Capítulo 9 Aurora merece ser comparada com você

Leona forçou um sorriso enquanto fazia o possível para suprimir a tristeza.

Ela apenas conseguiu pronunciar duas palavras: "Eu sei."

Elmer sempre havia sido um homem de palavra.

Desde que ele havia dito para ela que queria o divórcio, ela sabia que ele não mudaria de ideia e seria inevitável que isso acontecesse em um futuro próximo.

Logo depois de receber o acordo de divórcio, Leona estava apenas tentando ganhar tempo.

Afinal, ela amava Elmer.

Embora soubesse que a situação não mudaria, ela estava pelo menos tentando prolongar ao máximo o tempo que passariam juntos.

Quando Elmer percebeu que não havia mais necessidade de persuadir Leona, ele andou em direção à porta do quarto.

"Não se esqueça de jantar", ele a lembrou antes de ir embora.

Havia uma diferente suavidade no seu tom desta vez. Ele não estava tão indiferente como de costume.

Quanta consideração...

Um sorriso amargo surgiu nos lábios de Leona.

Se ele não tivesse mencionado o divórcio, toda essa cena teria sido do jeito que ela sempre sonhou.

A luz do corredor iluminou o imponente Elmer que se afastava. Leona olhava fixamente para seus ombros largos e pernas longas.

Naquele momento, ela não pôde deixar de se lembrar do passado entre os dois.

Quando se conheceram, Elmer já era uma pessoa muito descolada e conhecida entre todos. Ele sempre havia sido o centro das atenções.

Quanto a Leona, ela não passava de mais uma de muitas admiradoras suas na escola. Ela era simples e sem graça.

Se não fosse por aquele encontro casual, eles talvez nunca teriam se conhecido.

Ele nunca teria prestado atenção nela e nem saberia que ela existia!

Os professores da escola eram indiferentes com ela, e seus colegas sempre a intimidavam e usavam violência para coagi-la.

Todos os dias, ela sofria miseravelmente com as horríveis experiências escolares. Ela levava uma vida lamentável e seu coração sempre sofria por ser tão maltratada por todos.

Naquela época, ela sentiu que estava no inferno e que não haveria mais esperança na sua vida.

Certa vez, ela foi cercada em um canto escuro e começou a levar socos e pontapés.

Ao mesmo tempo, Aurora apenas assistia a tudo com um sorriso no rosto, enquanto sua irmã estava sendo espancada.

Leona ficou no chão, se encolhendo de dor, com o corpo tremendo.

Quem acabou por ajudá-la foi Elmer, que bravamente dispersou a multidão.

A luz do sol incidia no rosto bonito do jovem.

Aos olhos de Leona, ele era como um raio de luz, dispersando a neblina que envolvia seu mundo e trazendo brilho à sua vida sombria.

Desde então, Elmer havia se tornado a única esperança de Leona ser feliz nesta vida miserável.

Por vários anos, ela havia nutrido uma paixão secreta por ele.

Quando ela finalmente teve a grande oportunidade da sua vida, a chance de se casar com o homem que sempre esteve apaixonada, ela pensou que Deus poderia está-la favorecendo depois de tanto tempo.

No entanto, o casamento dela havia durado apenas um ano, e agora seu marido estava decidido a se divorciar dela.

Ela sentia como se isso fosse um sonho. A verdade era que ela nunca havia conquistado o coração de Elmer.

Leona se lembrou do que Elmer havia dito para ela antes de sair do quarto. Assim, ela se levantou da cama e guardou o colar que ele havia lhe dado. Então, ela desceu para jantar.

Naquela noite, Elmer não voltou para casa.

No dia seguinte, Leona havia planejado ir até a empresa.

Embora ainda estivesse de férias, ela sentia que não tinha nada para fazer em casa. Completamente sozinha, ela temia que pudesse acabar pensando demais sobre sua vida e se sentir deprimida. Ela acreditava que ir trabalhar cedo poderia servir como uma distração para sua mente.

Porém, assim que saiu de casa, ela recebeu um telefonema de Hilda, a mãe de Elmer.

Ver o nome dela na tela do seu celular deixou Leona um pouco inquieta. "Olá, mãe", ela a cumprimentou respeitosamente.

Eles estavam casados há um ano, no entanto, Leona tinha contato muito limitado com sua sogra.

Mesmo quando se encontravam nos banquetes familiares, elas não se falavam.

Elmer não se dava muito bem com seus pais e Leona não sabia como se aproximar deles.

"Se não me falha a memória, você ainda está de férias, não é mesmo?", Hilda perguntou do outro lado da linha telefônica. A voz dela era fria, mas não havia arrogância no seu tom.

"Sim. O que posso fazer por você?", Leona respondeu educadamente.

Enquanto ela falava, se virou e voltou para sua casa.

"Quero me encontrar com você hoje, às duas horas da tarde. Acabei de te enviar uma mensagem de texto com o endereço", Hilda disse concisamente.

Logo após dizer isso, o celular de Leona vibrou.

Quando olhou para a tela do seu celular, ela pôde verificar que havia uma mensagem contendo o endereço de um café.

"Está bem. Estarei lá na hora combinada."

Logo em seguida, Hilda desligou o telefone.

Embora Hilda e seu filho raramente se encontrassem, a forma como lidavam com as coisas era bastante semelhante.

Leona tentou imaginar qual seria o contexto da conversa em que elas teriam, mas não conseguia entender qual era o motivo do contato de Hilda.

Ela estava tão nervosa com o encontro que a ideia de ir para a empresa fugiu completamente da sua mente. Mais tarde, à uma hora da tarde, ela saiu da sua casa para ir ao café.

O local não era longe da Casa do Lago Leste. Leona havia chegado ao café de táxi em trinta minutos.

Ela estava com receio de que Hilda pudesse estar esperando-a, então decidiu antecipar-se um pouco.

Às duas horas da tarde, Hilda chegou pontualmente ao café.

Ela estava usando um par de óculos de sol, que cobria a maior parte do seu rosto. Isso acentuou ainda mais seus sensuais lábios vermelhos, assim como seu rosto delicado. Seu longo cabelo ondulado havia sido penteado para o lado, caindo graciosamente sobre seu ombro. Ela parecia magnífica e atraente.

Se ela não tivesse tirado os óculos de sol, seus olhos frios e graciosos dificilmente mostrariam os traços do tempo no seu rosto.

Hilda sentou-se confortavelmente e cruzou as pernas. Depois de se acomodar apropriadamente, ela encarou Leona.

Seu olhar penetrante fez o couro cabeludo de Leona formigar enquanto seu coração quase saltava pela garganta.

Será que havia acontecido alguma coisa com a família?

Era algum assinto importante sobre Alfie ou Elmer?

Enquanto Leona tentava entender o propósito daquele encontro, Hilda pegou sua xícara de café e tomou um gole. Casualmente, ela perguntou: "Como você chegou ao café?"

"Eu peguei um táxi", Leona respondeu honestamente.

Hilda arqueou as sobrancelhas. "Elmer não deixa à disposição um motorista para você?"

Leona ficou um pouco surpresa com a preocupação dela e respondeu: "Sim, temos um motorista em casa, mas já estou acostumada a pegar um táxi sempre que preciso sair."

Geralmente, o motorista ficava à disposição de Elmer para levá-lo e buscá-lo dos seus compromissos.

Ela não queria incomodar o motorista e também tinha medo que poderia atrasar a agenda de Elmer se pedisse ao motorista para levá-la. Portanto, ela preferia sempre pegar um táxi quando saía de casa.

Leona nunca havia pensado muito sobre isso antes. No entanto, agora que Hilda havia mencionado sobre o assunto, Leona pensou sobre a indiferença de Elmer para com ela.

Ao perceber o que sua sogra estava pensando, Leona se sentiu um pouco constrangida.

Ela se lembrou que Elmer havia contratado alguém para cuidar de Aurora. No entanto, ela, sua própria esposa, nunca havia recebido tal tratamento.

Na realidade, Hilda não parecia surpresa com isso. Ela simplesmente bufou enquanto lentamente tirava uma pilha de fotos da sua bolsa e as jogou sobre a mesa.

"Dê uma olhada."

Quando os olhos de Leona pousaram nas fotos, suas pálpebras começaram a tremer inconscientemente.

Nas fotos, Aurora estava segurando o braço de Elmer. Eles pareciam estar sendo bastante íntimos e naturais, como se fossem um casal doce e amoroso.

As fotos perfuraram dolorosamente seu coração como uma faca.

Nas fotos, Elmer acompanhava Aurora ao médico, passava a noite com ela e iam às compras juntos. Eles tinham um comportamento íntimo e a maneira como se olhavam era cheia de afeto.

As cenas claramente românticas dessas fotos só aumentavam ainda mais a decepção e a tristeza de Leona.

A última foto havia sido tirada ontem à noite.

Agora, ela sabia por que Elmer não havia voltado para casa depois de repreendê-la para se alimentar direito. Acontece que ele havia saído para encontrar Aurora.

Leona franziu os lábios enquanto se esforçava ao máximo para não começar a chorar na frente de Hilda.

Mas por que Hilda estava mostrando essas fotos para ela?

Afinal de contas, Leona já tinha pleno conhecimento de que Elmer não a amava.

Quando olhou para os olhos frios de Hilda, ela sentiu seu coração ficar extremamente apertado.

Ela achava que Hilda pudesse ser diferente dos demais.

Mas, agora ela havia descoberto que seu objetivo com aquele encontro era persuadi-la a se divorciar!

Elmer e Hilda não eram próximos e raramente entravam em contato um com o outro.

Assim, Leona nunca imaginou que Elmer pudesse pedir à sua mãe para convencê-la a assinar o acordo de divórcio.

Um sorriso amargo apareceu no rosto de Leona. Como ela era patética!

Elmer raramente prestava atenção nela, mas desta vez havia feito isso para expulsá-la da sua vida.

Debaixo da mesa, Leona escondia as mãos que tremiam levemente, enquanto agarrava a bainha das suas roupas.

Ela respirou fundo e reuniu toda a coragem que tinha disponível para dizer gentilmente a Hilda: "Eu sei que não mereço estar casada com seu filho, mas podemos esperar um pouco mais antes de discutirmos sobre o divórcio?"

Era evidente que Leona não queria se divorciar de Elmer.

Ela ainda queria saborear alguns momentos e reunir mais algumas memórias antes de deixar definitivamente a família Hayes.

Quando Hilda a ouviu, endireitou sua postura e lançou um olhar severo para ela. "Você está decidida a se divorciar dele? Mas, neste caso, é ele quem está te traindo. Por que você acredita que não o merece?"

O tom da sua voz foi se elevando gradualmente, pois as fotos também desencadeavam lembranças desagradáveis para Hilda.

"Leona, não se esqueça de quem você é agora. O controle do casamento de uma mulher forte deve estar sempre nas mãos dela, não nas do homem." Em seguida, com as unhas pintadas de vermelho, ela apontou o dedo para Aurora na foto. Ela ergueu os olhos para Leona e deu-lhe um olhar frio e penetrante. "Você realmente acredita que Aurora merece ser comparada com você?"