A força do Destino
img img A força do Destino img Capítulo 4 Sentimentos negados
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Capítulo 6 Além da admiração img
Capítulo 7 Paixão não correspondida img
Capítulo 8 Boatos img
Capítulo 9 Descobertas img
Capítulo 10 Por que você fez isso img
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Capítulo 4 Sentimentos negados

Capítulo 4 - Sentimentos negados

Os dias passaram rapidamente, era o começo de um novo semestre, e sempre é uma grande correria, aulas e professores novos, rotinas diferentes, Anne se ocupou bastante com todas as novidades, levava a faculdade a sério, sua rotina estava bem agitada nos últimos dias.

Durante esse tempo, manteve contato com Allan, enviando para o rapaz algumas mensagens, que foram respondidas de uma maneira formal, o que a deixou bem chateada.

- Acho que já deu, não é mesmo Anne? Está claro que ele não quer sua amizade! - suspirou profundamente, após ler mais uma vez a resposta dada por ele à última mensagem que havia lhe enviado.

- Se é isso que quer, não vou mais incomodá-lo e não enviarei nenhuma mensagem para você Allan.

Guardou o celular na bolsa e saiu para mais um dia na universidade.

Eram seis e meia, o sol já havia se posto e a noite caia lentamente do lado de fora, estava em seu quarto, deitou ao lado de Nicole, que estava em sua cama e suspirou alto, em protesto ao tédio que sentia.

- O que você tem, Anne? Parece triste e um pouco preocupada. - Não era de hoje que Nicole havia notado sua amiga inquieta e diferente, porém com a correria do cotidiano, não tinha tido tempo para conversar sobre as questões que estavam afligindo Anne.

- Tem que eu sou uma completa idiota. - A morena responde olhando para o teto e jogando seus braços pra trás.

- Por que está dizendo isso? Você é tudo, menos idiota Anne! - Nicole deita ao lado da amiga e ri alto, passando as mãos nos cabelos de sua amiga.

- Besta! É sério, eu tô sofrendo! - Anne retrucou com uma expressão séria e levou as mãos até o peito, as colocando em cima de seu coração e fez um leve drama.

- Meu Deus! O que está acontecendo? - Perguntou fingindo acreditar no exagero de sua melhor amiga.

Anne solta uma gargalhada alta.

- Droga, você quase me assustou Anne! - Nicole sentou na cama e atirou uma almofada na garota e as duas riem se divertindo.

Anne amava o quanto Nicole deixava qualquer coisa mais leve! Amava a amizade dela demais.

- Agora é sério Nicole, eu tô triste mesmo, porque o Allan recusou minha amizade! - Anne estava sendo sincera, não sabia o que sentia exatamente, mas o fato do garoto mais velho, rejeitar até mesmo a amizade dela, a deixava frustrada. Normalmente as pessoas imploravam pra ter ela por perto e ele não, era totalmente diferente, e isso a intrigava ainda mais. Ele não a destrava de forma alguma, mas a tratava com formalidade, o que a deixava totalmente apreensiva.

- Por que diz isso? Que ele não quer sua amizade?

- Ah por vários motivos, vou listar apenas alguns pra você, ok? - Contando com os dedos da mão, continuou a falar - Ele não quis mais se encontrar comigo, inventa sempre uma desculpa, e as mais esfarrapadas possíveis, sempre tá ocupado com a faculdade ou com o estágio e as mensagens que me manda são extremamente básicas. E eu realmente gostei dele e queria aprofundar uma amizade, mas....

- Garota!! Você está doente? - Nicole coloca a mão na testa da amiga - Essa não é a Anne Remy que eu conheço não... Desistindo fácil e se lamentando pelos cantos! Trocamos os papéis e não estou sabendo? - Brincou

Anne ri do jeito e da fala da amiga, se levanta rapidamente da cama.

- Talvez você possa estar fazendo uma tempestade em um copo d'água, ele realmente pode estar ocupado com os estudos e o trabalho, não vê a gente? Moramos no mesmo terreno e ainda assim nos últimos dias não conseguimos nos ver com tanta frequência.

- Você tem razão Nicole, vou até a casa dele e tentar entender tudo! Eu sou uma pessoa legal, não é mesmo? Deve ter um motivo pra ele não querer nem minha amizade e eu preciso saber, pra finalmente me sentir em paz.

- Isso amiga, conversa com ele e tenta entender.

Anne se apressa e pega a chave de seu carro e sua bolsa, porém para na porta e olha para a amiga.

- Porém, por outro lado, vou parecer uma louca e totalmente desesperada! Se o cara não quer minha amizade, por que devo ir atrás dele? - jogou as chaves na mesinha novamente e sentou na poltrona ao lado, colocando as mãos no rosto. - Sou patética demais às vezes.

- Aí amiga corta essa vai, prefiro mil vezes a Anne impulsiva, que vai atrás do que quer, do que essa aí, que pensa demais em tudo! Quando foi que se tornou assim?

Anne olha séria para a amiga, sorri abertamente, pega novamente as chaves do carro e sai sem dizer mais nada.

Dirige até o condomínio de Allan, estaciona o carro, e fecha os olhos:

"Parabéns, Anne, chegou até aqui, mas você nem sabe se ele está em casa, veio sem avisar, depois não quer parecer uma louca!?" - Pensava

"Que se dane! já estou aqui, vou até o fim e outra se eu mandasse mensagem ele recusaria..."

Desce do carro, caminha até a portaria, se identifica para o porteiro, que liga na casa dos Beaufort.

O interfone toca e Richard, que havia chegado em casa e está na sala sentado checando suas redes sociais, levanta-se e atende.

- Anne Remy está aqui na portaria, ela está à procura de Allan - O porteiro anuncia de forma mecânica.

Richard ao ouvir o nome da garota, no primeiro momento fica paralisado, sem conseguir dizer nenhuma palavra, estava em choque mesmo.

- Senhor? Posso liberar a entrada dela?

Volta a si ao ouvir novamente a voz do porteiro e agora uma euforia percorre seu corpo, ele seguia a garota há muito tempo nas redes sociais, sempre a achou linda e agora ela estava ali na casa deles, atrás do seu irmão, Allan era realmente um sortudo, agora mais do que nunca era seu grande herói!

- O quê? Pode pedir pra ela entrar por favor! - Richard respondeu animado, correu para esperar a garota na porta. Finalmente ia ver de perto uma das garotas mais bonitas da França, a mais bonita de Paris.

Anne, após o porteiro lhe explicar o caminho correto, caminha até a casa de Allan, sorri ao ver um rapaz da sua idade, parecido com o mais velho na porta.

- Olá, boa noite, desculpe vir sem avisar, sou Anne Remy, gostaria de conversar com Allan, ele está?

- Oi, não precisa se desculpar, seja bem vinda a nossa casa, muito prazer me chamo Richard e sou irmão mais novo do Allan, entre por favor. Ele já está chegando.

- Ah, não quero atrapalhar. Não sabia que ele não estava em casa.

- Não está atrapalhando, de forma alguma. O Allan costuma chegar nesse horário mesmo, ele usa o transporte público e pegar esse tipo de condução no horário de pico, não é fácil! - o rapaz conversa animado.

Anne entra na residência e encontra a mãe dos dois na sala esperando. A mulher havia ouvido o interfone e ficou curiosa com a empolgação do seu filho mais novo.

- Mãe, essa é uma amiga de Allan, Anne Remy.

Viollet arregala os olhos.

- Remy... Dos hotéis??

Anne sorri sem graça.

- Sim!

- Sou fã da sua mãe! Uma grande empresária! Angelle Rémy! Vocês são parecidas. As duas são incrivelmente lindas. - Falava toda animada com um sorriso enorme estampado nos lábios.

- Obrigada.

- Fique à vontade, na minha humilde casa, vou pegar algo para você beber - Viollet sai da sala e vai até a cozinha, deixando Richard e Anne sozinhos na sala.

"Até minha mãe conhece ela, como o Allan nem sabia quem ela era? É mesmo um tonto esse meu irmão." - pensa encarando a jovem à sua frente.

Anne está um pouco desconfortável com a situação, principalmente pelo fato de sua principal ida até ali, não estar, sentia-se uma intrusa na casa daquela família.

Allan finalmente chega, ao abrir a porta da sala, se depara com Anne sentada no sofá de sua casa, inevitavelmente leva um pequeno susto, seu coração acelera mais do que o normal, suas mãos começam a suar e seu rosto fica todo vermelho.

Assim que o vê, Anne abre um sorriso sincero.

- Surprise!

Richard ri do jeito da menina e Allan permanece parado na porta ainda em choque. Ela levanta, pega na mão de Allan e o leva para o sofá, os dois se sentam lado a lado.

- Não gostou de me ver, né? Eu deveria ter perguntado antes de vir aqui assim, me desculpe. - Anne percebeu a surpresa no rosto do rapaz e não conseguia decifrá-lo.

- Não! Quer dizer, não é isso! É que eu só fiquei surpreso mesmo. Nunca imaginei que viria até aqui. - Sorriu sem graça por ter sido tão genuíno em suas feições.

- Eu queria conversar com você pessoalmente - a garota ainda continuava sem graça com a situação constrangedora que ela mesma havia se colocado.

Viollet volta pra sala, com um copo de suco na mão e um sorriso imenso no rosto e corta totalmente aquele clima.

- Aqui Anne, espero que goste de suco de laranja - estende o copo para a garota.

- Obrigada, é o meu preferido.

- Que maravilha! Estou preparando o jantar, por favor, fique e coma com a gente! Será um prazer tê-la conosco.

- Acho que ela tem mais o que fazer mãe do que jantar aqui em casa - Allan se pronuncia antes mesmo de Anne responder o convite.

Ela o olha surpresa "Por que ele está agindo assim? Parece que não gosta mesmo da minha presença, mas não vou recusar o convite de sua mãe, ela está sendo tão educada comigo."

- Na verdade não tenho não, eu aceito jantar aqui sim, obrigada.

Allan olha para Anne e sorri discretamente feliz por ela ter aceito o convite da matriarca. Richard sorri empolgado com toda aquela situação.

- Que bom Anne, minha mãe cozinha muito bem, você vai adorar! - Allan falou gentil.

- Tenho certeza que sim!

Allan na verdade ficou feliz com a presença da garota em sua casa e sentiu-se extremamente lisonjeado por saber que ela foi até lá apenas para vê-lo, mas algo em sua mente ainda o preocupava muito.

Viollet volta para a cozinha e os três ficam conversando animadamente até o jantar ser servido.

Já com a mesa posta, Anne olha admirada para as comidas servidas, mesmo simples parecia estar saborosa.

- O cheiro está ótimo e realmente parece muito bom! - Anne fala ao sentar-se em uma cadeira ao lado de Allan, que sorri com o coração completamente acelerado.

De uma forma única Anne mexia muito com ele, o deixando desconcertado.

- Nossa, maravilhoso! - a garota suspirava a cada garfada, deixando Viollet extasiada.

O jantar foi agradável, Anne comeu tudo que lhe foi oferecido e a conversa entre ela e os Beaufort flui de maneira muito agradável.

Após o término, sentaram-se novamente na sala e após uns minutos ela se pronunciou.

- Estava tudo maravilhoso, agradeço pelo jantar e pela companhia, há muito tempo não me sentia assim tão acolhida. Obrigada mesmo, mas já está ficando tarde e preciso ir. - Se levanta.

- O prazer foi nosso em tê-la aqui, fico muito feliz que tenha gostado da minha comida.

- Volte mais vezes Anne, foi muito bom te conhecer.

Ela agradeceu ao Richard e a Viollet e caminhou até a porta.

Allan a acompanhou, os dois saíram e caminharam em silêncio até a entrada do condomínio, um silêncio confortável, se ouvissem atentamente era possível escutar o som do coração de ambos. Allan quebra o silêncio, fazendo a garota parar de andar um pouco.

- Disse que veio até aqui pois queria conversar comigo - ele sentia seu estômago revirar, não sabia o que esperar daquela conversa, a noite havia sido extremamente agradável para acabar com algo ruim.

- Sim, e também queria te ver. Na verdade, preciso te perguntar algo que venho martelando em minha mente há dias. - Anne respondeu de maneira aberta, mesmo sentindo seu coração dar cambalhotas.

- Eu também queria te ver, mas pode me perguntar, prometo te responder com sinceridade.

A garota engoliu seco, puxou o ar e tomou coragem.

- Por que não quer ser meu amigo? Fiz algo que te desagradou? Eu não entendo! - Anne estava sendo sincera e Allan a olhava triste.

- Quem disse que não quero sua amizade? - a olhou no fundo dos olhos.

- Suas atitudes! Eu nem sei porque vim aqui, você... - Anne hesita e não termina a frase.

- Desculpe se te passei essa imagem, sou um idiota, eu sei. Quando te conheci não tinha a menor ideia de quem você era, quando descobri me assustei, não tenho nada para te oferecer que você já não tenha!

Os olhos de Anne se enchem de lágrimas e ela abaixa a sua cabeça.

- Pensei que você fosse diferente, mas pelo visto me enganei. Você é igual a todo mundo, acha que eu só estou preocupada com dinheiro, status, não deveria ter vindo aqui. A idiota na verdade sou eu e não você! - Anne virou de costas para ele e respira profundamente.

- Anne, me desculpe. Não foi isso que eu quis dizer. Não me entenda mal.

-Tudo bem, Allan. Então o que realmente quis dizer?

- Não temos nada em comum, não tem como uma amizade entre nós dar certo. Não é por mal, é só que eu não vou me sentir confortável.

- Hum, acho que entendi. Tá bem - Suspirou - Desculpe o incomodo, não vou mais te mandar mensagens ou te procurar, e muito obrigada pelo jantar, sua família é maravilhosa, parabéns.

Anne saiu com um nó dentro de sua garganta, caminhou sem olhar para trás. Ao chegar em seu carro, a vontade de chorar bateu forte, sentiu-se uma imbecil por ter ido atrás dele, antes de desatar o choro, preferiu sair de frente do condomínio.

Dirigiu até um bar e se sentou. Pediu algo para beber e ali finalmente chorou.

Havia sentido as duras palavras e por mais bobo que pudesse parecer, a machucaram. Seu coração doía.

Allan entrou em sua casa irritado, batendo a porta com força e foi direto para o quarto.

"Como você é idiota Allan. Deixou-a ir embora magoada... Ela só veio te visitar e você, imbecil mesmo" - se jogou na cama e afundou o rosto no travesseiro.

- Ei, o que aconteceu? Por que está tão irritado?

- Richard, o que ela queria vindo aqui? Eu não tenho nada pra oferecer, sou um Zé ninguém, pesquisei muito sobre ela e nem sei como agir com ela por perto...

- Você é um idiota, é o mais velho mais parece um bobo. Ela gosta de você e queria sua amizade Allan e dinheiro nenhum no mundo compra isso. A mina é muito gente boa. O que você fez?

- Eu fui honesto, disse que não temos nada em comum e por tanto nossa amizade não tem como dar certo.

- Sério isso Allan? - Richard perguntou decepcionado com a atitude do irmão. - Você precisa parar de se sentir inferior quando o assunto é dinheiro, você é um cara legal e ela percebeu isso, mas pelo jeito você estragou tudo, não é?

O mais novo sai do quarto deixando Allan sozinho com seus pensamentos.

A verdade é que Allan se sentia intimidado quando o assunto era dinheiro, mas com Anne era bem diferente, não é como se ela tivesse um pouco a mais que eles, ela tinha infinitamente a mais, ele vasculhou cada detalhe da família Remy, eram bilionários, a mãe dela era uma empresária de sucesso, a garota já tinha viajado para vários países e ele nunca nem saiu de Paris.

"Talvez eu realmente seja um idiota, já que a melhor amiga dela é filha de um funcionário dela. E eu vi com meus próprios olhos o quanto ela gosta dessa menina. Talvez ela realmente quisesse ser minha amiga e eu estraguei tudo"

            
            

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