Capítulo 8 Expulsando-os de casa

Aquela pergunta repentina fez a jovem sentir um calafrio em sua espinha e arregalar seus olhos em espanto quando subitamente entendeu que ele não a via como Layla.

Sua identidade atual não tinha qualquer relação com uma anciã deitada em uma cama de hospital. Como ela poderia lhe explicar o porquê de querer ajudá-la sem revelar que ela era a sua avó? Sentindo sua boca ressecar, ela apenas ficou em silêncio sem saber o que responder.

"O que foi? O gato comeu a sua língua? Vamos, responda à minha pergunta", exigiu Clark depois de tomar alguns segundos para analisar a forma como ela havia reagido.

No entanto, Layla apenas sentiu seu rosto enrubescer e logo desviou seu olhar. "Ah, você gostaria de uma garrafa de água?", perguntou ela sem saber o que mais poderia dizer enquanto sentia seu coração palpitar e apontava desajeitadamente para uma máquina de venda automática próxima dali.

Nesse momento, o toque de uma notificação soou no celular de Clark, que rapidamente o desbloqueou para ler a mensagem que havia recebido. "Eles começaram a agir!"

Depois de guardar seu telefone, ele ficou observando as costas de Layla e sorriu ao ver que o jogo estava prestes a começar. 'Qual será o lado que ela irá escolher?', pensou ele.

Assim que saiu do campo de visão de Clark, Layla entrou rapidamente no banheiro feminino e jogou água em seu rosto várias vezes, como se tentasse lavar o desconforto em seu coração. Além de não conseguir compreender seus pensamentos e sentimentos, ela não entendia o motivo de estar sentindo tanta inquietação em seu peito desde o momento em que o viu no hospital.

O mundo ao seu redor parecia ter ficado silencioso, e tudo o que ela conseguia escutar era a voz ressoante de Clark e as batidas aceleradas de seu coração. Como poderia estar se sentindo assim se não gostava dele? A culpa devia estar em seu belo rosto. Cada vez que seus olhos profundos encontravam os dela, ela acreditava falsamente que eles brilhavam com afeição.

Então, depois de ter pensado no que dizer, ela jogou um último punhado de água em seu rosto, respirou fundo para tentar se acalmar e voltou para o lado de Clark.

"Bem, eu conheci aquela senhora na época em que fiz trabalho voluntário...", mentiu ela enquanto entregava a garrafa de água que ela havia ido comprar.

Clark, por sua vez, apenas fez um gesto com sua mão para que ela se detivesse e falou: "Você não precisa me contar nada disso se não estiver à vontade para falar. Afinal de contas, não somos um casal de verdade."

Ao ouvir tais palavras, Layla franziu os lábios em aborrecimento por ele tê-la feito se preocupar à toa. Se ele não queria uma resposta, então por que a questionou? Irritada, ela decidiu ficar em silêncio e rapidamente deu a volta na cadeira de rodas, agarrou as alças e a empurrou para a frente. O que ela não sabia era que no momento em que se virou, um grande sorriso se formou nos lábios de Clark.

Depois de ficarem em silêncio durante todo o trajeto de retorno para casa, os dois puderam escutar vozes altas vindo de dentro da residência assim que se aproximaram dela. "Apressem-se e joguem essas coisas fora."

Layla correu para dentro e viu um homem, muito semelhante a Clark, ordenando aos servos que se livrassem de tudo dali. Ao seu lado, havia uma mulher que o acompanhava. Eles eram a madrasta de Clark, Susie Clinton, e seu meio-irmão, Khalil Smith.

"O que você pensa que está fazendo?", esbravejou Clark.

"Olá, meu caro irmão!", disse Khalil ao se virar, fingindo um sorriso como se tivesse acabado de pressentir a chegada do casal. "Essa é a sua esposa?", perguntou ele enquanto analisava Layla de cima a baixo. "Nossa, ela é tão linda!"

Sentindo-se enojada com aquele olhar obsceno sobre ela, Layla olhou para a mulher adornada com joias pesadas e para o homem desprezível ao lado dela com uma expressão de confusão em seu rosto.

"Saiam!", ordenou Clark, furioso.

"Clark, você não mora mais aqui", respondeu Susie com um sorriso em seus lábios. "Como a empresa está precisando desesperadamente de dinheiro, seu pai concordou em vender esta casa. Você não vai tornar as coisas mais difíceis para nós, não é mesmo?"

Agarrando os braços de sua cadeira de rodas, ele lançou um olhar mortal para a mulher vil à sua frente. Apesar de sua raiva, Clark sabia que não seria capaz de impedi-la.

Sentindo pena dele, Layla entendeu que Clark devia ter passado por momentos difíceis durante todos esses anos. Logo, ela ficou furiosa com aquela mulher que não havia parado de falar nem por um segundo.

"Se é para a empresa, por que você não vende a sua casa então?" perguntou Layla enquanto lançava um olhar de desgosto para as pesadas joias em Susie. "Já que você pode se dar ao luxo de parecer uma árvore de natal ambulante com essa quantidade de joias, então você também deve ter o suficiente para salvar a empresa por conta própria. Será que isso já passou pela sua cabeça?"

Ao ouvir aquela resposta, os criados que retiravam os móveis da casa morderam os lábios para conter o riso.

"Expulse-os!", ordenou Susie.

"Não será necessário, pois somos capazes de sair por conta própria." Em seguida, Layla se apressou em embalar algumas roupas e levou Clark para fora da enorme mansão que pertencia à família Smith. Agora, o melhor seria encontrar um local barato que pudessem alugar.

Um leve sorriso se formou nos lábios de Clark depois de ser defendido por ela. "Nós não prometemos não interferir nos negócios um do outro? Você poderia simplesmente me deixar aqui e voltar para a casa dos seus pais. Então, por que você escolheu ficar ao meu lado?"

"Eu só não quero ver você se tornar um morador de rua. Além disso, estamos nisso juntos. Você acha mesmo que eu permitiria que alguém intimidasse meu marido na minha frente?", respondeu Layla com um sorriso astuto em seu rosto.

Embora Clark soubesse que ela estava apenas citando-o, ele ainda estava impressionado. "Diabos, por que ela tem que tentar me seduzir mesmo em um momento como esse?", amaldiçoou ele baixinho enquanto sentia seu coração palpitar.