- Não temos compromisso algum. Só estamos nos conhecendo e isso faz duas semanas.
Estamos transando há duas semanas, mas nos conhecemos faz um mês e nesse tempo ficamos jogando charme um para o outro. "Estamos nos conhecendo", eu queria pular logo essa parte, Alessandro é lento demais e, por isso, não sei muita coisa sobre ele. Essa fase demorará quanto tempo?
- Paola, você é daqui de Belo Horizonte?
- Sim, sempre morei aqui.
- Eu não. Eu morava numa cidade ao lado quando era criança, Sabará. - Ele come uma castanha e bebe um pouco de cerveja.
Olho para o Alessandro e sorrio. Espero que ele esteja tão desconfortável quanto eu para acabar logo com isso e podermos ir para a casa dele.
- Sua mãe é uma mulher de garra, uma mãe leoa. Imagino que seu pai deva ser pior.
- O pai dela? Não. - Alessandro dá um riso. - Olha, eu quero saber uma coisa Evan, por que está interrogando a Paola? - Ele coloca o braço no meu ombro.
Meu deus, Alê está agindo como um animal marcando território. Eu vou morrer de tanta felicidade e vergonha!
- Interrogando? Jamais! Estou puxando assunto. Quero conhecer a mulher que está finalmente colocando o meu amigo nos trilhos. Paola, sabia que ele nunca dormiu com a mesma mulher mais de uma vez? Todo semana era uma diferente na cama dele.
Sorrio e olho para o Alê como se isso não me importasse.
Jesus, que nojo! Ele pode ter 364 tipos de ISTs diferentes. Eu nunca transei com ele sem preservativo, mas amanhã vou fazer exames. Misericórdia, eu posso ter pegado algo pela boca também.
Espera! Agora ele está ficando só comigo. Significa que ele realmente quer algo sério no futuro e que não estou me iludindo. Isso é ótimo! Mas eu ainda farei os exames e depois vou pedir com jeitinho para ele fazer também.
- Isso é... - Alessandro coça os olhos. - Isso não é coisa que se fala para uma mulher. Principalmente para uma que você acabou de conhecer, Evan. Tenha classe.
O senhor Carvalho se levanta, se curva para frente apoiando uma mão na mesa e sussurra no meu ouvido:
- Ele está com medo de perder uma mulher tão maravilhosa como você para um homem mais casto como eu. - Ele volta a se sentar.
Casto? Não me aguento e começo a rir. Eu não sou ingênua.
- Falei sério.
Paro de rir e olho para o Alessandro. Não havia reparado antes, mas ele está bebendo e bastante.
- Ei! - Viro o seu rosto para o meu lado. Ele levanta as sobrancelhas e toma mais uma dose de cachaça. - Não acha que está bebendo demais?
- Não. - Ele toma mais uma dose e sorri.
Eu sabia que ele fumava muito, mas não sabia que também bebia muito. Poxa, se eu casar com esse homem vou perder ele rapidinho para os vícios.
- Alê... - O senhor Carvalho estreita os olhos. - E agora? Onde está sua classe? Vá ao banheiro, molhe seu rosto e depois beba um pouco de água.
- Tá bom. - Suspira e se levanta.
Fico sozinha com o senhor Carvalho e começo a comer sem parar, evitando olhá-lo.
- Droga! - diz. Olho para ele e o vejo retirar o paletó. Sua camisa branca molhou completamente de cerveja e ficou transparente. Uau, ele tem mais "seios" que eu. Ele repara que estou o olhando e volto a comer. - Pode olhar, eu não ligo. O que é bom deve ser apreciado, por isso eu gosto de te olhar. - Ele dá um risinho. Homem esquisito... - Alê deve adorar te olhar. Eu só fico triste por saber que fazem isso no horário de trabalho, quando deveriam estar exercendo com amor a bela função que estudaram para ter. Não acha?
Arregalo os olhos. Meu rosto esquenta e paro de comer. Se antes eu não queria encará-lo, imagine agora.
- Perdão, mas eu não quero levantar e permitir que todos me vejam assim. Retirarei minha camisa aqui. - Ele começa a desabotoar a camisa e eu volto a comer, olhando fixamente para a minha comida.
Alessandro é lento assim até para lavar o rosto?
- Fique tranquila, não gosto de me exibir. Coloquei o paletó.
Olho para ele. Ele está usando o paletó fechado, mas isso não me acalma. Eu estou percebendo o que esse homem quer. Está me cantando na cara dura.
- Vou ao banheiro. - Levanto-me. - Com licença. - Passo ao lado dele, ele pega minha mão e me puxa para o seu colo.
- O que você acha que está fazendo?
- Uma mariposa. - Ele me coloca sentada no seu lugar e pega um inseto enorme com um guardanapo na parede onde eu ia passar perto.
Fecho os olhos com força. Parece que nem bar chique se livra desses monstros.
- Olha só, você nem gritou. Merece um prêmio. - Ele fala próximo ao meu ouvido.
Abro os olhos. Ele me entrega uma caixa grande e pesada. Onde ele havia escondido essa caixa? Abro-a e sorrio. Um quilo de queijo e um quilo de goiabada. Isso foi muito inesperado, mas fofo.
Será que estão envenenados e ele é um psicopata querendo me matar? Talvez tenha algo que me deixe dopada e então ele poderá me levar para um terreno baldio e usar meu corpo. Oh, não... E se o Alessandro for um cúmplice? Eu nunca deveria ter mentido para minha mãe.
Sorrio e digo:
- Muito obrigada, senhor Carvalho! Comerei com meus pais quando eu chegar em casa. - Mentira, eu vou queimar para que ninguém passe por apuros.
- O que é isso? - Alessandro se senta novamente e toma minha água. - Você deu comida para ela por quê? - Ele estreita os olhos.
- Estou sendo amigável. Talvez você não entenda que dar queijo com goiabada para as pessoas é algo comum já que é um paulista.
Alessandro se levanta, pega toda a comida que estava na mesa e joga no rosto do senhor Carvalho.
Será que já estamos na fase do ciúme? Ele vai brigar por mim? A que ponto isso deixa de ser saudável? É que eu quero me sentir orgulhosa sem estar preocupada de estar num relacionamento tóxico.
Solto meu cabelo e enrolo uma mecha no meu dedo.
Espero que ele não fique muito machucado.
Acho que a tóxica sou eu por me vangloriar de estar sendo "disputada" e não tentar apartar a briga.
Tusso e me levanto.
- Acho melhor irmos embora, Alessandro. Peço perdão em nome dele, senhor Carvalho. É o efeito da...
O senhor Carvalho me pega pela cintura, tomba meu corpo para trás e com a boca próxima à minha, diz:
- Esqueça aquele idiota. A verdade é que ele não namora porque já foi um homem muito possessivo. Quer que eu te mostre um pouco do que irá passar? Deixa eu te beijar, vocês não estão comprometidos e ele já dividiu muitas mulheres comigo. Deixe eu te beijar, Paola.