Capítulo 9 09

– Não se levanta, uai. – Ele deu um sorrisinho safado.

– Me respeita que eu trabalho pra você, olha, olha...

Ele deu um risinho e sossegou. Fiquei fazendo carinho nele um bom tempo. Me permiti fazer carinho no rosto dele também, desenhando o contorno do nariz, olhos, boca dele. Um pequeno movimento me fez perceber que ele já estava dormindo. Eu estava quase dormindo ali também. Aproveitei a deixa e fui erguendo a cabeça dele devagar, colocando no travesseiro.

E quando estava quase podendo sair da cama, as mãos dele se fecharam em minha cintura, e quando vi Matheus estava agarrado a mim. Dormindo!

– Fica mais um pouquinho... – Ele falou, quase inadiavelmente.

Olhei para a janela, as estrelas brilhavam lá fora. Respirei fundo e olhei-o, com uma carinha da bebê, grudado em mim. É, Elena. Você é "mãe" dele.

– Chega pra lá, Theus... – Empurrei-o delicadamente para meio da cama. – Eu vou ficar. Shh. Já volto. – Falei baixinho. Ele pareceu entender, porque afrouxou o aperto.

Levantei-me, fui fechar a cortina. Peguei meu celular no bolso da calça e coloquei pra despertar 8 horas. Deixei-o em cima da mesa de cabeceira e voltei pra cama.

Deitei-me devagar ao lado do Matheus, sem encostar nele. Mas ele pareceu sentir, porque virou pra mim e me abraçou, como um ursinho. Levei um susto, até.

– O que eu tô fazendo aqui, meu Deus? – Sussurrei, olhando Matheus dormir com a cabeça em meu peito.

Mas já que estava ali... comecei a fazer cafuné nele, e deixei o sono se abater sobre mim. Não sabia dizer se o sonho ou a realidade estava melhor...

Acordei, passei a mão do lado da cama e não senti o Matheus lá. Esfreguei os olhos e olhei ao redor do quarto, e lá estava ele. Olhando pra mim, sentado na poltrona de frente a cama. Sentei-me e vi que do lado dele tinha uma bandeja de café da manhã, parecia deliciosa, observei o quarto inteiro. Um solzinho entrava pela janela.

– Que horas são? Por que você não me acordou? Nossa Matheus! – Passei a mão no rosto.

– Uma pergunta de cada vez, dona Elena! – E riu. – Bom dia, flor do meu dia! Primeiro... Eu me levantei devagar pra não te acordar. Dormindo você é linda, mais ainda. Sabia? A gente não ta atrasado, desliguei seu celular, pra ele não despertar.

– Você tá aí me observando há quanto tempo?

– Há meia hora mais ou menos. Levanta-se, vem. Já pedi café da manhã, mas ainda não tomei tava esperando você!

– Nossa, que bandeja linda... – Levantei-me da cama – Espera aí que a gente toma café. Rapidinho!

Fui ao banheiro, me olhei no espelho. Joguei água fria no meu rosto para testar. Se fosse sonho mesmo, a água gelada talvez me fizesse acordar, mas não era! Fiz um rabo de cavalo, sai do banheiro, e lá estava ele, me olhando, o que será que se passava na cabeça dele? Queria ler seus pensamentos...

– Bora comer? – Ele disse.

– Bora! – Respondi com um sorriso meigo.

Era estranho, ele e eu, um sentado na frente do outro, como se já nos conhecêssemos há tanto tempo. Foi até engraçada a cena.

– Obrigado pelo cafuné de ontem, dormi igual um bebê...

– Que isso. – Ri. – Mas dormiu mesmo hein? Mal se deitou no meu colo, e já apagou...

– Bem que você podia me fazer esse cafuné todo dia, né? É tão bom – E fez biquinho.

Alguém bate na porta. Matheus se levanta, eu o seguro pelo braço.

– Matheus, se alguém vir que eu passei a noite aqui, pode me prejudicar, ainda tô na experiência, podem achar que eu tô me aproveitando!