Capítulo 3 Manifesto.

O grande dia esperado por todos se aproxima, com isso o trabalho no castelo aumenta. Todos os serviçais, correm para o preparo das carruagens, e equipamentos que serão levados para a capital. Fico presa entre pilhas e pilhas de papéis, contabilizando as despesas do ducado antes de partir, minha cabeça dá voltas, são muitas informações diferentes. Devo precaver ataques pelas estradas, ladrões e inimigos à espreita. O chá sobre a mesa esfriou, várias horas atrás; contudo nenhum serviçal veio trocar a água fria, ninguém veio trazer comida; estou atrasada com estes papéis.

Toc, toc...

Batidas na porta, chama minha atenção; logo entrando o grã Duque, o único ainda a bater, antes de entrar.

- Vejo que não cumpriu suas tarefas.

Levanto-me, sentindo meu corpo pesado, talvez esteja adoecendo, devo ir separada para não os contaminar. Um problema adicional nessa lista infinita de tarefas.

- Está distraída.

- Perdão, meu ...

Sinto a cabeça dar voltas e o corpo balançar em queda, as mãos do grã Duque me seguraram, antes de tocar o chão.

- Sempre causa problemas, nem um simples serviço é capaz de fazer.

Não consigo responder, agarrando suas roupas na tentativa de me manter em pé, a respiração dói. Por dentro e por fora está doendo, parece queimar.

- Por quanto tempo irá sujar minhas roupas?

Automaticamente o solto, ficando no chão duro, com dificuldade no respirar.

- Arg... Inacreditável! Está doente! Temos de partir hoje, para chegar à capital! Quantos problemas adicionais vais trazer na minha vida? Seja mais grata, só está viva por sua irmã, ela implorou por você e agora faz isso? - vociferou ele, com fúria.

- Irei terminar tudo, juro que vou.

Resmungando, o Grão-Duque saiu do escritório, furioso.

Este escritório é o mais afastado da sala principal. Por falta de manutenção os telhados estão cheios de buracos, rangendo o chão ao pisar pelos podres madeiras, a única lareira está apagada, sem lenha para acender. Passo várias horas do dia neste lugar frio, sentada numa cadeira velha com as mudanças climáticas afetando a concentração. Com toda mudança de estação eu acabo doente, por ficar exposta muito tempo no frio. Blaon, vem trazer lenha para ter um pouco de calor neste lugar. Por falar nele, o vejo lá fora pela janela, balançando sua espada, treinando mesmo sob estas condições nada favoráveis.

"Se ele consegue, eu consigo"

- NÃO CONSEGUE FAZER NADA DIREITO?!

- Lorde Casti!

- Poupe-me do cumprimento. Foi se queixar para o meu pai?

- Jamais, meu lorde!

- Droga! Está tão frio neste lugar, você é realmente humano? Claro que não! Pergunta tola a minha. Como poderia ser normal, sendo a "criança da profecia"?

- Perdão.

- Volte ao trabalho, termine rápido. Não quero adoecer neste lugar.

O Grão Duque deve ter o enviado para me vigiar, o melhor a fazer é terminar logo minhas tarefas, antes de ser castigada. Sento-me na cadeira, focando nas papeladas.

Logo classifico os assuntos mais urgentes, separando-os dos outros documentos e analisando-os com cuidado. Algumas horas se passam, meus olhos ardem, tudo gira, a garganta está seca, procuro por água, mas não tem em volta.

- Arg... está congelando aqui, ande logo.

Não dá. Por mais esforço que eu faça.

Meu corpo pesa, a visão ficando turva.

- Peço para me retirar...

Ouço o descontentamento na voz do rapaz, sinto as bofetadas no meu corpo, o cinto bater contra minhas costas e a voz suave de preocupação da minha irmã. Eu estou caindo, sinto ceder a visão borrosa, alcançando o chão rígido.

- PARE! PARE!

Os gritos de minha irmã, desesperada, me faz abrir os olhos.

- Essa maldita! Está me desafiando!

Casti, grita.

- ELA ESTÁ DOENTE, VAI MATÁ-LA!

Ela me abraça.

Tão quente, tão bom, estou feliz por sua preocupação. Dá para ouvir nos seus braços, as batidas do seu coração acelerado... vale apena sofrer, pois terei esse retorno.

- Irmã...

- Descanse, estou aqui. Tudo vai ficar bem.

Meus olhos doem demais para conseguir ficar acordada.

Acordo com as mãos de Linda, segurando firme as minhas, estou tão feliz. Estes momentos de carinho são os únicos, só posso me aproximar da minha irmã ao estar doente, por isso aproveito cada segundo. Porém está apertando forte o meu interior. Penso que o melhor seria eu simplesmente desaparecer desse lugar.

- Irmã... irmã me perdoe. Perdoe a sua irmã.

As gotas que cai sobre os lençóis rasgados, cobrindo meu corpo, aquece meu peito, desaparecendo essa sensação desconfortável de viver. Toco o rosto dolorido da minha irmã com pesar, puxando para abraçá-la com amor.

- Não chore. Não chore minha irmã, perdão... Perdão.

Não consigo esconder, a fragilidade desse coração quebrado em frente a este rosto, quebrantado.

- Logo estaremos livres, aguente mais um pouco. Somos tudo o que sobrou, por favor aguente mais um pouco.

Linda, pede com lamentação, apertando minhas mãos sobre seu rosto.

Entra no quarto o grã Duque enojado, assusto por sua afeição, está exalando seu poder; cheio de intenção para matar, saio da cama apressada, submetendo de joelhos sobre os seus pés.

- Vossa excelência; eu errei, misericórdia, lhe imploro.

Minha irmã vira o rosto.

Sinto o medo, nas minhas veias correndo para este coração fraco, bombardeando por dentro numa dor agonizante, até sair da garganta o líquido vermelho de sangue, espremendo meu coração numa imaginável dor.

- AHHHH! - grito, estremecendo todo o castelo.

Nenhum conforto vem para suportar, só o poder do grã Duque suprimindo está agonia para dentro deste corpo sofrido em lamentação.

Imploro, pedindo para parar

- Pare! Por favor pare!

- CALADA! NÃO QUERO OUVIR SEUS LAMENTOS!

Obtive somente o ódio.

- Por favor pare, dói! Dói muito! Pare! Eu te suplico! Por favor!

Não posso evitar de pedir.

Uma chama envolve meu corpo, sinto mãos percorrendo-o, rasgando minha pele, logo perco a consciência.

-Grã duque! Vossa excelência prometeu!

- Se o poder dela aparecer, a mato no mesmo instante; tenha isso, na sua consciência.

            
            

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