Capítulo 2 O professor

Natália entrou no primeiro banheiro que encontrou, olhou sua imagem no espelho, até seu sutiã estava transparente, se sentiu péssima. E aquele encontro, bem, ele não saía da sua cabeça.

Ela não era muito interessada em homens, ele parecia ser um pouco mais velho, não muito. Sentiu um pouco de calor e seus seios se enrijeceram novamente, ela não entendia bem o que estava sentindo, era novo, desconfortável e bom. Tentou não pensar nisso e focar na solução do seu problema.

Então ouviu uma voz inesperada _ "Natália, nem acredito que você está aqui! Fico tão feliz em te ver"_.

Era Suzi, sua colega de escola, Suzi sempre tentou se aproximar de Natália e a tratou bem, mas ela não se sentia confortável com esse afeto, sentia como se a outra fizesse isso por obrigação, pelo seu luto. Mas talvez estivesse sendo injusta, afinal Suzi sempre a tratou bem, mesmo antes. _"Oi Suzi, pois é consegui me matricular a tempo, primeiro dia de aula e já comecei mal"_. Concluiu mostrando o estado da sua roupa.

Suzi apressadamente abriu sua bolsa e enquanto vasculhava nela, começou a falar _"não se preocupe, não vou deixar uma amiga em apuros agora! Tenho um suéter, sei que está um pouco quente, mas acho que pode ajudar."_

Natália concordou, tirou sua bata, pegou a roupa e vestiu, era um suéter fininho, dava para encarar mesmo com o calor, até porque as salas seriam climatizadas. Soltou seu coque, arrumou o cabelo, agradeceu a ajuda de Suzi, e juntas foram para a sala de aula.

Entrou na sala atrasada, o suficiente para que todos reparassem nela e ela odiava ser o centro da atenção. Mas o que mais a deixou agitada, foi perceber que o homem em quem esbarrou, era o seu professor. Ela olhou para baixo e sentindo suas bochechas esquentarem, sentou com Suzi nas unicas mesas disponíveis, bem à frente da classe.

Suzi sussurrou _"nossa que professor gato!"_. Enquanto Natália apenas concordou com a cabeça, sem conseguir olhar para a frente.

Quando finalmente olhou para o professor, sentiu um leve desconforto, pareceu por um instante uma cólica, mas era uma sensação atraente, que a deixou com calor.

Carlos ficou de pé, em frente a mesa de professor e caminhou entre os alunos, se apresentou e falou um pouco da sua disciplina. Ele era um ótimo professor e transmitia segurança. Natália não pode deixar de perceber seus lábios finos, olhos escuros e cabelos pretos, ele realmente era um homem muito bonito e diferente de todos os professores que conhecera. Ele passava um ar de seriedade, mas conseguia atrair a turma e fazer com que todos gostassem dele. A aula realmente era muito bom e passou rápido.

Natália combinou com Suzi em devolver o suéter no dia seguinte e correu para a coordenação, precisava acertar alguns detalhes com a coordenadora do curso.

Na coordenação, a Sra. Margarete a incentivou a contratar um professor particular, para um reforço sobre as aulas que teve dificuldade em acompanhar durante a escola. Com tantas tantas faltas, Natália não conseguiu acompanhar duas matérias específicas e iria realmente precisar de um empurrãozinho para se sair bem no vestibular. Sra. Margarete também lhe passou alguns cartões de contato de professores, o que lhe deixou grata.

Saindo da direção, Natália resolveu pegar um elevador, estava cansada de caminhar e como as aulas já haviam acabado a algum tempo, sabia que não haveriam filas.

O elevador chegou, ela entrou e logo uma mão entrou atrás, impedindo que o mesmo fechasse. _"Oii se importa em dividir?"_.

Era David, um aluno da sua turma, muito bonito, de olhos claros e cabelos loiros. Ela concordou sem dizer palavra, mas percebeu que ele a observava. _"então, primeiro dia e já se meteu em encrenca?"_. Ele questionou curioso.

Natália lhe deu um meio sorriso e respondeu _"na verdade não, perdi muitas aulas e a Sra Margarete me aconselhou a contratar aulas extras"_. David respondeu _ "eu tenho o professor certo pra você, meu cunhado, ele da aulas aqui e particulares também, todos elogiam muito"_.

Ela sorriu e agradeceu a atenção dele, o achou muito educado e nesse momento percebeu, que ele também era muito atraente.

Ela não sabia o que estava acontecendo, geralmente ela não reparava em ninguém e hoje já havia considerado dois homens, muito bonitos.

David lhe passou o contato, ela trocou algumas mensagens com o professor indicado e combinou para o mesmo dia a tarde, na biblioteca da instituição.

Na biblioteca Carlos organizava seus materiais para as aulas particulares, adorava dar aulas e geralmente tinha um bom relacionamento com seus alunos, exceto quando eram meninas interessadas apenas nele, ele não tinha muita paciência para aqueles joguinhos e embora devesse admitir que já tenha caído em tentação algumas vezes, nunca era muito interessante. Garotas de 18 anos querendo provar que são aptas a conquistarem homens mais velhos.

Carlos tem 32 anos, era casado desde os 25 anos com Andrea, eles eram felizes, mas a química entre os dois acabara a bastante tempo. Carlos sabia que Andrea se envolvia com alguns garotos na academia e na verdade não se importava, os dois conviviam bem e ele acreditava que o casamento dependia de muito mais, que apenas sexo. Eles ainda não tinham filhos, ele passava quase todo o tempo na escola e Andrea ficava meio período na empresa da família e no restante do dia, jantava com amigas, ia a academia e tinha seus encontros secretos. Ele continuava fingindo que não sabia e talvez ela também soubesse dos curtos envolvimentos dele com alunas, mas não se importaria, ela sabia que no fim, ele pertencia a ela.

Carlos pensou por um momento na menina dos cabelos encaracolados, no olhar inocente dela e no quanto aquilo o excitava. Geralmente ele era um homem muito contido, não se deixava levar assim, principalmente no ambiente de trabalho.

Deixou os pensamentos de lado e organizou seu espaço de trabalho. A biblioteca possuía várias pequenas salas privadas para estudos, com divisórias de PVC mais baixas que a altura da biblioteca, que cobriam parte do local, para quem olhava de fora, mas que não tinha porta e não protegia as conversas, afinal, biblioteca é um local de silêncio.

Carlos se sentou na sala 3, a mesma que sempre atendia seus alunos, ficou no canto esquerdo, onde não conseguia ser visto do lado de fora e aguardou seu próximo aluno.

            
            

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