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Meu cabelo médio e preto estava espichado como se eu acabasse de tomar uma forte descarga elétrica. Os olhos castanhos estavam irritados, a boca ressecada e um terrível
mal hálito. Tudo isso dava uma péssima expressão ao meu rosto. Então, com um pouquinho de paciência e tempo, me arrumei e consegui me acalmar.
Assim que passei da porta do banheiro, caminhei até a cozinha e preparei um café com leite e alguns pães de queijo. Logo me veio em mente uma conversa que tive com minha
tia Angélica. Ela disse que algumas pessoas de outros lugares do Brasil achavam que mineiros só comiam pão de queijo e bebiam café o dia inteiro. Até certo ponto era verdade, já que
esse pequeno pão macio e saboroso parecia ter sido feito pelos deuses, mas era bem óbvio que não. Não comíamos pão de queijo toda hora.
Pensar em coisas desse tipo me deixava frustrado, mas por sorte, escutar música era minha válvula de escape para situações como essas.
Terminei de preparar meu café e fui me sentar no sofá da sala. Ela fazia diviza com a cozinha,corredor para o banheiro,corredor para os quartos e a varanda de baixo. A porta de
entrada da casa ficava ao lado da do banheiro, e pelo barulho de crianças do lado de fora, minha tia Angélica já havia chegado.
Ela trabalhava na casa de ração para os meus pais, e como era bem perto de casa, sempre ia lá para conversarmos sobre os assuntos do dia a dia. Já a minha mãe,Teresa
Wardwell, acordava cedo todos os dias para fazer as unhas das clientes em seu salão, uma nail designer excelente. Meu pai, Julio Oliveira, é pedreiro, o melhor de todos. Ele acordava mais cedo até que
a minha mãe para poder trabalhar nas obras que construía. Os dois se esforçavam muito em tudo o que faziam, sempre para poder me dar o melhor, e eu tinha orgulho deles por fazerem isso.
Não vou ser hipócrita e dizer que sou um anjo de pessoa, por que eu realmente tô longe de ser assim. A maioria das vezes, devido a facilidade de me estreçar que puxei
da minha mãe, discutia com ela e meu pai por praticamente qualquer coisa.
Eu até parei para rever e, realmente, eu sempre queria estar certo em tudo. Talvez fosse coisa de ariano e tals.
Me levantei e levei o copo para a pia da cozinha, queria apenas deixá-lo lá e sair, mas era melhor fazer isso antes que uma certa mãe ficasse furiosa. Não duvidava
nem um pouco de que ela havia lavado todas as vasilhas antes de sair para o salão, e quando fazia isso, o seu pavor era chegar em casa e ver a pia repleta de vasilhas novamente.
Fui até a porta da varanda de baixo e a abri. Sentei em um dos degraus de concreto e observei o céu azul brilhando com a luz radiante do sol. O vento balançava gentilmente
cada galho das árvores e plantas no quintal. Era tão refrescante e suave que me fazia querer voltar a dormir novamente, mas a vida de um adolescente de quinze anos não era tão tranquila assim. Tinha
que arrumar minha cama e fazer algumas atividades para entregar naquele dia, além de um trabalho que iria terminar de fazer na escola junto com os meus amigos.
Me levantei do degrau de concreto e entrei para a sala novamente, seguindo em direção a porta de entrada. Antes de fazer minhas coisas, tinha que cumprimentar minha tia, além
da minha avó Maria Oliveira e seu namorado Geraldo. Eu sei, parecemos uma cópia da Grande Família, mas era assim que vivíamos, juntos. Bom, não todos, até por que seria necessárioum
lote bem extenso.
Minha vó mora em uma casa ao lado da minha, com um enorme terreiro do lado de fora. Assim que passei pela porta de entrada da casa, caminhei pela varanda e subi uma rampa de concreto
até a parte de cima, onde ficava a porta de entrada da casa da minha avó, e outra rampa ao lado que levava para a garagem.
_Bom dia vó!_ gritei antes de chegar a porta.
_Bom dia menino lindo!_é, minha vó exatamente desse jeito, ela é assim com todos os netos dela.
Passei pela porta e ela estava na cozinha, enquanto Geraldo estava sentado no sofá da sala.
_Bom dia Geraldo_ disse com uma voz alegre.
_Bom dia_respondeu ele._Sua avó perguntou se você quer tomar café.
_Eu fiz aquele xiriri que você adora_ela saiu da porta da cozinha com um prato repleto desse biscoito.
_Ah, se a senhora insiste tanto assim.
Os dois riram enquanto eu pegava o biscoito nas mãos. Estava quente, tinha acabado de sair da panela.
_Obrigado vó_disse dando um abraço forte nela._Aliás,sua benção.
Eu estendi a mão e ela a segurou.
_Deus te abençoe.
_Agora eu tenho que ir alí dar um oi para a minha tia_me dirigi a porta de entrada._Tenho que fazer uma atividades para hoje também.
_Tá bom, pode ir_minha vó se virou e voltou para a cozinha._Bons estudos.
_Obrigado_saí pela porta com um sorriso.
O portão para acessar as duas casas ficava a frente da garagem, e na parede ao lado direito da garagem ficava a porta para a casa de ração. Abri a porta e, de cara, já
podia ver minha tia em pé atrás do balcão mechendo no notebook.
_Oi tia Angélia_respondi animado._Bom dia.
_Bom dia Nicholas_ela saiu do balcão e caminhou na minha direção._Acordou agora?
_Praticamente_dei uma risada._O pesadelo que tive ajudou nisso.
Ela foi até uma estante e começou a arrumar alguns potes de ração desorganizados.
_E ele era sobre o que exatamente?
_Eu estava num túnel estranho e com uma luz no final,mas aí uma grade surgiu e velhas começaram a falar frases estranhas no escuro.
A expressão da minha tia foi a melhor, ela não sabia se fingia que entendia ou falava que aquilo tudo parecia uma tremenda bobagem.
_Deve ser apenas um pesadelo,Nicholas_afirmou ela._Essas coisas aparecem enquanto dormimos para abalar a nossa fé, coisa que o inimigo adora fazer. Tenta rezar antes de durmir e talvez
resolva.
_Eh, vou tentar_disse com uma expressão ainda aflita._Mas ainda assim...deixa pra lá. Vou ir fazer minhas atividades.
_Tá bom então, bons estudos.
_Obrigado, bom trabalho para a senhora também.
Aquela sensação estranha que sentia era diferente de tudo que já tinha sentido antes. Por mais que fosse um pesadelo assustador, algo em mim dizia que não se tratava
apenas de uma simples experiência terrivel. Todos os sonhos que já tive nunca deixavam tantos detalhes assim que acordava, e se deixassem, eram muito vagos. O pesadelo parecia ser tão real que continuava
a rodar na minha cabeça. Como um filme se repetindo várias e várias vezes.
O melhor que pude fazer foi terminar as atividades e preparar o almoço para ir a escola.
***
Estudar de tarde tinha os seus privilégios: acordar mais tarde e ter um tempo para fazer o que gostava antes de ir para a escola. Por outro lado, era cansativo e você perdia a
maior parte do dia, chegando em casa a noite e se jogando na cama cansado. Esse mesmo ciclo parecia ser infinito, e parecia ter piorado com a chegada dele, o Novo Ensino Médio.
A semana tinha acabado de começar, e como toda segunda-feira, o ânimo dos alunos não era lá aquelas coisas. As fotos com carinhas sorridentes para mim não
passavam de uma velha estratégia de marketing, já que se você olha na cara de um aluno na vida real, o único sorriso que ele vai dar é quando revê seus amigos de escola. Quase ninguém
dessa nova geração tem a mesma vontade de estudar como as pessoas tinham antigamente, o que certamente era meio problemático.
O ano já estava acabando, e estávamos na metade do mês de setembro, mais ou menos umas duas semanas para chegar outubro.
O pior para mim fora a troca de escolas que fiz no início do terceiro bimestre de aula. Saí de uma universidade em Florestal por conta de alguns confitos e distância de
casa, sendo matriculado no Colégio Santo Andréas em Juatuba.
Era um lugar bem grande, se parecia mais com um prédio de faculdade do que um colégio. Possuía cerca de vinte metros de altura e três andares, sem contar o terraço,
que era a parte mais alta e "inútil" de todo o lugar. Seus arredores eram cercados por grades de ferro com arame farpado sob eles, se conectando com o portão de entrada onde o porteiro trabalhava.
O mesmo possuía escadas que levavam até um caminho calçado em direção a porta do colégio, estando em meio a um jardim gramado com palmeiras e algumas árvores de diversos tons
de flores.
Ao passarmos pela porta do colégio, podemos ver o enorme pátio que se estendia por todo o primeiro andar, e um outro jardim gramado com alguns arbustos mais ao fundo. Perto dalí,
ficavam os corredores para os banheiros, biblioteca, refeitório, salas de aula, passagem para as escadas e a entrada para a quadra. Todos espalhados e conectados com o jardim interno.
Eu e meus amigos estudávamos no terceiro andar, o mais alto de todo o colégio. Não entendia esse conceito da diretoria de colocar o primeiro ano do Ensino Médio
no andar superior, enquanto o segundo e terceiro ficavam nos andares inferiores. Sem dúvida era um assunto que não tinha a mínima intenção de me aprofundar.
Morava longe do colégio, em um bairro afastado do centro, e por isso, o ônibus escolar sempre passava na porta de casa para me levar até lá. Não era tão
longe a distância entre um e outro, até porque o colégio ficava na entrada para o centro de Juatuba, com um estacionamento gigantesco para que os ônibus estacionassem alí mesmo.
Mal tinha acabado de descer do ônibus e, parados abaixo de uma árvore, meus amigos Rafaella e Adrian estavam me esperando.
_Aí está você_disse Rafaella._Pensei que nem iria vir hoje.
_Meu ônibus atrasou como sempre_suspirei.
_E trocando de motorista e monitora também_completou Arian._Só semana passada foram três diferentes.
Eu cruzei os braços.
_Acho que já até sei a resposta.
Logo na minha cabeça surgiu a imagem das crianças que pegavam o mesmo ônibus que eu, e se você pensa que são doces e comportados, nessa você errou em
cheio. Meu ônibus tinha as crianças mais inquietas e surtadas de todos os outros ônibus. Sempre ficavam de pé enquanto o ônibus estava em movimento, colocavam as cabeças para fora da
janela, sentavam no lugar que seria dos alunos do Ensino Médio, desobedeciam a monitora e falavam altos palavrões. São coisas que, se fosse para detalhar uma por uma, seriam quase que eternas de tantos
detalhes grotescos.
_Crianças_murmuramos ao mesmo tempo.
No começo, foi bem difícil me adaptar naquele lugar. Tinha várias pessoas e eu não conhecia nenhuma delas, e por um bom tempo, eu me isolava de todos. Só
que eu sempre tive algo em mim que nunca me deixava sozinho por muito tempo, foi então que Rafaella e Adrian se mudaram para a escola depois que completei um mês em Santo Andreas, bem no meio do bimestre. Eles
entraram de uma forma muito repentina na minha vida, já que nunca tive a experiência de ter uma amizade tão forte como aquela. Foram poucos meses que tínhamos começado a conversar, mas já
possuíamos um vínculo muito forte.
Rafaella é um ano mais velha do que eu. Seus cabelos ondulados e castanhos, com mechas rosas na frente e olhos cor de mel, acompanhavam uma blusa branca por debaixo de uma jardineira.
Usava óculos e brincos em formato de coração, sempre com seus All Stars vermelhos chamando a atenção de todas as pessoas por onde passava. Já ouvi até alguns garotos dizendo
que a sua beleza era fora do comum, como se ela fosse uma deusa grega.
O mesmo não podia se dizer da sua personalidade. Ela era uma garota empoderada, não abaixava a cabeça para ninguém e sempre era uma verdadeira "líder"
do grupo, mas as vezes ela se arriscava demais sozinha.
Já Adrian, era um cara mais expontâneo e brincalhão, amava fazer piadas em momentos desnecessários e necessários, sendo um pouco lerdo a maioria das vezes.
Ele é tinha a mesma idade que eu, e sua altura passava apenas alguns centímetros da minha. Seus olhos eram azuis como céu de uma manhã ensolarada, e seu cabelo liso e claro tinha um tom "queimado
pelo sol". Sua pele era um pouco bronzeada, e em seu rosto havia algumas sardinhas.
Não me pergunte o por que, mas ele usava um colete de crochê argyle marrom por baixo de um jaleco de cientista com a logo da escola, além de uma calça cargo em tom
verde escuro e um tênis branco. Acho que ele teria aula de testes no novo laboratório de ciências, e talvez deveria ter se empolgado um pouquinho demais.
E eu...bem, meu cabelo bagunçado e olhos tinham um tom negro como a noite. Usava uma camiseta branca por debaixo de um moletom preto, e uma calça jeans rasgada com um Jordan do
Paris Saint German.
***
Mesmo chegando de ônibus, estávamos super atrasados, e com toda certeza perdemos uma boa parte da primeira aula.
Era nisso que dava acompanhar os amigos em uma "voltinha rápida" pelo centro. Eles amavam passar em uma casa de balas afastada do colégio para comprar pirulitos e
outros doces.
_Mais uma tarde inteira estudando..._eu murmurei revirando os olhos._Que maravilha.
_As reclamações vem depois, Nicholas_Rafaella puxou Adrian e eu pelo braço._ Vocês sabem muito bem como é a nossa querida professora de história quando
alguém se atrasa.
_E nem preciso dizer de quem é a culpa aqui_disse em desdém.
_Eu não tenho nada haver com isso_afirmou Adrian apontando para o simbolo no jaleco._Foi comprovado cientificamente.
_Idiota..._Rafaella deu um sorriso e bufou.
Assim que chegamos ao portão da escola, o porteiro nos barrou, só que ele não esperava que Rafaella fosse uma mestre em inventar desculpas comoventes. Foi aí que
passamos pelo portão e seguimos rumo a nossa sala.
Batemos na porta e a professora abriu. Sua expressão era assustadora, como se ela pudesse nos matar apenas com aquele olhar esquisito.
Seu cabelo era amarrado em um coque que parecia nunca ter se soltado. Usava estranhos óculos que deixavam sua expressão ainda mais rigorosa, como se fosse uma chefe militar pronta
para dar as instruções de ataque. Seu conjunto de camisa branca de gola alta vinha por baixo de um jaleco preto, e uma saia preta fazia contraste com todo o visual junto a uma sapatilha preta. Ela era um pouco
maior do que Rafaella, e carregava consigo uma pasta preta repleta de papéis.
Sonhar com aquela mulher ranzinza deveria ser pior do que aquele pesadelo que tive.
_Posso saber onde vocês três estavam?_ela nos encarou profundamente.
A mulher arregassou a manga direita do jaleco e olhou para seu relógio de pulso com desgosto.
_O sinal de entrar para a sala tocou a dez minutos atrás.
_Nos desculpe professora_Rafaella começou a mudar para uma expressão triste e desanpontada._O ônibus parou de funcionar no caminho e não conseguimos chegar a tempo.
Sabe como são os ônibus dessa cidade, estragam por qualquer coisa.
As palavras que saiam da boca de Rafaella pareciam ser mágicas. Ela dizia as palavras com tanta calma e confiança que todos concordariam facilmente com ela.
Uma verdadeira manipuladora, pensei naquele momento.
_Muito bem..._ela não estava nada contente, mas além disso, estava ansiosa e tensa._Vão se sentar nos seus lugares. Vou ir a sala dos professores e já volto para
continuar a aula.
Ao entrarmos na sala, todos ficaram chocados com a decisão da professora. Ela era conhecida como "A Professora Mais Chata e Insuportável do Colégio". Seu modo
rigoroso era odiado pela maioria, pois nunca deixou um aluno se quer entrar na sala após o horário. Bom, até aquele momento.
Eu me sentei na frente de Isaac, como o primeiro da fila na parede das janelas. Rafaella sentou no último lugar da fila, na parede onde ficava a porta da sala. Trocamos sorrisos e retiramos
nossos materiais da mochila.
Todos nos encaravam com uma certa fúria nos olhos. Praticamente a maioria da sala ficou do lado de fora nas vezes em que se atrasaram. Eles achavam injusto somente nós termos
esse privilégio.
A professora retornou a sala e voltou a dar sua aula. Todos ainda olhavam feio para nós, mas nem nos importávamos.
Após uma longa anotação e explicação sobre o Feudalismo, ela passou uma atividade relacionada ao texto. Adrian mal escreveu metade e viajou nos pensamentos
enquanto a professora explicava, pedindo minha ajuda na atividade por que não entendia uma palavra sequer.
_Ei, Nicholas_ele sussurou tão perto do meu ouvido que eu me arrepiei._Me ensina a fazer a atividade?.
_Não acredito que você viajou nessas suas ideias de novo_eu fiz uma cara de desgosto.
_Desculpa, é que eu tava pensando em qual vai ser o experimento científico de hoje_sussurou ele novamente._Química tem uma gama de experimentos muito complexos.
_A conversa está boa, Nicholas Wardwell?_a professora murmurou em um tom arrogante.
_E-Eu só estava ajudando ele com a atividade professora, me desculpe_eu respondi abaixando a cabeça.
_Deixe que ele tire as dúvidas comigo_ela fixou o olhar em mim._Lembre-se de que você está aqui para aprender, e não para ensinar.
Eu não sabia onde enfiar a minha cara naquele momento. Queria ter respondido ela a altura, mas hesitei. Os outros começaram a rir e cochichar, enquanto Rafaella e Adrian não
sabiam o que fazer.
_Então, Adrian Solano_continuou ela._No que tem dificuldade?.
Adrian engoliu em seco sem saber o que responder, até que ele tomou coragem.
_Para ser bem sincero, em tudo_ele ficou sem jeito enquanto a sala inteira ria de sua cara.
_Silêncio!
A sala se calou na mesma hora. Ela se virou novamente com seu olhar mortal para o garoto, podia até ver o suor se formando em seu rosto quando ele egolia em seco. Aquela mulher realmente
era de dar arrepios.
_Me deixe ver o seu caderno.
Adrian estava trêmulo, estava com tanta vergonha que apenas se levantou de cabeça baixa e foi em direção a ela. A professora abriu o caderno e encontrou apenas cinco
linhas do texto escritas na folha, e abaixo uma sequência de calculos complexos com elementos da tabela periódica.
_Acho que encontramos o problema da sua dificuldade, ou melhor dizendo, preguiça_ela simplesmente arrancou a folha escrita e a amassou, jogando-a na lixeira._Você vai copiar todo
o texto duas vezes, e dessa vez, faça questão de que esteja completo.
_Mas Adriana..._ele tentou falar mas foi interrompido.
_Não existe "mas", Adrian Solano_refutou ela._Se não acabar de copiar até o final desta aula, estará suspenso por dois dias. Quem sabe um tempo na biblioteca
te faça prestar mais atenção nas coisas ao seu redor.
_Eu tenho que ir para o laboratório hoje_ele entrou em desespero._Não posso faltar.
_Pensasse nisso antes de copiar míseras cinco linhas do texto. E depois usar o tempo da minha aula para fazer aqueles rabiscos!
_Professora, acho que não tem necessidade disso..._Rafaella insistiu.
_Quer se juntar a ele também, senhorita Fiuza?_ela lhe encarou. Dessa vez as palavras doces e calmas não pareciam fazer efeito._Talvez devesse mandar o trio de uma vez.
Sua expressão mostrava que se arrependeu amargamente de nos ter deixado entrar. O que pareceu tranquilizar os outros alunos. Já eu e meus amigos, estávamos furiosos com
aquela mulher.
Adrian apenas se sentou e começou a copiar silenciosamente. E eu, pude apenas observa-lo. Não fazer atividade era algo realmente errado, mas não era necessário nos
tratar com aquela arrogância.
O tempo se passou e com ele o som dos cochichos e críticas também foi levado. A sala toda estava tranquila, alguns olhando para o nada e outros terminando as atividades. Até
que o horário da aula se encerra, e a maioria olhou para na direção de Adrian. Estavam esperando uma resposta, já eu e Rafaella, olhamos para a professora arrumando suas coisas na mesa.
_E então, Adrian?_perguntou ela._Terminou de fazer o que te pedi?.
O garoto fez um imenso suspense, mas logo se levantou e entregou o caderno para a professora. Dava para ver em seu rosto que ele queria rir da cara dela, mas estava segurando o máximo
que podia.
_Claro que sim, professora_ele piscou para ela.
Desta vez, os que ficaram aliviados foram apenas eu e Rafaella. O resto dos alunos revirou os olhos e novamente continuou a cochichar.