Capítulo 5 05

Estava sentada no sofá quando ouvi a campainha, não estava esperando por ninguém. Levantei meu traseiro do sofá onde estava lendo um bom livro de romance, me encaminhei até a porta e para minha surpresa era Liz com o filho no colo, ela parecia um pouco apreensiva.

- olha quem veio te ver, diz oi pra titia Ailen.

Ela disse assim que abri a porta, deve ter notado minha cara de espanto e surpresa ao mesmo tempo, juro que não esperava por essa visita tão inesperada.

- oi Liz, entre.

Ela me deu o Francisco para segurar e voltou no taxi para pegar uma bolsa, na verdade uma mala, e eu não entendi nada, ela entrou e eu fechei a porta, me sentei no sofá com o Francisco e ela continuou em pé, parecia meio preocupada.

- amiga será que posso ficar uns dias aqui?

- fique quanto tempo quiser, mas me conte o que aconteceu?

- você sabe que desde que engravidei minha família me chutou de casa, a parte mais difícil de ser mãe é tentar trabalhar e ter que tomar conta do próprio filho, não esta dando nada certo pra mim.

Ela estava precisando de ajuda e claro que eu iria ajuda-la. A levei para o quarto de hóspedes para que pudesse se instalar.

Fiquei com Francisco no colo, ele esta lindo esta parecendo muito com a Liz, o cabelo loiro liso, os olhos castanhos claros, ele esta com 9 meses, logo fará 1 ano.

- Ailen me desculpa por tudo isso, eu não queria te incomodar, mas ja não sabia pra onde ir, meu irmão não quis mais me ajudar, por que ficou com medo de ser deserdado também

- amiga fique calma, e sinta-se em casa, você sabe que essa casa é grande e tem espaço para você e pro Francisco sempre

- caso me acontecesse algo você cuidaria do Francisco pra mim?

- deixa de besteira garota, esta parecendo aquele filme que um casal diz isso a um casal de amigos e então depois morrem, nada de ruim vai te acontecer

- mas caso acontecesse, você cuidaria do meu filho?

- já disse para deixar de besteira

- me prometa Ailen

- esta bem, eu prometo, mas deixe de besteira, nada vai acontecer com você, esta segura aqui

- eu sei, mas o Otaviano é capaz de tudo, sei que ele falou aquilo na hora da raiva, mas eu já não o suportava mais, tenho certeza que ele iria me procurar, mas não estava disposta a voltar, vou ver o que vou fazer

- tome um banho e relaxe

- vou fazer isso.

Liz foi para o banho, desci com Francisco no colo, eu estava muito surpresa com a chegada deles.

Liz está a um bom tempo no banho e Francisco começou a chorar, ele so podia estar com fome, subi as escadas e fui ao quarto de hóspedes, bati na porta e entrei, a mala dela estava no quarto, mas ela ainda estava no banheiro, bati na porta e ninguém respondeu.

Abri a porta e vi que do lado de fora da banheira havia um vidro de calmantes, ao me aproximar da banheira vi a cena mais horrivel do mundo, Liz estava morta dentro da minha banheira, fiquei paralisada sem saber o que fazer, liguei para emergência imediatamente, não demorou para que minha casa ficasse toda cercada de policiais e jornalistas.

Liguei para o Robert, era uma pessoa que poderia me ajudar nesse momento embaraçoso.

Ele veio até minha casa e me acompanhou até a delegacia, contei o que havia acontecido e fui liberada, Robert me convidou para ficar em sua casa, já que a minha casa estava interditada, mas exitei, antes de cogitar a probabilidade de ir para a casa dele, mas me deu um bom argumento para acreditar que sua casa seria a melhor opção, ja que segundo ele um hotel não seria adequado para uma pessoa que agora era considerada suspeita, ainda mais acompanhada de um bebê.

Aceitei mesmo não gostando da ideia, seria apenas por uns dias, pois minha casa logo estaria liberada. Tinhamos que passar em uma loja para comprar roupas, fraudas, mamadeira, e mais algumas coisas para o Francisco, mas com tantas pessoas querendo saber o que aconteceu, Robert ligou pro escritório e pediu para que providenciassem tudo.

Ao chegarmos a casa dele, ou melhor mansão, notei que não tinha a menor chance de um paparazzi conseguir nos incomodar. Ao entrar ele me levou direto ao quarto de hóspedes.

- fique a vontade, e não hesite em pedir caso precisar de algo.

Aproveitei para fazer o Francisco dormir, ele ja tinha chorado muito no meio desse caos sem ao menos entender o que estava acontecendo.

Assim que Francisco dormiu desci as escadas e fui até a cozinha para pedir que me avisassem quando as coisas pro Francisco chegassem, afinal precisava fazer mamadeira. Ao chegar a cozinha uma senhora de idade uniformizada abriu um lindo sorriso.

- posso ajudar?

- sim, estou com um rapazinho dormindo e queria saber se poderia me avisar quando as coisas para ele chegarem, Robert pediu para comprar e entregar aqui

- não so avisarei, como prepararei a mamadeira.

Ela foi muito gentil, parecia estar ciente de tudo que estava acontecendo, isso me deixou menos apreensiva, pois não terei que ficar me explicando.

- obrigada

- sente-se e coma algo, acho que um pouco de bolo de chocolate vai te fazer bem

- obrigada mais uma vez.

Me sentei e continuamos a conversar enquanto ela colocava uma fatia de bolo de chocolate no prato, assim que terminei de comer o bolo as coisas pro Francisco chegaram, deixei a mamadeira com a senhora gentil, para que ela pudesse fazer o leite do Francisco enquanto eu dava banho nele.

Subi com o resto das coisas, precisava acorda-lo para dar um banho antes de dar a mamadeira. Peguei a banheira e enchi de água morna do chuveiro, acordei ele e dei banho, percebi que água era o forte do pequeno bagunceiro.

Terminei de dar banho e o coloquei na cama, ouvi uma batidinha na porta e vi Robert entrar por ela com a mamadeira na mão e coloca-la no criado mudo ao lado da cama.

- perdão por atrapalhar, mas queria saber se precisa de algo?

- não, mas obrigada pela hospitalidade

- não precisa agradecer, mas acho que esse rapazinho precisa de um berço, vou pedir para providenciarem

- não precisa, não pretendo ficar aqui te incomodando

- deixe de besteira, afinal o Francisco vai precisar de um berço, e quando você for para sua casa eu mandarei levar o berço.

Ele saiu do quarto e fechou a porta, eu estava cansada, Ernesto me ligou o dia todo querendo saber se estava tudo bem comigo, meus pais e meus irmãos me ligaram também, todos preocupados, mas garanti a todos que estava bem, minha mãe ficou muito preocupada, meu pai mais ainda, mas os acalmei.

Me deitei ao lado do Francisco e fiquei observando ele terminar a mamadeira quase pegando no sono de novo, fiquei pensando em tantas coisas, no por que da Liz ter tirado a própria vida, o filho vai crescer e ela não vai ver, ele precisara do amor dela, chorei como nunca havia chorado tanto em minha vida, nunca me imaginei passando por uma situação tão difícil, não parecia ser real toda aquela situação, a cena da Liz morta na banheira ia e vinha toda hora em minha mente, ela tirou a própria vida e tudo por nada, era uma pessoa sempre alegre, maravilhosa e cheia de vida.

Sem perceber acabei pegando no sono, acho que devido ao cansaço, e as coisas que aconteceram. Assim que acordei não vi o Francisco e me desesperei, levantei da cama num pulo e corri ate a porta feito uma louca, ao abrir a porta dei de cara com o Robert segurando o Francisco no colo, eles dois estavam rindo.

- que susto você me deu

- calma, esta tudo bem, você viu o berço?

- não reparei

- você estava dormindo e eu não quis te acordar, então pedi que eles entrassem e colocassem o berço no quarto, mas vi que esse rapazinho aqui já estava acordado, então o peguei

- obrigada

- tome banho, tomei a liberdade de comprar algumas roupas para você, depois desça para jantar, vou descer com o Francisco.

Fechei a porta e fui para o banheiro tomar banho, estava precisando muito tomar um banho para ver se todo estresse saia do meu corpo, o universo anda conspirando contra mim, falta o que mais acontecer de ruim no dia de hoje? Tudo que podia acontecer já aconteceu, agora tenho que ver a questão da guarda do Francisco, não posso ficar com ele, a lei não me da esse direito, tenho que entregá-lo para Otaviano.

Assim que sai do banho vi que havia algumas sacolas ao lado da cama, dentro tinham peças intimas, vestidos, calças jeans e blusas. Me arrumei e desci para jantar, assim que cheguei Robert me olhou de cima a baixo, então pediu a uma mulher mais jovem para que levasse o Francisco para Brincar, e a chamou de Dulce, ela era uma mulher mais jovem que a senhora da cozinha, deve ser ajudante da senhora gentil.

Ela pegou o Francisco no colo e o levou, Robert puxou uma cadeira para que pudesse me sentar, então fomos servidos, jantamos em silêncio, a mesa estava muito bem colocada, mas para que uma mesa tão grande para alguém sozinho? Realmente as pessoas compram coisas sem necessidades.

Assim que terminamos o jantar fomos ate o escritório, Robert disse que tinha algo para me contar, ele sentou no sofá e pediu que eu me sentasse também, fiquei me perguntando se Robert iria querer se aproveitar do momento, mas não demonstrava estar com segundas intenções comigo, então sentei-me ao seu lado.

- minha bela sei que o dia não esta sendo nada fácil para você, mas você terá que ser forte, pois tenho que te dar uma noticia.

Meu coração acelerou, meu sangue estava fervendo, é muita adrenalina invadindo meu corpo, meus sinais de alerta se acenderam, algo aconteceu, mas o que mais poderia acontecer?

- o que aconteceu?

- sua amiga matou o marido com um tiro

essa noticia veio como um golpe bem no meu estomago, Liz sabia o que tinha feito e por isso me fez prometer que cuidaria do filho, como não percebi que algo havia acontecido, que burra que fui, ela estava ali na minha frente toda preocupada e não percebi em momento algum que algo tão ruim havia acontecido e muito menos o que pretendia fazer logo depois

- a polícia suspeita que tenha sido por causa de uma traição, segundo os vizinhos, eles discutiram muito, mas que era de costume brigarem.

- o que farei agora? A lei não me permite a guarda legal do Francisco, terei que entrega-lo

- fique calma, vamos resolver uma coisa de cada vez- ele pegou em minhas mãos para me confortar, então continuou a falar- caso queira saber, o funeral da Liz sera amanhã e a família providenciou tudo

- a família da Liz não conversava com ela desde que abandonou a faculdade, ela tinha contato apenas com a família do Otaviano

- Sua amiga pelo visto não tinha uma vida muito agradável.

Por um momento viajei até os tempos de faculdade, quando conheci a Liz, uma loira, alta, esbelta, que sempre que passava chamava atenção, sempre sorridente e bem humorada, não gostava muito de estudar, mas dizia que se os pais queriam gastar dinheiro, então ela que não iria se opor.

Vinda de uma família tradicional, de médicos e engenheiros todos ricos e bem sucedidos, criada com tudo do bom e do melhor, os pais sempre rígidos, queriam que ela se casasse com alguém da alta sociedade, mas ela se apaixonou por um rapaz bonito, inteligente e pobre, ela via nele alguém para a vida toda, os pais dela não aprovaram sua escolha, mas Liz não se importou e continuou com Otaviano, assim que os pais souberam de sua gravidez deixaram de pagar a faculdade, ela deixou de estudar e logo depois se casou com Otaviano, um amor infinito, mas assim que se casaram ela teve um aborto espontâneo

Lembro que ela ficou arrasada, Otaviano disse que eles teriam outros filhos e fez de tudo para anima-la, assim que ele se formou na área de engenharia civil decidiram fazer uma nova tentativa, passaram um tempo tentando e tentando, até que um dia eles conseguiram, ela havia feito tratamentos, mas teve uma gravidez de risco, assim que o filho nasceu parecia que era o símbolo do amor eterno deles, mas um filho não pode resolver os problemas de um casal.

Depois de um tempo as brigas começaram, Otaviano trabalhava demais e já não tinha muito tempo para Liz e o filho, passava muito tempo na empresa onde trabalhava, começou chegar mais tarde que o normal, começou tratá-la mal, e dizer que estava feia, descuidada.

Ele chegou certa vez com uma mancha de batom no colarinho da camisa, e ela me ligou e me disse que achava que Otaviano estava traindo ela, eu disse que poderia ter sido um acidente, mas sabia que Liz poderia estar certa.

As coisas foram só piorando, Otaviano começou a chegar bêbado, e uma vez ate dormiu fora, desde esse dia eles começaram a dormir em camas separadas.

Em casa mal se viam e se falavam, mas Liz nunca deixou de amá-lo, nem por um segundo, Otaviano era tudo para ela, o ar que respirava, a água que bebia, o sangue de suas veias, o centro de todo seu existir.

- não chore.

Eu não havia percebido que estava chorando, estava tão perdida em pensamentos e lembranças, que não me incomodei quando Robert me abraçou, os braços dele me envolviam com cuidado, carinho e respeito, por um momento senti paz, me senti em casa, era uma sensação boa e ao mesmo tempo estranha, como poderia me sentir em casa nos braços de alguém que mal conheço, não posso me dar esse luxo, não quando tudo esta desmoronando sobre mim, e eu que achava que meu dia não podia piorar, estava enganada.

Eu sempre fui cuidadosa, e sempre lutei para ser alguém na vida e ser independente com meu próprio esforço, conquistei tudo que sempre quis e nunca me imaginei em uma situação dessas, o destino as vezes prega peças nas pessoas e nós somos reféns dele, nunca se pode fugir do próprio destino, e eu estava destinada ao sucesso, e condenada a ser solitária, era o que eu pensava, mas estava errada, acredito que o destino zomba das pessoas, espalhando sorte e má sorte.

Não é possível tantas coisas ruins acontecerem ao mesmo tempo, pelo menos era o que achava.

- obrigada por tudo, não teria condições de resolver nada

- só tenta ficar bem, sei que sua situação não deve ser nada fácil, sei bem o que é perder alguém que gostamos.

Ele havia perdido alguém, e pelo visto muito especial, mas não sei muito ao seu respeito, e não poderia perguntar muito, afinal não era da minha conta, mas com toda certeza era alguém muito especial, pois senti uma dor em seu tom de voz, como se ele estivesse sentindo a mesma dor da perda.

- me perdoa- afastei-me um pouco do abraço dele para olhá-lo nos olhos- por ter julgado você precipitadamente.

- adorei te conhecer, e não menti em nada, você é uma mulher muito interessante- ele me encarou e então correu a mão pelo meu rosto observando cada detalhe, deixou a mão cair sobre meu ombro descoberto, fazendo carinhos sobe minha pele- desejo você.

- também o desejei quando o vi

- então por que continua fugindo de mim? Somos dois adultos e sabemos bem o que queremos, sei que esta passando por um momento difícil, e estarei ao seu lado para o que precisar, mas gostaria que pensasse a respeito

- apesar de desejá-lo, não quero ser mais uma em sua lista de mulheres

- você me vê de forma errônea, desejo ter uma mulher ao meu lado, só não quero um relacionamento, não me intérprete mau

Estava o analisando, não sabia se podia acreditar nas palavras dele, afinal sempre me disseram que homem era tudo igual só mudava de endereço, mas sempre desejei alguém, só não sei se acredito nas palavras desse homem bonito, e de cheiro agradável, hálito fresco, e de pulso firme, Robert continuou a falar

- estou rodeado de mulheres interesseiras, dificilmente alguma se aproxima sem nenhum interesse, então aprecio a companhia delas sem compromisso algum

- você me deixa confusa as vezes

- Aquele dia na festa de lançamento metade dos homens da festa estavam te olhando, todos loucos para conhecê-la

- e por que não conheceram?

- por que achavam que não teriam chances com você

- e por que você ousou conversar comigo?

- por que gosto de mulheres que demonstrem poder e respeito, e você tem tudo isso.

Senti que o sofá estava pequeno demais para nós dois, e minha respiração estava fincando intensa, estava nervosa, minhas mãos estavam suando, estava sem saber o que fazer, e aquele par de olhos azuis me olhando como se eu fosse a coisa mais bonita e chamativa do mundo, me deixava desconcertada, sem duvida nenhuma estava paralisada por uma onda de êxtase.

- acho melhor eu ir.

Assim que me levantei para sair ele também se levantou, mas me puxou, me prendeu em seus braços, fiquei ali olhando-o, sentindo um calor invadir meu corpo, entrando em minhas veias como um veneno mortal, mas não queria sair dali, queria continuar perdida em seus olhos, sem encontrar o caminho de volta a realidade, ele parecia mergulhado no mesmo mar que eu, então me beijou com intensidade, como se aquele beijo fosse seu ultimo, mas eu não queria que fosse o ultimo, queria que fosse o primeiro de muitos, aquela boca macia na minha, e nossas línguas em uma dança sincronizada, seu braço me puxou para mais perto, e então senti que se continuasse a beijá-lo perderia o meu controle, e eu não estava na casa dele para ir para sua cama, então parei o beijo e me afastei

- não quero que vá

- acho melhor nós pararmos por aqui, eu trabalho com você, e não é bom misturar tanto as coisas, já basta o simples fato de estar em sua casa

- amor e negócios são duas coisas que deveriam andar lado a lado, sempre. Você tem medo de se envolver comigo, por que tem medo de se apaixonar e sofrer

- acho melhor eu ir agora, boa noite Robert.

- você ainda vai ser minha, e mesmo que não acredite, não quero você para passar umas horas, te quero como alguém para ter um relacionamento, mas não como namorados, algo mais divertido.

Ele riu como se planejasse algo e tivesse certeza que iria dar certo, mas não iria cair nesse golpe, me proíbo de cair nessa conversa, então virei às costas e sai da biblioteca, fui até a cozinha buscar o Francisco, mas para minha surpresa estava apenas a senhora gentil, a qual perguntei o nome para ficar mais familiarizada, ela me disse que se chamava Carlota. Estava terminando de arrumar a cozinha que já se encontrava impecável.

- dona Carlota onde esta o Francisco?

- ele dormiu e Dulce o levou para o berço

- que bom que ele dormiu

- perdão, mas a senhorita parece preocupada

- estou apenas cansada.

Esbocei um sorriso, e então ela me ofereceu uma xícara de chocolate quente, e eu aceitei com a condição de ela tomar comigo, então ela fez duas xícaras de chocolate quente, pegou um banco e sentou de frente para mim no balcão para tomarmos nosso chocolate quente.

- faz muitos anos que o Senhor Robert não trás alguém a esta casa, fiquei muito surpresa quando vi a senhorita entrar por aquela porta, ele sai com muitas mulheres pelo que sei, mas nunca trouxe nenhuma a esta casa

- e por que ele não trás mulheres aqui?

Indaguei curiosa sobre o assunto, não poderia perguntar essas coisas ao Robert, não me sinto no direito de perguntar essas coisas, mas já que dona Carlota parece saber muito a seu respeito não custa perguntar já que ela começou a falar.

- desde que a mulher foi embora

- ele já foi casado?

- sim

- e por que ela foi embora?

- Dona Mary era uma mulher muito bonita, mas muito interesseira.

Enquanto dona Carlota me contava a respeito da ex de Robert parecia se lembrar do tempo em que ela viveu na casa e ao lado do Robert.

Eu beberiquei um pouco do meu chocolate quente que por sinal estava muito gostoso, então ela continuou a falar depois de beber um pouco do chocolate quente também

- ela era uma mulher desagradável, e mesmo assim ele a amava, era como se Mary o dominasse, ele fazia tudo por ela e para ela, mas um dia Mary se cansou dele e pediu o divorcio, Robert não queria dar, então ela foi embora.

- mas eles se divorciaram?

- sim, depois que ela foi embora ele esperou que ela voltasse, como não voltou ele assinou o divorcio, me recordo que ficou dias trabalhando feito um louco, só pensava em trabalho, e quando recebeu a noticia de que ela estava com outro ficou dias sem sair de casa, Robert era uma pessoa alegre, mas com o tempo foi se tornando fechado

- nunca imaginei que ele tivesse sofrido tanto por alguém, mas eles tiveram filhos?

- bem que Robert queria, mas ela sempre dizia que não estava pronta para ser mãe

- ele deve ser bem solitário

- acho que isso esta prestes a mudar

- por que diz isso?

Dona Carlota parecia certa do que estava dizendo, mas não sou a solução de nada, pois não tenho nada com ele, e não pretendo ter nada, apesar dele ter sofrido por uma mulher que não o merecia.

- por que a trouxe para esta casa, pela forma como faz as coisas por você, para que esteja bem, ele não faria isso se não tivesse interesse na senhorita

- por mais que tenha interesse, não quero ser mais uma na lista de mulheres dele.

Carlota riu, parecia certa de que ele não queria apenas passar um tempo comigo, mas eu não podia pensar o contrario, ele não queria nada a serio comigo, tenho certeza.

- você vai se surpreender com o Robert, vai ver que é um bom homem, e não a quer para ser mais uma

- a senhora deve gostar muito dele, mas acho melhor eu ir me deitar. Boa noite Carlota.

- boa noite Senhorita Ailen, e não tenha medo do Robert, ele é um bom homem.

Fui para o quarto e deixei dona Carlota na cozinha, parece que ela tem uma visão de bom moço do Robert, será que todos o viam como um bom moço? Ou só quem o conhece de verdade que pode falar isso?

Muitas perguntas estavam rondando minha cabeça, e a única coisa que desejo é deitar e colocar a minha cabeça sobre o travesseiro e esquecer tudo. Ao chegar no quarto acendi a luz e fui até o berço ver se o Francisco estava bem, e ele estava dormindo feito um anjo, tão pequeno e indefeso, o mundo desabando sobre minha cabeça e ele sem entender o que estava acontecendo.

Tirei o vestido, e fui até o banheiro escovar os dentes, estava pensativa, não parava de pensar no beijo que o Robert me deu, foi ótimo, e eu não me arrependo de ter me permitido gostar de ser beijada por ele, perdida em meus pensamentos ouvi uma batida na porta, só poderia ser a Dulce ou dona Carlota uma hora dessas.

- entre, estou terminando de escovar os dentes

Ninguém respondeu, mas ouvi a porta abrir, e fechar, deve ser a Dulce querendo conferir se o Francisco esta bem, já que ela estava tomando conta dele

- Dulce é você que esta ai?

Tornei falar, mas ninguém me respondeu, então achei que estivesse falando sozinha, assim que terminei sai do banheiro e quase morri de susto, dei de cara com o Robert, ele me encarava sentado em uma poltrona perto da porta, com o braço apoiado na poltrona ele me observava, minha cara queimou de vergonha e eu fui ate a cama pegar o vestido para vestir

- é assim que você pretende dormir?

- não, nua.

Respondi sarcástica enquanto tentava me enfiar de volta no vestido

- então não vista o vestido, tire o resto.

Olhei para ele com vontade de dar uns tapas na cara dele e o fazer acordar pra vida, ele pode ate ser bem visto por seus funcionários, mas é um safado de mão cheia, assim que terminei de vestir o vestido me senti muito sem graça, eu não queria estar em uma saia tão justa.

- o que veio fazer aqui?

- vim te desejar boa noite.

Eu engoli seco, não esperava que depois do que havia acontecido na biblioteca ele fosse vir ao quarto, mas me enganei

- obrigada

- acho que vou ficar aqui de guarda essa noite, vai que alguém tenta entrar aqui à noite

- o único que quer ja esta aqui, então não preciso que fique de guarda

- não me importo de ficar aqui esperando você se deitar para dormir

- você não tem vergonha?

- de que? Ver você? Não, eu não tenho você é linda, e tem um corpo muito bonito, parece ter sido desenhada nos mínimos detalhes, e eu tinha razão, você tem uma cintura fina, um bumbum redondo e muito bonito, seios pequenos, você tem curvas perfeitas, seu cabelo preto solto cobrindo suas costas é sexy

- você realmente sabe como ver coisas onde não existem

- pare de ser modesta, você sabe que é linda

- eu só posso agradecer, mas é desconfortável alguém me olhando e me observando tanto

- você é linda, acho que não mereço ter você, sem contar que temos uma diferença grande de idade

Ele estava ferindo meu ego, estava se preparando para me chamar de imatura

- eu tenho 43 anos e você apenas 27 anos, mal começou a vida e ainda não sabe o que quer

- você esta me chamando de imatura?

- não querida, estou dizendo que você é nova para mim

- eu não penso assim

- e como você pensa?

Ele estava analisando cada palavra que eu falava, parecia esperar que eu o salvasse de sua solidão, que fosse luz na sua escuridão, então engoli seco, criei coragem e falei o que eu realmente pensava.

- penso que se você não parar agora de pensar isso de mim, terei que prová-lo que sou uma mulher decidida, e que sei bem o que quero

- e por que não me mostra o que você realmente quer?

Respirei fundo, tentando criar coragem para ir até ele, mas meus pés não queriam me obedecer, eu estava paralisada de medo, de vergonha, mas eu sempre soube que medo é possível ser controlado, então olhei para ele e criei coragem, caminhei ate ele e parei ao seu lado, abaixei ate seu ouvindo e sussurrei

- eu quero você essa noite.

Ele colocou as mãos em minha cintura e me puxou para seu colo, e cheirou meu pescoço e então sussurrou de volta.

- temos uma diferença considerável de idade, e você quer alguém para um relacionamento e eu não quero namorar ninguém

- eu já sei de tudo isso, e idade é apenas um numero um mero detalhe, e só pra você saber, ainda tenho 26 anos e não 27.

Ele riu, parecia passar algo por sua cabeça que o incomodava, então me indagou

- o que a fez mudar de idéia tão rápido ao meu respeito?

- estive a conversar com dona Carlota depois que sai do escritório e ela me disse que você é um bom homem e que não tivesse medo de você

- você acha que ela tem razão?

- estou aqui dizendo o que quero, isso já deve responder sua pergunta.

Ele enfiou os dedos por entre meus cabelos e me beijou com muita sede, eram beijos arrebatadores, capazes de me tirar todo fôlego e ainda me manter ardentemente viva.

Nossos beijos ficaram mais quentes, então ele se levantou comigo em seu colo, me colocou na cama, começou a beijar meu corpo, enfiou a mão nas alças do meu vestido puxando-o com facilidade do meu corpo, continuou a me beijar como se morresse de sede, abraçou meu corpo como se desejasse fundir seu corpo ao meu, então tirei sua camisa, ele era lindo, o peitoral e o abdômen bem definidos apesar da idade (ele não é velho, pelo menos eu não acho, ele é um homem muito bonito).

Sua pele lisa, sem pelos, não curto muito homens peludos, claro que acho bonito também um pouco de pelo, acho que deixa muito masculino, mas muito pelo não é legal, é como abraçar um urso quando se abraça um homem muito peludo, mas ele era lindo, talvez seja por isso que as mulheres caiam aos seus pés, ele era um homem muito bonito.

Eu não podia esconder meu desejo, estava estampado na minha cara que eu queria mais do que tudo estar em seus braços, queria que ele me tocasse e me amasse por completa. Ele parou e olhou para mim, e eu estava tão louca que meti minha mão por entre seus cabelos e o puxei para mais perto e entre mordidas e beijos sussurrei para que ele me fizesse dele, então senti suas mãos abrirem minhas pernas e me tocar, eu estava ficando louca.

- você é linda.

Sussurrou em meu ouvido me fazendo enlouquecer cada vez mais nos braços dele, aquele homem estava mexendo com meus instintos.

- eu te desejo muito, mas tenho medo de você me magoar.

Robert olhou nos meus olhos me analisando, analisando o que falei, buscando em meus olhos ver se encontrava verdades.

- não precisa ter medo.

Ele voltou a me beijar e eu me entreguei completamente, passamos a noite nos amando, ele me amou com tanto desejo que por um segundo me senti amada pela primeira vez na vida, todos que um dia disseram me amar, nunca me amaram de verdade, não sei se um dia serei amada, mas sempre acreditei que alguém um dia chegaria e me salvaria com seu amor.

Sempre acreditei que o amor é o melhor remédio, a alegria incomparável, uma doença incurável, mas nunca amei e fui amada dessa forma.

Depois de fazermos amor me aninhei em seus braços, coloquei minha cabeça sobre seu peito, ficamos agarradinhos, até que peguei no sono e não vi mais nada.

Ao acordar de manhã ele já não estava mais, por que eu esperaria que ele estivesse, sou apenas mais uma em sua lista maldita de mulheres. Levantei e tomei um banho, me vesti e desci para pedir a Carlota que preparasse a mamadeira do Francisco.

- bom dia senhorita Ailen

- bom dia Dona Carlota, será que poderia fazer a mamadeira do Francisco?

- sim, ele já acordou?

- ainda não, mas ele logo acordara

- tome café.

Ela colocou uma jarra de suco de laranja, bolo de chocolate, pão francês, queijo branco, café e leite, tudo sobre o balcão para que eu pudesse tomar café, enquanto ela preparava a mamadeira, eu resolvi tomar uma xícara de café com leite e comer uma fatia de bolo.

- Robert foi trabalhar hoje cedo e disse que estaria aqui para o almoço, ele estava com um sorrisinho muito assanhado, pelo visto a noite foi ótima, deve ter dormido muito bem.

Ruborizei de vergonha, mal cheguei e ja estou passando a impressão errada, quem faz isso? Que estupida que sou.

Me deixei levar pelas minhas vontades carnais, deveria ter me controlado, mas como fazer isso quando fazia tempos que não transava, sem contar o fato de estar estressada com tudo que tem acontecido.

Precisava muito me desestressar e confesso que foi maravilhoso, Robert foi maravilhoso, mas eu não iria deixar isso tão evidente para Dona Carlota.

- é, deve mesmo, mas por que ele não me chamou? Eu tinha que ir para a empresa, acabei perdendo a hora

- ele disse que você estava dormindo, e que caso o Francisco acordasse não era para acordar a senhorita, pois estava muito cansada.

Eu estava sendo precipitada nos meus julgamentos, ele não estava ao meu lado, mas parece que dormiu comigo, acabei rindo, e Carlota me encarou, então fiquei sem graça e tossi para disfarçar minha eterna alegria de saber que não sou apenas mais uma.

- perdão o que dizia?

Dona Carlota acabou rindo da minha cara, ela sabia que eu estava pensando no Robert, e sei que ela estava supondo que passamos a noite juntos, e bom ela tem razão, mas não vou ser louca de assumir isso, não posso e não vou, apesar de estar escrito na minha testa.

- você parece ser uma boa moça, merece ser feliz, e o Robert também merece vocês ficam bem juntos

- a senhora fala dele como se falasse de um filho

- não tenho filhos e conheço o Robert desde que ele era um menino, quando vim trabalhar para os pais dele também servi de babá

- por falar neles, onde estão?

- moram em Nova York, a mãe dele deixou de vir a esta casa desde que ele casou-se com Mary, seu pai sempre foi um homem muito ocupado, então a ultima vez que eles vieram aqui foi logo quando souberam da separação do filho.

- pelo visto ele não é exatamente um homem muito ligado à família

- ele é um homem muito bom, é bom filho, e era ótimo esposo

- só quero alguém que me ame de verdade, nada mais

- Robert também quer a mesma coisa, não o deixe escapar.

Assim que Carlota terminou de preparar a mamadeira me retirei da cozinha, e encontrei Dulce descendo as escadas com o Francisco, esperei ela terminar de descer e o peguei no colo para dar mamadeira, ele era lindo, cabelos como o mais puro ouro, lábios rosados, pele clara e frágil. Tomou toda mamadeira, estava com muita fome, resolvi dar um banho e arrumá-lo para dar um passeio.

- vou dar uma saída Dulce, vou resolver alguns assuntos e mais tarde volto

- a senhora vem almoçar?

- pretendo, mas caso não venha avisarei.

Decidi ir a minha casa, o local ainda estava interditado, então fui a algumas lojas comprar algumas roupas. Assim que terminei as compras passei na empresa para conversar com Ernesto ele me ligou depois do ocorrido, mas eu não estava muito bem para falar.

Ao chegar a empresa pude notar os olhares curiosos de todos, afinal todos os jornais publicaram o ocorrido. Ignorei todos os olhares e fui direto ao escritório de Ernesto, que por sinal me recebeu muito bem.

- como você esta Ailen?

- estou bem.

Nos sentamos nas poltronas em frente a mesa dele, a sala parecia meio vazia, depois que saí algumas coisas mudaram na empresa.

- Ailen eu vou ter que passar um período fora do país, esse novo projeto que assumi com Robert é uma oportunidade única, não sei quanto tempo vou passar fora, mas não quero que deixe de me ligar se precisar de algo

Ele pegou na minha mão e a acaricio, pela primeira vez o vi fazer algo sem segundas intenções comigo.

- sei que as coisas não devem estar sendo fáceis pra você agora

- não estão mesmo, o advogado da Liz entrou em contato comigo e me falou a respeito de um documento de guarda do Francisco que a Liz tinha feito passando a guarda do filho para mim, ele me disse que o documento seria valido se ela estivesse viva me dando o consentimento da guarda caso fosse solteira, viuva ou em comum acordo com o cônjuge. Como ela cometeu suicídio o documento não é valido, apesar de ter a assinatura dela, as famílias virão com tudo pra cima de mim, pela guarda

- você vai conseguir Ailen, ja vi você fazer coisas que achei que eram impossíveis

- obrigada Ernesto, mas não sei se isso sera o suficiente

- Robert vai te ajudar, conheço meu amigo.

Por um momento me senti perdida na conversa, Robert e Ernesto eram amigos? Por que eu nunca soube disso? As interrogações em minha cabeça surgiram como uma chuva rapida de verão, agora fazia todo sentido o fato dele ter conseguido meu número tão fácil.

- tenho que ir, passei para saber como estavam as coisas, Robert não fez questão que eu fosse a empresa hoje então aproveitei para resolver alguns assuntos pendentes

- acho que deveria dar um tempo do escritório Ailen, dedicar um pouco de tempo para aprender a ser mãe se pretende ficar com a guarda

- você pode ter razão, mas preciso sustentar uma criança se esse for o caso.

Depois de resolver tudo voltei para casa para almoçar, não tinha certeza se Robert iria almoçar em casa, mas decidi ir mesmo assim.

Ao chegar percebi que o carro dele estava estacionado do lado de fora em frente a mansão, ele já estava em casa havia vindo almoçar, estacionei meu carro atrás do dele, desci do carro e peguei o Francisco do bebe conforto.

Entrei e me deparei com Robert saindo do escritório, ele fica muito atraente de social, acho que ele nasceu para se vestir assim e ocupar o status que possui.

- já almoçou?

- não, decidi vir almoçar aqui, mas não tinha certeza se você viria, afinal saiu bem cedo

- perdoe-me, mas você estava dormindo e não quis acordá-la, parecia cansada

- obrigada.

Nos sentamos para almoçar, pedi para Dulce dar uma papinha para o Francisco, o almoço foi meio silencioso, não quis ficar tagarelando, não queria quebrar o silencio imaculado do almoço, mas acabei perguntando como tinha sido o dia dele, acho que o silencio extremo me incomoda.

Terminamos de almoçar e ele me convidou para ir ao escritório, o acompanhei, ao entrar em seu escritório fez sinal para que eu me sentasse ao seu lado, então o fiz, mas permaneceu calado por alguns instantes parecia procurar as palavras certas, pegou minha mão, olhou nos meus olhos e começou a falar.

- ligaram hoje na empresa procurando por você, eram os pais da Liz, o funeral será amanhã cedo.

A voz dele era áspera, parecia estar preocupado com algo, e isso estava me incomodando, não era nada sobre o funeral, mas acredito que seja sobre o Francisco.

- deixe-me adivinhar, a família da Liz quer a guarda do Francisco?

- sim, mas ao procurarem o advogado da filha descobriram que não podem simplesmente tirar ele de você, e vão entrar com uma ação judicial contra você

Ele engoliu seco, não queria me falar, sabia que eu iria ficar preocupada, mas eu ja estava apreensiva, então respirou fundo e continuou a falar

- acham que você subornou o advogado, e que talvez a filha não tenha cometido suicídio.

- esta me dizendo que eu sou suspeita?

- não minha bela, não disse isso, estou dizendo que você deve ficar preparada, e você esta proibida de ir ao funeral

- agora entendo por que a Liz não gostava daquela família

- o que pretende fazer minha bela?

- não sei, acredito que se eu quiser continuar com a guarda do Francisco terei que lutar contra duas famílias, não sei se estou preparada pra isso

- é uma decisão difícil a ser tomada

- também não posso continuar aqui, não pegaria bem

- isso não vai interferir em nada, afinal sou seu chefe e nada mais.

Essas palavras saíram da boca dele e me pegaram de jeito, não esperava ouvi-las, mas isso é para ver que sou burra por confiar nos outros, principalmente nele, IDIOTA é tudo que minha consciência esta me dizendo, o mundo parece que saiu fora de orbita num instante, fui pega de surpresa por aquelas palavras.

- sim, mas as pessoas falam, irei ver uma casa hoje mesmo

- não precisa ter pressa

- preciso sim, pois você não deve favores a uma funcionaria, pois é isso que sou

- minha bela você entendeu errado

- devo ter entendido mesmo

- claro que entendeu, o que eu quis dizer é que para as pessoas nós temos uma relação apenas de negócios e mais nada, enquanto pensarem assim você poderá ficar aqui sem que ninguém te incomode

Não sei se acredito no que eu entendi, ou no que ele acabou de me explicar, pra falar a verdade prefiro acreditar no que entendi ao invés de criar expectativas e me machucar depois, afinal como ele mesmo acabou de dizer é apenas meu chefe nada mais, não sei por que ainda dou ouvidos ao que as pessoas dizem, Carlota estava errada a seu respeito.

- obrigada por tudo

- não precisa agradecer minha bela.

Retirei-me do escritório e fui para o quarto e da janela vi Dulce com Francisco no jardim, um solzinho iria fazer bem, agora eu tinha que lutar por ele, fazer de tudo para que ninguém o faça sofrer, mesmo que ele não fique comigo, quero que ele fique bem e com toda certeza irei lutar com unhas e dentes para que ele fique bem.

Não vou decepcionar a Liz, ela pediu para que tomasse conta do seu filho.

Passei a tarde toda fora de casa vendo algumas casas, acabei encontrando uma, negociei com o dono uma troca, ele gostou da idéia e ficou de dar uma olhada na casa no dia seguinte, então voltei antes do Robert chegar, não quero que ele saiba o que estive fazendo.

Comportei-me como se estivesse tudo bem, assim que jantamos levei Francisco para o quarto e dei mamadeira para fazer ele dormir, mas não funcionou tão bem, acabei colocando ele na cama em que dormi e deitei ao lado dele e começamos a brincar, não parecia estar com sono apesar de ter brincado com a Dulce a tarde

Ouvi uma batida de leve na porta, mandei entrar era Dulce querendo saber se precisava de algo, disse que não, mas a agradeci, ela estava cuidando do meu pequeno príncipe muito bem, logo depois ouvi outra batida na porta mandei entrar, dessa vez era Robert, queria saber se estava tudo bem, sentou na beira da minha cama e começou a brincar com Francisco, olhei para ele e notei que parecia estar pensando em algo ou alguém, seu corpo estava perto de mim, mas sua mente estava distante, quem sabe na sua ex- esposa a qual amava.

Não perguntei nada, preferi respeitar seu silencio, peguei Francisco que acabou dormindo e coloquei no berço.

- você seria uma boa mãe para o Francisco.

Por fim Robert me disse algo, se levantou e saiu, algo parecia incomodá-lo, fui para o banheiro tomar um banho para dormir, assim que terminei de tomar banho vesti uma camisola preta que havia comprado, penteei o cabelo passei creme de pele, um pouco de perfume e deitei, fiquei pensativa, então decidi ir ao quarto do Robert, devo ser uma idiota mesmo, mas queria estar com ele, bati na porta quase me arrependendo e voltando correndo para meu quarto, mas ouvi sua voz mandando entrar, abri a porta devagar e entrei, mas não o vi, estava no banheiro.

Fui ate a janela olhar a vista enquanto ele não saia, fiquei em silencio, o quarto estava com meia luz, apenas a luz do abajur ao lado da cama que estava acesa.

- adoro essa vista

- sim, eu também adorei, da pra ver as luzes da cidade.

- não me referia a esta vista.

Ele riu, e percebi que estava falando de mim, então corei de vergonha, mas ele era a melhor vista, estava apenas de toalha, cabelo molhado, havia acabado de sair do banho, estava sexy.

Aquele corpo bonito esteve sobre o meu ontem, a me amar desesperadamente como se sentisse sede e eu fosse a água que com apenas um gole matasse toda cede.

Ao relembrar da noite anterior meu coração acelerou, minhas mãos começaram a perder firmeza.

- perdão por vir ao seu quarto sem avisar

- fique a vontade, mas aconteceu algo?

- não, sim, não, quero dizer

Fiquei nervosa, estar naquele espaço pequeno perto dele, era desconcertante

- não aconteceu nada com o bebe, mas queria saber se estava tudo bem com você, afinal você não me parece bem

- estou bem minha bela, era só isso?

Ele estava diferente, eu não iria correr atrás dele, pelo contrario, iria ignorá-lo não sou uma pessoa que ele pode ficar fazendo de boba

- sim era só, vou voltar para meu quarto, boa noite

- boa noite.

Cruzei o quarto para sair e passei por ele, não iria dar o braço a torcer, assim que peguei na maçaneta ele começou a falar.

- mentirosa

- eu não sou mentirosa.

Olhei para trás para encará-lo e rebati sua afirmação, que poderia ser verdade, mas que eu nunca iria assumir.

- é sim, e uma péssima mentirosa veio aqui me ver por que me quer.

Ele tinha razão, mas nunca iria assumir isso, não vou aumentar seu ego falando que o desejo.

- boa noite Robert.

Virei-me novamente para sair, mas fui impedida pelas mãos macias do Robert, ele me segurou pelo braço e cochichou em meu ouvido

- fica comigo!

Aquela voz suave, convidativa, doce, fazia meu corpo querer estar perto, me entregar por completo, mas minha mente me diz para fugir, mas quero ficar, o desejo tanto que meu corpo estremece.

- melhor não

- para de fugir de mim.

Ele me abraçou por trás, senti o calor do seu corpo bem perto do meu, fechei meus olhos tentando ignorar tudo, afinal de contas o que foi que eu vim fazer nesse quarto? Eu estava enlouquecendo. Senti sua mão acariciar meus ombros, afastar meus cabelos e beijar meu pescoço.

- não estou fugindo.

Estava tentando fugir dele, escapar de algo que gostaria de me entregar por inteira, queria esse homem só pra mim, por completo, mas ele nunca seria meu, ele nunca seria de ninguém.

- então olha pra mim e diz isso, diz que não me quer, que não me deseja da mesma forma como eu desejo você.

Esse homem estava acabando comigo, minhas mãos estavam formigando, meu corpo pegando fogo, não iria resistir se ele continuasse me tocando, então me soltei e me virei novamente para conseguir responde-lo, seria a forma mais pratica de responde-lo e me safar daquele quarto, então limpei a garganta e o respondi

- eu não sou obrigada a responder isso.

Sabia que não era capaz de me virar e falar o que me pediu, afinal o desejava, ele estava a me encarar, assim que seus olhos encontraram os meus ele me respondeu.

- não, você não é obrigada, mas gostaria de ouvir você falar, e a propósito esta linda nessa camisola preta

- obrigada, mas respondendo sua pergunta sim vim te ver por que te desejo-cheguei perto do ouvido dele para sussurrar- e por isso mesmo vim sem calcinha.

Ele me encarou, parecia surpreso, mas satisfeito com tudo que tinha ouvido e me beijou, eu era escrava dos beijos e abraços dele, fiquei enlouquecida com suas mãos pelo meu corpo me puxando para mais perto, me amando aos mínimos detalhes, beijando meu corpo inteiro como um leão insaciável, tirou minha camisola, me levantou e eu dei uma chave de perna em sua cintura e ele me levou para a cama

- você tem um corpo muito lindo, muito gostoso, seus seios me deixam louco, são muito bonitos.

Ele voltou a me beijar depois de analisar meu corpo e tocá-lo todo, tirei sua toalha da cintura e pude sentir seu corpo inteiro sobre o meu, passei minhas mãos por aquelas costas largas e lisas, ele era lindo, nós nos perdemos no corpo um do outro, nos amamos feito dois insaciáveis. Ao acordar de manhã percebi que ele ainda estava ao meu lado.

- bom dia.

Falei ao perceber que Robert já estava acordado, parecia estar feliz, pelo menos parece que nada estava o incomodando ou ele disfarça muito bem

- bom dia.

Sua voz é suave e carregada de preguiça, o cabelo desgrenhado me faz lembrar da noite que passamos juntos.

Robert começou a me olhar nos olhos, procurando algo, então mordendo o lábio tirou uma mecha de cabelo do meu rosto e me deu um beijo, me aninhei em seus braços, seu cheiro estava em mim, o amadeirado do seu perfume estava na minha pele, nos meus cabelos, não queria que saísse de mim, com as mãos acariciando minhas costas senti o carinho que ele sentia por mim, então fui trazida a minha cruel realidade, eu estava na casa dele não para dormir com ele, mas para que minha situação se resolva e eu volte a minha vida normal, mas espanto esse pensamento, quero aproveitar esse momento.

- faz tempo que esta acordado?

- não, acabei de acordar

- vai para a empresa hoje?

- vou sim, mas queria esperar você acordar.

Ele voltou a acariciar minhas costas nuas e foi descendo a mão ate as minhas partes intimas, olhei para ele e dei um sorriso saliente, então o beijei, e começamos a fazer amor, acho que é ótimo acordar de manhã e fazer amor com alguém que você gosta, eu gostava dele, do jeito dele.

Depois nos levantamos e tomamos banho juntos, voltei para o meu quarto e vestir uma roupa, era bem cedo o Francisco ainda dormia, vesti uma calça jeans e uma blusa estampada e abri a porta para descer para tomar café, me deparei com Robert, ja estava todo arrumado para ir para empresa, então descemos juntos, mas ele não quis tomar café, então me deu um beijo e cochichou em meu ouvido que adorou dormir e acordar comigo, então saiu para trabalhar e eu fui para a cozinha, para minha surpresa Carlota já estava de pé, ela com toda certeza madruga na cozinha.

- bom dia dona Carlota

- bom dia senhorita Ailen, aceita um café?

- sim, mas apenas o café, é muito cedo e ainda não estou com fome.

Ela me deu uma xícara de café e senti o aroma do café que ela havia acabado de passar, beberiquei um pouco, estava muito quente.

- estou vendo a possibilidade de trocar minha casa, hoje já estará liberada e eu poderei mostrar a casa, logo deixarei de te acordar cedo dona Carlota.

Ri para demonstrar meu bom humor e meu agradecimento pela hospitalidade que recebi.

- logo você vira morar aqui, deveria ficar logo

- acho que não virei não

- posso estar enganada, mas meu menino esta feliz, esta vivendo de novo, e você é a razão disso.

Ela realmente via o Robert como um filho, ele demonstra ser uma pessoa surpreendente, mas ate quando isso ira durar? O que irá pensar de mim quando souber o que fiz pelas costas dele? Preciso tomar uma decisão, mas preciso de ajuda e sei quem é a pessoa ideal para me ajudar, Edgar, ele é advogado.

                         

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