– E você ainda tem coragem de chamá-la de sua menina? – continuo e ela se encolhe. – Não acho que ela saiba que você está vendendo ela, do contrário, correria para as montanhas. Acho que é um grande azar o dela por ter uma mãe como você. Margarita, eu posso mexer com qualquer merda, mas eu não mexo com mulheres e crianças.
– Eu sou uma mulher.
– Você é uma viciada que me procurou por livre e espontânea vontade querendo iniciar um negócio. Você sabia quem eu era, sabia das consequências e é por isso que estamos tendo essa conversa aqui e agora. Você me entende? – pergunto empurrando um dedo em seu peito e ela assente rapidamente. – Ótimo.
– Mesmo assim, você jamais se arrependeria do nosso trato. Minha filha não é assim tão boa como você pensa, ela se vende por dinheiro e tem tanto valor quando eu. Ela se acha só porque mora numa cobertura e é uma acompanhante de luxo. Bobagem, para mim, puta é puta – Marggie diz amarga e eu percebo um certo rancor ali.
Que seja, não é da minha conta.
– Sua filha é acompanhante de luxo?
– Sim. Ela devia me agradecer por ter puxado a minha beleza, mas em vez de fazer isso, ela faz de tudo para ficar longe de mim. Nem mesmo me ajuda a pagar as contas quando tem muito mais dinheiro que eu – arqueio a sobrancelha. Acho que Marggie e meu pai tem muito em comum, os dois se acham os donos da razão e querem que os filhos lidem com as merdas deles.
Estou num impasse aqui. Não posso voltar para casa de mãos abanando e não vou dar mais tempo a ela. Ela não é merecedora desse tempo.
– O que ela diria se soubesse que está sendo vendida?
– Ah, não faço ideia. Ela já não espera nada de mim mesmo – em sua fala, percebo que ela não liga nem um pouco para a filha.
Olho para Jeong com o meu melhor olhar de "o que você acha que eu devo fazer" nos afastamos um pouco de Margarita e ele se aproxima e me fala ao pé do ouvido, de modo que apenas eu sou capaz de ouvir.
– A filha dela é Rayna Petrova, acompanhante na Agency B. – Jeong sempre tem a ficha familiar das pessoas que eu visito porque, normalmente usamos isso para chantagear. Dessa vez foi totalmente ao contrário.
– Por que parece que já ouvi esse nome em algum lugar? – murmuro.
– Ela é a mulher que o ajudou a capturar o Sr. Peev, Sr. – levanto as sobrancelhas.
– Aquela é a filha dela? – questiono surpreso. Aquela mulher causou uma impressão ótima em mim, mas eu não pago para mulheres sairem comigo. – Eu nunca imaginaria.
São dois tipos diferentes de mulher e eu jamais associaria uma a outra.
– O que vai fazer? – Jeong pergunta.
– Aceitar a proposta. Se ela não vai me pagar, a filha dela vai – não pretendo vendê-la, muito menos usá-la para prostituição.
Tudo que eu quero é dinheiro.
Me aproximo de Marggie e sorrio.
– Vou preparar os papéis para que você assine e Jeong vira trazer. Assine – comunico e ela olha esperançosa para mim.
– Vai aceitar minha proposta? Mesmo?
– Sim e não. Vou negociar com a sua filha e se ela me pagar, voltarei e você mesma vai precisar dar um jeito, ou eu vou dar um jeito em você. Você bem sabe que não é nada difícil de te encontrarem em uma vala escura, certo? – falo angelicalmente e ela olha para mim com temor. Isso mesmo. É assim que eu gosto que me olhem.
– Você me entendeu? – enfatizo e ela assente. – Ótimo. Até mais. Tenho um pressentimento de que vamos nos encontrar de novo.
Vejo um pequeno tremor nela e lhe dou as costas, saindo da mesma forma que entrei.
– Acha que foi a decisão certa, Sr? – Jeong pergunta assim que chegamos ao carro.
– Você faria diferente?
– Eu acho que a Srta. não é do tipo que gosta da mãe. Na verdade, pelo jeito que ela falou, eu duvido que se deem bem. Ela não vai pagar essa dívida.
– Ah, vai sim. Alguém vai me pagar, ou alguém vai morrer. Elas vão decidir quem morre e quem vive – É minha última palavra e eu entro no carro. Jeong entende o recado e não toca mais no assunto, mas eu fico pensativo.
Rayna Petrova. O nome combina bem com ela e seu olhar obstinado. A primeira coisa que pensei quando a vi foi que ela parecia um pouco comigo. Além de não ligar para os insultos do Sr. Peev, ela ainda lidou com toda a situação de uma forma bem fria e calculista assim como eu faria.
– Está pensando na sua noiva, Sr? – Jeong pergunta subitamente, me tirando dos meus pensamentos.
– Noiva? – pergunto.
– Sim, sua noiva. A garota de bem com quem terá que se casar. Você tem algum palpite de que garota o seu pai gostaria?
– Não, mas eu tenho vários palpites de garotas que ele não gostaria, mas... – tenho um insight e paro, minha mente acelerada, a melhor ideia de todos os tempos se formando na minha mente. Um sorriso se espalha lentamente pelo meu rosto.
– Jeong, mudança de planos, vamos para a casa do meu advogado.
– Agora? Mas você disse que ia jantar – ele questiona confuso.
– Posso jantar enquanto discuto isso com Jamie. Tive a melhor ideia para o meu casamento e tenho certeza que meu pai vai adorar. Já até consigo ver a cara dele de felicidade quando souber.
– O que você vai fazer? Não me parece nada bom – Jeong me conhece demais e sabe que não estou brincando.
– Você vai ver.