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Sangrando sempre no escuro com toneladas de responsabilidades, nunca pude ter dignidade, evitei sentir ressentimento, apaguei todos os traços de algo ruim das profundezas do meu interior.
Mantive minha face para todos baterem, abaixei a cabeça para ser pisada por todos, até meu sorriso era considerado maligno, por isso tive de manter este rosto congelado, sem demostrar o sabor das emoções.
"Quero ir pra luz." "Sempre quis."
Vê como os pais abraça seus filhos, faz pensar no carinho dos meus pais, imagino em momentos como este, eles me abraçando, sarando as feridas sangrentas.
- Sabe quem sou, por isso não venha me dizer que quer me salvar!
- É melhor descansar, volto amanhã!
Os seus olhos me irritam. A forma como me olha, perturba minha alma inquieta.
- Não venha! Seja o que quer de mim, não farei!
- Não quero nada, princesa!
"Princesa?" Este título, só pertence a minha irmã.
- Não me chame assim!
Estou irritada por algo estranho, deveria estar feliz por receber tratamento comum, porém, me cresce fúria por dentro. Nem entendo a causa de sentir está raiva, tudo o que sempre quis foi ser tratada como os outros, mas diante de mim, o olhar confuso dessa pessoa é irritante demais.
- Como quiser!
Sua fala mansa apavora o pouco da calmaria.
- FORA, FORA, FORA! FORA DAQUI!
Explodi, descontei todos os sentimentos presos como uma louca. Joguei tudo pela frente, neste homem cujo o olhar é de pena.
-Fora!
As lágrimas brotam sem controle.
- FORAAAAAAAAAAAA!
Dou um grito. Um grito, pedindo por socorro. Puxei-o pelo seu braço e vendo-o não se mover, o empurro do quarto, batendo a porta com toda a força. O barulho chamou atenção dos outros no andar, os servos comentam sobre eu ser ingrata.
- Ingrata! Por isso não devemos ter piedade!
- O que se espera da menina do caos?
- Tão repugnante!
"Ingrata!"
Percebi nesse instante: sempre serei a menina da profecia.
Choro na porta, abraçando meus braços. Estou furiosa, confusa demais com esta reviravolta, numa enchente de sentimentos guardados.
"Até quando, terei de ser forte?"
Fiz uma promessa, mas serei capaz de cumprir? Tem alguma pessoa neste mundo que ainda sente algo de carinho por mim?
- Irmã!
Desaparece essa nuvem preta, no instante que está voz suave me alcança.
- Sou eu, a Linda!
Abri a porta lhe abraçando, neste momento preciso sentir o calor do seu amor, minha irmã sacrificou tudo para poder viver. A única neste mundo que é verdadeira, boa... não posso esquecer disto. Jamais!
- Linda fica comigo um pouco, só hoje.
- Irmã, por que está tão sensível?
- Só hoje, fica comigo.
Aferrei em seus braços, sentindo o perfume de rosas, exalar das roupas brilhantes.
- Não posso, sabe dos meus deveres.
- Nunca pedi nada, só dessa vez.
-Irmã não seja egoísta, tem de aprender a resistir. Você não pode ter tudo, o que quer!
- Eu não quero nada, só quero...
- CHEGA!
O Duque de Nòrdia retirou a força os meus braços dos da minha querida irmã. O cavaleiro de Cólon apareceu com chicote nas mãos.
- Ainda não está pronta? Devo lhe dá uma lição?
Olhei para o rosto da minha irmã, parecendo por um instante, a mulher que tentou me matar. Confusa a empurrei, machucando sem querer seu rosto.
- MALDITA!
SPLSH!
O chicote cortou meu rosto, entretanto essa dor nem se compara com o olhar de minha irmã e Blaon.
- Foi sem que...
Percebo a escuridão, nos olhos de Blaon.
- Querer... Juro, eu jamais machucaria minha própria irmã.
Começo a sentir pânico.
- Suficiente!
Pela primeira vez Blaon grita comigo, cuidando da ferida dela.
O pânico toma conta de mim. Serei abandonada, cometi o maior pecado da minha vida, dessa vez serei realmente morta.
Corri pelo corredor, procurando esconder nas sombras, quis fugir da morte. Os caminhos são todos iguais, soldados tenta me parar, entre as tentativas, acabo os ferindo sem querer. Os olhares de desprezo, se torna chamas prontas para tomar minha vida. Tenho medo, muito medo, por isso estou correndo.
- Capturem essa bruxa a todo custo, capturem-na!
Todos me odeiam, se pelo menos um pudesse ouvir minha a voz.
- EU NÃO QUERIA! JURO NÃO QUERIA!
Grito, desejando que alguém me ouça.
Do alto do palácio, passando pela janela, caminho em direção ao vazio com esse desprezo.
- PARA TRÁS TODOS!
Novamente aquele homem estranho.
Ele aparece aflito.
- Me dê a mão.
- Não quero...
De alguma forma, quero que me ouça.
- Sei que não deseja morrer!
De alguma maneira, quero que seja verdade.
- Não sabe! Para! Para de fingir! Para de parecer que se importa!
No entanto, sei o pensamento de todos.
- Farei tudo que pedir, agora me dê a mão.
O pensamento novamente aparece em minha mente, o melhor seria desaparecer desse mundo, todos serão felizes, minha irmã não vai precisar ser sacrificada por mim.
Olho para a altura, o suficiente para causar uma morte.
"Se pular agora, todos serão felizes? É este o meu dever?"
"Criança!" A voz surgiu em meus pensamentos.
- OLHA PARA MIM! - dessa vez ele falou.
Duas vozes diferentes com o mesmo pesar, ressoa.
Antes de puder lançar meu corpo, sou pega pelos braços desse homem estranho.
- Nunca mais! Nunca faça isso!
"Ele parece tão ferido. Por quê?"
"Está com este olhar desesperado por alguém como eu?"