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A pior parte de trabalhar o dia todo e a noite também é que não tenho folga no dia seguinte, odeio ter que acordar tão cedo, acordei morrendo de dor de cabeça, tomei analgésico para sair da cama e suportar o dia, que pelo visto será corrido.
Ernesto me ligou mais cedo que o esperado e disse que eu deveria chegar cedo hoje, pois tinha alguns assuntos a tratar comigo. Fui ate minha sala deixei minha bolsa sobre a mesa e o óculos de sol também, e fui ate a sala do Presidente, bati e entrei.
- estou aqui, sobre o que deseja falar?
- sente-se Sra. Ailen.
O assunto parecia ser serio, então me sentei, Ernesto estava olhando pela vidraça da janela algo na rua, ou no dia, não se virou nem para me ver sentar, depois de um tempo em silêncio ele se sentou, parecia desgastado, cansado de tudo, a emoção de ontem parecia ter acabado em um passe de mágica, raramente o vejo assim.
- aconteceu algo?
- primeiro gostaria de agradecer por ter me levado até em casa, ontem bebi demais depois do sucesso do novo projeto
- não precisa agradecer, não podia deixá-lo ir para casa dirigindo, fiz por que você precisava
- mas não era seu dever, e queria agradecer, o segundo motivo pelo qual te chamei aqui é por que recebi uma ligação hoje cedo, um novo sócio para o projeto, não posso perder essa oportunidade- ele deu uma pausa, olhou para mim e colocou uma mão no queixo como se tentasse descobrir qual seria minha reação mediante a situação, mas não expressei nada mais do que preocupação, então ele prosseguiu a falar- mas tem um problema Srta. Ailen e preciso da sua ajuda
- sim, no que puder ajudar eu ajudarei.
- pediram que um dos meus melhores funcionários passe um tempo na nova empresa, será algo em torno de um mês no máximo, para que eles possam ter uma conexão segura com a nossa empresa, essa empresa que deseja fazer negócios com a nossa é de porte internacional
Já havia entendido tudo, ele quer que eu seja a pessoa da transação de informações, algumas empresas não confiam plenamente umas nas outras, ainda mais quando envolve grandes investimentos
- não posso perder essa oportunidade e a única pessoa que esta hábil para ir é você, afinal conhece todo o projeto Ailen
- por mim tudo bem, irei se você acha que estou hábil para ir
- a empresa mandara um funcionário deles para a nossa
- nós estamos fechando negocio com qual empresa? Você não mencionou
- perdão, nós estamos fechando contrato com a empresa La Pailleterie, estão a sua espera agora de manhã, acho melhor arrumar suas coisas e ir, por isso te liguei tão cedo
- esta bem, manterei você informado de tudo, agora vou me apressar
- boa sorte Ailen, vou sentir sua falta
- não comece Sr. Ernesto é muito cedo, tenha um bom dia.
Fui ate minha sala peguei minhas pastas, minha bolsa e sai. Ainda não havia chegado ninguém para trabalhar, mas logo chegaria e eu não estaria mais na empresa, muitos poderiam pensar que pedi demissão, mas será uma boa experiência, e se Ernesto me escolheu para ir nesta transação é por que sou eficiente e isso significa muito.
Peguei meu carro e dirigi ate a empresa La Pailleterie, uma empresa muito luxuosa, que fica no centro da cidade, sair de um bairro para outro não é difícil quando se acorda cedo, o sol estava nascendo, não gosto muito de sol, mas ate que o sol da manhã é ótimo.
Ao chegar em frente a empresa entrei no estacionamento da mesma que fica no térreo, meu carro não era o único, haviam muitos carros estacionados, pelo visto as pessoas acordam muito cedo para vir trabalhar, desci do carro apenas com minha bolsa, tirei os óculos de sol e deixei no carro, tinha que me apresentar da forma mais adequada possível.
Entrei no prédio e perguntei na recepção qual era o andar da sala do presidente, uma moça magra demais, ruiva, de olhos castanhos me olhou de cima a baixo
- quem deseja saber?
- sou Ailen Stevenson, e estão a minha espera
- sim sei, é o que todos dizem, aguarde em quanto me verifico.
Não saí de perto dela, fiquei ali para demonstrar aquela petulante que eu não tinha medo dela, apesar de sua arrogância. Assim que ela desligou olhou para mim com cara de decepção.
- decimo sexto andar.
Ela me entregou um crachá de visitante, parecia não ter gostado do meu jeito.
- obrigada.
Entrei no elevador e apertei o botão do décimo sexto andar, eu não estava nem um pouco animada, estava cansada, mas não poderia mostrar isso, então aproveitei o espelho do elevador e dei uma olhada na minha maquiagem, o cabelo nunca bagunça afinal o lado bom de ter cabelo liso é esse, torna tudo mais pratico, basta apenas passar os dedos e pronto, minha saia social e meu blazer três quartos eram um conjuntinho azul marinho que eu mesma mandei fazer, adoro trabalhar toda social, vesti uma regatinha branca e calcei um sapato de salto médio preto, sempre gostei de cores neutras, não muito chamativas.
Sempre digo a mim mesma que tenho que mudar isso, mas nunca mudo. O elevador abriu as portas e eu pulei para fora, fui ate a mesa da secretaria, que gentilmente abriu um sorriso ao me ver, parecia já estar a minha espera.
- A senhorita deve ser Srta. Ailen Stevenson
- sim, sou eu mesma
- me acompanhe, ele está a sua espera.
Acompanhei a moça até uma porta de madeira bem trabalhada, ela bateu na porta e uma voz respondeu pedindo para que entrasse, ela anunciou a minha chegada, e então entrei, para minha surpresa era o Sr. Giordano quem estava a minha espera, assim que entrei ele fez um gesto para que eu me sentasse, então o fiz.
- bom dia Srta. Ailen, parece surpresa em me ver
- bom dia Sr. Robert, o que faz aqui?
Ele riu de mim, um riso meio zombador, não gosto que zombem de mim, e ainda mais quando ele é quem esta rindo, parece que o destino resolveu conspirar contra mim, meu dia já começou ruim, e pelo visto se seguira assim.
- sou o novo sócio da construtora Gusman
- não é possível que não me lembre de que você tenha comprado a La Pailleterie
- fique tranquila, você esta aqui apenas para negócios. E inclusive vamos tomar café com um grupo de empresários, agora de manhã no hotel
- estou ao seu dispor.
Ele deu um sorriso saliente, cheio de segundas e terceiras intenções, mas não adianta, pode ter milhões de intenções comigo que não vai rolar nada entre nós, e apesar de ter conseguido tomar café comigo, não vai passar do profissional
- então vamos.
Saímos da sala dele e entramos no elevador direto para o térreo, a ruiva ficou olhando quando saí com o chefe dela, deve estar se sentindo arrependida de ter sido tão arrogante sem necessidade.
Fomos para o estacionamento e fomos ate um Mercedes preto, ele entrou e bom eu também, coloquei o cinto, e notei um olhar rápido sobre mim, parecia satisfeito, então ligou o carro e engatou a marcha, assim que pegamos o trânsito ele ligou o som, estava passando Coldplay yellow, é uma musica muito bonita, particularmente gosto muito das musicas de Coldplay.
Durante o caminho permanecemos em silêncio, acho que quase agradeci quando chegamos ao hotel, era como se estar no mesmo lugar ou dividindo o mesmo espaço que Robert me incomodasse, não deveria me sentir tão incomodada, mas me sinto, é desconfortante depois da festa.
Estacionamos e então entramos no hotel, já haviam reservas, nós fomos conduzidos até nossa mesa, ele puxou a cadeira para que me sentasse, assim que me sentei Robert se sentou ao meu lado, a mesa era para seis pessoas.
- detesto atrasos, eles já deveriam estar a minha espera, eu disse que chegaria as 8h em ponto, agora são 8h em ponto, isso já mostra a falta de confiança da empresa
- esta me dizendo que a empresa não é boa por causa de um simples atraso?
- sim, não gosto de atrasos, eles podem fazer e falar o que quiserem, não vão me convencer a fechar negocio com eles.
Ele fez sinal para o garçom, que prontamente veio a nossa mesa.
- bom dia Sr. Robert, e Sra. Ailen, desejam pedir?
-bom dia, sim eu gostaria de dois cappuccinos
- gostariam de pedir algo para acompanhar?
- pra mim não, e você Srta. Ailen?
- também não.
Ele saiu, e não demorou para que retornasse com nossos pedidos, assim que chegou com os cappuccinos, os empresários também chegaram, eles estavam atrasados 15 minutos, é um atrasado bem considerável, nós nos levantamos para cumprimentá-los, então eles sentaram a mesa e fizeram seus pedidos, peguei minha xícara beberiquei um pouco do meu cappuccino, e fiquei a observar a situação.
Robert não demonstrou estar decepcionado com o atraso dos empresários, tratou eles elegantemente de forma educada, mas depois de horas de conversa ele realmente não fechou negócio com os empresários, ambos pareciam decepcionados por não conseguirem fechar negocio com Robert, é como se ele fosse a catapulta que os impulsionaria no mercado.
Ja a caminho de volta para a empresa fiquei me questionando se o verdadeiro motivo era a pontualidade ou algo a mais que o impediu de fechar negócio.
- você leva muito a serio o quesito pontualidade sempre?
- sim Srta. Ailen.
Voltei a olhar a cidade pelo vidro do carro, não queria conversar, e ele parecia querer o mesmo, então me calei e fiquei a observar o céu azul, bonito, o sol entre algumas pequenas nuvens, o dia estava agradável em questões climáticas, não estava frio e muito menos um dia calorento.
Este era um dia que eu adoraria sair para comprar rosas para os vasos de flores da minha casa, comprar roupas e sapatos para me tirar o estresse, comer qualquer besteira no shopping, desfrutar do dia, isso é o que eu faria hoje, se pudesse, mas não posso tenho que trabalhar.
- quais os horários da empresa?
- serão os mesmo de onde você trabalha, mas terá que estar disponível caso eu necessite da sua presença, e terá sua própria sala, para que tenha mais privacidade, você poderá fazer o que desejar com a sala
- não acredito que irei passar muito tempo na empresa, Ernesto disse que no máximo um mês.
Robert apertou o volante, deu uma olhada rápida em mim e riu, detesto quando ele ri meio sarcástico, mas pareceu que não tinha a intenção de me deixar ir em um mês.
- não sei quanto tempo precisarei da sua presença
- na verdade você não precisa de mim, fez isso por que não aceitei tomar café com você
- talvez você esteja certa, mas talvez não
- é assim que costuma persuadir as mulheres?
- eu disse que gostei de você e não menti, adoro mulheres inteligentes e bonitas, você tem uma boca linda e um sorriso chamativo, é uma magra gostosa, tem uma cinturinha tão fininha, mas que combina com seus peitos, eles são bonitinhos, diria que cabem na calma da minha mão.
- não gosto da forma que me descreveu, mas parece que costuma tratar todas as mulheres assim, talvez por causa do pal pequeno
Peitos bonitinhos? Ele so podia estar fazendo piada com a minha cara, gosto do meu corpo como é, e meus seios são sexy, nada de bonitinhos no diminutivo.
Enquanto ele caia na gargalhada por causa da minha resposta, eu ainda estava indignada.
- costumo agradar muito as mulheres, e eu não quis ofender seus seios, eles são do jeito que gosto, tamanho p.
- pelo visto te informaram até o tamanho do meu sutiã.
- não preciso que me informem sobre você, já tive mulheres de vários jeitos e formas, não é difícil descobrir isso tudo que falei sobre você, por isso quando te vi fiquei louco, você me atrai
- não fale de mim como se eu fosse um pedaço de carne Sr. Robert isso é assédio, então sugiro que mude de assunto
- você é formada em administração, atualmente não atua na área, tem 27 anos, é solteira, independente, é uma mulher muito culta, gosta de musicas clássicas o que acho uma tremenda chatisse, não sabe cozinhar e nas férias fez um cursinho de culinária para tentar aprender, fala 3 idiomas, e não tem namorado, sua vida é uma completa chatisse Srta. Ailen
- você andou pesquisando minha vida com o fim de ter algo comigo, mas sinto em informá-lo que não serei mais uma na sua lista de mulheres.
Eu estava com raiva, mas não podia demonstrar isso, afinal sempre disse a mim mesma que era forte o suficiente, e que ninguém nunca iria saber o que estou pensando a não ser que eu demonstrasse, e não pretendo demonstrar nada.
- eu quero você e vou ter, por que você também me quer, só não percebeu ainda.
Odeio quando ele usa esse tom de poder, faz meu sangue ferver, não consigo controlar minha raiva, definitivamente consegue me tirar do serio.
- não conte com isso
- é questão de tempo Srta. Ailen, vou ter você toda pra mim, e não vai ser obrigada, vai ser por sua livre e espontânea vontade.
Estava a me observar, mas eu não podia olhar para ele, pois se olhasse com toda certeza ficaria vermelha, então baixei os olhos e olhei para minhas unhas pintadas de branco, e me concentrei em manter a calma, Robert era como um vírus que entra na veia e se impregna, não sei como irei me livrar dele, não posso perder meu emprego, então terei que aturá-lo, mas isso não vai durar muito tempo.
Ao chegarmos à empresa ele me levou ate uma sala ao lado da dele, e disse que seria a minha, era uma sala ampla, uma mesa de vidro, com janelas ao fundo, uma planta perto da porta, duas cadeiras em frente a minha mesa, uma estante de livros ja com alguns livros, um armário pequeno para colocar pastas e arquivos, a sala era toda branca, e o melhor eu poderia redecorá-la se quisesse, e eu o faria, pois era muito sem vida.
Passei o dia montando a agenda, vendo os compromissos que haveria durante a semana seguinte. Sábado não é necessário trabalhar, a não ser que precisem de mim, fui dispensada cedo da empresa, então sai para almoçar e não voltei mais.