A funcionária do mês
img img A funcionária do mês img Capítulo 5 Consequências enigmáticas
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Capítulo 6 Dúvidas esclarecidas img
Capítulo 7 Revelações aquecidas img
Capítulo 8 Desejos insanos img
Capítulo 9 Possível futuro img
Capítulo 10 Puro desejo img
Capítulo 11 Funcionária exemplar img
Capítulo 12 Estado de alerta img
Capítulo 13 Prontos ou não img
Capítulo 14 Tecendo confiança img
Capítulo 15 Dores compartilhadas img
Capítulo 16 Raiva apaixonada img
Capítulo 17 Castigo divino img
Capítulo 18 Desespero eminente img
Capítulo 19 Não diga img
Capítulo 20 Alguns porquês img
Capítulo 21 Qualquer verdade img
Capítulo 22 Assuntos intrigantes img
Capítulo 23 Grande dia img
Capítulo 24 Desatando nós img
Capítulo 25 Declaração calorosa img
Capítulo 26 Nada a declarar img
Capítulo 27 Frágil demais img
Capítulo 28 Tempo demais img
Capítulo 29 Algumas possibilidades img
Capítulo 30 Atitude inusitada img
Capítulo 31 Desejo iminente img
Capítulo 32 Todo sentimento img
Capítulo 33 Para descontrair img
Capítulo 34 Pura líbido img
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Capítulo 5 Consequências enigmáticas

Posso jurar que estava ficando doente. Depois de duas longas semanas correndo atrás do senhor Jung-suk pelos corredores da empresa Almeida, eu finalmente tive um descanso. Meu chefe secundário iria voltar para a Coreia, pois tinha que cuidar de alguns negócios à parte. Isso me deixaria livre das suas ordens e nervosismos até que ele retornasse. O que não duraria muito, pois o senhor Almeida já havia nos dito que Lee Jung-suk estava se mudando permanentemente para o Brasil.

Ao menos eu poderia respirar por uma semana até que ele voltasse com seus gritos.

Lee se mostrou muito autoritário durante o trabalho. Gostava de tudo perfeito e se não estivesse como ele queria, tínhamos que refazer todo o serviço. No entanto, nada me incomodou, pois nosso acordo era realmente que ele me tratasse como tratava todos os demais fingindo que nunca tínhamos dormido juntos. Então ele seguiu seu roteiro e eu o meu.

Porém, quando ele finalmente partiu me dando ar, eu senti meu corpo inteiro doer depois de tantas noites em claro e tantos erros apontados. Acho que o gosto metálico em minha boca era um aviso de alguma doença por estresse que estivesse chegando.

No instante em que encontrei o escritório do senhor Jung-suk vazio, até senti uma forte pontada na cabeça para me lembrar dos dias de correria. Minha cabeça girou.

- Dor de cabeça de novo? - Perguntou Ana quando as portas do elevador abriram para ela sair no meu andar. Eu acariciava minha cabeça nos lados com as pontas dos indicadores como se aquilo fosse espantar a dor.

- Está piorando agora. - Confessei tentando olhar diretamente para minha amiga. O sol parecia que martelava meu cérebro junto de todo o barulho percorrendo o prédio. - Mas acho que vai descer, estou morrendo de cólica.

- Vou pegar um remédio para você então, se quiser pode voltar para casa. Papai me deu alguns papéis para analisar, mas posso fazer sozinha.

Estendi a mão em sua direção enquanto via revirar seus olhos apertando a pasta entre seu braço e o seio.

- Vamos, Ana. Você vai levar à noite inteira e nós duas trabalhamos para ele até o senhor Jung-suk voltar. - Fiz gesto com os dedos pedindo as folhas e ela bufou vindo em minha direção. - Vou tomar o remédio para te ajudar.

- Hey, falando no gostosão... - Arqueei uma sobrancelha enquanto, mas ela fingiu não ligar. - Vocês não tocaram mais no assunto mesmo?

- Não e agradeço muito por isso. Ele me trata como se fosse sua funcionária. Está ótimo assim.

- Ele te explora isso sim, não é atoa que está tão amarela e cheia de dores. - Ana colocou à mão em minha testa. - Está pelando, tem certeza que é apenas menstruação.

- Cólicas, mau humor, dor de cabeça, espinhas brotando em toda parte e pernas parecendo que estão carregando duas pedras enormes. Tenho certeza absoluta.

Ela afirmou, abriu sua bolsa e retirou uma pequena caixinha de remédios de onde arrumou a pílula para minhas dores. Tratei de ir até o bebedouro para pegar um copo de água e enfiar o remédio na goela. Ao menos aquilo me ajudaria enquanto estivéssemos trabalhando.

As horas se passaram rapidamente sem que déssemos conta. Estávamos tão distraídas conversando e analisando os relatórios que quando finalizamos, parecia que as horas tinham corrido com pressa.

Ana se espreguiçou levantando-se da cadeira enquanto reclamava do seu bumbum dolorido.

- Acho que estou enjoada. - Falei, após sentir meu estômago revirar.

- Você comeu hoje? - Ana perguntou me fazendo pensar no meu dia para tentar lembrar se havia comido algo e para o meu desgosto, não tinha. - Lana, você definitivamente quer se matar. Vem, vou te levar para jantar.

- Isso é um encontro? - Brinquei, enquanto Ana me ajudava a levantar da cadeira para sairmos da empresa.

Todos já haviam partido deixando-nos sozinhas ali com os seguranças. O que não era nada anormal, já que tínhamos sempre que analisar arquivos e relatórios para passar todas as informações ao senhor Almeida dando à entender que ele mesmo tinha lido aquelas coisas.

No entanto, naquele instante em que eu me senti enjoada, tonta e cansada, pensei que seria ótimo ter alguém para ajudar a me levar até o carro.

Mesmo assim dei o meu melhor para acompanhar Ana até a saída.

Ao menos conseguimos chegar até o restaurante, depois de duas paradas no meio do caminho para que eu pudesse vomitar. O balançar do carro não estava me fazendo nada bem e Ana brigava comigo durante todo o tempo dizendo que meu estômago estava vazio e por isso que eu tinha ficado tão ruim.

Tive que aturar todo seu sermão até nosso restaurante favorito que ficava a poucos minutos do apartamento.

Deixamos o carro na mão do manobrista e entramos no estabelecimento para pedir nossa comida. Ana tinha decidido por mim que comeríamos ali mesmo, então não fiz objeções. Apenas disse que dividimos a conta e foi o momento que acabei ouvindo mais uma chuva de xingamentos. Suspirei e comecei a bolar um plano para pegá-la desprevenida dessa vez.

Quando nosso fricassê de frango chegou, eu senti o cheiro do queijo derretido se misturando às batatas palha e isso me subiu pelo estômago como ácido. Precisei correr para o banheiro pois novamente senti vontade de colocar tudo o que tinha para fora, mesmo sem ter nada no estômago.

À dor de cabeça não tinha me deixado e o gosto metálico persistia em meu estômago deixando-me faminta e com ainda mais raiva.

Quando abri a porta da cabine do banheiro, Ana estava parada perto da saída com seus braços cruzados e os olhos fixos em minha direção. De uma forma estranha.

- Eu sei. Preciso ir ao médico.

- Obrigada! - Ela disse se aproximando. Havia um lenço de seda entre suas mãos que ela me entregou quando terminei de lavar o rosto.

- Cada mês sua menstruação fica mais violenta. Qualquer hora vai ter um treco se já está assim esse mês imagina no próximo? Precisa saber o que é isso o quanto antes. - Ana me ajudou a arrumar minha blusa enquanto eu lhe dava um doce sorriso. - Que foi?

- Tô morrendo de cólica, ignore todas as minhas atitudes até passar esse período.

- Mas já desceu? - Questionou ela e eu neguei.

- Começou ontem à noite, acho que desce entre hoje e amanhã.

- Então boa sorte e bora comer.

Ela segurou meus ombros ajudando-me a sair do banheiro em direção ao nosso jantar.

Por sorte não havia esfriado e o prato estava delicioso. Não tive outro enjôo depois de comer então concluímos que meu problema era realmente fome. Ao terminarmos voltamos para casa.

Já era tarde da noite quando chegamos e mal conversamos, pois a mãe de Ana havia passado o dia tentando ligar para a filha e minha amiga finalmente resolveu atender.

Ela iria passar horas falando com sua mãe, por isso dei privacidade à elas enquanto me dirigia para o meu quarto para tomar um longo banho que relaxaria todo meu corpo e me levaria para o mundo do sono rapidamente.

Não demorou muito para eu já estar deitada na cama sentindo minhas pupilas pesadas até que tudo estivesse finalmente escuro.

- Lana, você já foi ao médico? - Ana me despertou entrando pela porta de casa. Sentei-me as presas no sofá ao perceber que tinha pego no sono outra vez e tentei afastar aquele cansaço extremo.

- Eu marquei a consulta, mas só vou passar sexta-feira. - Avisei e ela apertou os lábios. Eu sabia o que ela estava pensando, então bufei. - Não vou deixar você pagar uma consulta particular, Ana.

- Tudo bem. Mas se você tiver que ficar internada porque demorou muito para passar no médico, a culpa será somente sua.

Revirei os olhos no mesmo instante em que meu estômago roncou alto o suficiente para ela ouvir de onde estava.

- Lana...

- Eu comi não tem nem duas horas. Não sei que raio de fome é essa.

- Você tem comido bastante. - Ana colocou a mão em minha testa, depois em meu pescoço e arregalou os olhos. - Continua quente. Acho que pegou uma gripe muito forte.

- Estranho... - pensei em sua conclusão enquanto fazia uma análise mental do meu estado. - Não estou tossindo ou espirrando.

- Mas teve febre todos os dias à uma semana, está comendo e vomitando. Sem contar que não para de reclamar de cólicas sendo que no terceiro dia você já estava ótima.

- E essas espinhas estão piorando. - Passei a mão na pequena bolota em minha bochecha que doía demais. - Mas não desce. Se pelo menos descesse tudo isso acabaria muito rápido.

- Ainda não desceu? - Neguei e Ana arregalou novamente seus olhos. - Lana. Deveria ter descido quando?

Peguei meu celular para abrir no aplicativo que me detalhava sobre meu ciclo menstrual e percebi que deveria ter descido dez dias antes. Isso me alarmou.

- Dia 25.

- Quase duas semanas atrás. - Ana fez uma conta com os dedos e me olhou ainda mais surpresa em seguida. - O senhor Jung-suk chegou há três semanas atrás, Lana.

- E daí? - Afastei as cobertas para me levantar, pois só de ouvir aquele nome eu já sentia náuseas.

- E daí? Três semanas atrás vocês transaram!

- Tá, eu sei. Mas foi com... - pensei sobre nossa noite e pequenos relances dela vieram até mim. Precisei me sentar novamente ao perceber o que tinha ocorrido. - Foi sem camisinha...

- Ai, meu Deus, Lana.

O tremor me percorreu por inteiro ao cogitar aquilo, mas tudo parecia se encaixar perfeitamente naquela resposta e isso me levou a querer enfiar minha cabeça em uma parede.

- Droga. - Falei por fim, tentando manter a calma mesmo que fosse uma tentativa inútil. - Eu estou grávida, Ana.

                         

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