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YAKE
Um segundo depois daquele serzinho abrir os olhos e me encarar com aquelas estranhas e incomuns orbes verdes, soube que seguiria esse machozinho nanico para onde quer que ele fosse.
Agora estou aqui deitado nessa minúscula cama com ele encolhido ali no canto. A minha bochecha está doendo sem parar (quem diria que algo tão franzino tivesse um chute tão forte?) E rindo baixinho do seu nome bobo. Quem se chama Will?? De onde esse nome surgiu??
Will. O nome curiosamente dança na minha língua. Gosto da sonoridade que ele tem. É simples e bonito. Um pouco estranho para os padrões do meu povo, mas definitivamente bonito, assim como o dono.
Levanto um pouco o rosto e o encaro. Will está claramente com medo de mim. Quero segurar seu rosto e dizer a ele para não ter medo; para que confie em mim.
O seu olhar de superioridade me faz pensar que ele acha que sou alguma espécie menos desenvolvida que não consegue raciocinar e só age por instintos ou algo do tipo. Quero poder conversar com ele, mas não faço ideia de onde surgiu ou como me expressar nessa sua língua estranha.
- Meu nome é Yake. - digo depois de um instante. Antes de acrescentar compassadamente depois: - Y-a-ke.
- Yake? - ele levanta uma das sobrancelhas e soltar uma leve lufada de ar pela boca, como se o MEU nome que fosse estranho, e não o DELE.
- Sim. Esse é o meu nome. Consegue me entender? - ele Arregala os olhos, como se estivesse surpreso em conseguir fazer isso. Will fala alguma coisa em sua língua, mas ao ver que não entendo nada, ele apenas confirma levemente com a cabeça.
- se você conseguir me entender mesmo... Abra as pernas para mim. - não deixo de comentar alguns segundos depois, querendo sentir ele na minha língua novamente. O meu pequeno Will Arregala os olhos com um pouco de espanto, um claro sinal de que está me entendendo, antes de levantar o dedo do meio para mim (o que não faço ideia do que significa, mas provavelmente não é algo bom) e mostrar a língua. Uma língua rosada e totalmente lisa, sem nenhuma nervura, o que chama a minha atenção.
Levanto rapidamente e engatinho até ele, que se encolhe rapidamente e tenta fugir de mim. Seguro o seu minúsculo e macio punho com minha mão de forma gentil, antes de subir em cima dele e deixar seu pequeno e estranho rosto perto do meu.
- eu não vou machuca-lo, Will. Só quero ver uma coisa. - apresso-me em dizer quando um olhar aterrorizado passa pelo seu rosto. Deixo ele ver nos meus próprios olhos que estou falando a verdade, então ele desiste de lutar contra mim e relaxa o pequeno corpo.
Toco de leve no seu queixo com os dedos. Sua cabeça é pouca coisa maior do que a palma da minha mão. Ele abre a boca para mim ao perceber o que quero ver.
Seus dentes são minúsculos e branquinhos, além de serem retos. A língua é mesmo completamente lisa e rosa. Ela está molhadinha e se move devagar no interior da sua boca, como se quisesse me provocar.
Mostro a minha própria língua para ele saber porque estava curioso sobre a forma da sua. Ele me observa por alguns instantes com os olhos verdes arregalados, como se não tivesse visto nada parecido antes. Solto um leve suspiro de incredulidade. De onde Will veio para ficar tão espantado com tudo ao nosso redor? Comigo? Minhas características?
A curiosidade é deixada de lado quando o cheiro do meu companheiro entra pelas minhas narinas. Ele é maravilhoso e completamente viciante. Olho para o seu peito branco e quase sem nenhum músculo sob a pele, onde dois pequenos mamilos estão praticamente implorando para que eu os toque.
Com cuidado para não machucar Will com meus chifres, inclino a cabeça e toco aquele pedaço de pele com minha língua, brincando com o bico durinho. Seu peito treme por completo sob meu toque, antes que ele solte um gemido de surpresa e prazer, me motivando a continuar... Mas uma joelhada forte no meu estômago me pega de surpresa.
Não doeu nadinha, mas é o suficiente para que eu pare e o encare. Ele estava claramente gostando, assim como gostou de quando reinvidiquei seu anelzinho com minha língua, então porque está me impedindo de continuar?
Ele é meu companheiro. Iremos ficar juntos para sempre. Will é meu, assim como eu sou dele. Será que ele não entende isso??
- o que foi, Will?
- vá si fyodder! - ele grita, na sua própria língua, o que provavelmente é algo ruim. Ainda não consigo entender porque ele está me negando ou porque consegue entender minha língua, mas não falar.
Saio de cima dele e resolvo não falar mais nada. Talvez leve um tempo para ele se acostumar comigo. É um pouco repentino acasalar com alguém que você conheceu no mesmo dia, mas ele é meu parceiro!! Meu coração diz isso, e quando uma ligação forte assim acontece, não deve ser ignorada. Mas talvez ele ainda não entenda isso, não é?
A primeira coisa que ele faz quando saio de cima dele é enrolar o pequeno corpo nas peles fofinhas que estão cobrindo a cama, antes de pular no chão e dá dois passos até ficar próximo da fogueira. Will se abaixa e estende as pequenas mais diante da chama.
Meu primeiro instinto é protegê-lo e lhe ajudar de alguma forma. Ele ainda está com muito frio?? Levanto da cama e caminho até lá para abraça-lo e lhe passar um pouco do meu calor corporal, mas ele simplesmente me dispensa com um gesto e começa a me ignorar.
Sento ao seu lado e o observo enquanto ele observa as labaredas alaranjadas dançarem sobre os gravetos. Vou precisar sair para encontrar mais lenha daqui um tempo, além de mais comida.
Isso me faz lembrar de que ele não comeu nada. Pego o pequeno embrulho que está no canto da cama e o estendo para ele novamente, que apenas nega com a cabeça, sem nem mesmo olhar para mim.
que companheiro mal criado eu arranjei, viu. Mas ele é meu, e é meu dever fazer tudo por ele.
- é carne seca. Você precisa comer. - digo para tentar convence-lo a comer, recebendo uma grande e fria onda de silêncio em troca. Um grunhido de desânimo escapa da minha garganta, mas não vou desistir. Ele é meu, e eu vou cuidar dele até o fim.
- Não q-quero...- ele diz algum tempo depois, NA MINHA LÍNGUA! suas palavras soam meio estranhas, como se ele ainda estivesse aprendendo a falar. Isso me faz ficar mais feliz do que nunca. WILL ESTÁ FALANDO COMIGO! meu parceiro!
- vou tentar encontrar alguma outra coisa para você, então. - informo, antes de levantar rapidamente e pegar minha lança e uma faca feita de osso. Farei tudo pelo meu companheiro.
- volto daqui a pouco. - digo para ele, tocando de leve seu cabelo macio e quase saltitando de alegria quando percebo que ele não se esquivou do meu toque.
Caminho para fora e saio da caverna em passos rápidos, entrando na imensidão de neve qua há do lado de fora. Minha pele grossa faz com que o frio não me atinja e eu não fique em desvantagem contra os outros seres do nosso gigante e hostil planeta.
Olho para cima e observo por alguns instantes a posição das luas. Herse, a anã vermelha, está quase tocando o horizonte, o que indica que irá escurecer logo logo. Preciso ser rápido e encontrar algo para meu parceiro antes que a noite caia, porque apesar de ser um dos melhores guerreiros da minha tribo, não estou a fim de enfrentar certas criaturas que vagueiam nas sombras, quando Izar, nossa grande estrela guia, não está mais no céu para nos iluminar.