não volte esta noite! Hoje é aniversário da senhorita Sonya."