-tem certeza que sou bem vinda para almoçar aqui? Quero dizer, você nem mesmo avisou eles antes- digo, pois eu não gostaria que trouxessem pessoas para minha casa sem ao menos avisar antecipadamente.
-conheço minha família, sei que eles vão entender. Vem, vamos entrar- só o sigo em direção a casa, vejo que ele para em frente a porta e pega a chave no bolso para abrir.
Quando ele entra tiro meus sapatos para o seguir, fico olhando o quando a casa é linda por dentro, as paredes são brancas e o chão é de madeira vernizada.
Ele apenas para de andar quando chegamos a cozinha, me sento em uma cadeira enquanto o vejo guardar as compras, parece tão dedicado.
Enquanto fico a observa-lo escuto passos que parecem estar se aproximando da cozinha, apenas olho para ver quem é, logo uma mulher que parece ter seus 40 e poucos anos aparece,
seus olhos e cabelos são castanhos, ela olha para Dylan e depois para mim, estava sem expressão, mas logo depois abriu um sorriso.
-não sabia que esperávamos visita, Dylan- pergunta com um tom calmo, mas entendi a mensagem que ela quis dar a ele.
-mãe, essa é a Charlotte, filha do falecido Noah, a convidei para almoçar, pois está passando por muita coisa com a mudança para cá- diz normalmente enquanto termina de guardar tudo e se senta na mesa perto de mim.
Vejo que a mulher fica olhando para mim por um tempo com um olhar que não consigo decifrar.
-devia ter notado, parece demais com a Camila, mas acho que você não devia ter voltado, essa vila não é para fracos menina- ela não parece ter dito isso por maldade, mas me ofendeu um pouco.
-acho que você tem razão, devia ter deixado o passado para trás e seguido minha vida, mas agora que estou aqui só me resta tentar continuar- falo com minha voz firme, ela apenas respira fundo e me olha de forma calorosa.
-não estava tentando assustar você, sério, só que você estaria melhor longe daqui, eu gostava muito da sua mãe, éramos amigas, não consigo evitar de não me preocupar com você- ela parece estar sendo sincera sobre isso.
-tudo bem, eu entendo, minha tia pensa da mesma forma- vejo que ela senta em uma cadeira em frente a minha.
-meu nome é Acrisia, como deve ter notado sou mãe do Dylan, como vai almoçar aqui vai ter a oportunidade de conhecer toda a família- ela parece ser uma pessoa séria, mas também simpática, igual ao Filho.
-obrigada mesmo por estar me recebendo em sua casa, eu não sei o que faria para manter a calma sem o seu filho- falo com um sorriso alegre, quando olho para Dylan noto o quanto está corado, inclusive se levantou para disfarçar.
-são fofinhos juntos, vou lá chamar minhas filhas e nora, pois está quase na hora do almoço- diz se levantando e saindo da cozinha pelo corredor.
-deixa eu adivinhar, quem faz as comidas são as mulheres?- pergunto olhando Dylan que tirou uma jarra de suco da geladeira e serviu dos copos.
-é um costume daqui, todos são muito conservadores, mas caso queira saber, eu ajudo, sei cozinhar- quando ele diz isso passa uma imagem na minha cabeça, dele apenas usando avental enquanto cozinha com parte do peitoral a mostra.
-sua comida é boa?- pergunto, pois saber cozinhar e ter pratos saborosos são coisas diferentes.
-sei fazer um ótimo guisado de carne, um estrogonofe maravilhoso também- parece estar seguro de que sua comida é boa.
-espero poder experimentar um dia desses- falo e ele abre um pequeno sorriso, acho que ficou feliz ao ouvir isso.
-quando terminar de arrumar sua casa ficarei feliz em cozinhar para você- só concordo com a cabeça.
-seria bom ter uma companhia naquela casa assustadora.
-vamos para sala, minha irmã logo ira vir para cá e elas odeiam pessoas próximas quando estão a cozinhar- só concordo, pois provavelmente elas não conseguem manter a atenção quando estão sendo observadas , vejo que ele estende a mão e me ajudar a ficar em pé.
(...)
Me sento no sofá da sala enquanto vejo a lareira, aqui é confortável, quente e bem aconchegante. Escuto o som da porta da frente abrir, logo vários passos entram no cômodo que estou com Dylan, me levanto para olhar quem são, olho dois homens que estão parados em frente a nós, parecem alegres.
-essa ao meu lado é Charlotte, filha do Noah, vai almoçar hoje conosco- só escuto Dylan falar enquanto olho os dois.
-olá Lotte, meu nome é Durval, sou pai do Dylan e desse no meu lado- diz o homem de cabelos loiros e olhos azuis, parece ter 40 anos, mas está em forma e é bem forte.
-meu nome é Dom, é um prazer conhece-la- diz o homem de cabelos castanhos e olhos cor de mel.
-o almoço não vai demorar, podemos conversar para passar o tempo- Dylan fala colocando um tabuleiro em cima da mesa, acho que quer que possamos nos conhecer.
-cresceu bastante, Lotte, seu pai sempre que tinha oportunidade falava de você- Durval realmente parece que foi muito próximo do meu pai, ou meu pai que era puxa saco do chefe mesmo, pois Durval é dono da maior madeireira daqui.
Vejo Dom e Dylan sentaram nas poltronas para jogar xadrez enquanto eu fico a conversar com o pai dos dois até sermos chamados para almoçar.
(...)
Estou sentada na mesa um pouco insegura por não conhece-los o suficiente, mas é melhor que estar naquela casa sozinha.
Acrisia -já deve ter conhecido meu marido e meu filho, Charlotte. Essa loirinha aqui é minha filha, Aura, a outra é minha nora, Agnês, esposa do Dom- eles parecem aquela família estampada na margarina, parecem perfeitos.
-é um prazer conhecer você, estou animada para podermos sair juntas, é difícil encontrar alguém da minha idade por aqui- ela tem cabelos loiros bem claros, e seus olhos são verdes meio azulados, parece extremamente animada com o fato de sermos vizinhas.
-espero que passamos sair juntas, seria ótimo de verdade- melhor que frequentar os lugares sozinha sem conhecer ninguém.
-você e o Dylan estão namorando, ou ficando, acho que é assim que as pessoas da cidade falam- paro de comer ao escutar a mulher de cabelos pretos falar isso, acho que seu nome é Agnês se não me engano.
-somos amigos, eu apenas estou ajudando ela com a mudança, além disso, é nossa vizinha, ajudar não custa nada- não consigo conter de ficar corada ao ouvir suas palavras gentis.
-Dylan tem razão, sempre que precisar de nós estaremos de portas abertas para ti, Charle, agora vamos comer antes que a comida esfrie- Acrisia fala enquanto me olha de forma acolhedora.
Todos começamos a comer e eu apenas aproveito a sabor dos temperos, a comida é muito saborosa mesmo, espero pegar a lista dos temperos que elas usam depois.
Quanto terminamos de comer todos começam a conversar sobre como foi o dia, mas como ainda não me sinto muito confortável para puxar assunto fico quieta.
-já contratou o serviço de luz, Charlotte?- pergunta Acrisia me olhando enquanto se levanta para arrumar os pratos.
-na verdade não, tenho que ligar para eles urgentemente, obrigada por me lembrar- Deus... Eu nem sei o que irei fazer sem energia, pois não poderei ligar a bomba de água, não tem como eu viver naquela casa sem água.
-enquanto não arrumar a energia e não estiver com a casa adequada para morar pode ficar no quarto de hóspedes, tenho certeza que ninguém aqui se importaria- Durval parece querer realmente ajudar, mas eu não consigo acreditar que algum pode ser bom sem querer nada em troca, sempre fui ensinada a desconfiar
-eu não posso aceitar, vocês mal me conhecem e eu não quero realmente incomodar- falo forçando um sorriso simpático.
-você é nossa vizinha, além disso, é filha da minha Camila, é bem vinda aqui, não seria problema algum- acho que realmente querem que eu fique.
-se realmente não quiser, Lotte, tudo bem- Dylan fala enquanto ajuda sua mãe a arrumar a mesa.
-se realmente não for um incomodo, eu fico até arrumar a casa- digo de forma insegura, mas parece que Dylan ficou feliz.