Capítulo 7 Salvando a situação

Ao ouvir aquela voz, Layla se virou e viu a figura familiar. Sentado em sua cadeira de rodas, Clark parecia majestoso e altivo. O som da sua voz aquietou o ambiente.

"Deixe o resto comigo, querida." Ele moveu a cadeira de rodas até onde Layla estava e segurou sua mão macia.

O toque provocou um leve tremor nela. No entanto, ela se lembrou imediatamente do trato que tinham feito, sobre agirem publicamente como um casal amoroso, então não retirou a mão.

"Posso resolver isso sozinha", ela teimou.

O casamento deles era só de fachada, afinal. E ela sentia que o melhor a fazer era não se envolverem nos assuntos um do outro.

Diante da sua teimosia, Clark franziu o cenho. A raiva que Layla sentia da cuidadora era tão grande, que seus olhos se inundaram de lágrimas, mas ainda assim ela recusou a ajuda dele, pensando que assim seria mais fácil manter distância.

Clark sentiu uma ponta de frustração ao pensar nisso. Fingindo intimidade, ele beijou deliberadamente as costas da mão dela. "Você é a minha mulher. Como posso permitir que sofra?" Ela não podia negar que havia algo de inebriante na voz dele.

Por algum motivo desconhecido, um calor inundou imediatamente o seu coração. Quando ela abriu a boca para dizer algo, ele se antecipou em um tom de alerta: "Você é minha esposa, então aja como tal."

Seguindo a direção do olhar dele, ela avistou dois homens de preto parados discretamente à distância, fingindo estarem jogando conversa fora. Caindo em si, Layla cerrou os olhos e assentiu. "Está bem."

"Pelo que entendi, o problema aqui é dinheiro, certo? Por que você simplesmente não paga o que ela está pedindo?" Ele abriu um sorriso indulgente para ela.

"Quem você pensa que é?", a cuidadora disse, sorrindo com escárnio. "Como é possível que um homem como você, deficiente e em roupas surradas, tenha condições de pagar meus honorários? Pare de fanfarronice."

De fato, pelas roupas simples que Clark usava, a cuidadora não podia ter a dimensão de seu histórico ou situação financeira. Levando em conta o fato de ele ser o marido de Layla, a mulher naturalmente assumiu que era pobre.

"Como você se atreve a falar assim do meu marido!" Cerrando os punhos, Layla fulminou com o olhar a mulher de meia-idade na sua frente.

Clark, por sua vez, parecia estranhamente sereno. "Quanto você quer receber pelo trabalho?"

"Trezentos por dia, totalizando nove mil por mês. Você pode me pagar isso?", ela disse com sarcasmo na voz.

"Apenas nove mil?", ele perguntou, franzindo levemente o nariz com um ar de desdém.

"Se acha isso, então me pague logo!", ela exigiu avidamente.

"Antes disso, quero que você prove que realmente trabalhou o dia todo, e que minha esposa só pagou por meio dia de trabalho", Clark disse.

Com o suor brotando em sua fronte, a cuidadora engoliu em seco. Evidentemente, o registro do salário iria expor sua mentira, então ela meneou rapidamente a cabeça.

"Não, na verdade, ela não me pagou um centavo sequer."

"Então prove o que está dizendo. Se minha esposa de fato não te pagou, por que você estava trabalhando para ela? Tem mais uma coisa, se você não tiver nenhuma evidência do que está alegando, vou te processar."

A cuidadora agora parecia um cervo capturado sob as luzes de faróis. Ela percebeu imediatamente que estava em apuros. E olhando de relance para Layla, se virou para sair.

"Eu liberei você para sair?"

Todos soltaram um suspiro assustado diante daquelas palavras. A cuidadora olhou incrédula para Clark, observando enquanto ele segurava a mão de Layla, demonstrando seu apoio.

"Você acaba de arruinar a reputação da minha esposa. Precisa se desculpar com ela imediatamente." Clark ergueu seu olhar gelado e o cravou nos olhos da mulher. "Você deve se ajoelhar e pedir desculpas pelo que fez. Do contrário, terá que ir para a cadeia."

O diretor do hospital pôde ouvir a comoção no andar de baixo, então se apressou em ir falar com Clark pessoalmente.

"Já providenciamos um quarto na ala VIP e dois cuidadores, senhor Clark. Em breve estaremos transferindo a paciente para lá."

O poder e a grande riqueza da família Smith eram largamente reconhecidos. Embora corresse um boato de que eles estavam à beira da falência, o diretor do hospital ainda reverenciava Clark.

Arregalando os olhos de incredulidade, a cuidadora encarou Clark boquiaberta. Simplesmente não entendia por que o diretor do hospital estava tratando um homem deficiente e uma camponesa de forma tão educada e respeitosa.

Tendo ouvido toda a história, o diretor lançou um olhar de desprezo para a cuidadora. "Quanto a você, está demitida! Vá agora mesmo ao departamento pessoal para acertar suas contas."

Completamente abatida, a cuidadora deixou o local, cabisbaixa. Se virando em seguida para os espectadores, Clark os encarou. "Quem foi que disse que minha mulher não tinha dinheiro para pagar o salário da cuidadora?"

Como em um passe de mágica, suas palavras fizeram a multidão se dispersar imediatamente.

"Por que você fez isso? Não concordamos em não interferir nos assuntos pessoais um do outro?", Layla disse, experimentando sentimentos contraditórios em seu coração.

"E você acha que vou ficar de braços cruzados enquanto minha mulher está sendo intimidada?", ele retrucou.

"Acontece que os custos da ala VIP e a contratação de dois cuidadores iriam custar os olhos da cara. Você está a ponto de quebrar. Pode usar este dinheiro para salvar a sua empresa."

"Isso é assunto meu!", Clark bufou. "Só não entendo uma coisa, por que você, filha da família Reed, não pode pagar uma cuidadora melhor?"

"Isso é assunto meu!" Layla não perdeu a oportunidade de imitá-lo.

E lá se foi o bom humor dele, em um piscar de olhos. Se recostando na cadeira de rodas, Clark estudou o rosto de Layla por um instante, e então fez a pergunta que o incomodava há algum tempo: "Qual é a sua relação com a paciente?"