A força do Destino
img img A força do Destino img Capítulo 5 Sentimentos confusos
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Capítulo 6 Além da admiração img
Capítulo 7 Paixão não correspondida img
Capítulo 8 Boatos img
Capítulo 9 Descobertas img
Capítulo 10 Por que você fez isso img
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Capítulo 5 Sentimentos confusos

Capítulo 5 - Sentimentos confusos

Após uma noite muito mal dormida, Anne levantou-se e se arrumou para mais um dia na universidade.

Parou seu carro no estacionamento, desceu e caminhou despreocupada em direção a grande escadaria, ao chegar no pé da escada, olhou pra cima e viu Bernard todo animado, acenando para ela. Suspirou profundamente e subiu devagar, sem ânimo para aquele encontro, vários alunos que estavam por perto, se aproximaram ainda mais na tentativa de ouvir a conversa dos dois.

- Oi, docinho! Como você está? Faz tempo que a gente não se fala, não é? Eu respeitei seu espaço, acho que já teve bastante tempo pra pensar, certo? Será que podemos conversar na quinta-feira à noite? - pergunta eufórico.

- Não vejo porque ser na quinta-feira à noite, se quiser conversar, podemos falar agora! Não precisamos marcar encontro algum.

- Poxa Anne, a gente namorou tanto tempo, eu quero conversar com você de forma adequada, sei que fiz besteira, acho que mereço pelo menos isso. Uma conversa digna só nós dois, para colocarmos os pingos no is. O que acha?

Anne estava exausta de tudo aquilo, desde aquele dia na festa que terminou com Bernard, ainda não tinham conversado direito, ela estava sem paciência e ocupada demais pra lidar com esse assunto, mas talvez ele tivesse razão, apesar de tudo quase nunca discutiam, não custava nada ter uma conversa tranquila e civilizada com ele

- Tudo bem! Pode ser...

- Legal! Por favor, me encontre então às 20h no terraço do hotel Lin?

- Tá bom! Mas é só uma conversa. Não invente nada a mais. Espero que isso fique claro pra você!

- Claro, Anne... Só uma conversa - ele repete as palavras dela e sorri - Então tá bom, a gente se encontra na quinta, agora vou pra aula e te deixo em paz. Até mais Anne.

Ela se despede com um aceno e sai, estava chateada ainda com o encontro que teve com Allan na noite anterior, como ele podia ser tão idiota. Aceitou conversar com Bernard, mas não tinha intenção alguma de reatar o namoro, apenas iria esclarecer tudo, pelo menos amigos poderiam ficar, já que ela tinha um carinho especial por ele.

Estava decidida a esquecer essa história com o Allan, até porque já estava ficando ridículo tudo aquilo, se ele não queria a amizade dela, ela não iria mais forçar a barra, nunca precisou disso e não seria agora, desde criança ela só ficou ao lado de pessoas que a tratavam bem e sem segundas intenções. Como amigos verdadeiros, considerava apenas Dominique, Amélie e Nicole.

Na hora do almoço, sentou na mesma mesa de seus amigos, Dominique e Amelie.

- Ei, você voltou com o Bernard? - Dominique estava irritado, porque alguns boatos circulavam na faculdade, entre eles, o que os dois iriam se encontrar e reatar o romance, seu amigo não gostava de Bernard por vários motivos, mas o mais forte era pela personalidade explosiva do rapaz, ele sempre tratou a Anne bem, isso era inegável, mas era ciumento ao extremo e muitas vezes arrogante, principalmente quando estava com Martin, os dois se achavam acima de todos. Tolerou o rapaz pela amiga, mas nunca foi com a cara dele, nunca ouviu boatos de que ele traísse Anne, pelo contrário sempre soube de sua fidelidade cega a ela, mas em compensação tinha vários outros defeitos.

- Não voltei não! Só aceitei encontrar ele pra esclarecer as coisas, namoramos por tempos e acho que é o mais certo a se fazer.

- Você tem razão Anne - Amelie concordou docemente.

A morena sorriu, retribuindo o apoio, sentiu seu celular vibrar e para sua surpresa era uma mensagem de Allan. Seu coração bateu forte e acelerado, suas mãos tremiam inconscientemente.

Abriu a mensagem e a leu.

Allan

"Me desculpa, por ontem! Será que podemos nos encontrar hoje? Preciso muito conversar com você!"

Sua respiração tornou-se ofegante, nem sabia o que responder, ainda estava chateada, mas valia a pena ficar assim? Temeu aceitar o encontro e Allan dizer para ela outra coisa que a magoasse, mas por fim resolveu aceitar.

Anne

"Certo, que horas?"

Allan

"Pode ser às 19h30?"

Anne

"Sim, só me passar o endereço"

Allan

"Ok. Vou enviar. Obrigada por aceitar me encontrar, é muito importante pra mim!"

Anne na realidade havia ficado surpresa com aquela mensagem.

"Não há nada na vida que não possa ser esclarecido, tanto pro bem quanto pro mal e outra eu realmente estou curiosa pra saber o que ele tem pra me dizer."- pensou enquanto um sorriso bobo surgia em seu rosto.

- Quem é? - Dominique perguntou, tentando puxar o celular da mão dela. Os dois desde que se conhecem são assim, tinham uma liberdade onde acaba se intrometendo um na vida do outro.

- Deixa de ser intrometido menino - Anne puxa o celular rindo - Não é da sua conta.

- Contanto que esse sorriso não seja pro Bernard, por mim tudo bem!!

- Não é, pode confiar!!

**********

Anne parou seu carro em frente à cafeteria que Allan havia mandado o endereço por mensagem. Era um lugar simples, mas bem aconchegante. Faltavam quinze minutos para o encontro, mas mesmo assim decidiu entrar e esperar por ele lá dentro.

Sentou em uma mesa próxima a porta, e esperou por poucos minutos, pois Allan chegou logo em seguida, também estava um pouco adiantado, Anne o olhou e sorriu, ao vê-la Allan mostrou seu melhor sorriso, ficou feliz de a garota ter ido ao encontrar.

Ao ver ele atravessar a porta e caminhar até a mesa que estava, sentia seu coração dar saltos, agitado.

- Que bom que você veio! - Allan tinha a voz um pouco trêmula por conta da ansiedade.

- Você disse que precisava conversar. E eu queria te ouvir.

Ele sorri. - Sim! Obrigado. Quer comer algo?

- Não, obrigada! Vou tomar apenas um chá.

- Certo, tem alguma preferência?

- Gosto de café com chantilly.

Allan concorda com a cabeça e se vira, indo em direção ao balcão, pede dois chás, espera a avenida ficar pronta e logo em seguida retorna para a mesa, senta em frente a Anne e estende um dos copos para ela.

- Obrigada! Então, o que você quer conversar? - ela pergunta sorrindo

- Quero te pedir desculpas por ontem, eu fui um idiota. Eu te disse que não havia nada que eu pudesse te oferecer, mas eu estava errado, eu posso e estou disposto a te oferecer, minha amizade, se você quiser e claro.

- Fico feliz que tenha percebido isso, existem muitas coisas que o dinheiro não compra! - Ela sorri ao dizer e olha nos olhos do moreno.

- Eu sei! Sinto muito. Posso ser sincero com você?

- Pode? Eu espero que seja sempre sincero comigo!

- Eu realmente não sabia quem você era quando te conheci, depois que meu irmão me falou eu fiquei com medo!

- Medo? - ela pergunta sem entender.

- Sim, medo de me aproximar de você, eu sei que várias pessoas se aproximam só por causa do seu dinheiro e eu jamais faria isso... Por favor, tenta me entender, não quero nunca que pense isso de mim... - estava envergonhado, abaixou o olhar enquanto falava, mexia no copo para não encarar a garota.

- Honestamente? Nunca pensei nisso! Não de você, pelo contrário. E quero que pare de pensar assim, por favor. - Anne coloca uma de suas mãos sobre as de Allan que surpreso levanta o olhar e sorri.

- Tudo bem, me desculpe, eu sei que fui idiota, mas quero mudar essa impressão que deixei.

- Certo - Anne olha a pelas janelas, não estava acostumada com aquele bairro, mas achava bem elegante. Provavelmente era próximo a empresa em que Allan estava estagiando. Ficava próximo aos maiores centros comerciais da cidade. Avistou mais adiante uma praça. - O que acha de darmos uma volta? - Perguntou animada.

- Claro! Já faz algum tempo que venho aqui diariamente a trabalho e nem conheço a vizinhança.

- Então vamos conhecer juntos! - piscou para a Allan que sorriu.

Os dois saem e caminham pelo parque próximo à casa de chá, dessa vez não ficaram em silêncio, Anne conversava de forma natural, contando algumas coisas pra ele, Allan estava feliz, sentia uma paz em seu coração quando estava com ela.

Sentaram em um banco e ficaram admirando as luzes da cidade, em silêncio, mas o silêncio agora não era ruim e sim gostoso. Anne segurou a mão de Allan que sorriu olhando para ela.

- Eu também quero ser sincera com você! - suspira e sorri - Eu não sei porque, mas me sinto tão bem ao seu lado! Tenho vontade de te conhecer cada dia mais, por favor não me ache uma louca! - ela ri.

Allan ri do jeito dela e tira uma mecha de cabelo que está em seu rosto, colocando atrás da orelha.

- Nunca te acharia louca! Porque sinto o mesmo! Tenho vontade de ficar ao seu lado também e conhecer tudo sobre você, saber de tudo que gosta.

Anne o olha com intensidade e sente vontade de beijá-lo, ela sabe que Allan dificilmente tomaria essa iniciativa, pois apesar de estar sendo sincero, não iria dar um passo maior, então se inclina e encosta os lábios nos dele, coloca uma de suas mãos nos cabelos negros dele, o beijo acontece de maneira doce e carinhosa, sem pressa como se os desejos dos dois tivessem se conectando. Há algo especial nesse beijo que Anne não consegue identificar, como um reencontro de almas.

No instante que as bocas se unem, uma sensação diferente toma conta do corpo de Allan, seu coração batia acelerado, ele leva uma de suas mãos até a nuca da garota e o beijo se encaixa perfeitamente, o gosto dela é muito bom, não tinha vontade de parar nunca mais.

Os dois se separam com um sorriso no rosto.

- Desculpa, fui impulsiva mais uma vez! Agora que nos tornamos amigos. - Anne desvia o olhar.

Ele ri e a abraça - Tudo bem pra mim, gosto de você assim, impulsiva!

Os dois ficam abraçados por um tempo, conversando sobre coisas do dia a dia, mais tarde com as mãos unidas caminham até o carro de Anne.

- Tem certeza que não quer uma carona? Pra mim não vai ser trabalho nenhum te levar pra casa.

- É sério, não precisa! Mas mesmo assim eu agradeço!

- Tudo bem então. Foi ótimo conversarmos! Espero que nos encontremos em breve - a garota fala segurando as mãos de Allan e olhando em seus olhos.

Allan a abraça e beija sua testa.

- Obrigada, foi ótimo mesmo. Vamos sim! Sempre que você quiser! Eu prometo.

- Promete? Olha... Eu sou uma pessoa que cobra promessas - sorri pra ele de forma meiga.

- Pode cobrar, eu jamais quebraria uma promessa feita pra você!

Ela sorri, os dois se beijam e Anne entra no carro, acena para ele, dá a partida e sai.

A alegria que Anne sentia em seu coração era indescritível, além de acelerado o órgão parecia ainda estar descompassado, o ar parecia não chegar direito em seus pulmões. Era como estar em um sonho, naquele instante ela entendeu quando Nicole dizia algo sobre sentir o corpo flutuar e a sensação de borboletas no estômago.

Há tanto tempo namorando com Bernard, nunca havia sentido nada parecido, estava eufórica e muito feliz.

Allan sentou no banco do metrô e também estava sorrindo, fechou os olhos e o rosto de Anne não saia de sua mente, o gosto do beijo dela. Tocou em seus lábios e o sorriso saiu fácil, parecia um adolescente apaixonado. Na verdade, era a primeira vez que se sentia assim também.

********

A sensação de ter Allan por perto era algo surreal pra Anne, há muito tempo não sentia seu coração tão feliz. Não conseguia entender direito seus sentimentos, mas gostava do que estava sentindo.

Foi pra casa e ao chegar, subiu para seu quarto e ligou pra sua amiga.

- Oi, Ni, onde você tá?

- Em casa! E você?

- Acabei de chegar, você pode vir aqui? Quero te contar uma coisa!

- Tô indo! - Nicole desliga o telefone e corre pra casa da frente. Sobe as escadas e entra no quarto da amiga, esbaforida.

- Cheguei!! - ela diz se jogando na cama.

Anne ri do jeito da amiga.

- Encontrei com o Alan!

- Eu sei.... Por isso vim correndo, você saiu daqui ontem e não me contou nada!!

- Ahhhh ontem!!! - Anne faz uma careta e ri - Ontem foi uma catástrofe, então nós nos encontramos hoje novamente.

- Dois encontros? Ual, que progresso!!

- Deixa de ser tonta, Nicole! Então hoje conversamos bastante e eu o beijei!

- Você o quê?? Anne!!

- Beijei ele, Nicole ele não ia tomar atitude, por que tem medo de eu achar ruim e então eu tomei - a garota ri e cobre seu rosto.

- Ahhhhhh Anne... Essa sim é você!!! E agora? Vocês estão juntos?

- Não né amiga! A gente apenas deu uns beijinhos, mas não vou mentir que eu quero beijar ele mais vezes! Na verdade, eu quero conhecer ele melhor e quero que ele me conheça melhor. Jantei ontem na casa dele e acho que vou convidar ele pra jantar aqui também! O que você acha?

- Jantou na casa dele, só vocês dois?

- Não, estava a mãe e o irmão também... Aliás Nicole o irmão dele é um gatinho!

- Não quero saber de homem nenhum agora! - Nicole diz séria - Agora quanto a chamá-lo para jantar acho uma ótima ideia.

- Legal, vou ver se ele pode vir amanhã então...

- Chama o irmão também, o que você acha? Eu posso jantar aqui com vocês, depois vocês ficam sozinhos e eu faço companhia pro irmão... - Nicole fala com um sorriso maroto nos lábios.

- Ué, mas você disse que não estava interessada? - Anne tem um tom debochado na voz.

- E não estou mesmo, mas posso fazer um sacrifício pra te ajudar, amiga!

Anne ri e empurra o ombro da amiga.

- Certo, mas quem disse que preciso de ajuda?

- Tem certeza? - Nicole perguntou debochada.

- Você não existe! É óbvio que quero sua ajuda e você por perto. Tenho certeza que vai se dar bem com o irmão dele. Vou combinar e te falo depois, ok?

As duas passam a noite conversando e fazendo planos e adormecem...

**********

Allan foi pra casa feliz, o tempo passou voando, e em seu pensamento estava apenas uma pessoa. Não via a hora de chegar em casa e contar sobre o encontro para o seu irmão...

Girou a chave na fechadura da entrada e assim que passou pela porta, já foi chamando pelo irmão.

- Richard!

O mais novo estava saindo da cozinha com um copo na mão e um prato cheio de bolo na outra, estava estudando para as provas da academia de polícia e tinha dado uma pausa, para buscar algo e ver se acordava um pouco, sorriu ao ver o irmão alegre e eufórico.

- Ei cara, o que aconteceu? Parece feliz!

- Eu conversei com ela, Richard. A gente se entendeu!!

- Sério? Aí sim hein... Vocês se beijaram?

- Sim! Ela me beijou primeiro - ele ri ...

Richard abraça o irmão e dá alguns tapinhas em sua costa - Agora sim, hein brother... Você é o cara mais sortudo do mundo! Meu herói... - diz rindo.

Allan ri do irmão.

- Deixa de ser idiota irmãozinho! Bom o papo tá ótimo, mas quero tomar um banho e relaxar e você continue aí nos estudos! - Passou a mão bagunçando os cabelos do mais novo.

Enquanto a água caia, Allan sorria lembrando-se do beijo e do encontro.

"Eu não posso mentir para mim mesmo, ainda fico apreensivo com essa história, não sei nada dos gostos dela, por enquanto eu estou na minha zona de conforto, mas não posso negar que ela mexe demais comigo, de uma maneira que ninguém nunca conseguiu... Droga, tenho que admitir que gosto dela. E fico feliz que ela também goste de mim."

                         

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