Capítulo 9 08

ÂNGELA

Antes que eu viesse a responder, o som grave da voz dele se fez presente.

- Sim. Ângela é uma das minhas alunas. Eu só não imaginava que ela fosse justamente a filha de vocês.

- César, não sabia que você continuava lecionando, embora sempre fosse desde o tempo da faculdade, o melhor aluno da classe - disse o meu pai, mas foi as palavras ditas por Gisele, que novamente se tornaram o centro da atenção de todos.

- Nunca entendi como um homem tão rico pode ocupar seu tempo dando aulas para adolescentes. Conviver com um já é difícil, imagina centenas deles.

- Como você mesma disse, dinheiro é algo que tenho em abundância, porém, o importante é fazer aquilo que se gosta e nos dão prazer. Sempre fui fascinado por descobrir mais sobre o comportamento humano. Acredito que por detrás de uma sociedade que vive de aparências, sempre tem segredos obscuros.

Eu tive a leve impressão que as palavras dele deixaram minha mãe um tanto desconcertada. Mas, o clima que ficou um tanto pesado, se desfez assim que Nina surgiu no cômodo, avisando que o jantar seria servido. Todos seguiram em direção à mesa de refeição, que certamente estaria cheia daquelas comidas que minha mãe acha tão chique. Eu trocaria tudo, sem hesitar, por um farto prato de arroz, feijão e bife.

Ao entrar no ambiente que ostentava luxo em excesso, pois a mesa posta estava impecável, sobre ela, o brilho dos cristais, pratos e talheres polidos, que refletiam uma iluminação que impressionam pelo requinte, nos sentamos e a comida começou a ser servida, começamos com uma pequena poção de "Clam chowder", uma sopa cremosa feita com mariscos, logo em seguida trouxeram o prato principal, "Costelas de porco marinado ao milho de Cranberry", temperadas com ervas, alho, cebola e azeite, acompanhado de uma "Layered Salad", que consiste em sete camadas feitas com alface, tomate, pepino, cebola, ervilha, ovo cozido, queijo cheddar e bacon.

O prato de fato é delicioso, porém, não quando era feito com a supervisão de Gisele Johnson, que mandava retirar as gorduras da carne e a comida nunca podia ser bem temperada. Durante a refeição, meu pai não parava de falar, parecia muito feliz com a presença do professor César. Até me distraí ouvindo os relatos de quando estudavam juntos. O que não estava sendo muito apreciado pela mulher a minha frente.

Entre as lembranças do passado que geraram várias gargalhadas, o jantar ocorreu num clima bem agradável e descontraído. Coisa essa, difícil de acontecer, pois sempre fazíamos a refeição em silêncio ou com minha mãe falando de algo sobre os eventos que ia.

Depois de alguns minutos que terminamos, seguimos para sala.

Meu pai e o professor foram até o barzinho luxuoso que tinha no ambiente, minha mãe estava num canto, atendendo uma ligação. Acomodei-me, porém, tudo que eu queria era subir para o meu quarto. Instantes depois, Gisele se sentou na poltrona perto de mim e o som da sua voz repercutiu a minha volta.

- Ângela, o simulado que você fez foi da matéria dada pelo Cesar?

- Sim.

Não acredito que novamente ela ia tocar nesse assunto. No entanto, fiquei desorientada quando ela dirigindo-se para o homem a nossa frente, que estava ao lado do meu pai, com um copo de uísque na mão e disse:

- César, me lembro de que certa vez, ajudou algumas alunas dando aulas fora da instituição e acabaram sendo as melhores da turma.

- Nada é mais gratificante para um professor do que ver a evolução do seu aluno.

Meu coração começou a palpitar fortemente, sentindo um mau presságio.

- Como já viu, não tivemos a sorte de ser agraciados com uma filha inteligente, tanto que foi um fracasso no simulado - às vezes eu me questionava se era realmente filha dela.

- Poucas tiveram um bom resultado e ainda poderão reverter a situação.

- Já estava pensando na possibilidade de contratar um professor particular.

Meu olhar ficou fixo no meu pai e gelei com o que veio em seguida.

- Sei que é um homem bastante ocupado, mas ninguém além de você poderá fazer com que ela tenha um melhor desempenho. Sem contar que é alguém que confio e pela nossa velha amizade, gostaria que você desse, aulas particulares a minha pequena Angel.

Meus olhos se arregalaram na direção do homem que se tornou o centro da atenção de todos. E, todos os meus pensamentos gritavam para que a resposta fosse não.

César Medeiros

Durante a aula, fiquei observando-a e suas feições mudaram no instante que seu olhar ficou cravado no simulado. Seus olhos analisavam minuciosamente o papel a sua frente e não demorou muito para uma expressão de surpresa assoma-lhe o rosto. Enquanto o anjo estava com várias dúvidas ao redor da sua mente, eu só conseguia imaginar sua voz gemendo meu nome, enquanto meu pau entrava profundamente. Cada vez mais forte, cada vez mais fundo, tocando o seu ventre.

Horas mais tarde me encontrava inquieto, ansioso pela expectativa do grande momento e depois que cheguei à casa de Richard, a mulher que ostentava um belo sorriso no rosto, já estava causando-me ânsia e, não via a hora de a garota surgir em minha frente. Contudo, quando ela apareceu no topo da escada, senti uma onda de eletricidade passar pelo meu corpo e uma forte luz no meu olhar, como se alguém tivesse acendido um facho.

Seus olhos estavam arregalados indicando o quanto estava surpresa pela minha presença Ângela, embora vestida bem diferente daquela imagem horrenda da escola, suas roupas ainda escondiam as belas curvas do seu corpo, porém, era como se eu pudesse ver muito além do tecido, o que só me deixou sedento de desejo. Quando ela se juntou a nós, a raiva percorreu cada fibra do meu corpo, queimando o meu peito ao ouvir as palavras da infeliz direcionadas a filha e, só então entendi o motivo pelo qual, ela ter aquela aparência e ser completamente o oposto da mulher que tinha por mãe.

No entanto, as atitudes de Gisele, só me deu a plena certeza que até o momento da minha partida, eu ouviria as palavras que tanto estava aguardando. E, após colocar o meu plano em ação, tanto Gisele, como Richard, não terão mais nenhuma influência sobre Ângela. Eu serei o seu dono e somente a mim, ela irá obedecer.

Estremeço violentamente quando ouço as palavras de Richard, ecoando no ambiente. Independente de quem fosse os pais dela, essa sempre foi uma tática infalível, já que o renomado professor César, sempre está disposto a ajudar seus alunos. Sendo assim, as aulas extras fora da instituição serviam para ter as minhas escolhidas exatamente no lugar que não poderiam escapar, se tornando uma presa fácil em minhas mãos.

Meus pensamentos foram interrompidos quando escutei a voz irritante de Gisele.

- César! - com os três pares de olhos fixos em mim, meus lábios se libertam e assim que abri a boca, às palavras que eu estava ansioso para proferir, ressoaram no ambiente.

- Jamais negaria um pedido a um velho amigo, no entanto, eu já tenho alguns horários ocupados e desta forma, as aulas são administradas na minha própria casa. Além de o espaço ser equipado, conseguiria assim encaixar os horários - a isca foi lançada e agora só precisava ser mordida pelo peixe.

- Isso não será um obstáculo, ela tem um motorista a sua disposição. Pode levá-la e buscá-la após a aula - falou Richard.

- Só espero que desta vez não venha outro fracasso, de certo não puxou em nada para mim.

                         

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