Capítulo 6 A cuidadora arrogante

Ainda mancando, Layla entrou na enfermaria e logo avistou um grupo de médicos e enfermeiras em volta de sua avó.

"Sabia que sua avó quase morreu na noite passada, senhora Layla?", uma das enfermeiras rosnou assim que a viu. "O respirador artificial simplesmente se soltou no meio da noite. Ela pediu socorro mas ninguém apareceu para ajudá-la. Por sorte, uma enfermeira passou e a viu lutando para respirar. Do contrário, ela já estaria morta agora."

"Mas eu contratei uma profissional para cuidar dela", Layla explicou.

"Sim, só que ontem à noite não havia ninguém com ela na enfermaria", a enfermeira retrucou.

Só então Layla se deu conta de que a cuidadora que Alina havia designado não estava por perto.

Consciente de que não seria capaz de cuidar de sua avó depois de se casar com Clark, ela havia pedido a Alina que contratasse uma pessoa para fazer isso no seu lugar. Mas agora, a mulher não estava por perto.

Layla então a chamou, mas não houve resposta. Meia hora depois, a cuidadora abriu a porta e entrou, trazendo um recipiente com comida.

Ao se deparar com o olhar de Layla sobre ela, seu coração quase saiu pela boca. "Faz tempo que você chegou, senhora Layla?", ela perguntou, sorrindo docemente.

Nesse momento, Layla perdeu totalmente a paciência. Agarrando a mão da cuidadora, ela a puxou para o jardim que havia no piso inferior.

"Onde diabos você se meteu ontem à noite? Sabia que a minha a avó quase morreu?"

"Como assim, o que você quer dizer com isso? Terminou o meu horário de trabalho e fui para casa. Sou paga para cuidar dela apenas durante o dia. Você não me pagou o bastante, não é minha responsabilidade cuidar dela à noite", a mulher retrucou.

A raiva que Layla sentia era tanta, que ela pôde sentir o gosto amargo de bile em sua boca. Foi então que percebeu que a mulher a tinha enganado. Layla só a tinha contratado porque ela lhe pareceu honesta e confiável. Mas pelo jeito, tudo tinha sido apenas uma fachada para impressioná-la.

O salário pago por ela correspondia ao valor padrão que era pago a qualquer profissional, para que ficasse responsável por cuidar dia e noite da sua avó. Como a cuidadora podia alegar agora que ela não havia pago o bastante?

"Nós fizemos um trato. Você deveria cuidar da minha avó vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana. Como pôde deixá-la sozinha?", Layla disparou, indignada.

Essa cuidadora tinha o hábito de ser negligente com seus pacientes idosos, porque eles normalmente eram fracos demais para contarem o que ela fazia. Mesmo diante de toda a sua negligência, não iriam denunciá-la. Mas agora que Layla a tinha flagrado, ela não se incomodava mais em fingir. "Olha, vou ser bem sincera com você, não é nada fácil cuidar de um paciente durante a noite. Ou você aumenta o meu salário, ou terei que me demitir", ela disse com um ar arrogante.

"Mas eu já te paguei o suficiente para isso! Se quiser desistir, vá em frente. Quanto a mim, vou procurar outro cuidador."

"Boa sorte então, vamos ver se você vai mesmo encontrar alguém", a cuidadora disse com sarcasmo.

Assim, Layla entrou em contato imediatamente com a pessoa responsável pelos cuidadores do hospital, mas como a mulher na sua frente havia dito, o número de profissionais disponíveis era restrito. Todos estavam com seus cronogramas lotados. Simplesmente não havia ninguém disponível para cuidar de sua avó.

Cruzando os braços sobre o peito, a arrogante cuidadora ficou ali ouvindo a conversa. "Ha! Se não tem dinheiro para pagar, cuide você mesma da sua avó!", ela disse desdenhosamente. "Sei que há alguns cuidadores experientes disponíveis. Você pode tentar contratá-los. Mas não tem dinheiro para pagar, não é mesmo? Por que não interrompe o tratamento e a leva de uma vez para casa? Afinal, ela já está velha mesmo. Quanto tempo de vida ainda lhe resta?"

A essa altura, Layla estava fervendo de raiva. Ela apontou o dedo para a cuidadora, mas estava tão zangada que lhe faltaram as palavras.

A audácia da mulher a tinha deixado enfurecida. Como ela podia dizer aquilo sobre a sua avó?

Se dependesse de Layla, ela demitiria a cuidadora imediatamente e contrataria alguém responsável, mas a verdade era que não dispunha nem de tempo, nem de dinheiro suficiente para isso.

"Esteja certa de que vou registrar uma queixa contra você!"

Quase fora de si, Layla pegou seu celular para gravar a conversa delas como prova. A cuidadora, no entanto, foi mais rápida e, pegando celular da mão dela, o atirou no chão, pisando nele várias vezes.

Layla nem mesmo teve tempo de reagir, e a mulher se jogou no chão, começando subitamente a gritar: "Meu Deus, ela está me batendo!"

"Se você não se levantar agora mesmo, juro que vou chamar a polícia!"

"Você me pagou apenas para trabalhar meio período, mas agora está exigindo que eu trabalhe vinte e quatro horas por dia. Como ainda se atreve a reclamar de mim?", ela continuou a gritar com toda a força que sua voz permitia.

Como esperado, a gritaria acabou chamando a atenção de todos. No entorno, as pessoas se reuniram e passaram a cochichar sobre Layla.

"Quem são elas? Por que estão fazendo esse escândalo dentro do hospital?"

"Seja como for, estão provocando um incômodo geral."

"Ouvi dizer que a moça não pagou o suficiente para a cuidadora, e agora está exigindo que ela trabalhe dia e noite."

Percebendo que situação estava saindo do controle, Layla ainda tentou puxar a cuidadora para que ficasse de pé. Mas a mulher era muito pesada, o que a impedia de movê-la.

"É melhor você pagar ela primeiro, moça", um dos espectadores disse.

"Isso mesmo. Você deve o salário integral à cuidadora pelo serviço dela", outra voz ecoou.

"Olha, eu não devo nada para ela, e nem mesmo lhe bati. A única pessoa aqui que falhou com o compromisso foi ela. Teve a coragem de deixar minha avó sozinha ontem à noite", Layla tentou explicar.

"Qual é a taxa para o trabalho integral? "Eu pago", uma voz a cortou.