Capítulo 3 A biblioteca

Natália chegou a biblioteca para conhecer o professor das aulas extras, ela adorava bibliotecas e adorou o espaço, principalmente os espaços privados, que considerou inovadores e nunca havia visto algo assim. Na verdade ela mal saia da cidadezinha onde morava, natural que não conheça muitas bibliotecas.

A casa de Natália ficava a uns 40 minutos do cursinho, em uma cidadezinha vizinha, com menos de 40 mil habitantes.

Ela identificou a sala três, não viu ninguém, então parou para observar os livros com calma. Enquanto isso, no cantinho da sala, Carlos olhava o relógio e se perguntava se seu aluno seria mais um irresponsável, que não cumpriria os horários combinados. Passaram alguns minutos e Natália não viu ninguém chegar, de costas para a sala três, ela sessão de livros de romance, que eram os seus preferidos.

Carlos estava impaciente e resolveu sair da sala para pegar o café, então viu uma garota de costas, com um vestido longo de tom azul claro e o cabelo preso em um coque alto, que deixava seu pescoço a mostra e ombros expostos. Aquele corpo, ele já havia visto, sentiu aquele calor familiar na virilha e não demorou muitos para reconhecer, era a mesma menina que esbarrou nele, encharcada pela manhã. Que por coincidência estava matriculada na turma dele, ela era mesmo linda e ele não conseguia tirar seus olhos dela.

Natália estava absorvida pelos livros e não percebeu o homem alguns passos atrás dela, a observando. Ela viu um título no alto e tentou alcançar, as vezes se irritava por não ter uns centímetros a mais.

Carlos observou a cena com ternura, achou engraçado ver a garota tentando alcançar o livro, instintivamente ele deu dois passos à frente e por trás dela, esticou o braço e pegou o livro.

Surpresa, Natália viu aquela mão grande pegando o livro, quando se virou para ver quem era, esbarrou em seu professor, eles estavam a poucos centímetros de distância, ele olhou pra baixo em direção a ela e sorriu "você sempre esbarra assim nas pessoas?". Ela enrubesceu e ficou sem resposta, eles estavam muito próximos. A boca de Carlos ficava na altura da testa dela e ela se encaixaria perfeitamente em um abraço. Ele percebeu pela primeira vez, o olhar triste dela e se perguntou se essa tristeza já estava lá essa manhã.

Calmamente, ele estendeu o livro e percebeu que ela havia corado, o que fez com que o calor na sua virinha aumentasse. Ele pensou "O que há com você Carlos?". Geralmente ele não se interessava pelas garotas, elas que o cercavam, mesmo não havendo conflitos de interesse que o impediam de se relacionar com alunas maiores de idade, ele evitava, pois sabia que as meninas eram muito imaturas e gostavam de fofocar entre si.

Ele viu ela pegar o livro ainda sem dizer palavra, apenas observando, ela parecia um pouco nervosa. Então para amenizar o ar de tensão entre eles, investiu novamente _ "ei, você não é a garota que esbarrou em mim essa manhã?". A intenção dele era descontrair, mas a deixou ainda mais rígida e nervosa, ela corou ainda mais e baixou a cabeça, com um pouco de insegurança, ela respondeu _"me desculpe professor Carlos, não irá se repetir!".

Ele deu um grande sorriso, geralmente as meninas da idade dela eram mais confiantes, ele sabia que era bonito, muitas delas se aproveitariam desse momento para jogar um pouco de charme, mesmo as que não se interessavam realmente em ter algo com um homem casado, já havia percebido que a maioria, flertava com ele com muita naturalidade.

Carlos procurou confortá-la _"calma garota, está tudo certo, o local é pequeno. Percebi que você estava na minha aula essa manhã, vamos nos esbarrar muito durante este ano".

Natália estava em pânico por dentro, aquele homem a perturbava, ele era muito bonito, mas era seu professor, estava tentando ser educado com ela. Ela respirou fundo, levantou a cabeça e o olhou em seus olhos. Ele realmente era lindo e esse sorriso descontraído, o deixava com aspecto mais jovem atraente. Após uns segundos disse _"a coordenadora Margarete me indicou aulas de reforço, tenho uma aula agendada na sala três, mas meu professor está um pouco atrasado, então parei aqui para conhecer um pouco a biblioteca.

Carlos deu um sorriso ainda maior e soltou uma risada alta, mas logo se conteve, não era adequado rir ou falar alto em uma biblioteca. Então se recompôs e respondeu _"eu estava aguardando meu próximo aluno que também está atrasado e estou na sala três. Acredito que fiquei no ponto cego da sala e você não me viu!"

Natália ficou aterrorizada, mas conseguiu se conter, não era acostumada a estar próxima de homens que a atraíssem tanto e embora ela nunca tivesse se relacionado com algum, sabia que Carlos a atraía.

Carlos não escondeu sua satisfação em descobrir que a garota da chuva, seria sua nova aluna, ele estava intrigado com ela. De forma educada, ele abriu passagem para ela a sala três e estendeu o braço direito, fazendo sinal para que ela passasse.

Natália hesitou por um breve momento, e seguiu em direção a sala, ao entrar, percebeu o cantinho esquerdo, que ficava realmente num ponto cego e automaticamente sentou-se ali.

Carlos entrou logo depois dela, percebeu que gostava do seu perfume e sentou-se ao seu lado. Ambos estavam no ponto cego da sala, logo ele tirou a agenda, alguns materiais e de forma profissional, começou e explicar como seriam as aulas. Enquanto ele falava profissionalmente, ela só conseguia pensar no quanto ele era bonito, o calor que ela sentia em sua virilha, estava cada vez mais forte, não era uma sensação comum, ela sentiu sua tesa úmida pelo suor, tentou disfarçar e focar no que Carlos falava, mas sua cabeça não conseguia se concentrar. Carlos interrompeu sua explicação e questionou.

_" está tudo bem Natália? Essa sala está muito quente pra você?..."_ antes que pudesse concluir, o corpo de Natália ficou mole e ela desmaiou. Nesse momento, ele a tomou nos braços e a levou até a enfermaria, que ficava logo ao lado. Não havia ninguém, era uma sala com uma pequena maca, onde ele a colocou, ao lado havia uma poltrona e em um armário, alguns itens para primeiros socorros e pequenas emergências. Ele pegou um pouco de papel e secou a testa dela, em seguida localizou o controle do ar, para deixar o ambiente mais agradável, suspeitava que o calor tivesse baixado sua pressão ou quem sabe, a chuva dessa manhã a tivesse deixado doente.

Carlos pegou um medidor de pressão e colocou no braço dela, para ver como estava, enquanto aguardava, percebeu que o corpo dela estava um pouco úmido e deixava o vestido leve um pouco colado em seu corpo, mostrando ainda mais suas curvas. Sentiu vontade de tocá-la, então o aparelho de medir pressão vibrou e suas suspeitas foram confirmadas, a pressão dela havia caído um pouco.

A sensação de algo vibrando em seu braço, a fez despertar, ficou um pouco perdida, por um momento não entendeu onde estava. Vendo sua cara confusa ao despertar, Carlos disse com ternura, enquanto automaticamente fazia um carinho em seu rosto.

_"Olá garota, você me deu um susto em? Está muito quente hoje, sua pressão caiu e eu trouxe você para a nossa enfermaria improvisada."_ Natália tentou se levantar e com ternura ele a impediu. _"descanse um pouco, logo você estará melhor"_.

Natália não gostava de ficar sozinha com pessoas estranhas, mas estava se sentindo meio lenta e a presença dele a confortava. Então fez um gesto com a sua cabeça concordando e relaxou o corpo.

Automaticamente com uma de suas mãos, Carlos pegou na mão dela e ela apertou delicadamente, fechando os olhos em seguida.

Depois de algum tempo Natália abriu os olhos, o professor permanecia com ela, na poltrona ao lado. Quando a viu se mexer, ele deu um pulo e já estava ao seu lado confortando e olhando gentilmente. Ele deixou claro que a levaria pra casa, sem lhe dar opção para recusar, ele se sentia na obrigação de cuidar dela.

Então ela se recompôs e sem discordar, concordou.

            
            

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