/0/4617/coverbig.jpg?v=929bfe4b585fe40b39bb58bdbf30aba9)
Já no carro a caminho de sua casa, Natália contou um pouco mais sobre a cidade em que morava, Carlos morava na mesma direção, em um dos bairros que faziam limite com a cidade dela, o que a deixou mais confortável, não queria ser um incômodo.
_"Professor Carlos me desculpe por hoje, primeiro esbarrei no Sr. Toda molhada, entrei em pânico e sai correndo, nem me desculpei direito. Depois cheguei em sua aula atrasada, porque estava tentando me recompor e a tarde na biblioteca, me atrasei novamente e ainda falei que o senhor, é que estava atrasado. Então desmaio e lhe dou esse trabalho todo, me desculpe..."_.
Carlos sorriu e respondeu.
_"Imagina, não tem pelo que se desculpar, mas não tem como negar que seu dia foi realmente agitado."_
Natália fez um gesto concordando e respondeu.
_"Realmente, eu não saio muito da minha cidade, hoje precisei ir à escola duas vezes, não poderia ficar o dia todo lá molhada, gastei bastante tempo no ônibus, se você não tivesse me oferecido carona, chegaria tarde em casa."_
Carlos percebeu novamente o olhar triste dela, sabia que tinha algo errado.
_"você mora com os seus pais?"_ o rosto dela escureceu, era óbvio que o assunto a incomodava e ele se arrependeu de perguntar, mas já era tarde.
_"Minha mãe morreu quando eu tinha 13 anos, meu pai é ótimo, tenta me ajudar a superar, mas nem ele superou. Desde então não tenho saído muito, meu pai trabalha bastante e gosto de ficar sozinha em casa."_
Agora Carlos conseguia entender de onde vem aquele olhar triste, ela era tão linda e parecia ainda mais jovem falando da sua família.
Ele mudou de assunto e começou a questionar sobre o cursinho e os planos dela, na verdade ela não tinha muitos planos, desde que a mãe faleceu, não pensava muito a longo prazo, carreira, relacionamentos, vivia um dia de cada vez, tentando superar a perda.
Durante o percurso, ouviram música, riram um pouco e ela percebeu que a muito tempo não se sentia bem na companhia de alguém, talvez realmente precisasse sair mais e conhecer pessoas, talvez o problema fosse ela ter se fechado para o mundo e não o mundo virado as costas pra ela.
Chegaram a casa de Natália, Carlos parou bem em frente, desceu do carro, deu a volta e abriu a porta da passageira, se certificando que ela estava bem. Ela sorriu, achou seu ato cavalheiro e ele a acompanhou até a porta, chegando lá, ao se despedir instintivamente ele tocou em seu rosto, ela corou e deu um sorriso leve, sem se esquivar, ele chegou mais perto, deu um beijo em sua testa e falou.
_"Se cuide garota, vejo você amanhã!"._.
Ela sorriu e entrou em casa, sem entender direito o que estava sentindo.