Capítulo 3 Capitulo 3

Paulo André

Minha barriga dói, sinto tanta fome, cadê mamãe que não volta, ontem foi meu aniversário, mas mamãe não lembrou. Vou até à janela no quarto e olho a rua para ver se mamãe já está chegando, ela sempre sai e me deixa aqui, mas hoje está demorando. Será que ela foi comprar comida? Queria tanto comer alguma coisa, minha barriga dói tanto. Acabo dormindo com fome agarrado a beirada da janela, acordo com o sol invadindo o pequeno quarto repleto de sujeira de resto de comidas pelo chão, a dor na minha barriga é tanta que começo a chorar.

– P.A, acorda!! – acordo com Hector me balançando, – você estava chorando enquanto dormia. – ele me fala, sento na cama tentando enxugando o rosto

– Tive uma lembrança do passado – digo Hector em meio a soluços que imediatamente me abraça.

– Calma, P.A, respira cara, eu to aqui com você, você não está sozinho, tá me ouvindo? Respire fundo – ele tenta me acalmar. Por mais que eu tente eu não consigo parar de chorar, o soluço e a dor esmagadora no meu peito insiste em continuar.

– Ontem você não contou porque chegou aqui daquela forma, mas P.A estou preocupado com você. – Quando cheguei ontem transtornado, só pedi para dormir aqui e Hector não me questionou, apenas me abraçou e me levou para o quarto.

– Ela apareceu lá na portaria de casa Hector, exigindo falar comigo, dizendo ser minha mãe, eu não consegui ouvir o que ela queria, eu senti tanta raiva.

- Eu entendo P.A, sua reação é algo esperado depois de tudo que você passou e depois de todos esses anos – ele me diz tentando me acalmar.

– Por que Hector? Porque ela tinha que me deixar assim, porque ela não foi capaz de me amar como o caralho de uma mãe normal, agora ela volta como se nada tivesse acontecido, o que eu fiz Hector? O que eu fiz para que ela não me amasse como uma mãe ama seus filhos - digo para Hector sem ao menos pensar nas minhas palavras, nunca falei abertamente como me sinto sobre minha mãe.

– Você precisa se acalmar, P.A, eu estou aqui com você, tente respirar fundo – Hector me abraça forte, e tento controlar minha respiração ofegante. Lentamente sinto que vou me acalmando.

– P.A, eu te amo, tenho você como um filho, olhe nos meus olhos, Paulo André. – ele me pede e ergo a cabeça olhando para seus olhos, vejo tantas coisas no seu olhar, mas principalmente vejo o amor dele por mim.

– P.A você não está sozinho, você nunca mais estará sozinho, somos sua família agora, você entende isso? – concordo com a cabeça.

- Hector, eu não sei o que aconteceu aqui dentro, ver ela me quebrou por completo, me desculpe por toda essa cena. – me sinto envergonhado por desmoronar assim, nunca gostei de ser visto como vítima.

- Pare com isso agora, o que eu acabei de te falar, você é parte dessa família, e em momentos assim corremos para perto da família, não se desculpe por isso nunca mais ok? Agora vai lavar o rosto e descer para o café.

Danyel

Renato está sentado na minha frente e ainda consigo ver o maldito sorriso de deboche em seu rosto.

– Eu te avisei, não avisei Danyel que essa mulher seria uma pedra no seu sapato? - lógico que ele ia jogar na minha cara.

– Avisou Renato, e eu fui um idiota por não te escutar. Satisfeito? – perguntou irritado.

– Para falar a verdade, estou um pouco sim. – ele ri

– Para você está tão feliz assim, acho que encontrou quem vazou as informações na mídia. – Assim que toco no assunto, vejo Renato se transformar no empresário sério que é.

– Achei sim Dany, foi o novato, me desculpe, isso não deveria ter chegado a ele, assumo meu erro. - Eu sei que Renato é o melhor empresário que eu poderia ter, ele é responsável e correto.

– Tudo bem Renato, demitiu o garoto? – questiono

– Sim, não foi algo que ele soltou por ser ingênuo ou algo parecido, ofereceram uma grana e ele aceitou, não tem perdão – balanço a cabeça concordando, isso me deixa chateado, no nosso meio é difícil confiar até mesmo em que está ao nosso lado, o dinheiro sempre mexe com as pessoas, confio na minha equipe, mas é Renato quem realmente tem minha total confiança, anos a pôs anos foi ele quem esteve ao meu lado.

- Renato, amanhã temos uma reunião com os agentes do clube, já adiantei o assunto com o presidente, então você pode imaginar como ira ser – preciso deixar Renato apar de tudo. Vejo renato rindo

– Amanhã terá um contrato bilionário na sua frente, você sabe disso né? – rio ao ouvir Renato dizer exatamente o que pensei.

– Exatamente, eu deixei claro ao presidente que a questão não é dinheiro, mas eles não vão desistir sem ao menos tentar me convencer – Renato me olhando fingindo uma cara triste.

– Sabe quantos zeros vou perder de ganhar Danyel? – ele me perguntou e caio na risada

– Não ria não, você vai ter que me dá um ótimo presente de natal, pelo menos minha esposa amou saber que vamos volta para o Brasil.

– Você quer um presente melhor do que esse? Está fazendo sua mulher feliz cara, é o maior presente que posso te dar – falo entrando na sua brincadeira e caímos na risada.

– Danyel, consegui o contato do presidente do Riviera, podemos ligar para ele amanhã e adiantar o assunto, quero que você embarque daqui já com um contrato pronto. – jogar no Riviera é o sonho do menininho de 5 anos que ia ao estádio pela primeira vez, Riviera sempre será meu time do coração.

– Renato quero mais do que um contrato, quero comprar 60% do time – digo a Renato que me olha surpreso.

– Como assim, Danyel, nem sabemos se estão à venda, 60% é muita coisa e muito dinheiro. – ele parece não acreditar no que eu disse.

– Você melhor do que ninguém sabe que dinheiro não é o problema né? E se não estiver à venda o dinheiro que vamos oferecer vai fazer isto. – nunca quis nada como quero isso. Quero o Riviera, quero fazer aquele time o maior do Brasil.

– Vou pedir para nosso pessoal investigar sobre isso. Você não está pensando em se aposentar né? – Olho para Renato que parece ter medo da minha resposta e sorrio.

– Claro que não cara, só quero realizar um antigo sonho. – e engraçado vê o alívio estampado em seu rosto.

– Tudo bem, Danyel, se você quer o Riviera, vamos conseguir isso – Renato se levanta.

– Agora vou embora, tenho um clube para comprar – ele diz rindo

– Renato, quero você cem por cento nisso, e coloque o nosso advogado Giovanni para te ajudar, ninguém mais, ok? – Quanto menos pessoas, menos chance de isso vazar.

            
            

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