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Os marcantes onix

yasmim Leminnier
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Capítulo 1 prólogo

PRÓLOGo

- Luana Gonsalles, hoje você recebe pleno direito sobre a organização Havven. Todos os meus direitos passados para você, trinta e nove por cento. - Papai suspira parecendo emocionado. - As empresas Havven trabalham com testes de drogas, substâncias, doenças e problemas virais em animais. - Papai da uma pausa. - Você vai ser minha aprendiz enquanto ainda é nova, conheça seu animal de estimação.

Papai estrala os dedos e uma claridade aparece do lado oposto do cômodo. Arregalo os olhos horrorizada com à imagem a minha frente. Puta merda... Meu peito se aperta dolorosamente e sinto como se ele estivesse esmagando meu coração.

- Esse é o 130. Esse animal é um dos que não incomodam muito, dou ele de presente para você. - Papai fala sem nenhuma emoção na voz.

Ele olha com desprezo através da parede de vidro.

- Ensinarei você usando-o como instrumento. Um animal como ele me da náusea. - Da uma pausa e volta sua atenção a mim. - Sei que não se da um animal tão repulsivo para alguém, mas gostou? Você pode fazer o que quiser com ele, pode abri-lo e estudá-lo por dentro se desejar.

Eu não entendo, eu enxergava um homem colossal acorrentado a parede. Seus braços e tornozelos estão imóveis por uma corrente de ferro. Sua cabeça está abaixada e compridos cabelos loiros com mexas castanhas claras caem por seu corpo. Ele é grande.

Ele é colossal.

Sua camiseta é amarelada e de mangas longas, gastadas e sujas. Sua calça estava do mesmo modo. Minha respiração se prendeu quando ele levanta a cabeça e intensos e profundos olhos azuis cristalinos carregados de dor e raiva me encontram.

Por Deus... Seu rosto está sujo, mas sua barba é evidente, sua pele, seus olhos belos, seu nariz tinha um traço diferente. O formato de seu rosto é diferente.

Engulo em seco quando vejo algo em seu pescoço e estreito os olhos.

Aquilo é uma coleira??

Uma tira de grossa espessura, provavelmente de couro esta amarrado a seu pescoço.

- Meu Deus do céu... - sussurro assombrada.

O homem colossal encara fixamente meus olhos. Suas íris azuis claras me encaram fixamente, isso é impossível. Não tem como ele me ver, estou num cômodo atrás de um espelho que só pega visão de um lado.

O meu lado.

Mas ele me olha tão intensamente e tão profundamente que eu posso jurar que ele consegue me ver.

- Venha, vamos ao meu escritório.

Ouço a voz de papai.

Não o encaro, meus olhos estão fincados no homem que está sendo mantido preso como um animal.

Sinto uma mão repousando em meu ombro, me guiando para a saída do cômodo de observação. No instante que a mão toca meu ombro o homem colossal começa a se mexer bruscamente, ele abre a boca e posso ouvir um som semelhante a um assustador rosnado.

Arregalo os olhos o vendo rosnar em minha direção. Sou forçada a sair do quarto por um dos seguranças de meu pai.

Como isso é possível?

Papai estava me dando de presente um homem e falava dele de um modo como se ele fosse nada mais que um animal.

Sinto meu estômago se revirar e a bile subir a minha garganta quando lembro-me que papai sugeriu que eu o abrisse para estudá-lo.

Como...? Por Deus... Como eu iria abrir um homem vivo só por "curiosidade"?

Isso é desumano. Manter um homem tão belo... Não!! Manter qualquer pessoa presa dessa forma. É horrível e no mínimo cruel. Percebo as portas que passam por mim, começo a conta-las discretamente. Antes de entrar na sala indicada contei quinze portas brancas.

Não sei por que, mas sinto que existiam muitas portas a mais e não descobertas nesse lugar.

- Sente-se. - Papai ordena.

Observo uma extensa sala de reuniões, no centro havia uma grande mesa retangular de mogno cercada por seis cadeiras por cada lado. A sala era da cor cinza e não existia nenhum móvel decorando o ambiente.

- Por que aquele homem estava preso como um animal? - Questiono encarando os olhos cinzas de meu pai.

- Ele não é um homem, aquela coisa é um animal!! - Papai grita dando um forte tapa na mesa de mogno. Ele toma algumas respirações e parece mais calmo. - As indústrias Havven trabalham com experimentos em cobaias, animais. Não humanos, pessoas como você ou eu.

Encaro-o incrédula. Ele está mesmo falando que o homem que eu vi acorrentado na parede é um animal? Que ele não é humano, uma pessoa comum e sim um pedaço vazio de nada?

Eu vi seus olhos, eles me encaravam com tanta intensidade que tenho certeza que possui sentimentos.

- Ele... É um homem. - Sussurro. - O que o faz diferente de nós?

Papai pega o celular que estava em cima da mesa e após alguns minutos passa o aparelho para mim. Pego o pequeno aparelho e observo um vídeo, aparentemente de alguma câmera de segurança.

Ela mostrava o homem colossal numa área cercada por árvores, dentro de uma relva. Ele andava lentamente, um passo cuidadoso de cada vez. Olhava a todo segundo para os lados, preocupado, cauteloso, predatório. Seus longos cabelos estavam soltos, caíam de um jeito bagunçado por seus ombros o deixando com uma aparência exótica.

Ele trajava o mesmo conjunto amarelado e velho que vi através do vidro. Ele de repente se vira para uma parte da floresta e da um forte pulo, a câmera se movimenta seguindo-o e o mostra no alto de uma árvore.

Prendo a respiração, ele parece farejar o ar e observa tudo com os olhos estreitos. No canto da tela uns homens aparecem, uns cinco ou seis homens vestidos totalmente de preto. Minha atenção volta a ele, sua respiração fica calma. Seus movimentos cessam e sua atenção fica redobrada.

Ele abre a boca e caramba... Vejo duas presas como se fossem dentes afiados de vampiros. Seus caninos são compridos e afiados e então ele pula sobre os homens e começa a rasga-los em pedaços.

Afasto o aparelho e o coloco sobre a mesa devolvendo a papai. Algumas lágrimas caíam sobre minha bochecha.

Eu estava assustada.

Isso é surreal, não pode ser verdade. Ele agia como um animal, um predador caçando sua presa.

- Como pode ver, aquela coisa não é um homem, um humano. - Papai exclama cruzando as mãos em cima da mesa.

- Ele é diferente... Como? - Questiono. Minha voz fraquejando, minha testa franzida. Eu estou confusa, caramba. Ele triturou os homens de preto. Ele saltou uns dois metros para subir na árvore e depois pulou simplesmente. Isso não o fazia um animal, ele apenas... Tem habilidades que pessoas comuns não possuem.

- A coisa quando estava nos seus primeiros dias de vida passou por testes envolvendo seu código genético. Bom, resumindo, aquela coisa tem o DNA de lobo em seu código genético. Ele é um animal com pequenos traços humanos.

Meu coração falha.

Minha respiração para.

E minha mente voa tentando absorver essa notícia.

            
            

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