Capítulo 7 Aborto

Quando ouviu a confissão repentina da filha, Josie quase perdeu o equilíbrio. Ela precisou dar um passo para trás, para se apoiar na parede.

"O que aconteceu?", perguntou com a voz trêmula.

"Mãe, eu...", com um nó na garganta, Rosina se sentia envergonhada demais para falar a verdade. Lágrimas irromperam incontrolavelmente, deslizando livres pelo seu rosto.

"Quem é o pai da criança?"

Josie sabia muito bem que sua filha nunca tinha namorado na escola. Como ela podia ter engravidado?

Incapaz de pronunciar uma palavra, Rosina mordeu o lábio inferior e abaixou a cabeça.

"Por que você não me responde?" Josie a agarrou pelos ombros. "Você simplesmente não pode ter esse filho. Vamos para o hospital neste instante!"

"Não!" Rosina se debateu, libertando-se das mãos de sua mãe.

Mas, por mais que ela implorasse, Josie se recusava a mudar de ideia. Nesse mesmo dia, ela levou Rosina até o hospital.

Chegando lá, Josie a deixou no corredor para ir buscar os papéis do exame.

Sentada sozinha em um banco, Rosina cobriu o estômago com as duas mãos, soluçando em silêncio.

"Ah, Caldwell, estou bem. Relaxe. É apenas uma queimadura leve." Sonya estava usando um vestido preto colado ao corpo, que acentuava perfeitamente sua figura curvilínea. Um paletó estava pendurado sobre seus ombros, cobrindo-os. Caminhando ao lado dela, Caldwell vestia uma camisa branca com as mangas arregaçadas, revelando seus braços musculosos.

"Se não tratar a queimadura direito, você pode ficar com uma cicatriz", ele explicou pacientemente.

Sonya ergueu a cabeça e o encarou. "Você vai deixar de me amar se ficar cicatriz?"

"Que bobagem!"

Sonya riu como uma colegial.

Ao ouvir aquelas vozes familiares, Rosina ergueu vagarosamente a cabeça e viu Caldwell e a mulher caminhando lentamente.

Pareciam um casal formado pelos deuses.

Rosina se sentiu uma verdadeira palhaça ao perceber isso.

"Próxima! Rosina Bentley!" A porta da sala de procedimentos cirúrgicos se abriu subitamente e a enfermeira chamou seu nome.

Agora era tarde demais para Rosina se esconder.

Ao ouvir esse nome, Caldwell se virou imediatamente. Assim que seus olhos se encontraram, ele franziu o cenho.

Vendo as palavras "Sala de Procedimentos Cirúrgicos" sobre a porta, ele franziu as sobrancelhas.

O que diabos essa mulher estava fazendo ali?

Pela manhã, na sua frente, ela havia fingido se importar muito com o bebê, mas agora ia fazer um aborto?

Seguindo o olhar de Caldwell, Sonya encarou Rosina.

Assim que viu o rosto pálido de Rosina, ela o achou um pouco familiar, mas não conseguia se lembrar onde tinha visto aquela garota antes. Curiosa, Sonya perguntou baixinho: "Você a conhece, Caldwell?"

"Não", ele respondeu categórico, desviando rapidamente o olhar.

Caldwell então pintou um quadro de Rosina em sua mente. Ela era uma mulher promíscua e selvagem que havia engravidado antes do casamento. Na sua frente, havia fingido amar o filho no seu ventre, mas agora, pelas costas dele, estava prestes a fazer um aborto.

Que mulher ardilosa!

Constrangida, Rosina ficou de pé, abaixou a cabeça e seguiu a enfermeira até a sala de procedimentos cirúrgicos.

Percebendo que Caldwell parecia zangado com algo, Sonya engoliu em seco. Puxando o braço dele, ela o chamou baixinho: "Caldwell."

Com uma expressão dura como pedra, Caldwell disse friamente: "Vamos embora."

Ela olhou por cima do ombro para a porta da sala de cirurgia, segurando o braço dele com mais força. Seu olhar então se tornou sombrio.

A julgar pela reação de Caldwell, Sonya deduziu que havia algo que ele não tinha lhe contado. Mas ela estava há muitos anos com ele, e nunca houve outra mulher em sua vida.

Então, quem era aquela garota ainda há pouco?

Como ela podia exercer tanta influência sobre o humor dele?

"Caldwell, aquela garota agora..."

"Você não tem que se preocupar com pessoas irrelevantes", ele disse com indiferença.

Sem fazer mais perguntas, Sonya decidiu deixar esse assunto de lado por ora.

Dentro da sala de cirurgia, Rosina se encolheu de medo ao vislumbrar o aço gelado do equipamento.

"Deite-se, por favor", o médico a instruiu.

"Não vou fazer o procedimento", Rosina disse isso com um meneio de cabeça e em seguida saiu correndo.

Correu tão depressa que não conseguiu ver para que lado estava indo, até que esbarrou em um homem.

Ela deu um passo para trás aturdida e se desculpou rapidamente: "Desculpe, senhor..."

"Rosina?"